NOVAS LINHAGENS DE MAMONA AVALIADAS NO SEMI-ÁRIDO ALAGOANO*
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- Felipe Pereira Osório
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1 NOVAS LINHAGENS DE MAMONA AVALIADAS NO SEMI-ÁRIDO ALAGOANO* Marcondes M. de Albuquerque 1, João Gomes da Costa 1, Máira Milani 2 e Francisco Ferreira de Oliveira 3 1 Embrapa Tabuleiros Costeiros, UEP Rio Largo, marconde@cpatc.embrapa.br, jgomes@cpatc.embrapa.br; 2 Embrapa Algodão, maira@cnpa.embrapa.br; 3 Seagri-AL. RESUMO - A mamoneira é matéria prima para indústria de plástico, siderurgia, saboaria, perfumaria, curtume, tintas, vernizes e óleo lubrificante. Recentemente, com a possibilidade do uso do seu óleo na produção do biodiesel, aumentou o interesse por seu cultivo em várias regiões do país. Porém, o seu cultivo, ainda é feito com sementes de variedades não melhoradas e/ou não adaptadas, proporcionando, na maioria das regiões produtoras, baixa produtividade e alto nível de suscetibilidade às principais doenças e pragas. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de novas linhagens de mamona, quanto à produtividade em dois municípios do semi-árido alagoano. Os ensaios foram conduzidos em Igaci e em Delmiro Gouveia, municípios representantes das regiões do Agreste e Sertão de Alagoas, no ano agrícola de 2005, sendo avaliadas 10 linhagens provenientes da Embrapa Algodão. Pelos resultados constatou-se que o desempenho das linhagens foi melhor em Igaci do que em Delmiro Gouveia, mostrando a existência da interação de genótipos com o ambiente. A linhagem CNPAM 135 destacou-se como linhagem superior, com produção média alta e de excelente desempenho, mostrando-se promissora para plantio em ambos os municípios. INTRODUÇÃO No Brasil a mamoneira (Ricinus communis L.) é encontrada crescendo espontaneamente em várias regiões, apresentando grande variação no hábito de crescimento, com diversas colorações do caule, folhas e racemos, podendo ou não possuir cera no caule e pecíolo. O fruto é uma cápsula que pode ser lisa ou com estruturas semelhantes a espinhos, podendo ser deiscente, semideiscente ou indeiscente, de coloração verde ou vermelha. As sementes apresentam-se com diferentes tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloração (BELTRÃO et al., 2001). Suas sementes, depois de industrializadas, dão origem à torta e ao óleo que, entre as diversas utilidades, é empregado na indústria de plástico, siderurgia, impermeabilizantes de superfície, fluidos hidráulicos, cosméticos, curtume, tintas e vernizes, lubrificantes para aviões e naves espaciais, vidros à prova de bala, cabos de fibra óptica, lentes de contato (FREITAS e FREDO, 2005). No período 1980/1985, o Brasil foi o segundo maior produtor mundial de bagas, participando com 26% da produção mundial (SANTOS et al., 2001) e, ainda, o maior exportador do seu óleo, sendo o Estado da Bahia, maior produtor, seguido de São Paulo. Recentemente, a cultura ganhou um novo incentivo, com a possibilidade do uso do seu óleo na produção do biodiesel, um combustível alternativo e renovável que pode ser utilizado puro ou em mistura com o diesel do petróleo.
