Capítulo 5. Controle de Plantas Daninhas no Cultivo do Milho Verde 5.1. Introdução
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- Wilson Palha Aveiro
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1 Capítulo 5. Controle de Plantas Daninhas no Cultivo do Milho Verde 5.1. Introdução Definidas inicialmente, em 1912, como plantas fora do lugar (Harlan e Wet, 1965), as plantas daninhas apresentam substancial importância para a produção agrícola, devido ao alto grau de interferência (ação conjunta da competição e da alelopatia) imposta às culturas. Perdas na produção ocasionadas pela interferência de plantas daninhas podem variar de 10% (Marcon et al, 2000) a 85% (Silva e Pires, 1990). Levando-se em consideração as perdas mundiais de produção da cultura do milho devido à interferência de plantas daninhas, estimadas por Walker (1975), embora de 25 anos atrás, pode-se prever em aproximadamente cinco milhões de toneladas as perdas de produção do milho devido aos efeitos diretos das plantas daninhas. O manejo de plantas daninhas na cultura do milho verde deve enfatizar a utilização das diferentes estratégias de controle, considerando a infra-estrutura e mão-de-obra disponíveis na propriedade. Os principais métodos de controle são: preventivo, cultural, mecânico e químico.
2 Métodos de Controle Preventivo A importância do método de controle preventivo está na premissa de evitar a introdução, o estabelecimento e a disseminação de novas espécies de plantas daninhas. A introdução de novas espécies geralmente ocorre através do uso de sementes contaminadas, máquinas agrícolas e animais. Gazziero et al. (1989) sugerem a utilização de sementes de boa procedência, livres de sementes de plantas daninhas, limpeza de máquinas e implementos antes de movimentá-los de um campo para outro e controlar o desenvolvimento das invasoras, impedindo a produção de sementes e/ou estruturas de reprodução, em cercas, estradas, terraços, pátios, canais de irrigação ou em qualquer lugar da propriedade, para evitar a disseminação de plantas daninhas Cultural O método de controle cultural normalmente é utilizado pelos agricultores, sem os mesmos terem a noção de estarem utilizando mais uma técnica de manejo de plantas daninhas. Esse método consiste na utilização das características da cultura e do meio ambiente que aumentem a capacidade competitiva das plantas de milho verde, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento. Dentre as medidas culturais adotadas podemos citar: o uso de variedades adaptadas às regiões, espaçamentos reduzidos, densidade de semeadura, época de plantio, uso de cobertura morta, rotação de culturas, adubações adequadas e irrigação.
3 Mecânico Capina Manual A capina manual é um método amplamente utilizado em pequenas propriedades. Geralmente, os produtores utilizam duas a três capinas com enxada durante os primeiros 40 a 50 dias da lavoura. A partir daí, o crescimento do milho contribuirá para a redução das condições favoráveis à germinação e ao desenvolvimento das plantas daninhas. A capina deve ser realizada evitando solos úmidos, preferencialmente em dias quentes e secos. Cuidados devem ser tomados para evitar danos às plantas do milho verde. Esse método de controle demanda grande quantidade de mão-de-obra, visto que a produtividade dessa operação é de aproximadamente 8 dias/ homem por hectare (Silva et al., 1987) Capina Mecânica A capina mecânica usando o cultivador, tracionado por animais ou tratores, ainda é considerada o sistema mais utilizado no Brasil. As capinas mecânicas, assim como as manuais, devem ser realizadas nos primeiros 40 a 50 dias após a emergência da cultura. Nesse período, os danos ocasionados à cultura são minimizados, comparados com os possíveis danos (quebra e arrancamento de plantas) devido a capinas realizadas tardiamente. O cultivo deve ser realizado superficialmente, de preferência em dias quentes e secos, com solo seco, aprofundando-se as enxadas o suficiente para o arranquio ou corte das plantas daninhas. As capinas mecânicas são geralmente realizadas utilizando enxadas tipo asa-de-andorinha ou picão (Figura 5.1). A produtividade desse método é de aproximadamente 0,5 a 1 dia-homem/hectare (tração animal) e 1,5 a 2,0 horas por hectare (tratorizada) (Silva et al., 1987).
