A luta dos trabalhadores pela previdência: das Reformas ao FUNPRESP
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- Flávio Chagas di Castro
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1 A luta dos trabalhadores pela previdência: das Reformas ao FUNPRESP Wanderson Rocha ILAESE Instituto Latino-americano de Estudos Sócio-econômicos
2 CRISE GLOBAL DA DÍVIDA REFORMAS DA PREVIDÊNCIA para pagar uma questionável dívida, feita para salvar os bancos Grécia Irlanda França Portugal Inglaterra Espanha
3 Situação da Grécia 240 bilhões de euros (R$ 832 bilhões) para hontrar compromissos com os credores (maioria bancos privados). Contrapartida: cortes nos gastos públicos, aumento de impostos e reforma no sistema de previdência e no mercado de trabalho.
4 BREVE HISTÓRICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL A Previdência Social no Brasil surge na forma de caixas de aposentadoria e pensão em Na década de 30, nos primórdios da era Vargas, foram criados os institutos de aposentadoria e pensão por categoria de trabalhadores, os conhecidos IAPs. Somente em1966, com a fusão dos IAPs, é que se cria no Brasil um ente previdenciário unitário, então chamado Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) o qual, a partir da instituição do conceito constitucional de seguridade social em 1988, passa a denominar-se Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 1990
5 E OS RECURSOS DA PREVIDÊNCIA? Viabilizaram diversos projetos governamentais dentre os quais destacamos: Carteira Agrícola e Industrial do Banco do Brasil, principal agência de financiamento ao setor privado; Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); Companhias Hidrelétricas do São Francisco (CHESF); Companhia Nacional de Álcalis (CNA); Fábrica Nacional de Motores (FNM); Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES); construção de Brasília, Ponte Rio Niterói, Itaipu Binacional etc.
6 A SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO O conceito de seguridade social é dado pelo artigo 194 de nossa Constituição Federal. De acordo com a Constituição a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
7 A Previdência faz parte da Política de Seguridade Social (1988) Saúde Pública (SUS) Seguridade Social Previdência Social Assistência Social
8 A previdência social no Brasil Foi uma das maiores conquistas dos trabalhadores fruto das lutas dos anos 80. Ampliação para setores desprotegidos; Equalização entre trabalhador rural e urbano Garantia de recursos Regulamentação do seguro-desemprego Piso dos benefícios vinculado ao Salário Mínimo Resultado: O ascenso de lutas que vivemos na década de 1980 construiu a melhor previdência social da América Latina
9 Alguns dos Benefícios Previdenciários Aposentadoria por idade Aposentadoria por invalidez Aposentadoria por tempo de contribuição Aposentadoria especial Auxílio-doença Pensão por morte Salário-maternidade Salário-família (...)
10 Dois projetos de Previdência em disputa nos anos 80 Princípio privado Só recebe quem contribui. Quem contribui mais, recebe mais. X Princípio social Garantia de direitos básicos para todos. Quem tem mais, contribui mais.
11 O desmonte da Previdência Social
12 Collor e a Previdência Desvinculação da previdência em relação ao salário mínimo. (Medida Provisória nº 225/90). Lei nº 8.213/ Planos de Benefícios da Previdência Social tornou constitucional algumas das transgressões adotadas desde o final do Governo José Sarney.
13 Máfia da Previdência
14 Reforma da Previdência de FHC (1999) Emenda Constitucional nº 20 (15/12/1998) Substitui-se a comprovação do tempo de serviço por tempo de contribuição. 35/30 anos e idade mínima de 53/48 anos. Limite de idade p/ aposentadoria. 65/60, mínimo de 15 anos de contribuição. Regime de Previdência Complementar Fator previdenciário Cálculo baseado na expectativa de vida do país. Aqueles que se aposentam abaixo da média têm benefícios menores. Expectativa de vida média em 2013: média de 75 anos (homem: 71 e mulher: 78 anos).
