Aula 08 INTRODUÇÃO. Prezado(a) Aluno(a),

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1 Aula 08 Computação para Engenharia Civil INTRODUÇÃO Prezado(a) Aluno(a), Nesta última aula, iremos abordar um tema muito importante para tomada de decisão: a análise de Pareto, ou simplesmente análise gráfica da curva ABC. O princípio de Pareto apresenta o conceito de que na maioria das situações, 80% das consequências vêm de 20% das causas. Isso pode ser muito útil para tratar não conformidades, identificar pontos de melhoria e definir que planos de ação devem ser atacados primeiro no que diz respeito a prioridade. A análise de Pareto estabelece que os problemas referentes a qualidade de produtos e processos, que resultam em perdas, podem ser classificados da seguinte maneira: - pouco vitais: representam poucos problemas que resultam em grandes perdas; - muito triviais: representam muitos problemas que resultam em poucas perdas. O Diagrama de Pareto é uma ferramenta que apresenta um gráfico de barras que permite determinar, por exemplo, as prioridades dos problemas a serem resolvidos, através das frequências das ocorrências, da maior para a menor, permitindo a priorização dos problemas, pois na maioria das vezes há muitos problemas menores diante de outros mais graves. Bom estudo!!! 159

2 Seções de estudo Engenharia Civil - Computação para Engenharia Civil - Marcio Ports - UNIGRAN Seção 1 Gráfico de Pareto Seção 2 Gerando o gráfico de Pareto no Excel 1 GRÁFICO DE PARETO Antes de falarmos sobre o Diagrama de Pareto, vamos conhecer um pouco sobre o homem por trás desse nome - o famoso sociólogo e economista italiano, cientista político e engenheiro, Vilfredo Federico Damaso Pareto, mostrado na figura 1. Vilfredo nasceu em 1848, em Paris, e veio a falecer em 1923, em Genebra. Sua formação foi na área da engenharia, a qual sempre demonstrou grande interesse e nunca abandonou. Pareto ficou conhecido como o fundador da aplicação matemática à análise econômica. No entanto, também ganhou fama como economista, em grande parte devido ao seu trabalho sobre a introdução do instrumento analítico das "curvas de indiferença". Considerando que a economia lidava apenas com uma dimensão da ação humana - a lógica, Pareto viu na sociologia a possibilidade de alcançar o que a economia não explicava: as ações não lógicas. Toda a sociologia de Pareto deriva da sua perspectiva dualista da sociedade, onde encontramos indivíduos com qualidades tidas como "superiores" na esfera da sociedade (a elite) e os restantes (as classes mais baixas). 160

3 A sua análise das sociedades como sistemas com propriedades de se autoequilibrar veio a influenciar grandes autores como Talcott Parsons e outros nomes do estruturalfuncionalismo. Voltando a área da Economia, Pareto também causou grande influência sobre diversos autores. Uma de suas mais notáveis contribuições foi um estudo econômico onde observou que 80% da riqueza italiana encontrava se nas mãos de 20% da população do país, esse estudo incentivou o consultor da qualidade Joseph Moses Juran a desenvolver o que hoje nós conhecemos por Diagrama de Pareto (análise), ou como também é conhecida, a Curva ABC. A figura 2 nos mostra um exemplo de gráfico de Pareto, mostrando a relação 80/20. O Diagrama de Pareto (análise) é uma técnica estatística que auxilia na tomada de decisão, permitindo à empresa selecionar prioridades (um pequeno número de itens) quando há um grande número de problemas. Segundo esse princípio, os itens significativos de um grupo normalmente representam uma pequena proporção do total de itens desse mesmo grupo. Na administração da qualidade, esse princípio estabelece que a maior parte dos prejuízos é causada por um número relativamente pequeno de defeitos, ou seja, de acordo com a teoria, pode-se dizer que 20% dos defeitos eram responsáveis por 80% dos prejuízos. Nesta linha, concluímos que poucas causas são responsáveis pela maioria dos problemas. Podemos citar alguns outros exemplos: - em vendas comissionadas, 20% dos vendedores ganharão mais de 80% das comissões; - estudos mostram que 20% dos clientes respondem por mais de 80% dos lucros de qualquer negócio. 161

