CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CV. BRS 149 NORDESTINA ATRAVÉS DA PODA EM DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS
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1 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CV. BRS 149 NORDESTINA ATRAVÉS DA PODA EM DIFERENTES DENSIDADES POPULACIONAIS Belísia Lúcia Moreira Toscano Diniz 1, Francisco José Alves Fernandes Távora 1, Manoel Alexandre Diniz Neto 1 1 UFC, belisia.diniz@gmail.com, tavora@ufc.br, diniznetto@gmail.com RESUMO - O manejo de uma cultura representa um conjunto de práticas realizadas numa lavoura com o propósito de otimizar seu potencial produtivo. Nesta pesquisa objetivou-se avaliar o efeito da poda da gema apical, em dois espaçamentos (2,0 m x 2,0 m e 2,0 m x 1,0 m) sobre o crescimento, produtividade e teor de óleo das sementes da mamoneira, cv. BRS 149 Nordestina. O experimento foi conduzido na Fazenda Lavoura Seca, Quixadá-CE, entre os meses de março e outubro de 2007, sob condição de sequeiro. A poda consistiu na eliminação da gema apical do ramo principal em diferentes fases do ciclo da planta. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições. As variáveis analisadas foram: altura de plantas, rendimento de grãos, rendimento de óleo e contribuição relativa da ordem do racemo na produtividade total. A poda da gema apical no 6 o, 10 o e 14 o nó do ramo principal reduziu o porte da planta, embora não tenha afetado a produtividade em grãos ha -1 da cultura. Os rendimentos de grãos e de óleo foram maiores no espaçamento mais adensado, 2,0 m x 1,0 m. Os racemos secundários contribuíram com a maior participação na produtividade total de grãos. Palavras-chave: Ricinus communis L., poda, espaçamento, produtividade. INTRODUÇÃO A mamona (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa que tem como centro de origem a Etiópia e regiões circunvizinhas na África tropical. Atualmente encontra-se disseminada por diversas regiões do globo terrestre e cultivada principalmente nas zonas tropicais, subtropicais e temperadas quentes (TÁVORA, 1982). A importância comercial de seus produtos e subprodutos têm despertado o interesse do governo e dos pesquisadores em projetos objetivando o cultivo racional e eficiente dessa cultura, com vistas à utilização do óleo extraído da semente na indústria, devido à sua enorme versatilidade química, além, ainda, do emprego de outras partes da planta, resíduos vegetais e cascas dos frutos, na composição de diversos produtos, como papel e tecidos, agregando valor à produção (FREIRE; SEVERINO; MACHADO, 2007). Parente (2003) enfatiza que mamonocultura em certas áreas do semi-árido nordestino é a mais rentável cultura de sequeiro, contribuindo como cultura alternativa, devido à presença de condições favoráveis ao seu desenvolvimento e a sua adequação à agricultura familiar, colaborando também na fixação de mão de obra e auxiliando na geração de empregos e de matéria-prima industrial. Neste sentido, o apoio da pesquisa ao desenvolvimento de tecnologias para essa cadeia produtiva é
2 fundamental, especialmente na adoção de práticas de manejo que possam contribuir para um melhor sistema de produção. A poda na mamoneira, segundo Weiss (1983), é uma operação recomendada para cultivares de porte médio e alto, com efeitos preconizados na redução do porte da planta, no estímulo à emissão de ramos laterais, além do estímulo ao aumento do rendimento da cultura. Outro importante fator de produtividade é a população de plantas, que é dependente da configuração dos espaçamentos e da altura da cultivar, para conferir uma concorrência entre as plantas compatível com o desenvolvimento vegetativo (SAVY FILHO, 2005). Objetivou-se nesta pesquisa avaliar o efeito de cinco tipos de poda: sem poda, poda no 6 o, 10 o, 14 o e 18 o nó do caule principal, em dois espaçamentos (2,0 m x 2,0 m e 2,0 x 1,0 m), sobre o crescimento e rendimentos da mamoneira, cv. BRS 149 Nordestina. