AVALIAÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA DE CROTALARIA JUNCEA L. E SUA RELAÇÃO COM A PRODUÇÃO DE MASSA SECA NO ALTO VALE DO ITAJAÍ
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1 AVALIAÇÃO DA ÉPOCA DE SEMEADURA DE CROTALARIA JUNCEA L. E SUA RELAÇÃO COM A PRODUÇÃO DE MASSA SECA NO ALTO VALE DO ITAJAÍ Joacir do NASCIMENTO 1, Daniela GOETEN 2, Oscar Emilio Ludtke HARTHMANN 3 1 Bolsista PIBITI/CNPq; 2 Acadêmica do curso de Agronomia IFC Campus Rio do Sul; 3 Orientador IFC-Campus Rio do Sul Introdução Na região do Alto Vale do Itajaí predomina o cultivo de culturas anuais, como fumo, milho, cebola, feijão, soja, beterraba e mandioca, entre outras. O relevo acidentado e as práticas mecânicas de preparo do solo favorecem o processo erosivo do solo, e consequentemente, sua degradação. A recomendação de plantas de cobertura como adubação verde é fundamental dentro de sistemas de rotação de culturas que buscam a sustentabilidade das propriedades. Atualmente na produção agrícola a adubação verde pode ser uma prática versátil e de ampla aplicação, possibilitando um aproveitamento adequado do solo e insumos (Wutke e Arévalo, 2006). Ela deve ser avaliada pelos resultados obtidos a médio e longo prazo, com base no seu uso periódico e racional, esperando-se obter efeitos benéficos devidos à cobertura vegetal produzida, viva ou morta, incorporada ou não ao solo, em que se favoreça a preservação e a restauração das áreas de cultivo, além da melhoria das características físicas e químicas do solo e o controle de plantas infestantes, doenças e nematoides, dentre outras funções citadas por Wutke e Arévalo (2006). O uso de leguminosas traz algumas vantagens importantes para o solo e para as plantas quando comparado com o processo de produção convencional. Formentini et al. (2008) concluíram que a cobertura do solo auxilia, evitando o seu aquecimento; controle de erosão; equilíbrio biológico; conservação da umidade no solo; incorporação de nitrogênio ao sistema, através da fixação biológica do N atmosférico; ciclagem de nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície. A Crotalaria juncea é uma espécie de clima tropical da família das leguminosas, cujo uso como adubo verde é amplamente preconizado face o seu rápido crescimento, supressão de ervas espontâneas e ao grande potencial de produção de biomassa. Amabile et al. (2000) afirma que a crotalária é sensível ao fotoperíodo, o que torna necessária a adequação de seu uso mediante estratégias agronômicas, como a variação das épocas de semeadura. Segundo Wutke et al. (2014) a Crotalaria juncea tem potencial de cultivo tanto nas regiões sudeste e centro-
2 oeste como na região sul do Brasil como melhoradora e Recuperadora de solos, além de ser tolerante a solos de mediana fertilidade. Para Timossi et al. (2014) definir a melhor época de semeadura para o cultivo de espécies para a prática da adubação verde tem alta relevância, pois propicia informações importantes para os produtores que tem por objetivo utilizar tal método na rotação ou consorciação com as culturas anuais. Visando obter informações importantes para o Alto Vale do Itajaí, o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes épocas de semeadura sobre a produção de massa da Crotalária juncea. Material e Métodos O presente ensaio foi conduzido em condições de campo no período de outubro de 2014 até junho de 2015, na área experimental do curso de agronomia do Instituto Federal Catarinense, no município de Rio do Sul/SC. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com cinco tratamentos (épocas de semeadura: 01 de outubro, 15 de outubro, 01 de novembro, 15 de novembro e 01 de dezembro), com quatro repetições. As parcelas foram dimensionadas com área de 4,8m 2, com 4m de comprimento e 1,2m de largura. O solo da área experimental foi classificado como Cambisolo que apresentou os seguintes resultados na análise de solo: ph 4,8; P 4,8 mg/dm 3 ; K 130 mg/dm 3 ; M.O. 3,6%; Al 1,5 cmolc/dm 3. O clima da região predominante é o mesotérmico úmido com verão quente (Cfa), conforme Köppen. O preparo do solo foi realizado sob o sistema convencional, com utilização de encanteirador. A área experimental apresentava-se em sistema de rotação de culturas, sendo a cebola cultura antecessora. A semeadura da Crotalaria juncea (crotalária) foi realizada manualmente a lanço, na densidade de 30 kg/ha, com adubação de base de 200 kg ha - 1 da fórmula Após 30 dias foi realizado o controle manual de ervas daninhas nas parcelas, aos 60 dias após a semeadura foi realizada a poda das plantas na altura de 1 m do nível do solo, visando a homogeneização das parcelas. As plantas foram atacadas pelo fungo oídio e foi realizado uma aplicação de fungicida a base de Trifloxistrobina e Protioconazol (0,4 ml PC). A produção de biomassa aérea foi determinada por ocasião do final do ciclo das plantas em 10 de julho de 2015, cortando-as a 0,05 m acima da superfície do solo em área de 0,5m 2. Foi realizada a contagem do número de plantas e retiraram-se amostras de cada tratamento, as
3 quais foram pesadas e colocadas em estufa de ventilação forçada, à 65 C, permanecendo por 96 horas, para determinação da produção de biomassa seca. Os dados obtidos de massa verde, massa seca e número de plantas foram submetidos à análise de variância e para a comparação de médias, foi adotado o teste de Tukey a p<0,05. Resultados e discussão Em termos de produção média de massa verde não houve diferença significativa entre as épocas de semeadura (Tabela 1). Na semeadura realizada no início de outubro (T1) a produção foi de kg/ha, e a semeadura no início de dezembro 9.437,50 kg/ha (T5). A produção de palhada em todos os tratamentos foi prejudicada devido ao foco inicial do trabalho que era a produção de sementes, e aos problemas de adaptação da espécie ao microclima do local. A massa seca (Tabela 2) foi diminuindo da primeira data (T1), realizada em outubro, até a semeadura na segunda quinzena de novembro (T4), com diferença significativa entre as datas. Entretanto a última data avaliada (T5), com semeadura no início de dezembro não apresentou diferenças significativas. A diminuição no acúmulo de massa seca pela crotálaria está relacionada com sua sensibilidade ao fotoperíodo, de acordo com Timossi et al. (2014). Os valores obtidos na pesquisa corroboram com as informações de Timossi et al. (2014), que mostram ser mais interessante o cultivo durante a primavera. Verificou-se na tabela 2, que embora ocorra a influência do fotoperíodo no desenvolvimento das plantas, a semeadura realizada em dezembro apresentou quantidade de massa seca suficiente para proteção do solo, com a produção de kg/ha de massa seca. Assim, a produção de massa seca pelas plantas de cobertura utilizada nos sistemas de rotação com a cultura da cebola no Alto Vale do Itajaí pode ser um bom indicativo de manejo bem sucedido de rotação de culturas, possibilitando com isso uma melhora nos aspectos químicos, físicos e biológicos dos solos.
