MAURO JOSÉ SILVA Diretor de Defesa Profissional e Estudos Técnicos

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1 MAURO JOSÉ SILVA Diretor de Defesa Profissional e Estudos Técnicos

2 Seminário: Os Desafios para o Próximo Governo - Justiça Fiscal, Combate à Sonegação e à Corrupção Diretoria de Defesa Profissional e Estudos Técnicos Unafisco Associação Mauro José Silva Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil Julgador na DRJ/SP e ex-conselheiro do CARF Doutor em Direito pela USP. Bacharel em Direito pelo USP Engenheiro Civil pela UFES Agosto/2017 2

3 O QUE VAMOS TRATAR 1- A invalidade cientificamente demonstrada da ideia de se medir a sustentabilidade de um sistema de previdência pelo critério déficit/superávit; 2- Ainda que fosse um critério válido, o alegado déficit do RPPS está estabilizado e com tendência de queda até desaparecer, segundo atestou o TCU; 3- As despesas com aposentadorias e pensões são despesas administrativas da União e não constituem regime de previdência; 4- A avaliação atuarial da União possui erros graves a partir de suas premissas. 3

4 1- A invalidade cientificamente demonstrada da ideia de se medir a sustentabilidade de um sistema de previdência pelo critério déficit/superávit 4

5 DISCURSO OFICIAL PARA A REFORMA Sistema previdenciário é avaliado por sua sustentabilidade somente; Sustentabilidade é medida pelos déficits ou superávits; Como há déficit, portanto é necessário melhorar a sustentabilidade do sistema previdenciário; O Regime Próprio de Previdência Social é deficitário, logo, direitos precisam ser cortados e o servidor precisará trabalhar até os 65 anos para melhorar a sustentabilidade do RPPS. Vamos provar, cientificamente, que isso é falso. 5

6 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Hipótese a ser testada: Déficit ou superávit é uma boa medida para avaliarmos a sustentabilidade de um sistema previdenciário? 6

7 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Exemplo 1 Retirado do artigo de Bernardo Appy (economista e ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda), publicado no Estadão em 21/02/2017: Trabalhadores com 45 anos ou mais; Contribuição: 10% do salário; Podem se aposentar aos 50 anos com 5 anos de contribuição; Aposentadoria é o dobro do salário. Sistema obviamente insustentável, porém nos primeiros cinco anos será superavitário!!!! 7

8 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Exemplo 2 Trabalhadores com 18 anos; Aposentam-se aos 73 anos com 55 anos de contribuição; Ao se analisar o sistema no ano 56 de sua existência constata-se que o sistema naquele ano é deficitário, pois apenas paga e não recebe nada. 8

9 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Portanto, os exemplos 01 e 02 mostram, com rigor científico, que a sustentabilidade de um sistema de previdência não pode ser medida pelo déficit ou superávit. 9

10 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Por que usamos déficit/superávit para medir a sustentabilidade de um sistema previdenciário? Isso decorre de um equívoco dos analistas que dizem que é o critério natural para um sistema de repartição que é previsto na Constituição; Porém, a existência de Déficit/superávit oferece respostas equivocadas sobre o assunto. 10

11 SUSTENTABILIDADE DA PREVIDÊNCIA MEDIDA PELO DÉFICIT/SUPERÁVIT: USANDO UMA FERRAMENTA ERRADA Quando usamos um critério, método ou ferramenta errada para analisar uma situação, tomamos decisões erradas. Como o critério do déficit/superávit não serve para medir a sustentabilidade, se insistirmos nele, tomaremos decisões erradas. Exemplo do médico que utiliza um aparelho de medir pressão para saber se seus pacientes estão com febre. 11

12 SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA Mais um motivo para não medir a sustentabilidade do RPPS por déficit ou superávit: Desde 2013, com a implantação do FUNPRESP, não ingressam mais servidores no RPPS com contribuição sobre o total da remuneração; Analisar o déficit ou superávit do RPPS nesse cenário é uma situação similar a que ocorreu no exemplo 02; Não permitimos o ingresso de novos participantes do RPPS contribuindo sobre a remuneração total e, apesar de décadas de contribuição já terem sido pagas, óbvio que o sistema, daí em diante, será deficitário; A instituição da previdência complementar determinou que o RPPS será sempre deficitário. Cada ano mais; Com a implantação do FUNPRESP, só há uma maneira de acabar com o déficit do RPPS: mandar matar todos os aposentados e todos os servidores ativos ingressados até Mas já demonstramos cientificamente que déficit e superávit não é uma medida adequada para a sustentabilidade de um sistema de previdência. 12