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de Quixadá - CE, localizado na Fazenda Lavoura Seca, pertencente à Universidade Federal do Ceará, no sertão central, entre os meses de março a outubro de Foi usada no estudo a cultivar BRS 149 Nordestina de porte médio, caule de coloração verde e sementes de coloração preta (EMBRAPA, 2002). Os tratamentos constaram da combinação de dois espaçamentos com cinco tipos de poda. Os espaçamentos empregados foram de 2 metros entre fileiras e 2 metros ou 1 metro entre plantas na fileira, correspondendo a e plantas ha -1, respectivamente. A poda constou da eliminação da gema apical do ramo principal, à proporção que a planta atingia o estádio de crescimento correspondente à formação do 6 o, 10 o, 14 o e 18 o nó. Além dos tratamentos com podas a diversos níveis de altura da planta, houve uma testemunha que não sofreu eliminação da gema apical. As variáveis analisadas foram: altura de plantas, rendimento de grãos, rendimento de óleo e contribuição relativa da ordem do racemo na produtividade total. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO As épocas de poda apresentaram efeito linear em função da altura de plantas, constatando uma tendência ao aumento na altura das plantas conforme aumentou o número de nós do ramo principal (Figura 1). A poda da gema apical no 6 o, 10 o e 14 o nó do caule principal proporcionou redução no porte da planta, registrando valores médios de 1,75 m, 1,69 m e 1,72 m, respectivamente, os quais são considerados inferiores aos indicados pela Embrapa (2002) para esta cultivar (1,90 m). Estando de acordo com Azevedo et al. (2001) ao ressaltarem que um dos efeitos preconizados para a prática da
3 poda é a redução do porte da planta. Nos tratamentos testemunha e podado aos 18 nós, as plantas apresentaram maior crescimento (2,05 m e 2,06 m). No espaçamento 2,0 m x 1,0 m o rendimento de grãos foi estatisticamente superior, produzindo 1470,99 kg ha -1 de grãos em relação ao espaçamento 2,0 m x 2,0 m, com rendimento de 1184,45 kg ha -1 de grãos (Tabela 1), estando estes resultados de acordo com os de Gondim et al. (2006), que ao analisarem o adensamento da mamoneira (porte médio) em condições de sequeiro, constaram que o adensamento populacional contribuiu para o aumento da produtividade de sementes. Quanto ao efeito do espaçamento no rendimento de óleo (Tabela 1), observa-se que o espaçamento mais estreito (2,0 m x 1,0 m) foi estatisticamente superior, com valor de 721,49 kg de óleo ha -1 contra 580,84 kg de óleo ha -1 obtido no espaçamento mais largo (2,0 m x 2,0 m). Percebe-se que os valores de rendimento em óleo seguiram uma tendência aos obtidos para a característica de rendimento de grãos, visto que, o rendimento de óleo é o resultado do rendimento de grãos e do conteúdo de óleo da semente. Koutroubas, Papakosta e Doitsinis (2000) observaram que o rendimento de grãos é o componente que mais influencia no rendimento de óleo da mamoneira, sendo pouco afetado pelo conteúdo de óleo. Na Figura 2, verifica-se que a testemunha (22 nós) apresentou a menor participação de racemos de ordens mais elevadas. No espaçamento 2,0 m x 2,0 m, a maior participação dos racemos secundários na produtividade total ocorreu na desbrota do 6 o, 10 o, 14 o e 18 o nó do ramo principal com 79,82%, 78,58%, 87,35% e 81,95%, respectivamente, contra 59,73%, no tratamento testemunha. Com relação aos racemos terciários, os tratamentos podados apresentaram valores médios (19,40%) superiores ao da testemunha (12,54%). Souza et al. (2007) também constataram uma maior participação dos racemos secundários na produtividade total da cv. Nordestina. No espaçamento mais fechado (2,0 m x 1,0 m) os racemos primários, na testemunha, contribuíram com uma maior participação (32,05%) na produção da planta, em relação ao espaçamento mais aberto (2,0 m x 2,0 m), com valores médios de 27,72% (Figura 2). Távora et al. (1974) enfatizaram que há uma tendência normal da planta em emitir um menor número de ramificações secundárias quando submetida a uma maior competição, como é o caso de plantios mais adensados. No espaçamento mais fechado (2,0 m x 1,0 m) também foi constatado maior participação dos racemos secundários nos tratamentos podados (6 o, 10 o, 14 o e 18 o nó do ramo principal), cujos valores médios foram de 87,55%, 86,71%, 83,63% e 80,36% %, contra 55,4%, no tratamento testemunha (Figura 2). Com relação aos racemos terciários, os tratamentos podados apresentaram valores médios (14,40%) superiores aos da testemunha (12,54%).
