SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL. Inauguração do Monumento em Homenagem às Mães e a todos os Combatentes da Guerra do Ultramar

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André Vilanova Sousa
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1 INTERVENÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO ADJUNTA E DA DEFESA NACIONAL BERTA DE MELO CABRAL Inauguração do Monumento em Homenagem às Mães e a todos os Combatentes da Guerra do Ultramar Vila de Ribeirão, 1 de junho de 2014 Só serão válidas as palavras proferidas pela oradora

2 1 Exmo. Senhor Presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha Exmo. Senhor Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Joaquim Chito Rodrigues Exmo. Senhor Presidente da Junta Freguesia de Ribeirão, Adelino dos Santos Oliveira Exmo. Senhor Presidente do Núcleo de Ribeirão da Liga dos Combatentes, José Ferreira dos Santos Exmas. Autoridades Civis, Religiosas e Militares Caros Combatentes e respetivos familiares Ilustres Convidados Minhas Senhoras e meus Senhores, Hoje estão todos de parabéns na Vila de Ribeirão. Em primeiro lugar, está de parabéns o Núcleo da Liga dos Combatentes de Ribeirão, um núcleo cuja génese está associada ao monumento que estamos aqui a inaugurar, na medida em que decorreu da evolução natural da comissão constituída para levar a cabo este projeto. Um projeto que nasceu do sonho de uns poucos e que hoje é uma realidade de muitos. Parabéns a todos pela obra feita. Estão também de parabéns os autarcas, principalmente o Senhor Presidente da Câmara de Famalicão e o Senhor Presidente da

3 2 Junta de Ribeirão, que acreditaram, desde o início, nos méritos desta iniciativa. Estão de parabéns os cidadãos desta Vila, que veem valorizado o seu património cultural coletivo e ficam com uma prova, em forma de arte, do respeito que todos devemos a quem combateu em nome de Portugal. Mas este é, acima de tudo, um dia de reconhecimento para todos os Combatentes e para as suas Famílias, que recebem uma justíssima homenagem, um tributo ao esforço e ao sacrifício de quem defendeu a Pátria até ao limite da sua própria vida. A todos esses Combatentes, em particular os que nasceram e viveram nesta Vila de Ribeirão, mas também a todos os outros que estão aqui representados ao mais alto nível pelo presidente da Liga dos Combatentes, fica o apreço de todos nós, simbolizado neste monumento, e também o reconhecimento do Governo de Portugal, que aqui represento. Muitos foram os jovens levados para África sem saber a razão pela qual tinham de participar numa guerra legítima mas injusta. Quase todos, como se prova pelos presentes, conseguiram ultrapassar as vicissitudes e regressaram humanamente mais fortes, em virtude do contacto com outras gentes e outros mundos, mais conscientes e mais capazes de enfrentar as grandes dificuldades da vida. Outros, porém, permanecem com traumas que merecem a nossa especial atenção e foi por esta razão que impusemos maior celeridade na resolução dos processos pendentes de qualificação

4 3 como deficientes das Forças Armadas, em particular dos que sofrem de Perturbação Pós-Stress Traumático de Guerra. Nesta ocasião, cabe-me também deixar uma palavra de reconhecimento às famílias de todos os combatentes, que ficaram na retaguarda, sofrendo igualmente com a guerra. Para elas o sofrimento não foi menor. Inspirada no monumento que acabámos de inaugurar, evoco as mães e as mulheres que viram partir os seus entes queridos, maridos, noivos, irmãos, pais, netos e, acima de todos, os seus filhos. Como mãe, consigo imaginar a intensidade destes momentos. Só quem compreende a natureza dos laços maternais pode entender a dimensão da dor que invade uma mãe na hora em que vê partir um filho para a guerra. Longe das frentes de batalha africanas, as famílias e em particular as mulheres desempenharam um papel essencial no moral dos que combatiam e foram elas próprias combatentes em muitas outras frentes. Minhas Senhoras e meus Senhores, Este monumento não apaga a dor dos combatentes e das suas famílias mas é um permanente reavivar da memória de todos, para que tenhamos consciência da necessidade imperiosa de evitar a guerra. É essencial que sobretudo as jovens gerações que, felizmente, têm sido poupadas deste sofrimento percebam a necessidade de

5 4 investir na paz. Hoje, Dia da Criança, estes valores devem ser realçados. Só nesta década, foram construídos dezenas de monumentos em honra e memória dos Combatentes que estiveram em África entre 1961 e 1974, erguidos por iniciativa popular, das autarquias ou dos próprios combatentes. Ao todo, são já mais de uma centena e meia os testemunhos materiais de profundo respeito e agradecimento para com aqueles que serviram Portugal de armas na mão, num momento difícil da sua história. O Estado tem a obrigação de compreender e respeitar estes homens e mulheres que sofreram diretamente com a Guerra do Ultramar. Um respeito não se limita ao apoio social e ao pagamento de pensões e despesas de saúde a mais de 13 mil pensionistas, através da Caixa Geral de Aposentações, do Instituto de Ação Social das Forças Armadas (IASFA) ou da Assistência na Doença aos Militares (ADM). O Ministério da Defesa Nacional procura ir mais longe apoiando a Liga dos Combatentes no desenvolvimento de um conjunto de atividades de caráter social, cultural e desportivo que visam valorizar o combatente, fomentar o sentimento de pertença, de companheirismo e de orgulho pela sua condição. E, aqui, cabe uma palavra de público reconhecimento à liga dos Combatentes, na pessoa do seu presidente, Tenente-General Chito Rodrigues.

6 5 Minhas Senhoras e meus Senhores, Agora que se completam 100 anos sobre o início da Grande Guerra de , o Governo está a fazer um grande esforço para envolver todo o país no vasto programa de eventos que assinalarão esta efeméride, igualmente significativa e muito traumática. Foi criada, no âmbito da estrutura do Ministério da Defesa Nacional, a Comissão Coordenadora das Evocações do Centenário da I Guerra Mundial precisamente para preparar e levar a cabo um programa nacional que, em coordenação com outros ministérios e entidades internacionais e nacionais entre as quais encontra, naturalmente, a Liga dos Combatentes, se faça, simultaneamente, a homenagem ao sacrifício do Povo e do Soldado Português e, também, a pedagogia necessária para a paz, através das lições da História. A cerimónia de colocação de uma placa evocativa deste Centenário junto dos monumentos de homenagem aos Mortos da I Guerra Mundial, no próximo 18 de outubro será um ponto alto do programa para Uma cerimónia que ocorrerá, simultaneamente, em todas as capitais de distrito e nas regiões autónomas, com a presença das mais altas entidades e com honras militares. Queremos chegar às populações e envolvê-las nesta homenagem às vítimas de uma guerra que mudou o curso da História. Deixovos, desde já, o convite para participarem nestas cerimónias. A paz, tal como a liberdade, é uma conquista permanente. Nunca pode ser dada como adquirida. Portugal precisa de cidadãos conscientes desta realidade para continuar a ser um país livre, democrático, europeu e em paz.

7 6 Somos um Povo que ama a sua Pátria, um Povo que tem referências e valores, como os que estão perpetuados neste monumento. Como diz o hino da Associação dos Fuzileiros, só tem Pátria quem sabe lutar. Nós somos um Povo que nunca deixará de ser combatente, um Povo que não deixará de combater por um Portugal melhor. Temos grandes desafios à nossa frente e é inspirados no testemunho daqueles que já deram tudo pela Pátria que mais facilmente encontraremos motivação para continuarmos a nossa luta e para a vencermos, a bem dos nossos filhos. Muito obrigada.

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