AVALIAÇÃO DE ADUBOS VERDES DE VERÃO NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

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1 AVALIAÇÃO DE ADUBOS VERDES DE VERÃO NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO J.L.C. VIERO 1, C. STRECK 2 *, I. MALDANER 2, E. JOST 2 RESUMO - A busca por alimentos mais saudáveis faz com que a produção de alimentos seja repensada. Isso faz com que a demanda por alimentos orgânicos seja crescente. No entanto, o aumento da produção de alimentos orgânicos tem alguns desafios, entre eles o controle de plantas daninhas neste sistema. O uso de plantas de cobertura para controlar a população de plantas espontâneas é uma prática reconhecida, pois adubação verde provoca modificações na população de plantas daninhas devido aos efeitos alelopáticos e capacidade de supressão. O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do uso de adubos verdes de verão no controle de plantas daninhas, para sua futura inserção em sistemas orgânicos de produção. Foram avaliadas cinco espécies de plantas de cobertura: Crotalaria juncea, Crotalaria spectabillis, Mucuna cinza, Trigo mourisco e Feijão de porco. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. A crotalária juncea mostrou-se superior tanto na produção de matéria verde, quanto na produção de matéria seca. A maior produção de biomassa da crotalária não se traduziu numa redução estatisticamente significativa da produção de matéria seca de plantas daninhas, se comparado aos demais tratamentos. PALAVRAS-CHAVE: cultivo orgânico, plantas espontâneas. INTRODUÇÃO 1 Estudante do Curso Técnico em Agropecuária-Integrado, IFF Campus São Vicente do Sul, Rua 20 de setembro, S/N, CEP , São Vicente do Sul, RS. Fone: (55) , joaocarricio@hotmail.com 2 Eng Agrônomo, Prof. Doutor, IFF Campus Campus São Vicente do Sul, Rua 20 de setembro, S/N, CEP , São Vicente do Sul, RS. Fone: (55) , gabinete@svs.iffarroupilha.edu.br 1

2 As plantas daninhas comprometem o desenvolvimento das culturas agrícolas competindo com a cultura por água, luz e nutrientes fatores essenciais para o desenvolvimento da cultura desejada. O prejuízo ambiental causado pelos defensivos agrícolas torna necessária busca de alternativas que possibilitem a pratica da agricultura sem perturbar o ecossistema. O uso de plantas de cobertura para controlar a população de plantas espontâneas é prática tradicional. A adubação verde pode provocar modificações na população de plantas daninhas devido aos efeitos alelopáticos e à competição, acarretando supressão de algumas delas (Favero, et al., 2001). A cobertura do solo reduz significativamente a intensidade de infestação de plantas daninhas e modifica a composição da população infestante (Mateus, 2004). No controle de plantas daninhas, a presença de uma camada de palha sobre a superfície do solo é de fundamental importância devido ao efeito físico que limita a passagem de luz, criando dificuldades para que haja a germinação das sementes e, pela barreira que forma, dificultando o crescimento inicial das plântulas. Além disso, existem os efeitos alelopáticos oriundos da decomposição da fitomassa ou exsudação das raízes, que liberam substâncias que vão exercer algum tipo de efeito inibitório nas sementes, impedindo a germinação, ou nas plantas, interferindo em algum processo do seu desenvolvimento, de tal modo que o crescimento é retardado ou paralisado, havendo casos em que ocorre a morte da planta (Alvarenga et al., 2001). Com a adição de matéria seca no solo através das culturas de cobertura modificamos a condição específica que favorece ao crescimento e desenvolvimento das plantas daninhas, automaticamente vamos contribuir para a sua eliminação e/ou retardar sua emergência, favorecendo assim o desenvolvimento da cultura comercial e a sua competitividade em relação às invasoras (Kliewer et al., 1999). O objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do uso de adubos verdes de verão no controle de plantas daninhas em sistema orgânico de produção. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Instituto Federal Farroupilha Campus São Vicente do Sul-RS. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pelas culturas de cobertura: T1- Trigo mourisco (Fagopyrum esculentum), T2- Crotálaria juncea (Crotalaria juncea L), T3- Crotálaria spectabilis 2

