Identificação botânica de um conjunto de carvões provenientes de uma sepultura do Aljão (Gouveia) Paula Fernanda Queiroz
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- Manoela Vilalobos Pinheiro
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1 Quercus pyrenaica, secção transversal Identificação botânica de um conjunto de carvões provenientes de uma sepultura do Aljão (Gouveia) Paula Fernanda Queiroz TERRA SCENICA TERRITÓRIO ANTIGO relatórios
2 Identificação botânica de um conjunto de carvões provenientes de uma sepultura do Aljão (Gouveia) Paula Fernanda Queiroz, 2009 Terra Scenica, O presente relatório considera a identificação botânica de uma amostra de fragmentos de carvão de madeira recolhidos no interior de uma sepultura escavada no saibro no sítio arqueológico do Aljão (Gouveia). Ref. da amostra: Aljão08, sondagem 5, Sect.III, interior de sepultura aberta, 24/09 Foram analisados 30 fragmentos de material lenhoso carbonizado. Os fragmentos de carvão foram partidos à mão segundo as diferentes secções de diagnóstico transversal, radial e tangencial, e observados e diagnosticados sob observação à lupa binocular e microscópio óptico de luz reflectida. A identificação foi auxiliada por material carbonizado de referência e bibliografia especializada (Schweigruber, 1990a; 1990b). O resultado da identificação taxonómica dos restos carbonizados apresenta-se na tabela e gráfico seguintes: Aljão (Gouveia) análise antracológica amostra: Sondagem 5, sector III, interior sepultura escavada no saibro 24/09 tipo morpológico: nº de fragmentos: Quercus pyrenaica 26 Fraxinus angustifolia 1 Cistus 2 indeterminado 1 total 30 Lista das espécies vegetais e tipos xilomórficos identificados: Fagaceae: Quercus pyrenaica (carvalho-negral) Oleaceae: Fraxinus angustifolia (freixo) Cistaceae: Cistus (esteva, roselha, sargaço)
3 indeterminado 3% Cistus 7% Aljão análise antracológica Fraxinus angustifolia 3% Quercus pyrenaica 87% Breve descrição morfológica dos tipos xilomorfológicos identificados FAGACEAE Quercus pyrenaica (carvalho-negral) Estampa 1 Secção transversal Porosidade em anel, com os poros grandes concentrados junto ao início da camada de crescimento, formando um anel contínuo com 1 a 2 fiadas de poros. Poros de Verão muito pouco frequentes, isolados ou em pequenos grupos radiais. Parênquima paratraqueal e apotraqueal reticulado. Raios multisseriados muito largos muito frequentes. Secção tangencial Raios unisseriados abundantes, homogéneos, formados por células aproximadamente circulares em corte tangencial. Raios multisseriados muito largos e frequentes. Secção radial Raios homogéneos, formados exclusivamente por células prostradas. Vasos grandes, densamente pontuados. Pontuações intervasculares grandes. Pontuações radiovasculares grandes, opostas, por vezes alongadas radialmente. Placas de perfuração simples. OLEACEAE Fraxinus angustifolia (freixo) Estampa 2 Secção transversal Porosidade em anel. Poros de Primavera grandes, em múltiplos de dois, formando um anel algo descontínuo. Poros de Verão infrequentes, solitários ou em pequenos múltiplos radiais de 2-3 poros. Parênquima paratraqueal vasicêntrico abundante. Fibras espessas.
4 Secção tangencial Raios unisseriados e multisseriados com até 5 células de largura, curtos, mais ou menos fusiformes, formados por células pequenas de contorno circular e células envolventes maiores, circulares a elípticas. Secção radial Raios homogéneos formados por células prostradas compridas. Placas de perfuração simples. Parêmquima paratraqueal abundante, formado por células quadrangulares e erectas grandes. CISTACEAE Cistus (esteva, roselha, sargaço) Estampa 3 Secção transversal Porosidade difusa. Poros pequenos, com até 20 (25) m de diâmetro, solitários ou em pequenos múltiplos irregulares. Anéis de crescimento distintos. Secção tangencial Raios exclusivamente unisseriados. Secção radial Raios heterogéneos. Vasos com finos espessamentos espiralados, bem visíveis. Pontuações pequenas. Comentários Os resultados do estudo antracológico da amostra de material lenhoso carbonizado recolhida no interior da sepultura revelaram a presença de madeira de carvalho e de freixo. Trata-se de madeiras de boa qualidade, frequentemente usadas como matériaprima na construção de estruturas e artefactos. Foram também identificados dois pequenos fragmentos de tecido lenhoso de Cistus, género de arbustos sufruticosos de madeira de fraca qualidade, cuja presença não deverá estar associada a qualquer estrutura ou objecto de madeira associado com a sepultura, sendo antes provavelmente acidental, ou o resultado da queima de ramadas desta planta. Em termos vegetacionais, a presença destes tipos xilomorfológicos testemunha a presença regional dos carvalhais-negrais, dos bosques decíduos ribeirinhos e das charnecas antropogénicas de cistáceas. Referências SCHWEINGRUBER, F.H. (1990a) Anatomy of European Woods. Haupt SCHWEINGRUBER, F.H. (1990b) Mikroskopisch Holzanatomie.3 auflege. Eidgenössische Forschungsanstalt für Wald, Schnee und Landschaft. Birmensdorf.
5 ESTAMPA I Quercus pyrenaica (carvalho-negral) 1. Secção transversal. Porosidade em anel; 5 2. Secção transversal. Anel de Primavera; 3. Secção transversal. Poros de Verão; 4. Secção radial. Raio multisseriado homogéneo; 5. Secção tangencial. Raio multisseriado.
6 ESTAMPA II Fraxinus angustifolia (freixo) 1. Secção transversal. Anel de Primavera; 2. Secção transversal. Poros de Verão; 3. Secção radial. Raios multisseriados homogéneos; 4. Secção transversal. Parênquima paratraqueal vasicêntrico num poro de Verão; 5. Secção tangencial. Raio multisseriado. 5
7 1 2 ESTAMPA III Cistus (esteva, sargaço, roselha) 1. Secção transversal. Porosidade difusa; 2. Secção radial. Raio heterogéneo; 3. Secção tangencial. Espessamentos espiralados. 3
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