ESTRESSE SALINO ESEMENTES TRATADAS COM BIOESTIMULANTE
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- Mônica Beltrão Marinho
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1 DESENVOLVIMENTO DE MAXIXEIRO CULTIVADO EM CONDIÇÃO DE ESTRESSE SALINO E SEMENTES TRATADAS COM BIOESTIMULANTE M. L. SOUZA NETA 1, S. B. TORRES 2, A. A. T. SOUZA 1, D. D. A. SILVA 3, S. T. SANTOS 3, R. L. SILVA 4, F. A OLIVEIRA 5 RESUMO: O maxixeiro é uma cultura de grande importância nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, no entanto, ainda são poucas as pesquisas desenvolvidas com esta cultura, principalmente no tocante ao efeito da salinidade. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do estresse salino em plantas maxixeiro oriundas de sementes tratadas com diferentes doses de bioestimulante. Utilizou-se o delineamento experimental inteiramente ao acaso, em esquema fatorial 2 x 5, na ausência e presença de estresse salino (0,5 e 5,0 ds.m -1 ) e cinco doses de bioestimulante (0, 5, 10, 15 e 20 ml kg -1 de sementes). Foram realizadas cinco colheitas de frutos e, ao final do experimento, as plantas foram coletadas e foram analisadas as principais variáveis de desenvolvimento: número de folhas, número de ramos, comprimento do maior ramo e massa seca total. A salinidade da água de irrigação reduz a massa seca total do maxixeiro independentemente das doses de bioestimulante. O uso de bioestimulante, na ausência do estresse salino, proporciona aumento no número de folhas, de ramos, comprimento do maior ramo e massa seca total, mas reduz o comprimento do maior ramo em plantas submetidas ao estresse salino. Palavras chave: Cucumis anguria, estresse salino e bioregulador. DESENVOLVIMENTO DE MAXIXEIRO CULTIVADO EM CONDIÇÃO DE ESTRESSE SALINO ESEMENTES TRATADAS COM BIOESTIMULANTE SUMMARY: The gherkin is a great importance of culture in the North and Northeast of Brazil, however, there are few research developed with this culture, especially regarding the effect of salinity. This work was to evaluate the effect of salt stress on gherkin plants from 1 Mestranda (agronomia/ Fitotecnia), Universidade Federal Rural do Semi- Árido (UFERSA). Mossoró, RN. Lilia.agronomia@hotmail.com 2 EMPARN/ UFERSA, Departamento de Ciências Vegetais. Mossoró, RN. 3 Graduandos em Agronomia, Universidade Federal Rural do Semi- Árido (UFERSA). Mossoró, RN 4 Engenheira Agrônoma, graduada pela UFERSA, Mossoró RN. 5 Prof. Doutor, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas. UFERSA, Mossoró, RN 814
2 seeds treated with different doses of biostimulant. We used the experimental design completely randomized in a factorial 2 x 5, in the absence and presence of salt stress (0.5 and 5.0 ds.m-1) and five doses of biostimulant (0, 5, 10, 15 and 20 ml kg-1 seed). Five fruit harvests were carried out and at the end of the experiment, the plants were collected and analyzed the key development variables: number of leaves, number of branches, the largest branch length and total dry mass. The salinity of irrigation water reduces the total dry mass of the gherkin regardless of Biostimulant doses. The use of bio-stimulant, in the absence of salt stress provides an increase in the number of leaves, branches, the largest branch length and total dry mass, but reduces the length of the largest branch in plants subjected to salt stress. Key words: Cucumis anguria, salt stress. bioregulator INTRODUÇÃO O maxixe (Cucumis anguria L.) pertence à família das cucurbitáceas, e pode ser encontrado nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. Trata-se de uma cultura de considerável adaptabilidade a condições adversas, como rusticidade e reduzida disponibilidade hídrica (FILGUEIRA, 2003). Ainda são poucos os estudos dessa cultura com relação a essa adaptabilidade, no entanto, alguns estudos apontam para o efeito da salinidade sobre essa cultura na fase de desenvolvimento inicial de plântulas (OLIVEIRA et al., 2012). Visando a utilização de tecnologias a fim de acentuar o problema da salinidade e consequentemente promover o melhor desenvolvimento das plantas. Neste contexto, o uso de bioestimulantes sintético pode ser uma alternativa. Essas substâncias agem aumentando o crescimento e desenvolvimento das culturas, pois, estimulam a divisão celular, podendo também aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas (VIEIRA & CASTRO, 2002). Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de doses de bioestimulante aplicado via tratamento de sementes em condições de estresse salino sobre o desenvolvimento do maxixeiro. 815