4 Entenda que o Principio de Pareto ficou conhecido por esta relação 80/20 que mostra uma relação muito desproporcional, entre causa e efeito, mas existem quadros muito mais extremos, por exemplo: - na Indonésia em 1985, os residentes chineses totalizavam menos de 3% da população, mas eram donos de 70% da riqueza do País; - nas ilhas Mauricio, embora famílias francesas representem somente 5% da população, eles detêm 90% da riqueza local. Diagrama de Pareto e sua análise são utilizados por diversas organizações com o intuito de definir prioridades na correção dos defeitos que ocorrem no ambiente corporativo, por exemplo. Essas informações sobre as causas e seus efeitos são pesquisadas e dispostas em tabelas que mostram a participação detalhada de cada causa em relação ao total de efeitos. Finalmente, as informações são apresentadas num gráfico - conhecido como Diagrama de Pareto ou ainda como Curva ABC. Esse gráfico é bastante explicativo, sendo geralmente divido por classes, conforme mostra a figura 3. Podemos definir a divisão dos problemas da seguinte maneira: - Classe A (são os problemas de maior importância, correspondem a 20% do total); - Classe B (são os problemas intermediários, de importância média 30% do total); - Classe C (possui uma menor importância, correspondendo a 50% do total). O diagrama de Pareto também é composto por um diagrama de barras que ordena as frequências das ocorrências em ordem decrescente, permitindo a localização de problemas vitais e a eliminação de perdas futuras, conforme mostrado na figura

5 O diagrama proporcionado por pelo Diagrama de Pareto é considerado uma das sete ferramentas básicas da qualidade, baseando-se no princípio de que a maioria das perdas possuem poucas causas. Muitas vezes os diagramas contam com a porcentagem comum dos valores e a porcentagem acumulada das ocorrências, tornando possível avaliar, por exemplo, o efeito acumulado dos itens selecionados. 2 GERANDO O GRÁFICO DE PARETO NO EXCEL Agora que temos uma visão geral sobre o diagrama de Pareto, ou regra 80/20, ou curva ABC, iremos gerar um gráfico a partir de um estudo de caso de um fabricante de rodas automotivas. É importante lembrar, que a ferramenta possui a finalidade de identificar a frequência dos registros ou ocorrências de um processo, sempre do maior índice para o menor, permitindo assim, as priorizações em relação às ações a serem tomadas. Para facilitar o entendimento, nós podemos dividir a montagem do Diagrama de Pareto em alguns passos distintos. Primeiramente, deve-se criar uma tabela onde serão inseridas as informações referentes aos itens e dados selecionados, escalonando do maior índice para o menor. A figura 5 mostra o total e a porcentagem de falhas decorrentes de peças rejeitadas. 163

6 Os campos da tabela são: a) Descrição do defeito (coluna A) - neste campo devem ser inseridos os nomes dos itens identificados nos processos controlados; b) Campo total/quantidade (coluna B) - nesta parte deve ser identificado o total de peças, erros, ou prejuízos ocasionados por cada item identificado; c) Porcentagem por falha (coluna C) - na coluna de porcentagem, temos a representatividade das peças rejeitadas por cada falha, dividido pelo total de peças rejeitadas no geral; d) Porcentagem acumulada (coluna D) - nesta coluna temos a soma de uma falha para a seguinte, gerando o total acumulado; e) Total de peças rejeitadas (célula B10) - temos a soma total da coluna B, gerando o volume de todos os defeitos detectados. Após o preenchimento da tabela, é possível gerar o diagrama de Pareto, e com isso interpretar, de modo mais detalhado, as informações contidas na tabela apresentada acima. No gráfico mostrado na figura 6, podemos observar que o item "ranhuras" tem o nível mais crítico em relação aos demais, enquanto o item "espessura" é o que possui a menor frequência de problemas. A linha verde, neste exemplo, que sobrepõe as barras azuis é o resultado da porcentagem acumulada. Neste demonstrativo, os primeiros 35% (normalmente 20%) dos itens da lista (itens à esquerda) são responsáveis por mais 79% das peças rejeitadas (problemas). Enquanto o restante dos itens representa pouco mais de 20% das demais peças rejeitadas. 164