4 CONCLUSÃO A poda da gema apical no 6 o, 10 o e 14 o nó do ramo principal reduziu o porte da planta em 18%, 22% e 20%, respectivamente, em relação ao tratamento testemunha. Os rendimentos de grãos e de óleo foram 24% maiores no espaçamento mais adensado, 2,0 m x 1,0 m. Os racemos secundários contribuíram com a maior participação na produtividade total de grãos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M.; VIEIRA, D. J.; NÓBREGA, L. B. da. Manejo cultural. In: AZEVEDO D. M. P. de; LIMA, E. F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa informação tecnológica, cap. 6, p EMBRAPA. BRS 149 Nordestina. Campina Grande: Embrapa Algodão, Folder. FREIRE, R. M. M.; SEVERINO, L. S.; MACHADO, O. L. T. Ricinoquímica e co-produtos. In: AZEVEDO, D. M. P. de; BELTRÃO, N. E. de M. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. 2. ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, cap. 19. p GONDIM, T. M. de S.; VASCONCELOS, R. A. de; SEVERINO, L. S.; MILANI, M.; NÓBREGA, B. de M. Adensamento de mamoneira em condições de sequeiro em missão velha. CE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA. 2., Aracaju. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão CD-ROM. KOUTROUBAS, S. D.; PAPAKOSTA, D. K.; DOITSINIS, A. Water requirements for castor oil crops (Ricinus communis L.), in a Mediterranean climate. Agronomy Journal & Crop Science, Berlin, p , Disponível em: < Acesso em: 21 jan PARENTE, E. J. de S. Biodiesel: Uma aventura tecnologia em um país engraçado. Fortaleza: TECBIO, 2003, 51 p. SAVY FILHO, A. Mamona: tecnologia agrícola. Campinas: EMOPI, p. SOUZA, A. dos S.; Manejo cultural da mamoneira: Época de plantio, irrigação, espaçamento e competição de cultivares f. Tese (Doutorado em Agronomia/Fitotecnia). Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.
5 TÁVORA, F. J. A. F. A Cultura da mamona. Fortaleza: EPACE, p. TÁVORA, F. J. A. F.; ALVES, J. F.; QUEIROZ, G. M. de; PINHO, J. L. N. de. Estudo da densidade de plantio em mamona anã, Ricinus communis L.. Revista Ciência Agronômica. Fortaleza, v. 4, n. 1/2, p WEISS, E. A. Oilseed Crops. London: Longman, p. 6 nós 10 nós 14 nós 18 nós Testemunha Figura 1. Altura de plantas em função das épocas de poda na mamoneira cv. BRS 149 Nordestina. Quixadá - CE, Tabela 1. Rendimento de grãos e rendimento em óleo na cv. de mamona BRS 149 Nordestina em resposta aos tratamentos podados. Quixadá-CE, Rendimento de grãos Rendimento em óleo Tratamento E1 (2,0 m x 2,0 m) E2 (2,0 m x 1,0 m) E1 (2,0 m x 2,0 m) E2 (2,0 m x 1,0 m) kg ha -1 kg ha -1 Poda 6 nós 1151, ,36 565,09 684,89 Poda 10 nós 1241, ,50 608,86 625,77 Poda 14 nós 1041, ,64 510,92 649,29 Poda 18 nós 1174, ,09 575,48 771,35 Testemunha (22 nós) 1312, ,36 643,86 876,17 Média 1184,45B 1470,99A 580,84B 721,49A Letra maiúscula na linha compara os espaçamentos dentro dos tratamentos pelo teste de Tukey (a = 0,05).
6 Figura 2. Contribuição relativa dos racemos de primeira a terceira ordem, espaçamento 2,0 m x 2,0 m e 2,0 m x 1,0 m, na produtividade total da mamoneira cultivar BRS Nordestina. Quixadá - CE, 2007.
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