2 Embora a mamona tenha importância econômica para o país, o seu cultivo, ainda é feito com sementes dos próprios produtores, apresentando alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de tipos (MYCZKOWSKI et al., 2003). Em função da utilização destas sementes, a cultura apresenta, na maioria das regiões produtoras, baixa produtividade, alto nível de suscetibilidade às principais doenças e pragas, e várias características agronômicas indesejáveis. Há portanto, a necessidade de obtenção e distribuição de cultivares de mamona mais produtivos, precoces e com porte adequado à colheita mecânica e com alto teor de óleo (FREIRE et al., 2001). Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de novas linhagens de mamona, quanto à produtividade em dois municípios do semi-árido alagoano. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos no ano agrícola de 2005, na Estação Experimental de Igaci, pertencente a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca de Alagoas e na Fazenda Baraúna em Delmiro Gouveia, municípios representantes das regiões do Agreste e Sertão de Alagoas, respectivamente. O município de Igaci possui altitude de 320 metros acima do nível do mar e precipitação média anual entre 600 e 800 milímetros. Enquanto Delmiro Gouveia possui altitude de 256 metros acima do nível do mar e precipitação média anual entre 400 e 600 milímetros. Em ambos locais, os ensaios foram instalados em solo do tipo Latossol Vermelho-amarelo de textura areno-argilosa e as análises de fertilidade de ambos os locais foram realizadas no Laboratório de Solos da Empresa Central Analítica Ltda (Tab. 1). As adubações químicas foram efetuadas segundo as recomendações destas análises. Em todas as adubações foram utilizados, como fonte de nitrogênio (N), o sulfato de amônio, como fonte de fósforo (P 2 O 5 ), o superfosfato triplo e como fonte de potássio (K 2 ), o Cloreto de Potássio. As linhagens de mamona avaliadas foram: CNPAM 219, CNPAM 189, CNPAM 198, CSRN 142, CSRD 2, CSRN 393, EPABA OURO, CNPAM 154, CNPAM 135 e CNPAM 157. Em campo, adotou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso, em cinco repetições. As parcelas foram constituídas de duas linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 1,0 m entre si, totalizando uma área de 10,0 m 2. O espaçamento entre covas utilizado na linha de plantio foi de 1,0 m., Em volta de todo o ensaio, utilizaram-se duas linhas da linhagem CSRD 2, para contornar o efeito de borda. Aos 15 dias após a emergência das plantas, foi realizado um desbaste, deixando-se uma planta por cova para representar uma densidade populacional de plantas por hectare. Foram
3 realizadas três capinas, para manter a cultura livre da concorrência das plantas daninhas; foi notificada a presença da Cigarrinha Verde (Nezaria virídula L..), não havendo a necessidade de controle, por não haver danos significativos. Bem como a presença, em ambos os municípios, do mofo cinzento (Botrytis ricini Godfrey.). As avaliações foram realizadas nas duas linhas da parcela experimental, levando-se em consideração o rendimento em grãos. As análises estatísticas foram realizadas conforme Cruz e Regazzi (1997) e efetuadas por meio do programa Genes (CRUZ, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos rendimentos médios dos ensaios encontram-se na Tabela 2. Constata-se que o desempenho das linhagens foi melhor no ensaio desenvolvido em Igaci quando comparado com o de Delmiro Gouveia. Verifica-se, em Igaci, as linhagens CNPAM 154, CNPAM 198, CNPAM 219, CSRN 142, CNPAM 157 e CNPAM 135, foram os destaques com produtividade acima da média gerall do ensaio (1.382 kg/ha). Já em Delmiro Gouveia constata-se que as linhagens CSRN 142, CNPAM 219, CNPAM 154 e CNPAM 135 se destacaram com rendimentos médios acima da média do ensaio (1.021,98 kg/ha). Considerando-se a média geral dos ensaios verificou-se que os resultados são semelhantes aos obtidos por Gonçalves et al. (2004), em Minas Gerais, superiores aos de Melo et al. (2004), no Piauí, e inferiores aos de Costa et al. (2004), na Paraíba. Pela análise conjunta (Tab. 3) constata-se que os efeitos de local, cultivares e a interação local x cultivares foram significativos pelo teste F. O efeito significativo da interação evidencia que o comportamento relativo das linhagens variou em função dos locais. Neste estudo verificou-se que apenas as linhagens CNPAM 189 e CNPAM 135 apresentaram comportamento idênticos em ambos os ensaios. CNPAM 189 ocupou a sétima colocação e CNPAM 135 a primeira colocação em ambos os ensaios. Pelos resultados obtidos na Tabela 4, constatou-se que a linhagem CNPAM 135,com rendimento médio de 1.627,46 kg/ha foi à de maior produtividade, destacando-se das demais linhagens de mamona, sendo um genótipo altamente promissor para ambos os locais. CONCLUSÕES Pelos resultados apresentados neste trabalho, pode-se concluir que a linhagem CNPAM 135, por apresentar uma produtividade média alta e de excelente desempenho, mostrou-se promissora para plantio tanto em Igaci, quanto em Delmiro Gouveia.