4 86 A B Figura 5.1. Tipo de enxada asa-de-andorinha (A) e picão (B) utilizadas no sistema mecânico de controle de plantas daninhas Químico O método de controle químico de plantas daninhas consiste na utilização de produtos herbicidas registrados no Ministério da Agricultura e Secretarias de Agricultura. De acordo com Kissmann (2000), a área de milho tratada com herbicidas, no Brasil, corresponde a apenas 28%, contra 98% e 65% das áreas plantadas na Argentina e Uruguai, respectivamente. A seleção de um herbicida deve ser baseada nas espécies de plantas presentes na área a ser tratada, bem como nas características físico-químicas dos produtos. As alternativas de herbicidas para o controle de plantas daninhas na cultura do milho verde estão apresentados nas Tabelas 5.1 e 5.2 (Silva e Pires, 1990; Rodrigues e Almeida, 1988; ANDEF, 2002, Brasil, 2002). Na aplicação, deve-se verificar as condições climáticas (temperatura do ar, umidade relativa do ar, vento, possibilidade de chuva), bem como as condições do solo ou das plantas. Para a aplicação de herbicidas pré-emergentes, verificar as
5 condições de umidade do solo. Nas aplicações em pósemergência, verificar as condições em que se encontram as plantas daninhas, evitando aplicar os herbicidas em condições de estresse das plantas. Verificar persistência média no solo dos herbicidas selecionados nas culturas antecessoras, uma vez que os mesmos podem tornar-se fitotóxicos para a cultura do milho verde em sucessão (Figura 5.2). Levar em consideração, na escolha de um herbicida para o controle de plantas daninhas, o intervalo de segurança, que é o intervalo mínimo entre a aplicação e a colheita do milho verde. 87 Figura 5.2. Efeito de resíduo de herbicidas aplicados em culturas antecessoras à cultura do milho verde. (A) clomazone, (B) trifluralin, (C) fomesafen.
6 88 Tabela 5.1. Alternativas de herbicidas pré-emergentes para o controle de plantas daninhas no cultivo do milho verde.
7 Tabela 5.2. Alternativas de herbicidas pós-emergentes para o controle de plantas daninhas no cultivo do milho verde. 89
8 Literatura citada ASSOCIACAO NACIONAL DE DEFESA SANITARIA. Produtos fitossanitários comercializados no Brasil. Disponível em: < Acesso em: 10 maio BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível em: < > Acesso em: 20 jun GAZZIERO, D.L.P.; GUIMARÃES, S.C.; PEREIRA, F.A.R. Plantas daninhas: cuidado com a disseminação. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, Folder. HARLAN, J. R.; WET, J. M. de. Some thoughts about weeds. Economic Botany, New York, v. 19, p , KISSMANN, K. G Uso de herbicidas no contexto do Mercosul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 22., 2000, Foz do Iguaçu. Palestras... Londrina: SBCPD, p MARCON, V. M.; ALVES, P. L. C. A.; MATTOS, E. D.; SOUZA, J. C. Determinação do período anterior da interferência das plantas daninhas na cultura do Milho safrinha sob sistemas de plantio direto e convencional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CIENCIA DAS PLANTAS DANINHAS, 22., 2000, Foz do Iguacu. Resumos... Londrina: SBCPDaninhas, p. 30. RODRIGUES. B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 4.ed. Londrina: IAPAR, p. SILVA, J. B.; CRUZ, J. C.; SILVA, A. F. Controle de plantas daninhas. In: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo. Recomendações técnicas para o cultivo do milho. Sete Lagoas, p (EMBRAPA-CNPMS.Circular Técnica, 4).
9 SILVA, J. B.; KARAM D. Manejo integrado de plantas daninhas na cultura do Milho. O Ruralista, Belo Horizonte, v.32, n. 414, p. 5-9, SILVA, J. B.; N. M. PIRES. Controle de plantas daninhas para a cultura do Milho. Informe Agropecuario, Belo Horizonte, v.14, n.164, p.17 20, WALKER, P. T. Pest control problems (pre-harvest) causing major losses in word food supplies. FAO Plant Protection Bulletin, Roma, v. 23, p ,
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