Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. Orientador, docente do Curso de Engenharia Florestal, UFG-Campus Jataí.

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1 PRODUÇÃO DE SEMENTES DE ADUBOS VERDES NO CERRADO Marcos Vinícius Ribeiro Nascimento 1 ; Paulo César Timossi 2 ; Mário Guilherme de B. Cava³; Bruce James Santos³; Gabriel Democh Goularte 3 ; Diego Fleury de Barros 3 1 Bolsista PBIC/UEG, graduando do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG. 2 Orientador, docente do Curso de Engenharia Florestal, UFG-Campus Jataí. 3 PVIC/UEG, graduandos do Curso de Agronomia, UnU Ipameri UEG. RESUMO O presente estudo foi realizado no município de Ipameri-GO no campo experimental da Universidade Estadual de Goiás, com o objetivo de avaliar a melhor época de semeadura dos adubos verdes Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis e Canavalia ensiformis visando a produção de sementes na região do Cerrado. Para tal foi semeada em seis épocas (10/11/2007; 12/12/2007; 12/01/2008; 16/02/2008; 15/03/2008 e 12/04/2008), as espécies supracitadas e determinadas, por época da colheita, as seguintes características de produção: número de vagens/planta, número de sementes/vagem e produtividade. Os maiores patamares alcançados foram com a semeadura realizada no início do período chuvoso para a região. Pôde-se verificar que o ataque de lagartas nas vagens de Crotalaria spectabilis inviabiliza o cultivo visando produção de sementes. Ainda, constatou-se que o número de vagens e de sementes por vagem varia de acordo com a época de semeadura. Palavras-chave: Crotalaria juncea; Crotalaria spectabilis; Canavalia ensiformis. Introdução A adubação verde é uma prática pouco utilizada pelos agricultores da região central do Brasil, pois há a falta de informações pertinentes para o cultivo das espécies destinadas para este fim. As leguminosas pertencentes à família Fabaceae são as mais empregadas na adubação verde, pois são capazes de realizar a fixação biológica de nitrogênio, através de associações simbióticas com bactérias do gênero Rhizobium, enriquecendo o solo com esse macronutriente e reduzindo assim, a aplicação de nitrogênio via adubo químico (Dourado, Silva e Bolonhezi., 2001; Silva et al., 2002). 1

2 O cultivo de adubos verdes pode ser consorciado com outras culturas, sendo empregado na rotação de culturas ou cultivado de forma isolada (Perin et al., 2007). Segundo Carvalho et al. (2004) a sucessão de culturas à adubos verdes pode melhorar as condições físicas, químicas e biológicas dos solos, com conseqüente aumento na produtividade. Uma característica que é comum às três espécies em questão é a dupla aptidão, isto é, além de serem utilizadas como adubos verdes, podem ser utilizados para a produção de sementes (Dourado, Silva e Bolonhezi, 2001), garantindo segunda fonte de renda aos produtores durante um período em que a maioria das áreas ficaria em pousio, à mercê da expansão do banco de sementes de plantas daninhas. Por estas razões foi realizado este trabalho para buscar a melhor época de semeadura destes adubos verdes para adequá-las às rotinas do sistema produtivo daqueles produtores que estão dispostos a fazer uso de tais métodos em suas propriedades, melhorando assim as condições do solo e garantindo a obtenção de fonte de renda alternativa proveniente da venda das sementes produzidas. Material e Métodos O trabalho foi implantado na Universidade Estadual de Goiás na UnU de Ipameri no ano agrícola de 2007/2008, sendo possível pesquisar o desenvolvimento das culturas desde o início da época chuvosa até o final da mesma (início do Outono). Foram utilizadas como tratamento seis épocas distintas dentro deste período para semeadura manual dos adubos verdes (Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis e Canavalia ensiformis) as quais foram as seguintes: 10/11/2007; 12/12/2007; 12/01/2008; 16/02/2008; 15/03/2008 e 12/04/2008. O preparo do solo foi de modo convencional constando de uma gradeação pesada e duas com grade niveladora. A semeadura foi feita manualmente onde o espaçamento utilizado para todas as culturas foi de 0,5m entre linhas e a densidade de sementes foi de 30 kg ha -1 para as crotalárias (C. juncea e C spectabilis) e de 70 Kg ha -1 para o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis). As parcelas experimentais foram compostas por 12 linhas de semeadura de 8 metros cada, totalizando uma área de 48m². As parcelas foram submetidas a análises quanto a características de produção, sendo feita a contagem do número de vagens por planta (obtida através da média de dez plantas 2