4 * Fonte financiadora: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas FAPEAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELTRÃO, N.E.M.; SILVA, L.C.; VASCONCELOS, O.L.; AZEVEDO, D.M.P. & VIEIRA, D.J. Fitopatologia. In: AZEVEDO, D.M.P. & LIMA, E.F. O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p COSTA, M.N. da, PEREIRA, W.E., NÓBREGA, M.B. de M., BRUNO, R. de L.A. Comportamento de acessos e cultivares de mamoneira (Ricinus communis L.) no município de Areia, PB. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande, PB. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, CD-ROM. CRUZ, C.D. Programa Genes (Versão Windows), aplicativo computacional em genética e estatística, Editora UFV, p. CRUZ, C.D.; REGAZZI, A.J. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético, Viçosa, MG, Editora UFV, p. FREIRE, E.C.; LIMA, E.F. & ANDRADE, F.P. Melhoramento genético. In: AZEVEDO, D.M.P. & LIMA, E.F. (Ed.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p FREITAS, S.M.; FREDO, C.E. Biodiesel à base de óleo de mamona: algumas considerações. Informações Econômicas, São Paulo, v.35, n.1, p , GONÇALVES, N.P., PACHECO, D.D., SATURNINO, H.M., NÓBREGA, M.B. de M. Introdução e avaliação de cultivares de mamoneira no Norte de Minas Gerais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande, PB. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, CD- ROM. MELO, F. de B., BELTRÃO, N.E. de M., RIBEIRO, V.Q., LUCAS, E.P. Competição de genótipos de mamoneira em baixas altitudes: resultados preliminares. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 1., 2004, Campina Grande, PB. Anais...Campina Grande: Embrapa Algodão, CD- ROM. MYCZKOWSKI, M.L.; ZANOTTO, M.D.; AMARAL, J.G.C. do. Avaliação da variabilidade genética para teor de óleo entre progênies autofecundadas de mamona (Ricinus cummunis) da cultivar Guarani. In:
5 CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2. Porto Seguro, BA. Anais... Porto Seguro: SBMP, CD-ROM. SANTOS, R.F.dos. et al. Análise econômica. In: AZEVEDO, D.M.P.de, LIMA, E.F.(Ed.) O Agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, p Tabela 1. Resultados das análises, realizados em amostra de solo, coletadas na Estação Experimental de Igaci e na Fazenda Baraúna localizada no Município de Delmiro Gouveia, Estado de Alagoas, no ano agrícola de Análise do Solo Igaci Delmiro Gouveia PH 6,0 6,0 P (ppm) 17,0 15,0 K (ppm) 112,0 112,0 Ca + Mg (meq/100 ml) 3,8 5,7 Ca (meq/100 ml) 2,6 3,9 Mg (meq/100 m) 1,2 1,8 Al (meq/100 m) 0,07 0,01 H +Al (meq/100 m) 1,3 1,7 S (Soma das Bases) 4,1 5,9 C.T.C (Cap.Troc.Bases) 5,4 7,7 % V (Ind.de Sat.Base) 75,9 77,9 %M (Ind.de Sat.Al) 1,7 0,2 Mat.0Org.Total (% ) 1,3 1,4 Tabela 2. Médias das cultivares de mamoneira em dois municípios, representativos do Agreste e Sertão Alagoano, para o caráter produtividade ( kg/ha), no ano agrícola de Tratamentos Igaci 1 Delmiro Gouveia CNPAM ,46 a 1.341,46 a 02- CNPAM ,82 ab 985,68 abc 03- CSRN ,82 ab 1.113,40 abc 04- CNPAM ,10 ab 1.133,46 abc 05- CNPAM ab 952,42 abc 06- CNPAM ,00 b 1.221,40 ab 07- CNPAM ,68 b 939,86 abc 08- EPABA OURO 931,78 c 738,64 c 09- CSRN ,75 c 896,62 bc
6 10- CSRD 2 688,22 c 896,82 abc Média Geral 1.382, ,98 Médias seguidas por uma mesma letra, em cada coluna, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. Tabela 3. Quadrados médios, média e coeficiente de variação, obtidos na análise conjunta para produtividade (kg/ha), das 10 linhagens de mamona, em ambos locais, ano agrícola de Fonte de Variação GL QM Blocos / Local ,443 Local ,616 ** Cultivares ,511** Interação Local x Cultivar ,272* Resíduo ,719 Média Geral 1.202,03 C.V. (%) 24,55 e ** = Significativo a 5 e 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. Tabela 4. Rendimentos médios de grãos em kg/ha das linhagens de mamona nos dois locais, onde foram avaliadas, no ano agrícola de Cultivares Média Geral 9. CNPAM ,46 4. CSRN ,61 1. CNPAM ,78 8. CNPAM , CNPAM ,20 3. CNPAM ,38 2. CNPAM ,27 6. CSRN ,69 7. EPABA OURO 835,21 5. CSRD 2 792,52 Média Geral 1.202,03
IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573
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