A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos no Brasil
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- Maria das Neves Domingos Borba
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1 A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos no Brasil José Roberto Gnecco 1,2, 1 DEF / IBRC / UNESP 2 Ministério dos Esportes joseroberto.gnecco@esporte.gov.br Resumo. Neste artigo apresento que a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016 no Brasil são resultados de um árduo caminho iniciado no século passado e que diretamente rende seus frutos desde 2002, realizado por diferentes organizações da sociedade civil e diferentes instâncias do poder público, com a pró-atividade do Ministério do Esporte. 1. Introdução A realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016 no Brasil são frutos de um trabalho iniciado 20 anos antes, que teve seu rumo devidamente acertado a partir da criação do Ministério do Esporte. Ambos os eventos impactarão em transformações materiais e culturais na sociedade brasileira e apresentarão o Brasil ao mundo, de forma intensiva e concentrada. Na década de 90 e depois em 2005, o Brasil foi candidato a sediar os Jogos Olímpicos em Brasília 2000, Rio 2004 e Rio 2012, não tendo obtido sucesso e nem ultrapassado a primeira fase do processo de candidatura, quando era o caso... Em 2008/2009, o trabalho conjunto do Comitê Olímpico Brasileiro, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e do Governo Federal redundou no sucesso da escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016, em função do trabalho técnico e político realizado, o qual se insere num movimento conduzido pela sociedade civil brasileira com o protagonismo do poder público federal. Iniciando em 2002, a crise econômica argentina fez com que nossos vizinhos desistissem da organização dos Jogos Sul-americanos do mesmo ano. Estes são os jogos desportivos da América do Sul, os quais então foram batizados de Jogos Sul-americanos Brasil 2002 e realizados emergencialmente em três meses com 30 modalidades e 15 países participantes em quatro capitais do Brasil: Belém, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. A realização bem sucedida dos Jogos Sul-americanos, logo antes da escolha da sede dos Jogos Pan-americanos de 2007, levou à escolha da cidade do Rio de Janeiro ainda em 2002 para sede do Pan, nessa nova edição. Esta escolha do Brasil para a sede de 2007 e as expectativas do nível de organização proposto trouxeram outros frutos para a organização esportiva brasileira. Em 2004, a cidade de São Paulo foi escolhida como sede dos Jogos Internacionais de Polícia e Bombeiros de 2006, vencendo cidades norte-americanas num processo de candidatura decidido em território norte-americano. Estes Jogos congregam as forças de segurança pública e de bombeiros e só não tiveram o esperado destaque devido a mudança de equipes dos governos municipal e estadual da cidade. Em 2006, o Rio de Janeiro foi escolhido para sede dos Jogos Desportivos dos Países de Língua Portuguesa de 2008, competição que une os atletas menores de 18 anos oriundos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, em diversas competições. Já na véspera da realização dos Jogos Pan-americanos, em 2007, o Brasil venceu a disputa para sediar os 5º. Jogos Mundiais Militares Rio 2011 organizados pelo Conselho Internacional do Esporte Militar, composto por 133 países.
2 Como mencionado, os Jogos Pan-americanos foram realizados em 2007, em instalações com infraestrutura esportiva de nível olímpico, e operação idem, no sentido de mostrar ao mundo esportivo nossa capacidade de realização de megaeventos esportivos, com 44 modalidades e os 42 países das Américas participando. Pela primeira vez foi inclusa a realização conjunta com os Jogos Parapan-americanos. Em 2007, a FIFA confirmou que o Brasil será a sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, com a antecedente Copa das Confederações acontecendo em 2013 e em outubro de 2009, de forma inédita, o Brasil venceu as candidaturas de Chicago, Tóquio e Madri aos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos de 2016, captados a partir da realização bem sucedida dos Jogos Panamericanos. Em 2010, o Sistema S, com o Serviço Social da Indústria à frente, obteve o direito do Brasil sediar os Jogos Mundiais dos Trabalhadores, organizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em 2011, o Brasil sediou os já citados 5º. Jogos Mundiais Militares Rio 2011, conseguindo inclusive, devido ao esforço despendido, colocar-se em primeiro lugar na competição em si, à frente de China, Estados Unidos e outros. O Brasil apresentou neste ano à Federação Internacional do Esporte Universitário a candidatura de Brasília à Universíade de 2017 e considera a candidatura ao Campeonato Mundial de Futebol Feminino. Desta forma, apresento que a realização da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2016 no Brasil são resultados de um árduo caminho iniciado no século passado e que diretamente rende seus frutos desde 2002, realizado por diferentes organizações da sociedade civil e diferentes instâncias do poder público, com a pró-atividade do Ministério do Esporte. 