DESMISTIFICANDO O EFEITO ESTUFA NAS AULAS DE BIOLOGIA
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1 DESMISTIFICANDO O EFEITO ESTUFA NAS AULAS DE BIOLOGIA Autora¹: Denise Godoi Ribeiro Sanches Tomazina Paraná Brasil denisegrsanches@gmail.com Mestranda no curso de Pós Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática Universidade Estadual de Maringá e Professora no Colégio Estadual Carlos Gomes Ensino Médio Autora²: Ana Lúcia Olivo Rosas Moreira Maringá Paraná Brasil alormoreira@gmail.com Professora no curso de Pós Graduação em Educação para a Ciência e a Matemática Universidade Estadual de Maringá. Brasil Eixo temático: Temas de Relevância Social PARANÁ BRASIL 2010
2 DESMISTIFICANDO O EFEITO ESTUFA NAS AULAS DE BIOLOGIA SANCHES, Denise Godoi Ribeiro MOREIRA, Ana Lúcia Olivo Rosas Palavras chave: educação, relato de experiência, aquecimento global. RESUMO: INTRODUÇÃO: A noção vigente de que as mudanças climáticas estão correlacionadas apenas com as atividades antropogênicas precisa ser (re)construída. Não somente a ação do homem no ambiente, mas também as hipóteses de que as mudanças na órbita do planeta em torno do Sol afetam o clima ao controlar os ciclos da idade do gelo. Entretanto, alguns cientistas defendem que estamos vivenciando um período natural de pico do aquecimento do planeta, pois comparando com os dois últimos milhões de anos, o planeta passou por vários períodos de glaciação e de interglaciação, como o que estamos vivendo no período recente (EEROLA, 2003). Por outro lado, Antonio (2007, p.4), aponta que quando observamos o vetor temporalidade, verificamos que a rapidez com que os fenômenos estão ocorrendo não parece se encaixar num processo natural. Este fenômeno é denominado de efeito estufa e seu agente primordial é o sol. A estrela solar é a fonte primária de energia para o Planeta Terra. O sol emite radiação eletromagnética, principalmente em comprimentos de ondas curtas e estas atravessam a camada atmosférica, sendo que grande parte dela é absorvida pela superfície terrestre, responsável pela temperatura média do planeta. Conforme a Lei de Stefan-Boltzmann, quando um corpo é aquecido, este emite radiação infravermelha térmica em proporção a sua temperatura absoluta. A emissão de temperatura dos corpos (bióticos e abióticos) é absorvida por diversos gases, como: vapor d água, gás carbônico, metano, ozônio, óxido nítrico e componentes de clorofluorcarbono e emitem comprimentos de ondas longas em direção à superfície do planeta e para fora da camada atmosférica. O mecanismo absorção/emissão por esses gases constituem o chamado Efeito Estufa (MOLION, 2008). Embora as conseqüências desse efeito sobre o clima e a velocidade com que ele está se desenvolvendo gerem bastante controvérsia, é evidente a preocupação com o assunto, uma vez que muitas reuniões promovidas pelas Organizações das Nações Unidas têm discutido esse problema.