3 (Crotalária spectabilis), T4- Mucuna cinza (Stizolobium niveum Kuntze) e T5- Feijão de porco (Canavalia ensiformis DC). A semeadura destas culturas foi realizada no dia 18/01/2013, á lanço, em área preparada com uma aração e duas gradagens. As densidades de semeadura para as diferentes culturas seguiram a recomendação de Monegat (1991), quando a finalidade for cobertura do solo. A coleta para avaliação do número de espécies daninhas e sua matéria seca foram realizadas 90 dias após a semeadura. Para realizar a avaliação foi utilizado um quadrado de metal com área de 0,25 m². O quadrado era colocado sobre a unidade experimental aleatoriamente, após era realizada a contagem das plantas daninhas, feita a identificação, o corte das mesmas, para secagem em estufa a 55º C. Os dados foram submetidos à análise da variância pelo programa computacional SISVAR 5.0 (Ferreira, 2007), e as médias, comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO A produção de matéria verde da Crotalária juncea foi de 44,075 t ha -1, superior as demais culturas (Figura 1.). A produção de matéria verde da crotalária spectabillis, trigo mourisco e feijão de porco foram, respectivamente, 26,35 t ha -1, 25,95 t ha -1 e 22,80 t ha -1, não havendo diferença estatística entre os tratamentos. A mucuna cinza foi a que produziu menor matéria verde 17,425 t ha -1, não diferindo do trigo mourisco e do feijão de porco. Os valores de matéria verde encontrados nos tratamentos foram semelhantes aos encontrados por Calegari (2006). Na Figura 2 observa-se que a crotalária juncea apresentou o maior produção de matéria seca 12,7 t ha -1. As demais culturas de cobertura: trigo mourisco, feijão de porco, crotalária spectabillis e mucuna cinza, respectivamente, apresentaram matéria seca de 6,9 t ha -1, 5,8 t ha - 1, 5,6 t ha -1 e 4,7 t ha -1, não diferindo estatisticamente entre si. Os valores de produção de matéria seca encontrados para as diferentes culturas, foram semelhantes aos encontrados por Calegari (2006). 3

4 Figura 1. Produção de matéria verde das diferentes plantas de cobertura. IFF São Vicente do sul, Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (p < 0.05). Figura 2. Produção de matéria seca das diferentes plantas de cobertura. IFF São Vicente do sul, Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (p < 0.05). 4

5 As principais espécies de plantas daninhas encontradas nos tratamentos foram poaia branca (Richardia brasiliensis), guanxuma (Sida sp.), milhã (Panicum maximum), capimarroz (Echinochloa sp.), papuã (Brachiaria plantaginea), coriola (Ipomoea sp.) e caruru (Amaranthus sp.). Para produção de matéria seca de plantas daninhas nos diferentes tratamentos, não houve diferenças estatisticamente significativas. (Figura 3). Embora visualmente a infestação de plantas daninhas fosse menor no tratamento com crotalária juncea, estatisticamente este tratamento não diferiu dos demais. Esse resultado difere do encontrado por Calegari et al. (1993) que encontraram redução da infestação de plantas daninhas em área cultivada com Crotalária juncea. Isso pode ser atribuído ao elevado coeficiente de variação (CV=35 %), observado no presente trabalho. Figura 3. Produção de matéria seca das plantas daninhas nos diferentes tratamentos. IFF São Vicente do sul, Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (p < 0.05). CONCLUSÕES A crotalária juncea mostrou-se superior tanto na produção de matéria verde, quanto na produção de matéria seca, no entanto, 5

6 A alta produção de biomassa da crotalária juncea não contribuiu para uma redução estatisticamente significativa da produção de matéria seca de plantas daninhas, quando comparado aos demais tratamentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVARENGA, R. C.; CABEZAS, W. A. L.; CRUZ, J. C.; SANTANA, D. P. Plantas de cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.22, n.208, p.25-36, CALEGARI, A.; MONDARDO, A.; BULISANI, E.A.; WILDNER, L. do P.; COSTA, M.B.B.; ALCÂNTARA, P.B.; MIYASAKA, S.; AMADO, T.J.C. Adubação verde no sul do Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro, AS-PTA, p. CALEGARI, A. Plantas de cobertura. In: CASÃO, JR, R.; SIQUEIRA, R.; MEHTA, Y.R.; PASSINI, J.J., (Ed.). Sistema plantio direto com qualidade. Londrina: IAPAR; Foz do Iguaçu: ITAIPU Binacional, 2006, p FAVERO, C.; JUCKSCH, I.; ALVARENGA, C.R.; COSTA, M.L. Modificações na população de plantas espontâneas na presença de adubos verdes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 36, n. 11, p , nov FERREIRA, D.F. Programa Sisvar.exe: Sistema de análise de variância. Lavras, Universidade Federal de Lavras, KLIEWER, I. Alternativas de Controle de Plantas Daninhas sem Herbicidas. Alto Paraná, Paraguai. Disponível em: < Acesso em: 03 nov MATEUS, G. P.; CRUSCIOL, C. A. C.; NEGRISOLI, E. Palhada do sorgo de guiné gigante no estabelecimento de plantas daninhas em área de plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 39, n. 6, p , MONEGAT, C. Plantas de cobertura do solo: características e manejo em pequenas propriedades. Chapecó (SC): Edição do Autor, p. 6