O EMPREGO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE HISTOLOGIA NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS RESUMO

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1 28 O EMPREGO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE HISTOLOGIA NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS Maria Alice de Sene Moreira RESUMO Os professores buscam alternativas para facilitar o aprendizado da Histologia nos diversos cursos de graduação e o uso da tecnologia pode ser um grande aliado. O objetivo deste trabalho é verificar como as diversas universidades brasileiras têm usado a tecnologia como apoio no ensino da histologia analisando se o uso das mesmas agrega algum benefício no processo de aprendizagem da disciplina através de uma revisão de literatura. Com este trabalho foi possível perceber que as tecnologias de informação são ferramentas de grande utilidade para alunos e professores, no entanto, o seu uso ainda não alcançou os resultados esperados na melhoria do desempenho dos primeiros. Palavras-chave: Ambiente virtual. Ensino. Histologia. Tecnologia. ABSTRACT Teachers seek alternatives to facilitate the learning of histology in various undergraduate courses and the technology use can be a great ally. The aim of this work is to verify how the Brazilian universities have used technology as a support in the histology teaching, analyzing if the use of them adds some benefit in the learning process of the discipline through a literature review. With this paper it is possible to realize that information technologies are very useful tools for students and teachers, however, their use has not achieved the expected results in improving the performance of the former yet. Keywords: Virtual environment. Teaching. Histology. Technology. 1 INTRODUÇÃO A disciplina Histologia estuda os tecidos biológicos e sua organização e está presente na grade curricular em diversos cursos de graduação, tanto da área de saúde quanto da área de ciências agrárias e ciências biológicas. Médica Veterinária graduada em 2003 pela Universidade Federal de Uberlândia, pós-graduada em docência do ensino superior. Fiscal agropecuário estadual desde Auditora do SISBOV. malicesene@hotmail.com.

2 29 Tradicionalmente, o processo ensino-aprendizagem da histologia é realizado com aulas teóricas e práticas. Nas aulas teóricas, geralmente, utiliza-se algum recurso visual e o quadro negro. O material didático usado pelos alunos para estudo apresenta-se na forma impressa (livros, atlas e anotações pessoais). Nas aulas práticas os alunos são estimulados a desenvolverem habilidades de observação e análise microscópica sendo encorajados a identificar os tecidos e as estruturas, bem como correlacioná-los com sua forma e função. A partir da identificação dos tecidos normais o aluno deve ser capaz de formar imagens mentais e diferenciar a normalidade da anormalidade dos diversos tecidos para a realização de um diagnóstico histopatológico de precisão. Tornou-se inevitável a busca por novas tecnologias e metodologias que facilitem e auxiliem o aprendizado. Neste contexto, diversas universidades têm buscado nas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC s) soluções que possibilitem aos alunos maior aproveitamento do tempo de contato com o estudo da histologia. Com o uso das TIC s amplia-se o número de ferramentas disponíveis para o ensino. São exemplos de TIC s o uso do microscópio virtual (software), aulas virtuais, atlas virtual, simulados online, animações (vídeos) e chat (VASCONCELOS; VASCONCELOS, 2013). As TIC s devem ser usadas como um apoio didático-pedagógico aos alunos e aos professores, tanto em sala de aula como no estudo extra-classe, visto que o tempo disponibilizado para as disciplinas básicas tem sido restringido pelas mudanças na base curricular dos cursos de graduação (ESMERALDO et al., 2012). Para Vasconcelos e Vasconcelos (2013), com o intuito de melhorar a qualidade do ensino, diversas universidades, ao longo dos anos, têm buscado nas TICs soluções que possibilitem aos alunos maior aproveitamento do tempo e melhor desempenho na aprendizagem, o que vem ocorrendo em diferentes áreas. O trabalho em questão possui como objetivo verificar como as diversas Universidades brasileiras tem usado a tecnologia como apoio no ensino da Histologia e analisando se o uso das TIC s agrega algum benefício no processo de aprendizagem em Histologia através de uma revisão na literatura disponível sobre o tema abordado.