3 Com o fim da Segunda Guerra Mundial, houve um intenso crescimento econômico, sem nenhuma preocupação com o meio ambiente. Assim, já na década de 1960, iniciaram-se diversos alertas sobre a relação homem desenvolvimento econômico meio ambiente. Neste paradigma, Dias (2002, p. 22) enfatiza essa inquietação levou a delegação da Suécia na ONU a chamar a atenção da comunidade internacional para a crescente crise do ambiente humano, enfatizando uma necessidade de uma abordagem global para a busca de soluções contra o agravamento dos problemas ambientais. Outro marco referencial ao processo foi a II Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, conhecida também por ECO-92 que teve como principais objetivos examinar a situação ambiental do mundo e as reais mudanças decorrentes de Conferência de Estocolmo e recomendar novas medidas a serem inseridas no âmbito nacional e internacional referente à proteção ambiental através da política de desenvolvimento sustentável e aperfeiçoar a legislação ambiental internacional (DIAS, 1994). Nesta, foi criada a Agenda 21 que reúne propostas de ação para os países e a população em geral. Nessas reuniões, chegou-se à conclusão de que, devido ao incremento do lançamento de gás carbônico na atmosfera e a redução das florestas, o ser humano passou a influir no clima planetário e não apenas local ou regional. O Protocolo de Kyoto é um acordo entre 160 nações que prevê, entre 2008 e 2012, um corte de 5,2% nas emissões de gases causadores do efeito estufa em relação aos níveis de Porém, abranda o cumprimento das metas ao validar recursos como os sumidouros de carbono, esse termo é usado para definir a função que as florestas desempenham ao absorver gás carbônico. Entretanto, corre-se o risco de não sair do papel, pois não foi assinado pelos Estados Unidos, responsáveis por cerca de um quarto das emissões mundiais de gás carbônico. O Japão e a Rússia também relutam em assinar o documento, o que na prática, inviabiliza sua implementação (DIAS, 2002). Assim, tornou-se necessário um controle sobre as emissões de gás carbônico na atmosfera e a destruição de florestas, mas os procedimentos para isso envolvem muitos fatores, seja ele de ordem política, econômica, social, ética e educacional. Desta forma, acreditamos que seria prudente que nossos alunos estivessem envolvidos com o assunto, tendo oportunidade para ampliar seus conhecimentos, interagindo com outros colegas e formando um consenso científico, além de viabilizar a formação de um senso crítico nos mesmos. PROBLEMATIZAÇÃO: Como o tema Efeito Estufa pode ser trabalhado em sala de aula para a reconstrução das concepções dos alunos? A causa do derretimento das calotas
4 polares é o efeito estufa? Se este não estivesse acontecendo o gelo não iria derreter? O planeta Terra seria melhor para se viver? OBJETIVO GERAL: Desenvolver o conhecimento sobre o Efeito Estufa entre os alunos do Ensino Médio. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Sensibilizar quanto a importância das ações individuais referentes ao efeito estufa. Desenvolver a capacidade de realizar pesquisas, buscar informações, selecioná-las e organizá-las de forma crítica. Desenvolver o espírito de tolerância e de convivência com pessoas de opiniões divergentes, mantendo um diálogo crítico, mas respeitoso. MATERIAIS E MÉTODOS: Essa atividade foi desenvolvida durante a semana do meio ambiente (29 de maio à 05 de junho de 2009) no Colégio Estadual Carlos Gomes Ensino Médio, no município de Tomazina, Estado do Paraná, com os alunos da 2ª série do período da manhã. Os materiais usados para execução deste evento foi texto impresso em sulfite, canetas, TV Multimídia, Pendrive, canetas, canetinhas, lápis de cor, cola, fita adesiva e câmara fotográfica digital. A metodologia desenvolvida na sala de aula para as atividades foram baseadas em Passos & Sato (2001), Educação Ambiental Fenomenológica que busca desvelar um fenômeno além do que ele pareça mostrar, isto é, pretende descrever um fenômeno interpretando-o. Para isso utilizamos o diálogo, a discussão de ideias, alguns vídeos sobre efeito estufa, músicas, imagens e artigos e reportagens sobre o assunto. A equipe envolvida no trabalho foram os professores (autores), alunos da 2ª série do Colégio Estadual Carlos Gomes Ensino Médio, situado no município de Tomazina, Estado do Paraná. A ação empreendida foi demarcada pelos seguintes fatos: Apresentamos o projeto aos alunos, que opinaram sobre a importância do assunto, concordando com sua realização. Assim, iniciamos, com uma breve explanação sobre a reportagem de Appenzeller, 2007, publicado na revista National Geografic, o Fim da Era do Gelo, sempre instigando a reflexão do aluno, com espaços para questionamentos. Solicitamos aos alunos que trouxessem para a próxima aula, reportagens de jornais, revistas ou recortes de documentários
