EBDA MPA 11 NOVA CULTIVAR DE MAMONA COM POTENCIAL AGRONÔMICO PARA O ESTADO DA BAHIA E MINAS GERAIS
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- Elza Custódio Antunes
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1 EBDA MPA 11 NOVA CULTIVAR DE MAMONA COM POTENCIAL AGRONÔMICO PARA O ESTADO DA BAHIA E MINAS GERAIS Ariosvaldo Novais Santiago 1, Luiz Alberto Passos Larangeiras 1, Valfredo Vilela Dourado 1, Vagner Maximino Leite 1, Edson Alva Souza Oliveira 1, Simone Alves Silva 2, Maria de Fátima da Silva Pinto Peixoto 2, Clovis Pereira Peixoto 2, Nívio Poubel Gonçalves 3 EBDA, arisan@sendnet.com.br, valfredovilela@hotmail.com, leite_vagner@yahoo.com.br, UFRB, simonealves@ufrb.edu.br, mfspp@oi.com.br, cppeixot@ufba.br, EPAMIG, niviopg@epamig.br. RESUMO - Com objetivo de identificar em mamona (Ricinus communis, L.) linhagens precoces, indeiscentes, tolerantes a pragas e doenças, com maior produção de bagas e percentual de óleo nas sementes, que melhor se adapte a variações ambientais, foi conduzido pela EBDA, UEP Paraguaçu Itaberaba/Bahia, a seleção massal estratificada do acesso BRA denominado Preta obtido do BAG Mamona, cultivado no espaçamento de 2,0 m entre linhas e 1,5 m entre covas, com duas/cova. Demarcou-se a área útil em 100 estratos com área de 72 m 2, contendo 48 plantas que foram submetidas à pressão de seleção de 10% para o ideótipo, obtendo-se cinco plantas por estrato. As demais plantas e os cachos das selecionadas foram eliminados, e as novas floradas forneceram as sementes para o próximo ciclo de seleção. Da amostra inicial e de cada etapa de seleção, retirou-se sub-amostras para avaliação subjetiva no BAG Mamona e a linhagem de maior performance foi avaliada nos Ensaios Estaduais de Variedades, conduzidos nos Estados da Bahia e Minas Gerais destacando-se quanto às características desejadas, evidenciando uma perfeita adaptação para as distintas condições em que foi testada, tendo o registro solicitado e está sendo lançada com a denominação EBDA MPA 11. Palavras-chave: Ricinus communis, mamona, oleaginosas, melhoramento da mamoneira. INTRODUÇÃO A mamoneira (Ricinus communis L.) apresenta grande variabilidade fenotípica disseminada em todo o planeta. Apesar do grande número de espécies citadas, o gênero Ricinus não apresenta isolamento reprodutivo, tendo a (Ricinus communis L.) como sua única espécie, (SANTIAGO, 1998). O cultivo da mamona tem importância econômica pela utilização do óleo na ricinoquímica, como matéria prima para inúmeros produtos como: tintas, vernizes, plásticos, medicamentos, cosméticos, próteses e é insubstituível como lubrificante de turbinas de aviões, por seu baixo ponto de solidificação e manutenção da viscosidade em elevadas pressões e temperaturas. Atualmente, na busca por biocombustíveis, o óleo da mamona representa mais uma opção para ser utilizado no Programa Biodiesel, o que pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida na agricultura familiar (FREIRE, 2001; SANTIAGO, 1998; TURATTI et al., 2002).
2 A mamoneira é de grande importância econômica e social para o Brasil, destaque para a região Nordeste, que apresenta condições ambientais favoráveis, com 406 municípios considerados sem restrição para o cultivo, totalizando 45 milhões de hectares de terras próprios para a exploração com esta cultura, O estado da Bahia produziu 82,5 mil toneladas de bagas de mamona no ano de 2004 com produtividade média de 657 kg/ha segundo dados do IBGE (2004). Os sistemas de produção em uso pelos produtores do Nordeste são bastante rudimentares e, apesar da importância econômica do óleo da mamona, não ocorreram melhorias significativas no seu cultivo durante as últimas décadas, definindo-se basicamente dois sistemas de produção em uso, o primeiro representando mais de 90% da área cultivada, utilizando mão de obra familiar como força de trabalho, explorando pequenas glebas, cultivando em sistema de consórcio com o feijão e/ou milho, a maioria utilizando mecanização agrícola, sem outros insumos como sementes melhoradas, fertilizantes e defensivos agrícolas, o segundo apresentando um perfil mais empresarial, onde já se percebe a utilização mais intensiva da mecanização agrícola, com irrigação em algumas áreas e outros insumos modernos como sementes de variedades melhoradas, híbridos e defensivos agrícolas (HEMERLY, 1981). A análise da evolução da produção mundial de mamona indica que a produção no Brasil decresceu consideravelmente passando de 385 mil toneladas na safra 84/85 para 43 mil toneladas na safra 95/96 registrando uma retração de 88%. Na última safra 96/97, houve uma rápida recuperação da produção nacional que passou a produzir 109 mil toneladas sendo que a produtividade que se encontrava entre as melhores do mundo, declinou de 803 kg/ha na safra 84/85 para 355 kg/ha na safra 95/96 demonstrando o baixo nível tecnológico empregado na cultura. Apesar de toda a problemática existente com o cultivo da mamona, a sua utilização na ricinoquímica, seu potencial como matéria prima na produção do Biodiesel, e sua importância para a manutenção do agricultor do semi-árido no campo, torna-se necessário um maior empenho governamental para ofertar melhores tecnologias para seu cultivo principalmente pelo pequeno produtor. Nos trabalhos de melhoramento da mamoneira realizados pela EBDA, verificou-se grande dificuldade em identificar variedades adaptadas a mais de um ecossistema, chegando-se ao extremo de em uma localidade termos a necessidade da utilização de mais de um material, pois o processo de interação genótipo ambiente foi bastante acentuado, (PARENTE, 2003; SANTIAGO, 1985). Moreira et al. (1996) demonstraram que o maior problema na exploração racional da mamona, no Nordeste do Brasil, se encontra na baixa disponibilidade de sementes de cultivares adaptadas, produtivas, com elevado teor de óleo e resistentes a pragas e doenças. O presente trabalho foi conduzido com objetivo de selecionar materiais precoces com produtividade compatível com o cultivo comercial, indeiscente, tolerante a pragas e doenças e teor de óleo acima de 45%.