3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas- DCAT, localizado na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), em Mossoró- RN. O delineamento usado foi o inteiramente casualizado, com esquema fatorial de 2 x 5, sendo dois níveis de salinidade (S1-0,5 ds m -1 e S2-3,5 ds m -1 ) combinados com cinco doses de bioestimulante (0, 5, 10, 15 e 20 ml kg -1 de sementes), com 5 repetições e 2 plantas por repetição, cultivadas com vasos com capacidade para 8 dm 3 de solo. Foram utilizadas sementes de maxixeiro, cv. Liso de Calcutá, que foram submetidas ao tratamento de sementes com bioestimulante, utilizando o produto comercial Stimulate (cinetina, ácido giberélico, ácido indolbutírico). As plantas foram cultivadas em campo com espaçamento de 1,50 x 0,75 m e conduzidas com tutoramento e sem poda do ramo principal. O sistema de irrigação foi composto por um reservatório de PVC (300 L), uma eletrobomba, linhas laterais de 12 mm, e emissores do tipo microtubos, com vazão média de 2,5 L h -1. Em cada nível de água salina foi utilizado um sistema de irrigação independente. As irrigações foram realizadas utilizando solução nutritiva, de forma que em todo evento de irrigação correspondia a uma fertirrigação. Adotando-se como base a solução nutritiva recomendada por CASTELLANE & ARAÚJO (1994) para a cultura do meloeiro em cultivo hidropônico. A quantidade de água aplicada foi determinada como sendo a necessária para que ocorresse a drenagem mínima dos vasos. As plantas foram coletadas aos 110 dias após a semeadura, cortando-as rente ao solo e em seguida analisadas as seguintes variáveis: número de folhas, contabilizadas apenas as folhas verdes e comprimento da nervura principal maior que 3,0 cm; número de ramos; comprimento do maior ramo, utilizando uma fita métrica; massa seca total, após a secagem o material vegetal em estufa com circulação forçada de ar (65 ºC), e pesadas em balança de precisão. Os dados obtidos foram submetidos às análises de variância pelo teste F. Os dados obtidos referentes ao efeito das doses de bioestimulante foram analisados através de análise de regressão, ajustando-se a modelos polinomiais. As análises foram realizadas utilizando o software Sisvar (FERREIRA 2008). 816
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve interação significativa entre os fatores níveis de salinidade e doses de bioestimulante para todas as variáveis analisadas. Após realizar o desdobramento dos fatores, verifica-se que a ausência de salinidade proporcionou um maior número de folhas quando comparadas as cultivadas em condição de estresse salino, semelhante aos resultados obtidos por OLIVEIRA et al. (2014). Em ambas as situações de salinidade (0,5 e 3,5 ds m -1 ) foi possível fazer um melhor ajuste através de uma equação de regressão polinomial, em que verificou-se, um aumento no número de folhas em resposta ao aumento das doses de bioestimulante até os níveis de 12,01 e 6,76 ml kg -1 de semente, obtendo 355,38 e 222,75 folhas para as plantas submetidas às salinidades 0,5 e 3,5 ds m -1, respectivamente. A partir destas doses de bioestimulante foi verificado redução no número de folhas, para ambas as condições de estresse salino (Figura 1A). Para número de ramos, verifica-se que em ambas as situações de salinidade houve efeito significativo do uso de bioestimulante. Ajustando-se os valores, foi possível determinar que para as plantas cultivadas com salinidade de 0,5 ds.m -1, a dose de bioestimulante que proporcionou o maior valor foi de 9,0 ml kg -1 de semente, com 11,8 ramos. Já para as plantas que foram irrigadas com água salina, a dose de 14,9 ml kg -1 de semente promoveu o maior número de ramos (9,6) (Figura 1B). O aumento no número de ramos é uma resposta que contribui para a produção de frutos no maxixeiro, pois, a maior concentração de flores femininas, e, consequentemente de frutos, ocorre nas ramificações secundárias ou terciárias (MODOLO, 2002). O comprimento do maior ramo foi afetado de forma linear pelas diferentes doses de bioestimulante nos níveis de salinidade, assim para as plantas cultivadas sem estresse