2. O Planejamento para a Copa 2014 O Campeonato Mundial de Futebol de 2014 será realizado entre 32 países selecionados, distribuídos em 12 cidades-sede por todo o território nacional. Diferentemente do Campeonato de 1950 que foi realizado no Sul e Sudeste do Brasil com uma única sede no Nordeste (Recife), a Copa do Mundo de 2014 apresentará um Brasil mais desenvolvido e homogêneo, com seis sedes nas regiões Sul, Sudeste e no Distrito Federal, e mais seis nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, cobrindo as cinco regiões brasileiras. As partidas acontecerão nas cidades de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza, Manaus e Campo Grande. Em linhas gerais, a organização do evento em si é de responsabilidade da Confederação Brasileira de Futebol, através do Comitê Organizador Local (COL), os estádios são responsabilidade de seus diretos proprietários (nove de estados ou prefeituras, três de propriedade privada) com financiamento federal (BNDES) e a infraestrutura de mobilidade urbana nacional e parte da local, são de responsabilidade federal. O setor privado é responsável pelo parque hoteleiro e pela operação das linhas aéreas, sob a indução do governo federal. Isto significa uma operação de engenharia política que começa pela escolha do Brasil em 2007, a escolha das cidades-sede pela CBF em 2009, o estabelecimento dos projetos dos estádios pelos estados e municípios em 2009/2010 e o início de sua execução em 2010/2011, com o objetivo de certo número dos estádios estarem prontos para a Copa das Confederações de Dadas as características do Estado Brasileiro ser constituído como um estado federativo cláusula pétrea de nossa Constituição da República -, isto envolve uma articulação política diretamente entre a União, 12 Estados federados e 12 municípios capitais de Estados, mais a
3 sincronia com a garantia do atendimento pelo setor privado das demandas necessárias. Além destes, há a candidatura de 64 cidades de 24 Estados como opções de Centros de Treinamento para as seleções da Copa as sub-sedes... Para cada projeto da Copa, antes do início de sua obra, há que se acordar entre os parceiros o que deve ser feito, quem executa e quem financia... Isto se consubstancia numa matriz de responsabilidades desenvolvida antes da elaboração dos projetos conceituais de cada ação, tomando ainda mais tempo, até a elaboração dos projetos básico e executivo de cada obra ou serviço. 3. O Planejamento para os Jogos Olímpicos e Para-olímpicos Rio 2016 Os Jogos Olímpicos e Para-olímpicos Rio 2016 têm a participação prevista de 205 Comitês Olímpicos Nacionais e serão realizados em locais de competição de quatro grandes áreas de um só município: Barra, Copacabana, Deodoro e Maracanã. Recepcionarão cerca de atletas, oficiais técnicos e mais oficiais de arbitragem. No total, cerca de pessoas credenciadas estarão nos Jogos, em diferentes funções, do atleta aos motoristas. Além dos locais de competição, a maioria das modalidades têm mais de três locais de treinamento. Além disso, os locais de apoio vão desde a Vila Olímpica até os Aeroportos, passando por Centrais de Credenciamento, de Distribuição de Uniformes, da Garagem dos ônibus para os atletas, etc. Já imaginaram o tamanho do local de credenciamento e o de distribuição de uniformes para pessoas? E a garagem para uns 220 ônibus executivos dos atletas? E a chegada simultânea de cerca de altas autoridades e turistas no mesmo aeroporto para a abertura dos Jogos? E o treinamento de todas estas equipes de trabalho? Tanto a candidatura quanto o planejamento e a preparação para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 foram e continuam sendo feitos a quatro mãos: o Comitê Olímpico Brasileiro (agora com seus componentes constituindo o Comitê Rio 2016), a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal, que custeou todo o investimento da candidatura. Já os investimentos para a preparação da cidade e do país para a recepção dos Jogos também são função de uma matriz de responsabilidades em construção, a qual norteará a execução dos investimentos. A gestão de toda esta articulação será realizada pela Autoridade Pública Olímpica (APO), que à diferença da Autoridade Pública Olímpica de Londres 2012, representa um Estado federativo e não um Estado unitário. 