7 Percebem que a maior quantidade de defeitos se refere a ranhuras nas rodas, seguido de rebarbas e ovalização? O gráfico mostra que o fabricante deverá focar em corrigir estes três problemas para que possa novamente aplicar a ferramenta para ir eliminando, por etapas, as fontes de defeitos nas rodas produzidas. Para gerarmos o gráfico de Pareto devemos, inicialmente, confeccionar uma planilha contendo a descrição dos itens analisados e a frequência com que estes erros ocorrem, conforme mostra a figura 7. Agora que já temos a tabela exemplo, devemos ordenar a coluna de ocorrências de defeitos (quantidade) do maior para o menor valor. Para fazermos isto, basta selecionar a coluna em questão, conforme mostra a figura

8 No barra de ferramentas, aba início, selecione o botão Classificar e Filtrar (canto superior direito do menu), conforme mostra a figura 9. Ao selecionar a opção Classificar de Z a A, estaremos informando ao Excel que os itens selecionados devem ser organizados do maior para o menor valor. Após clicar na segunda opção, uma janela de aviso de classificação será aberta. Neste momento, selecione a opção Expandir a seleção. Desta forma, estaremos indicando que somente as linhas referentes às células selecionadas serão organizadas. 166

9 Após clicar em Classificar, o resultado será mostrado na figura 11. Percebam que, ao organizar a coluna quantidade, o Excel também organizará a coluna defeito, pois ele mantém o vínculo entre os elementos da linha. Se optasse por selecionar a opção Continuar com a seleção atual, o Excel iria apenas ordenar a coluna quantidade, mas iria manter a ordem original da coluna defeito. Tendo agora a planilha com a coluna quantidade ordenada do maior para o menor, iremos inserir na célula B10, por exemplo, o total de itens com defeito, conforme mostra a figura 12. Agora iremos criar uma nova coluna para indicar os valores acumulados, conforme mostra a figura 13. Na célula C2, simplesmente copiaremos o valor presente na coluna B2. 167

10 A célula C3 será formada pela somatória do resultado anterior (C2) e o valor atual da célula B3, conforme mostra a figura 14. Após aplicar esta fórmula para a célula, basta replicá-la para as células restantes pelo recurso de autopreenchimento. O resultado final após as operações acima descritas é mostrado na figura 15. Percebam que o valor da última célula deve ser igual ao valor total de ocorrências, que, neste exemplo, vale

11 Agora iremos criar uma nova coluna aonde serão inseridos os valores percentuais referentes a cada tipo de ocorrência. O cálculo basicamente se resume em dividir o número de ocorrências (quantidade) de cada defeito pelo total de defeitos registrado. Na célula D2 teremos o valor de 151 dividido por 505, conforme mostra a figura 16. Perceberam o modo de endereçamento absoluto ($B$10)? Como iremos utilizar o recurso de autopreenchimento, devemos informar que a célula que contém o valor total (B10) deverá estar travada para ser utilizada no cálculo das outras células. Após aplicar a fórmula na célula D2, O resultado gerado é 0, , conforme mostra a figura 17. Como queremos o valor em percentual, basta clicar no menu de formatação de números e escolher a opção de percentual, resultando em 30% (já arredondado). Como desejamos valores mais detalhados, iremos adotar dois dígitos após a vírgula. Para obter esta configuração, basta clicar duas vezes no ícone aumentar casas decimais, no menu de formatação, conforme mostra a figura

12 Agora é só utilizar o recurso de autopreenchimento para aplicar a fórmula para o restante das células. O resultado é mostrado na figura 19. Percebam que a soma de todos estes valores deve ser de 100%. Agora, como última etapa para finalizar a planilha, iremos gerar mais uma coluna que conterá os percentuais acumulados, tal como foi feito anteriormente na coluna C. A primeira célula (E2) é uma cópia da célula D2 e as células seguintes serão formadas pelo recurso do autopreenchimento. A figura 20 mostra a fórmula utilizada para formar o valor da célula E3. A coluna final do percentual acumulado, com todos os valores, é mostrada na figura 21. Observem que o valor final é de 100%. 170

13 Agora que a planilha está pronta, com todas as colunas geradas conforme mostrado na figura 22, iremos gerar o gráfico correspondente. Iremos formar um gráfico de colunas relacionando os defeitos apresentados e a ocorrência de cada um (quantidade). Selecionem as células A2 até B9, conforme mostra a figura 23. Após a seleção, vá na barra de ferramentas, aba Inserir e selecione o gráfico de colunas e a opção colunas agrupadas. Após clicar no ícone referente às colunas agrupadas, o gráfico ilustrado na figura 24 será criado. Percebam que ele representa o número de ocorrências na vertical e a descrição de cada defeito na horizontal, sendo que a maior quantidade de ocorrências está alocada do lado esquerdo do gráfico. 171