13 2- Ainda que fosse um critério válido, o alegado déficit do RPPS está estabilizado e com tendência de queda até desaparecer, segundo atestou o TCU 13

14 Relatório do TCU TC /

15 Relatório do TCU TC /

16 3- As despesas com aposentadorias e pensões são despesas administrativas da União e não constituem regime de previdência; 16

17 O equilíbrio financeiro e atuarial de um sistema de repartição simples depende de novos entrantes nas mesmas condições dos atuais participantes. Desde a criação do FUNPRESP, em 2013, não entram mais servidores nas mesmas condições dos antigos. Portanto, impossível falar-se em equilíbrio atuarial. Desde a implantação do FUNPRESP, as despesas com aposentadorias foram confirmadas como despesas administrativas da União por sua condição de empregadora. 17

18 Desde a implantação do FUNPRESP, as despesas com aposentadorias e pensões foram confirmadas como despesas administrativas da União por sua condição de empregadora. Por que confirmadas? O histórico regulatório da concessão de aposentadorias e pensões contém em seu histórico várias opções legislativas da União que impedem que as despesas com aposentadorias e pensões sejam consideradas no contexto de um regime de previdência. 18

19 Algumas opções legislativas não permitem, em termos lógicos, que as despesas com aposentadorias e pensões da União sejam tomadas como parte de um regime previdenciário: - Até 1993 não havia contribuição previdenciária destinada a financiar as aposentadorias; - A Constituição de 1988 permitiu que servidores que eram do regime celetista e contribuíam limitados ao teto passassem a ser estatutários com possibilidade de aposentar-se pela última remuneração. 250 mil servidores transpostos para essa nova condição; - Até 1998 era possível aposentar-se com proventos integrais com apenas dois anos de serviço público; - O efeito dessas e outras opções e omissões legislativas é a impossibilidade de considerarmos que as despesas com aposentadorias e pensões, tomadas como um conjunto único, constituem um regime de previdência. 19

20 4- A avaliação atuarial da União possui erros graves a partir de suas premissas. 20

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22 Reposição de servidores. Não foi utilizada a hipótese de reposição de servidores. 22

23 Idade de entrada no mercado de trabalho. Considerou-se que o servidor contribuiu para qualquer outro regime previdenciário, durante todo o tempo decorrido entre a idade de 18 anos e a idade na data da posse no serviço público, consoante parâmetro prudencial previsto no art. 13, 2º, da Portaria MPS nº 403, de Não foi considerado eventual ingresso de compensação financeira de outros regimes próprios de previdência social ou do RGPS, em decorrência do previsto no caput do art. 11 da Portaria MPS nº 403, de

24 Taxa de rotatividade. Não foi utilizada a hipótese de rotatividade de servidores. 24

25 Em resumo, todo o equacionamento do RPPS já foi feito, bem como o nivelamento do RPPS com o RGPS igualmente já foi feito com a implantação do RPC. Enfim, todo o ajuste da previdência do servidor público federal já foi feita em reformas anteriores, havendo sido estabelecidas regras de transição que devem ser respeitadas em obediência ao princípio da segurança jurídica. 25

26 Ademais, demonstramos que um servidor público que contribui para a previdência sobre a integralidade de sua remuneração durante 35 anos se estivesse submetido a um sistema de capitalização sustentaria não somente a sua, mas o pagamento de duas aposentadorias por tempo indeterminado, pois o patrimônio acumulado renderia juros maiores que os resgates. 26

27 O QUE VIMOS 1- A invalidade cientificamente demonstrada da ideia de se medir a sustentabilidade de um sistema de previdência pelo critério déficit/superávit; 2- Ainda que fosse um critério válido, o alegado déficit do RPPS está estabilizado e com tendência de queda até desaparecer, segundo atestou o TCU; 3- As despesas com aposentadorias e pensões são despesas administrativas da União e não constituem regime de previdência; 4- A avaliação atuarial da União possui erros graves a partir de suas premissas. 27

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