4. Exemplo de Megaevento já Realizado no Brasil Como exemplo já realizado, que serviu para o aprendizado de muitas questões devido sua realização já em nível olímpico, cito os Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos Rio 2007, que foram realizados por quatro instituições, uma de direito privado e as demais públicas: o Comitê Organizador dos Jogos (CO-RIO) composto basicamente pelo Comitê Olímpico Brasileiro, o Governo Federal coordenado pelo Ministério do Esporte (ME); o Governo Estadual coordenado pela atual Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer (SETE); o Governo Municipal coordenado pela Secretaria Especial Rio 2007 (SERIO), com este nível de governo agindo muitas vezes com a gestão direta do Prefeito Municipal. A realização dos Jogos sobreviveu a três mandatos federais com duas eleições sendo que a primeira com uma troca extrema de projeto político; a dois mandatos estaduais com uma eleição com outra troca de projeto político e a dois mandatos municipais com uma eleição que firmou a continuidade neste nível de governo. Sua realização e seu legado são resultado direto dos entendimentos e tensões entre estas quatro instituições situação normal num evento desta envergadura. Dentre os vários exemplos possíveis destaco que, no desenvolvimento da preparação para a
4 realização dos Jogos, o Governo Estadual solicitou ao Governo Federal que assumisse grande parte dos investimentos na área do Maracanã; por sua vez, o Governo Municipal deixou de pagar o custeio de pessoal do CO-RIO, responsável pela operação dos Jogos, o que foi assumido pelo Governo Federal. Isto só foi possível porque o Presidente da República decidiu, no evento comemorativo de um ano antes dos Jogos, que o Governo Federal viabilizaria os Jogos de forma a deixar a melhor imagem internacional do Rio e do Brasil que os Jogos pudessem proporcionar. A realização de um evento deste porte conduzido por mais de um parceiro na sua realização gera algumas incertezas. Como fazer com que múltiplos parceiros com diferentes interesses se tornem players de um jogo que exige uma vitória, isto é a realização do evento? A realização deve ser de foro privado (Los Angeles 1984, Atlanta 1996) ou estatal (Moscou 1980, Pequim 2008), para apenas focar em exemplos extremos e paradigmáticos? Como garantir que os parceiros cumpram suas respectivas responsabilidades na realização do evento? Como garantir que as trocas eleitorais próprias da democracia se conciliem com um projeto de longo prazo? Como garantir que o discurso à população - da candidatura ao evento - se torne realidade? Aparentemente parte destas respostas, sobre a forma como se organiza a parceria entre o Comitê Olímpico Nacional, o Comitê Organizador dos Jogos e os diferentes níveis de governo, é típica e característica da forma como o país realiza seus projetos e organiza seus empreendimentos de vulto, independente de quais sejam. Ou seja, a cultura organizacional do país como um todo se reflete na realização destes megaeventos e em todas as demais produções do país é um país que costuma procrastinar a solução dos problemas para a última hora e o faz bem? Onde os estudantes estudam somente na última hora para fazer a prova? Onde as relações interpessoais muitas vezes pesam mais que as diretamente profissionais? Onde o aprendizado da democracia está sendo refeito depois de anos de cultura autocrática? Onde os 122 anos de República ainda não foram suficientes para que a população colonizada valorize mais sua própria cultura do que a de Estados colonizadores? Onde a assertiva que todos os brasileiros são igualitariamente cidadãos a comporem uma só Nação ainda está sendo construída? Onde a autoestima de sermos brasileiros também ainda está sendo construída? Retornando ao caso do Pan 2007, este foi realizado com 34 esportes distribuídos em 44 modalidades, perfazendo 29 locais de competição, 20 locais de treinamento e 17 locais de apoio. O Parapan somou 10 modalidades em 6 locais de competição e 17 locais de apoio; os locais de treinamento foram os mesmos que os locais de competição. A diferença entre o número de locais de competição e modalidades praticadas deve-se obviamente ao uso sucessivo da mesma instalação esportiva para diferentes modalidades. Os patrocinadores do Pan foram em número de seis; as empresas fornecedoras de produtos e serviços em