15 Justificativas para Reforma da Previdência Argumentos falaciosos de sempre sobre a catástrofe fiscal, inovaram ao difundir a visão do aposentado como portador de privilégios inaceitáveis, um verdadeiro marajá, que ameaçava a estabilidade recém conquistada e os sólidos fundamentos econômicos.
16 Reforma da Previdência de FHC (1999) Não foi aprovado: Cobrança de inativos Fim da paridade entre ativos e aposentados. Fim da integralidade da aposentadoria dos servidores públicos. Em 2000 foi aprovada a DRU: Desvinculação de 20% das Receitas da União Com essa regra, 20% das receitas de contribuições sociais não precisariam ser gastas nas áreas de saúde, assistência social ou previdência social.
17 Reforma da Previdência de Lula (2003) (Emenda Constitucional nº 41 (19/12/2003) Limite de idade para aposentadoria no serviço. público 55 para mulheres e 60 para homens; Redução de 30% nas novas pensões para todos os servidores (antigos e novos), sobre a parcela que excede o teto do INSS de (R$ 4.663,75). Contribuição dos aposentados em 11% sobre o que excede o teto; Fim da paridade entre ativos e aposentados; Manutenção do Fator Previdenciário. Estímulo à Previdência Privada
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19 17/03/14 Governo Dilma: propostas para Previdência
20 Governo Dilma: propostas para Previdência
21 Governo Dilma: propostas para Previdência A presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou as medidas provisórias 664 e 665, que, agora viram lei e, entre outros ataques, penalizam os trabalhadores com a restrição ao seguro desemprego e o seguro defeso para os pescadores, além da diminuição do pagamento de pensões e o abono do PIS. (CSP/Conlutas Junho/2015) Carência para recebimento da pensão: * 2 anos de serviço público. * 2 anos casamento ou união estável. Fim da pensão vitalícia para cônjuges jovens. Obs.: Exceção para cônjuges acima de 44 anos ou inválido.
22 Previdência no governo Dilma Fonte: G1/Economia Exemplo: para o trabalhador de 60 anos se aposentar, ele precisará ter 35 anos de contribuição em 2015, mas necessitará de 40 anos de contribuição em 2022 (ou 35 anos de contribuição e 65 anos de idade). Com isso, cada ano de contribuição acaba virando dois pontos no final da conta.
23 Governo Dilma Manutenção da DRU. FUNPRESP Contra a desaposentadoria;
24 O mito do déficit da previdência
25 A FALÁCIA DO DÉFICIT DO RPPS - Governo fabrica o déficit comparando contribuições previdenciárias com o pagamento de aposentadorias e pensões E ESCONDE: O histórico desvio de recursos da Previdência para obras Após a Constituição de 1988, servidores celetistas passaram para o regime estatutário, e o INSS não repassou ao RPPS as contribuições passadas - Em 2012, o número de servidores civis ativos do Executivo ( ) era ainda menor que em 1991 ( )!!! Fonte: ar2013.pdf, págs 55 e 56
26 REDUÇÃO DO DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO Fonte: Relatório do Senador José Pimentel (PT/CE) ao PLC 2/2012, págs 11 e 12
27 Os Verdadeiros Problemas do Financiamento da Seguridade Desvios Renúncias Fiscais Inadimplência Sonegação Relaxamento dos instrumentos coercitivos Política Econômica que privilegia o pagamento de juros, impede crescimento econômico e gera desemprego e informalidade.
28 Orçamento Geral da União (Executado em 2014) Total = R$ 2,168 trilhão Em 2014, o governo federal gastou R$ 978 bilhões com juros e amortizações da dívida pública, o que representou 45,11% de todo o orçamento efetivamente executado no ano.
29 A quem interessa a privatização da previdência? Fonte: FENAPREVI. Planos de Caráter Previdenciário. Dados Estatísticos. Outubro
30 Fonte: FENAPREVI. Planos de Caráter Previdenciário. Dados Estatísticos. Outubro
31 O significado das Previdências Privadas e o FUNPRESP
32 O que é previdência privada? Antes de tudo, ela não é uma previdência. É uma mais-valia suplementar, ou seja, uma nova dedução do salário que a empresa dispõe por 30 ou 40 anos!