5 com foco no tema Efeito Estufa, salientando os benefícios e os malefícios. Os alunos formaram grupos para as leituras e debates. Distribuímos dois textos sobre a importância do efeito estufa na natureza: um, relatando-o como fenômeno natural (NOVAIS, 1998) e outro, sobre o controle da emissão de gás carbônico na atmosfera e o efeito da destruição das florestas (FEARNSIDE, 2006). Apresentamos duas charges, uma sobre o aquecimento global, enfocando o corte das árvores da Floresta Amazônica e outra enfocando o derretimento das calotas polares (QUIRINO, 2007). Solicitamos aos alunos que manifestassem suas opiniões no grupo e posteriormente, assistimos o filme Contrato de Locação da Terra, produzido por LISBOA e BARATTO, 2005, em parceria com a Prefeitura e a EMATER de Dois Vizinhos e apresentado na EXPOVIZINHOS no município de Dois Vizinhos, PR. Os alunos em grupos realizaram um seminário na sala de aula e apresentaram suas conclusões em outras três turmas. Finalizando os trabalhos, montamos um mural no pátio da escola com os textos debatidos em sala e com o relato dos seminários para socialização com a comunidade escolar. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Baseado nas atividades desenvolvidas ao longo da semana, concluímos que os alunos obtiveram êxito nas participações dos trabalhos, foram dinâmicos, comprometidos com a proposta e motivados a interagirem com seus colegas e buscaram (re)construir seus conceitos sobre efeito esfuta. Ao longo dos seminários, que os grupos de alunos apresentaram para a turma e posteriormente, às demais salas da 1ª, 2ª e 3ª séries, estes puderam concluir que a vida no planeta Terra, não existiria se não houvesse o efeito estufa, desmistificando seus conceitos e interagindo de forma coletiva às ações para a mudança social. É este fenômeno, juntamente com a presença dos gases da atmosfera, que faz com que a temperatura média no planeta seja de 15ºC e sem a presença do efeito estufa, a temperatura média seria de -18ºC. Contudo, os registros científicos vêm indicando que este fenômeno tem se intensificado em função das alterações ambientais ocasionadas pela ação antropogênica no ambiente. Após o advento da Revolução Industrial, a quantidade de gases do efeito estufa apresentaram elevados índices na atmosfera terrestre, consequentemente, houve também um aumento significativo da temperatura no ambiente ocasionando a dificuldade da saída dos gases estufa do planeta. Este fenômeno pode ser intensificado pelas atividades vulcânicas, desmatamento, queima de combustíveis fósseis, cultivo de arroz, criação de gado, utilização de fertilizantes e fabricação de nylon. Os gases como o vapor d água, o gás carbônico, o metano, o ozônio, o óxido nítrico e componentes de clorofluorcarbono contribuem para aceleração do
6 derretimento das calotas polares, o que significa que o fenômeno efeito estufa em níveis normais encontrados na natureza, os pólos, ainda, sofreriam o degelo. Estamos num período interglacial, considerando que o planeta já passou por quatro destes períodos, pode-se afirmar que os períodos de clima diferenciados são sustentados por sua vez, por efeito estufas. Este fenômeno poderia acontecer mais lentamente, como descreve a geologia, porém a ação conjunta homem - ação natural - período interglacial, pode influenciar na velocidade com o qual está acontecendo o degelo no planeta. Apesar do homem ser apenas um agente, somos capazes de refletirmos sobre nossas ações e opinar criticamente na forma de contribuir à uma mudança global. REFERÊNCIAS: ANTONIO FILHO, F. D. O aquecimento global e a teoria de Gaia: subsídios para um debate das causas e conseqüências. Climatologia e Estudos da Paisagem Rio Claro. vol.2. n.1. jan/jun/2007. APPENZELLER. T. O Fim do Gelo. Revista National Geographic. Ano 7. N. 87. jun/2007. pág DIAS, Genibaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. 3.ed. SP: Gaia, Pegada Ecológica e Sustentabilidade Humana. SP: Gaia, EEROLA, T. T. Mudanças Climáticas Globais: Passado, Presente e Futuro. Disponível em: < Acesso em: 19 jun FEARNSIDE, P. M. Desmatamento na Amazônia: dinâmica, impactos e controle. Acta Amaz. vol.36. n.3. Manaus Disponível em: < Acesso em: 23 mai LISBOA, H. J. S.; BARATTO, V. R. L. Contrato de Locação da Terra Disponível em: < Acesso em: 20 mai MOLION, L. C. B. Aquecimento global: natural ou antrópogênico? Disponível em: < Molion.doc> Acesso em: 17 jun NOVAIS, V. L. D. Ozônio: aliado e inimigo. São Paulo: Scipione
7 PASSOS, L. A.; SATO, M. Educação Ambiental: o currículo nas sendas da fenomenologia merleau-pontyana. In: PEDRINI, A. G. (org). Metodologias em Educação Ambiental. Petrópolis RJ: Vozes, QUIRINO. M. R. Hot Pinguins. Disponível em: < Acesso em: 27 mai QUIRINO. M. R. Cotidiano Numa área degelada. Disponível em: < Acesso em: 27 mai 2009.
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