3 30 2 DESENVOLVIMENTO Desde a década de oitenta alguns pesquisadores já faziam a previsão da introdução das TIC s na educação. Os anos se passaram e gradativamente a informatização foi ganhando espaço entre as diferentes classes sociais. Atualmente, uma fatia considerável da sociedade brasileira possui acesso à tecnologia através de algum equipamento (computador pessoal, notebook, tablet, smartphone) e desta forma, a introdução da nova tecnologia no processo educativo tornou-se inevitável. Confirmando o exposto anteriormente Conceição (2010, p. 7) percebe: [...] a atual necessidade de interagir e atuar com rapidez frente aos dados que se recebe e a intenção de facilitar a compreensão desses têm tornado cada vez mais relevante a utilização de métodos efetivos para transmissão de informações. Aumenta-se assim a chance de que haja, quando da comunicação efetiva entre emissor / receptor, falhas mínimas ou até mesmo ausência delas. Neste contexto, Rezende (2000, p. 75) afirma que: [...] embora seja verdade que a tecnologia educacional não vá resolver os problemas da educação, que são de natureza social, política, ideológica, econômica e cultural. Ainda é preciso continuar pesquisando sobre o que as novas tecnologias têm a oferecer à educação. As TIC s não auxiliam apenas na organização e disseminação do conhecimento como também capacitam os membros de uma sociedade a obter e compartilhar qualquer informação de qualquer lugar e da maneira mais adequada (PALHARES et al., 2005). Conceição (2010) afirma que diante da eficácia das TIC s parece ser importante a atualização das técnicas de ensino por intermédio de uma reestruturação dos métodos didáticos e nesta mesma linha de raciocínio Oliveira Júnior e Silva (2014) complementam afirmando que o processo de ensinoaprendizagem não se restringe apenas ao ambiente acadêmico, outros fatores são responsáveis pela formação do aluno. Na tentativa de evitar a inércia e consequentemente ficarem obsoletos os docentes precisam acompanhar a evolução das novas tecnologias e criar novas

4 31 maneiras de ensinar. Neste sentido, Esmeraldo et al. (2012) afirmam ser necessário que os docentes busquem exaustivamente maneiras mais didáticas para facilitar o processo ensino-aprendizagem. É desejável que o material didático elaborado com o uso das tecnologias da informação e da comunicação possua determinadas características. Para Rezende (2000, p. 79) estas características são principalmente: [...] (1) a possibilidade de interatividade; (2) as possibilidades que o computador tem de simular aspectos da realidade; (3) a possibilidade que as novas tecnologias de comunicação, acopladas com a informática, oferecem de interação a distância e (4) a possibilidade de armazenamento e organização de informações representadas de várias formas, tais como textos, vídeos, gráficos, animações e áudios, possível nos bancos de dados eletrônicos e sistemas multimídia. Knittel (2014) enfatiza que não basta apenas transferir o recurso visual (da lousa para as tecnologias de comunicação), o ideal é aproveitar as ferramentas disponíveis e propor atividades desafiadoras, instigantes e significativas para os alunos. Desta forma, o planejamento do uso da tecnologia deve ser bastante eficaz uma vez que o excesso de informações sem critério pode gerar desmotivação no aluno. Santa-Rosa (2010, p. 4) lembra que: [...] além de considerar os aspectos relacionados à natureza dos conteúdos, ao perfil e necessidades de alunos e professores, à proposta pedagógica e às questões técnicas, é preciso que haja preocupação com o modo pelo qual o recurso será organizado, acessado e apresentado. Especialmente para o estudo da Histologia, um recurso inovador que tem sido criado por algumas universidades, é o atlas histológico digital. Neste atlas o aluno consegue visualizar as imagens obtidas no microscópio de luz com legendas. Santa-Rosa (2011) caracteriza como benefício o fato deste atlas poder apresentar rapidamente imagens histológicas específicas sempre em foco e com alta qualidade. Outro benefício a favor do aluno é poder estudar as imagens a qualquer hora e em qualquer lugar uma vez que o acesso aos laboratórios de histologia normalmente é controlado.

5 32 Conceição (2010) relata que a grande maioria dos sites tem seu conteúdo restrito (71,4%), o que impede estudantes de outras universidades do país de terem acesso ao conteúdo didático. Bastos (2005) verificou que na área da saúde, por exemplo, simulações virtuais auxiliam no desenvolvimento das habilidades práticas dos estudantes enquanto Silva (2008) entende que a internet se tornou fundamental no estudo de áreas médicas devido à facilidade que confere para busca de conteúdo didático e literatura. Os cursos de graduação, tradicionalmente, disponibilizam o laboratório de histologia para os alunos estudarem as lâminas em horários extra e fixados pela instituição, entretanto é de suma importância ter também à disposição, neste mesmo horário, uma pessoa capacitada (monitor). Determinados alunos, devido à insegurança, inicialmente não conseguem definir sozinhos as estruturas e terminam desencorajados de frequentar o laboratório nos horários extras. A presença do monitor confirmando as estruturas encontradas funciona como um apoio. Ao estudar no atlas digital legendado o aluno visualiza as imagens com qualidade e pode ter certeza de qual estrutura ou tecido está visualizando. Por outro lado, a presença de legendas pode induzir o aluno a memorizar as imagens e suas características deixando de entender e conhecer realmente as estruturas estudadas. É por este motivo que os professores devem repensar o método de abordar a disciplina mediante o uso das tecnologias de modo que as mudanças nas rotinas de estudo dos alunos tragam resultados positivos. O uso dos atlas histológicos digitais, para Barcelos et al. (2015), executa a função de integrar o ensino à nova cultura tecnológica educacional e, dentro dela, apoiar a reflexão sobre as características do processo de ensino-aprendizagem específicos da área. Oliveira Júnior e Silva (2014) defendem as TIC s como uma forma complementar no processo de ensino-aprendizagem, apontando vários benefícios. Santa-Rosa (2011, p. 290) verificou que O uso das TIC s aumenta a satisfação do aluno com relação ao laboratório, aumenta a predisposição para o estudo da disciplina, facilita a discussão em grupo e da produtividade dos docentes. Ou seja, de uma maneira geral a aprendizagem apresentou ganhos. Todavia,