salino o resultado foi crescente, determinando que a menor dose de bioestimulante (0 ml) proporcionou o menor comprimento (1,27 m), e com incremento das doses essa variável aumentou até o máximo de 1,80 m na maior dose (20 ml kg -1 ). Resultado divergente foi encontrado para as cultivadas sob condições de estresse em que a menor dose de bioestimulante promoveu o maior comprimento do ramo (1,51 m) e com o acréscimo do bioestimulante para a maior dose houve redução de 19,6% (1,21 m) (Figura 1C). Para massa seca total, foi possível estabelecer que para as plantas cultivadas na salinidade de 0,5 ds m -1 o modelo que melhor se ajustou foi linear crescente, assim ao se utilizar a dose de 20 ml kg -1 de semente houve produção de massa seca de 70,56 g planta -1, correspondente ao aumento de 24% em relação a menor dose que obteve 56,77 g. planta -1. Já 817
5 para as plantas sob condição de estresse salino, nota-se inicialmente um acréscimo de massa seca com o aumento na dose de bioestimulante até 9,7 ml kg -1 de semente (35,6 g planta -1 ). A partir desta dose houve declínio na massa seca total. (Figura 1D). O efeito benéfico do tratamento de sementes com bioestimulantes deve-se ao efeito dos seus componentes, essas substâncias incrementam o crescimento e desenvolvimento vegetal estimulando a divisão celular, podendo também aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas (VIEIRA & CASTRO, 2002). Ainda na Figura 1D, verifica-se que independentemente das doses de bioestimulante, o uso de água salina provocou redução na massa seca total do maxixeiro, fato este já esperado, tendo em vista que, conforme OLIVEIRA et al. (2014), o maxixeiro é uma cultura sensível à salinidade. CONCLUSÕES A salinidade da água de irrigação reduz a massa seca total do maxixeiro independentemente das doses de bioestimulante. O uso de bioestimulante, na ausência do estresse salino, proporciona aumento no número de folhas, de ramos, comprimento do maior ramo e massa seca total, mas reduz o comprimento do maior ramo em plantas submetidas ao estresse salino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTELLANE, P.D.; Araújo, J.A.C. de. Cultivo sem solo: Hidroponia. Jaboticabal: FUNEP, p. FERREIRA, D. F. SISVAR: um programa para analises e ensino de estatística. Revista Científica Symposium, Lavras, v. 6, n. 2, p , FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, p. MODOLO, V. A. Tecnologia de produção de maxixe paulista (Cucumis anguria L). Piracicaba: Universidade de São Paulo, p. Tese Doutorado. MUNNS, R.; TESTER M. Mechanisms of salinity tolerance. Annual Review of Plant Biology, Palo Alto, v. 59, p ,
6 OLIVEIRA, F. A.; OLIVEIRA, M. K. T.; LIMA, L. A.; BEZERRA, F. M. S.; GONÇALVES, A. L. Desenvolvimento inicial do maxixeiro irrigado com águas de diferentes salinidades. Revista Agropecuária Científica no Semiárido, Patos, v.8, n. 2, p , OLIVEIRA, F. A.; PINTO, K. S. O.; BEZERRA, F. M. S.; LIMA, L. A.; CAVALCANTE, A. L. G.; OLIVEIRA, M. K. T.; MEDEIROS, J. F. Tolerância do maxixeiro, cultivado em vasos, à salinidade da água de irrigação. Revista Ceres, Viçosa, v. 61, n. 1, p , SILVA, M. J. R; BOLFARINI, A. C. B; RODRIGUES, L. F. O. S; ONO, E. O; RODRIGUES, J. D. Formação de mudas de melancia em função de diferentes concentrações e formas de aplicação de mistura de reguladores vegetais. Revista scientia plena, v. 10, n. 10, p. 1-9, VIEIRA, E. L., CASTRO, P. R. C. Ação de stimulante no desenvolvimento inicial de plantas de algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Piracicaba: USP. Departamento de Ciências Biológicas, p. (A) SEM COM Número de folhas y = -0,6154x ,777x + 266,67 R² = 0, y = -0,3869x 2 + 5,2691x + 235,3 R² = 0, (B) Número de ramos SEM COM 8 6 y = -0,0303x 2 + 0,5457x + 9,3257 R² = 0, y = -0,0154x 2 + 0,4486x + 6,3086 R² = 0, (C) SEM COM Comprimento do maior ramo (m) 2,0 1,6 1,2 0,8 y = 0,0229x + 1,3052 R² = 0,8934 0,4 y = -0,0138x + 1,5136 R² = 0,9317 0,0 (D) SEM COM 80 Massa seca total (g. planta -1 ) y = 0,6063x + 58,87 20 R² = 0,8609 y = -0,058x 2 + 1,1246x + 30,182 R² = 0, Figura 1. Número de folhas (A), número de ramos (B), comprimento do maior ramo (C) e massa seca total (D) de maxixeiro sob condições de estresse salino e cujas sementes foram tratadas com diferentes doses de bioestimulante 819
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