3 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Unidade de execução de Pesquisa do Paraguaçu, da Gerência Regional de Itaberaba em conjunto com as Gerências Regionais de Irecê, em área de produtores dos municípios de Lapão e Cafarnaum, Gerência Regional de Seabra na Estação Experimental de Iraquara, Gerência Regional de Caetité na estação Experimental Gercino Coelho, na Universidade Federal do Recôncavo Baiano e em Minas Gerais, conduzido pela EPAMIG, nos municípios de Acauã e Nova Porteirinha. As atividades de seleção massal estratificada foram conduzidas na UEP Paraguaçu, utilizando-se um lote de sementes do Banco Ativo de Germoplasma de Mamona, do acesso BRA denominada Preta, este lote foi separado em duas sub-amostras sendo que uma foi armazenada em câmara fria e a outra foi plantada no espaçamento 2,0m entre linhas e 1,5m entre covas, utilizando-se três sementes por cova com a redução para duas plantas após o desbaste, formando um campo composto por 44 linhas de 62 covas totalizando 2728 covas, contendo 5456 plantas no total, duas plantas da extremidade de cada linha e duas linhas em cada lateral, constituíram a bordadura. Com a finalidade de minimizar os efeitos ambientais, o campo foi subdividido em 100 estratos, contendo 48 plantas cada. A área de cada estrato foi de 72 m 2 comportando 24 plantas e a área total do experimento foi de 8184m 2. As plantas assim cultivadas foram avaliadas quanto a precocidade, deiscência, teor de óleo nas sementes, incidência de pragas e de doenças e produtividade. Após as avaliações, foi aplicado um índice de seleção de aproximadamente 10% obtendo-se cinco plantas por estrato. Após o processo seletivo, as plantas não selecionadas foram eliminadas juntamente com todos os cachos das plantas selecionadas aguardando-se novas floradas que forneceram as sementes para o próximo ciclo de seleção, mantendo-se sempre uma amostra de cada ciclo. Da amostra inicial bem como das amostras oriundas das etapas de seleção, foram retiradas sub-amostras que foram avaliadas subjetivamente no Banco Ativo de Germoplasma de Mamona onde utilizando-se a variedade Amarela de Irecê como testemunha, minimizou-se o efeito de ambiente e selecionou-se a linhagem de maior performance quanto a indeiscência, precocidade, produtividade e tolerância a pragas e doenças. O material que apresentou maior performance passou a participar dos Ensaios Estaduais de Variedades de Mamona de Porte Alto, conduzidos nas regiões potencialmente produtoras do Estado da Bahia e de Minas Gerais. RESULTADO E DISCUSSÃO A cultivar EBDA MPA 11, foi avaliada nos Ensaios Estaduais de Variedades de Mamona de Porte Alto, em sistema consorciado com feijão. Na maioria dos ensaios, a cultivar destacou-se quanto a precocidade, indeiscência no campo, porcentagem de óleo nas sementes, produtividade,
4 não apresentando sintomas de doenças evidenciando uma perfeita adaptação para as distintas condições em que foi testada. Observa-se que a adaptação ao sistema consorciado, indica que a cultivar adapta-se preferencialmente aos sistemas de produção adequados para a agricultura familiar. As principais características da cultivar estão representadas na tabela 01. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, E. C.; LIMA, E. F.; ANDRADE, F. P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO, D. M. P. de ; LIMA, E. F. O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica: Embrapa Algodão: Campina Grande, p HEMMERLY, F. X. Mamona: Comportamento e Tendências no Brasil. Brasília, EMBRAPA, 69P IBGE. Dados estatísticos Disponível em: < Acesso em: 9 set PARENTE, E. J. S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Fortaleza: Tecbio, p. SANTIAGO, A. N. Caracterização, avaliação e conservação da coleção ativa de germoplasma de mamona. Brasília, DF: Cenargen, p. Relatório do Banco de Dados do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia. SANTIAGO, A. N. Caracterização de cultivares de mamona (Ricinus communis L.) por padrões isozimáticos. 1998, 86 p. Tese (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa MG. TURATTI, J. M.; GOMES, R. A. R.; ATHIÉ, I. Lipídeos: aspectos funcionais e novas tendências. Campinas: ITAL, p.
5 Tabela 1. Principais Características da variedade EBDA MPA 11. Cor do caule Rôxo Tipo de folhas Lisa Conformação das folhas Espalmada Forma do Cacho Cônico Densidade do cacho Ralo Tipo de fruto Com espinho Distribuição de flores masculinas no ráquis Basal Deiscência no campo Indeiscente Deiscência no terreiro Deiscente Côr das sementes Preta Tamanho das Sementes Grande Presença de cera no caule presente Altura média das plantas 1,29 m Número médio de internos 25 Ciclo em dias até a floração 96 dias Ciclo em dias para a primeira colheita 162 dias Número médio de cacho por planta 26 Densidade das sementes 490g/l Peso de 100 sementes 87g Produtividade de grãos 1900Kg/ha Porcentagem de óleo das sementes 46%
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