33 Mais fichas para o Cassino É colocar nossa vida em risco, pois é um fundo de investimento de altíssimo risco. Em 2008, os fundos de pensão no mundo todo tiveram um prejuízo de US$ 5,7 trilhões de dólares (3x o PIB do Brasil). Aumento dos suicídios na Grécia. A maior parte é de aposentados. O FUNPRESP é a pior forma de fundo de pensão: pois ele é de CD (Contribuição Definida), mas não de BD (Benefício Definido).
34 A quem interessa a criação da FUNPRESP? Jornal Valor Econômico, 28/2/2012 O governo Dilma Rousseff recebeu ontem um aliado de peso numa das mais sensíveis votações no Congresso neste ano. O departamento econômico do Itaú Unibanco, o maior banco privado do Brasil, divulgou nota defendendo a aprovação do projeto que reforma a previdência dos servidores federais. A nota é assinada pelo economista Maurício Oreng, da equipe liderada por Ilan Goldfajn, ex-diretor do Banco Central (BC).
35 DISPOSITIVOS DO FUNPRESP (Lei , de 30/4/2012)
36 Teto para aposentadoria Limita a aposentadoria ao teto do INSS (atualmente de R$ 4.663,75) para os servidores que ingressarem no serviço público a partir do início de vigência do regime de previdência complementar.
37 Prazo de Adesão ao FUNPRESP Art 3º, 7º O prazo para a opção (...) será de 24 meses, contados a partir do início da vigência do regime de previdência complementar instituído no caput do art. 1º desta Lei. 8º O exercício da opção (...) é irrevogável e irretratável... Art. 30. Para os fins do exercício do direito de opção de que trata o parágrafo único do art. 1º, considera-se instituído o regime de previdência complementar de que trata esta Lei a partir da data da publicação pelo órgão fiscalizador da autorização de aplicação dos regulamentos dos planos de benefícios de qualquer das entidades de que trata o art. 4º desta Lei. 2 anos a partir de 4/2/2013 (data da publicação da autorização do regulamento da Funpresp-Exe)
38 A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIDOR PODE SE TORNAR EXCESSIVA, ENQUANTO A CONTRIBUIÇÃO DO GOVERNO É LIMITADA A 8,5% Art 16, 2º A alíquota da contribuição do participante será por ele definida anualmente, observado o disposto no regulamento do plano de benefícios. 3º A alíquota da contribuição do patrocinador será igual à do participante, observado o disposto no regulamento do plano de benefícios, e não poderá exceder o percentual de 8,5%.
39 ELEVAÇÃO DOS CUSTOS DE FORMA IMPREVISÍVEL TAXA DE ADMINISTRAÇÃO Contratação de Auditoria Externa Empresas especializadas em estudos atuariais Assessoria ou Consultoria Técnica e Financeira Garantidores das reservas técnicas, custódia de títulos e valores mobiliários Serviços de análise de concessão de benefícios, folha de pagamentos, avaliação atuarial, cadastro social e financeiro dos segurados e beneficiários, além de outros serviços necessários para gestão do regime ou dos recursos A QUE PREÇO?
40 A administração será feita pelos BANCOS: Art º As entidades referidas no caput contratarão, para a gestão dos recursos garantidores prevista neste artigo, somente instituições, administradores de carteiras ou fundos de investimento que estejam autorizados e registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Licitação, considerando a solidez, o porte e a experiência em gestão de recursos (Art 15, 4º)
41 INSEGURANÇA TOTAL PARA OS SERVIDORES INDEFINIÇÃO QUANTO À FORMA DE CONCESSÃO, CÁLCULO E PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS: Art. 13. Os requisitos para aquisição, manutenção e perda da qualidade de participante, assim como os requisitos de elegibilidade e a forma de concessão, cálculo e pagamento dos benefícios, deverão constar dos regulamentos dos planos de benefícios... Art. 15. A aplicação dos recursos garantidores correspondentes às reservas, às provisões e aos fundos dos planos de benefícios da Funpresp-Exe, da Funpresp-Leg e da Funpresp-Jud obedecerá às diretrizes e aos limites prudenciais estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
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46 BENEFÍCIO ESPECIAL BE Servidor optante: (aposentadoria: R$ 4.000,00 + R$ 1.371,00 = R$ 5.371,00 «53,71% é a certeza do salário». A recomposição da diferença para o salário integral quando da ativa «R$ 4.629,00» dependerá dos investimentos). Ressalta-se que a opção pelo RPC significa perda de direitos.