3 tomadas ao acaso), número de sementes por vagem (obtida através da média de cinqüenta vagens coletadas ao acaso) e produtividade (obtida pela pesagem das sementes oriundas de plantas presentes em 12 m², sendo extrapoladas para quilos produzidos por hectare). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e para comparação das médias, ao teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão A determinação das características de produção dos adubos verdes só foi possível para as espécies Crotalaria juncea e Canavalia ensiformes, pois para Crotalaria spectabilis, houve intenso ataque de lagartas nas vagens o que culminava com a queda precoce das mesmas. Essa infestação fora constatada em todas as épocas em que se propôs o cultivo da espécie, mostrando haver a necessidade de estudos relacionados ao manejo destas pragas. As características de produção dos adubos verdes são apresentadas e discutidas separadamente devido a tratar-se de espécies pertencentes a diferentes gêneros. Na tabela 1 são apresentados os resultados obtidos com o cultivo de Crotalaria juncea em suas respectivas épocas de semeadura relacionados a médias do número de vagens, grãos por vagem e produtividade obtida. Pode-se verificar um decréscimo no número de vagens/planta entre as épocas de semeadura, onde temos a maior média quando se cultiva a crotalária em novembro e a menor média quando semeada em abril. Na semeadura realizada em abril, pôde-se constatar que já havia déficit hídrico, o que pode ter ocasionado os baixos patamares alcançados. A diminuição no número de vagens levou a uma menor produção de sementes. Quanto ao número de grãos/vagem, pode-se constatar que não houve variação, exceto na semeadura realizada em abril. A diminuição pode ter ocorrido devido ao déficit hídrico. Essa é uma característica genotípica, não sofrendo muita influência do ambiente. 3

4 Tabela 1. Médias de produtividade, vagens por planta e grãos por vagem de Crotalaria juncea semeada em diferentes épocas. Ipameri, GO, 2008/2009. Épocas de Semeadura Características de Produção Vagens/planta Sementes/vagem Produtividade (kg/ha) Novembro 40,0 a 5,5 a 458,3 a Dezembro 31,8 ab 5,8 a 325,0 ab Janeiro 29,9 ab 5,6 a 272,3 abc Fevereiro 20,8 abc 4,7 a 165,7 bcd Março 11,5 bc 4,1 a 113,0 cd Abril 3,1 c 2,4 b 22,3 d F trat. 9,33** 13,08* 14,44** * DMS 22,1 1,67 203,3 CV (%) 34,1 12,6 31,7 Embora seja recomendado o cultivo de crotalária, quando destinada para produção de sementes, em safrinha (fevereiro/março), as melhores produtividades foram obtidas quando houve maior desenvolvimento das plantas. Essa informação contraria as obtidas por Amábile, Fancelli e Carvalho (2000). Entretanto, o grande porte das plantas inviabiliza a colheita mecanizada. Na tabela 2 são apresentadas as médias das características de produção determinadas a partir da colheita em suas respectivas épocas para a espécie Canavalia ensiformes. Pode-se verificar que o maior número de vagens e consequentemente a produtividade foram alcançados quando se realizou a semeadura do adubo verde em novembro (início da estação chuvosa). Tabela 2. Médias de produtividade, vagens por planta e grãos por vagem de Canavalia ensiformes semeada em diferentes épocas. Ipameri, GO, 2008/2009. Características de Produção Épocas de Semeadura 4

5 Novembro 4,5 a 10,7 a 434,7 a Dezembro 1,1 bc 9,0 a 213,7 b Janeiro 0,0 c 0,0 c 0,0 d Fevereiro 2,1 bc 5,6 b 179,0 bc Março 2,7 ab 4,9 b 178,3 bc Abril 1,4 bc 1,4 c 72,1 cd F trat. 11,36** 68,9** 26,84** DMS 2,2 2,4 179,6 CV (%) 40,6 16,5 27,6 Nota-se que o número de grãos/vagem apresenta-se menor a partir da semeadura realizada em fevereiro, indicando que a disponibilidade hídrica afeta este parâmetro. O mesmo é observado para a característica vagens/planta e consecutivamente atinge a produtividade, reduzindo o potencial produtivo da espécie. Pode-se constatar também que as características avaliadas apresentaram-se nulas na semeadura realizada em janeiro (3ª época). Isso ocorreu devido à presença de braquiária que apresentou rápido crescimento e sombreou totalmente as plantas de feijão-de-porco impedindo a expressão do potencial produtivo da espécie. Conclusões Nas condições em que foi conduzido o projeto, pode-se concluir que: 1. A produtividade das espécies testadas foi maior quando cultivadas no início do período chuvoso; 2. Pôde-se verificar que o ataque de lagartas nas vagens de Crotalaria spectabilis inviabiliza o cultivo visando produção de sementes. 3. O número de vagens e o de sementes por vagens para Canavalia ensiformes varia de acordo com a época de semeadura. Referências Bibliográficas AMÁBILE, R.F.; FANCELLI, A. L.; CARVALHO, A.M. Comportamento de espécies de adubos verdes em diferentes épocas de semeadura e espaçamentos na região dos cerrados. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.1, p , jan

6 BRAGA, N.R., et al. Crotalárias. Disponível em: < acessado em 23 de setembro de CARVALHO, M.C., et al. Produtividade do milho em sucessão a adubos verdes no sistema de plantio direto e convencional. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.1, p.47-53, Brasília, jan DOURADO, M.C.; SILVA, T.R.B.; BOLONHEZI, A.C. Matéria seca e produção de grãos de crotalária juncea L. submetida à poda e adubação fosfatada. Scientia agrícola, v.58, n.2, p , abr/jun PERIN, A., et al. Desempenho agronômico de milho consorciado com feijão-de-porco em duas épocas de cultivo no sistema orgânico de produção. Ciência Agrotecnica, v.31, n.3, p , maio/jun SILVA, J.A.A., et al. Reciclagem e incorporação de nutrientes ao solo pelo cultivo intercalar de adubos verdes em pomar de laranjeira-pêra. Revista Brasileira de Fruticultura, v.24, n.1, p , Jaboticabal, abril