número de 26. Para apoio à realização do Pan 2007, o Governo Federal constituiu um Comitê de Gestão composto pelos Ministros e um Comitê Operacional composto pelas equipes destes Ministérios. O Comitê de Gestão das Ações do Governo Federal nos Jogos Pan-americanos e Parapanamericanos no Ministério do Esporte (SEPAN/ME) teve sua missão estabelecida através de um processo de planejamento estratégico: Coordenar, mobilizar e dar transparência à atuação do Governo Federal no desenvolvimento e implementação das ações necessárias ao cumprimento dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro para a realização dos Jogos Pan e Parapan-americanos Rio A SEPAN/ME se organizou em Gerências de Esporte, Instalações, Tecnologia, Comunicação e Social, mais articulando as áreas de Segurança, Turismo e Relações Internacionais do Governo Federal existentes fora da sua área de responsabilidade institucional. Durante os Jogos foram ainda constituídas as Gerências de Cultura, Recursos e Logística. Através destas Gerências as ações do Governo Federal se articulavam para o atendimento às necessidades do Comitê Organizador, como 1) as ações executadas diretamente pelo Governo Federal por exemplo, a operação de análise de Dopagem no Laboratório de Controle de Dopagem no Instituto de Química da UFRJ, como 2) as financiadas pelo Governo Federal ao Comitê Organizador no
5 mesmo exemplo, a coleta e transporte de amostras de Controle de Dopagem até o Laboratório. Além das áreas-fim, a SEPAN/ME teve o apoio da Fundação Instituto de Administração (FIA) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsáveis respectivamente pelo Gerenciamento do Monitoramento e Controle do Projeto e da área de Tecnologia, esta também com participação em Esporte. Os realizadores dos Jogos se confrontam, em linhas gerais, com questões como quais devem ser as ações que o poder público deve executar diretamente e quais devem ser as ações que este poder deve fomentar sua realização pelo Comitê Organizador dos Jogos através do repasse de recursos na forma da lei? Como devem se organizar e se relacionar os diferentes níveis de governo para a realização dos Jogos? As respostas possíveis passam pela hipótese de que quando se trata de serviço já prestado pelo setor público, continua sendo este setor o prestador do serviço na realização dos Jogos; e a recíproca é verdadeira: aqueles serviços específicos dos Jogos são melhor prestados pelo Comitê Organizador. Para auxiliar nestas e noutras questões o Comitê Olímpico Internacional criou o Olympic Games Knowledge Management (OGKM) como serviço de consultoria e banco de dados sobre boas práticas na realização dos Jogos Olímpicos que serve de referência para todos os megaeventos. 5. Considerações finais Dada a magnitude destes eventos e a forma como as organizações brasileiras se estruturam para atender a demandas desta complexidade, soluções tecnológicas que apresentem otimização e customização de entregas de produtos e serviços são muito bem vindas. Além dos participantes diretos dos Jogos Olímpicos, empresas de todo o território nacional poderão vir a serem fornecedoras de produtos e serviços aos Jogos. Naquilo que se refere à condução das atividades eminentemente esportivas e da realização dos Jogos Olímpicos em si, a entrada é via o Comitê Organizador dos Jogos. Aquilo que se trata da entrega de infraestrutura e de serviços para o suporte aos Jogos, em linhas gerais a demanda é dos Governos Municipal e Estadual do Rio de Janeiro e o da União. No caso da Copa, a distribuição das necessidades demandadas é pelo Brasil inteiro, pois serão 12 sedes e 32 sub-sedes a serem escolhidas dentre 64 opções disponíveis. Todas terão que possuir um nível de excelência de serviço que ficará como legado para os brasileiros que convivem nessas cidades. Referências BRASIL. Dossiê de candidatura do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos e Para-olímpicos de Rio de Janeiro, v. BRASIL, Ministério do Esporte. Cadernos de legado dos Jogos Olímpicos Rio Brasília, v. BRASIL, Ministério do Esporte. Relatório dos XV Jogos Pan-americanos e III Jogos Parapanamericanos. Brasília, v. LANDRY, F. & YERLES, M. (Eds) Sport, the Third Millenium. Quebec: Les Presses de la Université Laval, 1991, pp MORAGAS, M. e BOTELLA, M. (Orgs.) Las claves del êxito: impactos sociales, deportivos, económicos y comunicativos de Barcelona '92. Barcelona: Centro de Estudios Olímpicos y del Deporte, 1996.
6 RIO DE JANEIRO, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Empresa Olímpica Municipal. Rio de Janeiro, 2011.
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