47 ESCLARECIMENTOS PARTICIPANTE ATIVO NORMAL: servidor recebe acima do teto e ingressou a partir de 04/02/2013 no Executivo ou 07/05/2013, no Legislativo. PARTICIPANTE ATIVO ALTERNATIVO: servidor que recebe abaixo do teto e tenha ingressado nas mesmas datas. O benefício não inclui a aposentadoria por invalidez e pensão por morte.
48 ESCLARECIMENTOS Vivendo além dessa expectativa, será paga uma renda vitalícia que corresponderá a 80% do valor pago da última parcela de aposentadoria. Pensão por morte será calculado com base na média das 80% melhores remunerações.
49 ESCLARECIMENTOS Benefício Definido: é possível saber, no momento da contratação do plano, quanto você irá receber da instituição ao se aposentar. Contribuição Definida é justamente o contrário: o valor da contribuição é acertado no ato da contratação do plano e o montante que será recebido varia em função desta quantia, do tempo de contribuição e da rentabilidade. Por conta do direito do cliente de receber a quantia pré-fixada depois de se aposentar, os planos de Benefício Definido trazem mais riscos para as empresas do segmento de previdência. Isso porque a pessoa pode acabar recebendo mais do que investiu, caso viva bastante.
50 Aposentadoria Privada para os servidores públicos Fim da aposentadoria especial para mulheres e professores Fim do auxílio doença e salário maternidade Não considera as aposentadorias não programadas Fim das aposentadorias vitalícias
51 A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DA REFORMA ATENDER AO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL FMI, que representa os interesses do setor financeiro - Entregar a previdência aos fundos de pensão, sob a modalidade "contribuição definida", na qual o governo se livra de garantir as aposentadorias, para pagar mais da questionável dívida pública - Isto tem nome: PRIVATIZAÇÃO - Garantia de lucros astronômicos aos banqueiros, que administram os recursos, e RISCO TOTAL AOS SERVIDORES
52 Em Síntese A previdência privada... Não é efetivamente uma previdência, mas um fundo de investimento de altíssimo risco. Se ele der errado, é a tragédia pessoal, pois vai significar a perda das economias de toda uma vida; Se der certo, é a tragédia coletiva, pois vai representar aumento da precarização do trabalho, desemprego e baixa qualidade dos serviços sociais.
53 O que fazer? 1. Campanha pela anulação da Reforma da Previdência do Mensalão; 2. Esvaziar o FUNPRESP
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57 Referências FATTORELLI, Maria Lucia & ÁVILA, Rodrigo Vieira. A Dívida e as Privatizações. (mimeo). Maio de GRANEMANN, Sara. Para uma Interpretação Marxista da Previdência Privada. Tese de Doutorado, UFRJ, MARQUES, Rosa Maria et alli. Previdência Social Brasileira: um balanço da reforma in: São Paulo em Perspectiva, 17(1): , MARQUES, Rosa Maria & MENDES, Aquilas. O Governo Lula e a Contra-reforma Previdenciária in: São Paulo em Perspectiva, 18(3): 3-15, SILVA, Ademir Alves. A Reforma da Previdência Social Brasileira. Entre o Direito Social e o Mercado in: São Paulo em Perspectiva, 18(3): 16-32, 2004.
58 Obrigado! Praça Padre Manuel da Nóbrega, 16-4º andar. Sé São Paulo SP. CEP:
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