14 Chegamos à metade do procedimento para geração do gráfico de Pareto! Agora iremos inserir neste gráfico a coluna que contém o percentual acumulado (coluna E). Para isto, vamos clicar em qualquer área do gráfico e selecionar a opção Selecionar Dados, conforme mostrado na figura 25. Ao clicar na opção Selecionar dados, uma nova janela será aberta, assim como mostrado na figura 26. Podemos ver que a série 1 se refere à primeira seleção realizada para 172

15 gerar o gráfico de barras (defeito e quantidade de ocorrências). Devemos agora clicar em adicionar para que possamos inserir as informações da coluna percentual acumulado. Uma nova janela será aberta e contém dois campos: nome da série e valores da série. No campo nome da série podemos deixar inicialmente em branco no campo valor iremos selecionar os valores correspondentes da planilha conforme mostrado na figura 27. Ao teclar Enter, teremos uma nova série inserida na janela fonte de dados. Ela foi nomeada como Série 2. Ao clicar em OK, iremos obter o gráfico mostrado na figura 28. Percebam que a série 2 está em vermelho e quase não aparece quando comparado à série

16 Agora vamos clicar sobre qualquer uma das barras em vermelho. Se a seleção da série não for possível, selecione o eixo vertical e vá no menu formatar eixo. Selecione a opção Fixo no campo Máximo e atribua, por exemplo, o valor um, conforme mostra a figura 29. Ao clicar em OK, teremos o seguinte gráfico resultante, mostrado na figura

17 Agora, iremos selecionar qualquer coluna da série 2 (em vermelho). Basta clicar sobre qualquer coluna e selecionar a opção Formatar série de dados, conforme mostrado na figura 31. Uma nova janela será apresentada e devemos selecionar a opção Eixo Secundário. Ao clicar em OK, o gráfico será alterado conforme mostrado na figura 32. Perceba que foi gerado um segundo eixo vertical à direita, com valores expressos em percentual. 175

18 A partir deste momento, iremos fazer duas alterações neste gráfico: alterar a escala do eixo vertical e alterar o tipo de gráfico da série 2 para gráfico do tipo linha. Clicando no eixo vertical e acessando a opção Formatar Eixo, selecione a opção Automático no campo máximo conforme mostrado na figura 33. O gráfico resultante é mostrado na figura

19 Agora iremos clicar em qualquer coluna da série 2 (em vermelho) e alterar o tipo de gráfico para linha com marcador, conforme mostrado na figura 35. O resultado agora é mostrado na figura 36 e já representa o gráfico de Pareto! Agora iremos fazer mais uma alteração no gráfico para fecharmos o procedimento: colocar os valores de percentual em cada marcador da série

20 Para que possamos colocar os valores em cada marcador, devemos clicar sobre qualquer ponto da curva da série 2 e selecionar a opção Adicionar rótulos de dados, conforme mostrado na figura

21 Pareto!! O gráfico resultante é mostrado na figura 38. Pronto!!! Já temos um gráfico de Vários outros detalhes poderiam ser incluídos: título do gráfico e dos eixos horizontal e vertical, nomes das séries (legenda), entre outros. Mas o importante é que a partir do gráfico acima, poderemos ver claramente que temos do lado esquerdo o número de ocorrências das falhas e do lado direito o percentual acumulado. Analisando o gráfico, percebemos claramente que os três itens à esquerda, ranhura, rebarba e ovalização, correspondem com 79,21% das ocorrências de falhas no processo de fabricação! Os outros itens, fissura, quebra, tonalidade, espessura entre outros, correspondem com um percentual em torno de um pouco mais do que 20% das ocorrências. Com base neste gráfico, poderemos realizar planos de ação para focar, inicialmente, em questões para diminuir os valores destas três fontes de problemas. Perceberam a importância do Gráfico de Pareto? Espero que este assunto possa ser útil e que possa ser aplicado em sua vida profissional. Desejo sucesso a todos. Bom estudo!!! 179