4 Tabela 1. Massa verde de Crotálaria juncea (kg/ha) semeadas em diferentes épocas no Alto Vale do Itajaí. Datas 01/10/14 (T1) 15/10/14 (T2) 01/11/14 (T3) 15/11/14 (T4) 01/12/14 (T5) R R R R Médias NS* ,5 8812,5 9437,5 C.V. 14,4%. *NS efeito não significativo pelo teste de Tukey 5%. Médias originais, para análise estatística e comparação de médias, os dados foram transformados pela raiz quadrada 0,5%. Tabela 2. Massa seca de Crotálaria juncea (kg/ha) semeadas em diferentes épocas no Alto Vale do Itajaí. Datas 01/10/14 (T1) 15/10/14 (T2) 01/11/14 (T3) 15/11/14 (T4) 01/12/14 (T5) R R R R Médias 6609 A* 4064 AB 4057 AB 3384 B 4568 AB C.V. 14,6%. * Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si (Tukey 5%). Médias originais, para análise estatística e comparação de médias, os dados foram transformados pela raiz quadrada 0,5%. O Sistema de Plantio Direto pressupõe a cobertura permanente do solo que, preferencialmente, deve ser de culturas comerciais ou, quando não for possível, culturas de cobertura do solo como uma leguminosa de fácil manejo como a Crotalaria, com boa produção de massa seca, elevada taxa de crescimento, sistema radicular vigoroso e profundo, com elevada capacidade de reciclar nutrientes. Em termos número de plantas por área não houve diferença significativa entre as épocas de semeadura (Tabela 3). A densidade de plantas variou de 42 (T5) a 70 (T3) plantas por metro quadrado. Tabela 3. Número de plantas de Crotálaria juncea (n./m2) semeadas em diferentes épocas no Alto Vale do Itajaí. Épocas 01/10/14 (T1) 15/10/14 (T2) 01/11/14 (T3) 15/11/14 (T4) 01/12/14 (T5) R
5 R R R Médias 52 NS* C.V. 11,6%. *NS efeito não significativo pelo teste de Tukey 5%. Médias originais, para análise estatística e comparação de médias, os dados foram transformados pela raiz quadrada 0,5%. Conclusão A fitomassa seca da parte aérea foi influenciada de forma significativa pela época de semeadura da Crotalária juncea. O maior valor da variável estudada foi obtido na semeadura realiza em 01 de outubro, com produção de massa seca de 6609 kg/ha e o menor valor na semeadura de 15 de novembro, com produção de massa seca de 3384 kg/ha. Referências AMABILE, R. F.; FANCELLI, A. L.; CARVALHO, A. M. de. Comportamento de espécies de adubos verdes em diferentes épocas de semeadura e espaçamentos na região dos cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 35, n. 1, p.47-54, jan FORMENTINI, E.A.; LÓSS, F.R.; BAYERL, M.P.; LOVATI, R.D.; BAPTISTI, E Cartilha sobre adubação verde e compostagem. INCAPER, Espírito Santo, Vitória, 27p. TIMOSSI, P. C.; TEIXEIRA, I.R.; CAVA, M.G.B.; GOULARTE, G.D.; NASCIMENTO, M.V.R. Produção de sementes de Crotalaria juncea em diferentes épocas de semeadura no Sudeste Goiano. Gl. Sci Technol, Rio Verde, v. 07, n. 03, p.58 66, set/dez WUTKE, E. B Adubação verde com leguminosas no rendimento da cana-de-açúcar e no manejo de plantas infestantes. In: Elaine Bahia Wutke; Roberto Antônio Arévalo. Campinas: Instituto Agronômico. Série Tecnologia APTA. 28p. (Boletim Técnico IAC, 198) WUTKE, E. B. CALEGARI, A. WILDNER, L.P. Espécies de adubos verdes e plantas de cobertura e recomendações para seu uso. In: FILHO, O.F.L. AMBROSANO, E.J. ROSSI, F. CARLOS, J.A.D. Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil : fundamentos e prática. 1ª edição. Brasília, DF: Embrapa,
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