6 33 esperava-se que o aumento no grau de satisfação dos alunos apresentasse correlação positiva tanto com o crescimento das notas das provas práticas quanto com o desenvolvimento das habilidades de manusear o microscópio ótico. Tal correlação não é verdadeira. O fato é que as novas tecnologias modificam o modo e a forma como os conteúdos são trabalhados em sala de aula. Contudo, muitos professores não têm um contato com a tecnologia e não tiveram na sua formação acadêmica nenhuma fundamentação e/ou vivência pedagógica para que se apropriassem dessa nova linguagem - diversificada, dinâmica, visual - antes de fazer uso em sala de aula. (KNITTEL, 2014, p. 19). Em relação à opinião dos professores sobre a importância das TIC s como ferramenta auxiliar no ensino de histologia, 50% deles responderam que essas tecnologias são essenciais ao ensino. O restante crê na importância dessas ferramentas, porém acredita que elas sejam dispensáveis (CONCEIÇÃO, 2010). Apesar de defender o uso das TIC s, Oliveira Júnior e Silva (2014) percebem que alguns docentes optam por não as utilizar, possivelmente devido à falta de conhecimento ou domínio da tecnologia. De acordo com a visão de Knittel (2014) a utilização dos dispositivos móveis é um desafio tanto para os educadores como para os próprios educandos. Apesar de usarem o tempo todo, eles mesmos concluem que é muito fácil perder o foco durante a realização de uma tarefa. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso das TIC s como auxiliares no processo ensino-aprendizagem mostra-se ser de grande utilidade. Os professores podem disponibilizar imagens de qualidade durante a aula teórica e facilitar a identificação, pelos alunos, das estruturas no momento da aula prática. Os atlas virtuais de histologia, até o momento, têm se mostrado uma ferramenta pedagógica que será de grande utilidade para todos os alunos e professores de Histologia dos cursos de graduação em diversas universidades. No entanto, espera-se conseguir aumentar a média obtida nas avaliações dos alunos que utilizam este recurso.

7 34 Dessa forma, a inclusão de novas tecnologias deve continuar surgindo e colaborando, cada vez mais, para que o ensinar tradicional dê espaço para uma nova forma de ensinar mais dinâmica onde tanto professores quanto alunos consigam utilizar estas modernidades para obter uma aprendizagem significativa. REFERÊNCIAS BARCELOS, K. A. et al. Recurso digital como apoio para o ensino de histologia BASTOS, E. C. Uso de recursos da tecnologia da informação e comunicação para apoio ao ensino da Odontologia f.Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, CONCEIÇÃO, A. R. C. Avaliação da presença de tecnologias de informação e comunicação no ensino de histologia das universidades de odontologia do estado de São Paulo f. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Odontologia) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia, São José dos Campos, ESMERALDO, A. R. A. A. et al. Atlas Virtual e Interativo de Histologia e Biologia Celular: nova ferramenta de ensino-aprendizagem. IV Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE. Universidade Federal do Ceará. Cariri. 17 a 19 dez KNITTEL, T. F. A utilização de dispositivos móveis como ferramenta de ensinoaprendizagem em sala de aula. 168f Dissertação (Mestrado em Tecnologia da Inteligência e Design Digital) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP, São Paulo, OLIVEIRA JÚNIOR, J. K.; SILVA, M. A. D. As tecnologias de informação e comunicação como ferramenta complementar no ensino da histologia nos cursos odontologia da região Norte. Journal of Health Informatics, São Paulo, v. 6, n. 2, p abr./jun PALHARES, M. M.; SILVA R. I.; ROSA, R. As novas tecnologias de informação e comunicação numa sociedade em transição. Uberaba: Universidade de Uberaba - UNIUBE, REZENDE, F. As novas tecnologias na prática pedagógica sob a perspectiva construtivista. Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p , jan./jun

8 35 SANTA-ROSA, J. G.; STRUCHINER, M. Tecnologia Educacional no Contexto do Ensino de Histologia: Pesquisa e Desenvolvimento de um Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem. Revista Brasileira De Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 35, n. 2, p , jan./jun Design Participativo de um Ambiente Virtual de Aprendizagem de Histologia. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, São Paulo, v. 10, n. 2, maio/ago SILVA, M. A utilização das TIC s como ferramenta complementar no ensino de Histologia das Faculdades de Odontologia do Estado de São Paulo. Universidade Aberta do Brasil Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, VASCONCELOS, D. F. P.; VASCONCELOS, A. C. C. G. Desenvolvimento de um Ambiente Virtual de Ensino em Histologia para Estudantes da Saúde. Revista Brasileira De Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 37, n. 1, p , jan./mar