PIBID e a reversão do fracasso escolar.
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- Carmem Conceição Flores
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1 Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) / Campus Barbacena Orientador: Professor Dr. Renato da Silva Melo (renatosim@yahoo.com.br) Bianca Trindade Elias PIBID e a reversão do fracasso escolar. Resumo: O seguinte artigo aborda o tema do fracasso escolar dentro das escolas. O fracasso escolar é um problema estrutural, de longa data, que desafia não só professores e alunos, mas toda a comunidade escolar. Reverter este quadro é uma tarefa árdua, pois professores e alunos os principais focos do problema (alunos desinteressados e professores desmotivados) não conseguem desenvolver um bom trabalho sem o interesse e o envolvimento de ambas as partes. Nota-se nas escolas que falta a articulação dos problemas da realidade com estratégias de ensino permanentes e condizentes com o contexto, bem como a sensibilização dos professores na busca de alternativas para lidar com a falta de desejo de aprender dos alunos, e o comprometimento da família em auxiliá-los. Como uma solução para esse desafio, tem se o PIBID que age em prol do novo docente ajudando na prática educacional e os alunos, principais beneficiados com esse projeto. Palavras- chave: Experiência, Formação, PIBID, Sociologia O fracasso escolar é um problema decorrente que esta presente na maioria das escolas principalmente nas escolas públicas e como auxílio para a reversão do fracasso escolar, temos a experiência do PIBID. Frequentemente professores e alunos têm enfrentado muitos desafios para minimizar esse processo pertinente nas escolas. O fracasso escolar vem se arrastando por muito tempo com a justificativa da Carência Cultural. Antigamente as crianças de classe média e baixa não se destacavam na sala de aula, pelo fato da família não ter condições ou ao menos os três capitais fundamentais (cultural, social e econômico) para propiciar a participação e o rendimento escolar desses
2 alunos. O texto A produção do Fracasso escolar da autora Maria Helena de Souza Patto, traz algumas ponderações sobre a evasão, e esse problema pertinente. O primeiro ponto abordado é a teoria da Carência cultural. Esse argumento se desenvolve com a justificativa de que desde muito tempo crianças de classe baixa e classe média não se desenvolveriam tão bem no âmbito escolar quanto às crianças de classe alta. É importante ressaltar: Schultz (1968), técnica de educação do INEP, questionava um dado do Censo Escolar de 1964 segundo o qual havia no país um déficit de 34% de escolas em relação à demanda na faixa de 7 a 14 anos. A seu ver, somente 10% das crianças brasileiras não estudavam por falta de escola. As demais não se matriculavam por pobreza, necessidade de trabalhar, deficiências físicas e mentais, doenças e desinteresse pela escola. Como prova deste último vale-se do dado segundo o qual quanto maior o nível educacional do pai ou responsável, maior o número de crianças que frequentam a escola, o que significa afirmar que o nível educacional atingido decorre do grau de interesse pela escola. (PATTO, 1991:95) Ou seja, quanto maior o aprimoramento escolar dos pais maior é a cobrança em relação ao nível escolar dos filhos. Para Pierre Bourdieu os alunos estão divididos em duas classes: A classe dominante e a classe dominada. Essa hierarquia acontece porque os estudantes da classe dominante tem por excelência um rendimento maior e melhor dentro da escola, e isso acontece porque eles têm um acesso ilimitado à cultura diversificada. Esse acesso não é passado somente pelo capital econômico, mas também pelo capital cultural. Entretanto a família tem boas estruturas e entendem o que é passado na escola e faz com que os filhos vivenciem e participem do contexto estudado. A classe dominante vincula tal sucesso dos alunos, como um resultado de um esforço que foi recompensado e com esse pensamento os alunos da classe dominada se sentem minimizados, pois não conseguem acompanhar o ritmo da turma e desmotivados por também não ter o auxilio da família. Ainda me referindo à primeira citação, na zona rural esse quadro é totalmente inverso, pois a maioria das famílias possui o ensino básico e não estimulam a
3 criança a ir à escola, passando uma imagem desnecessária da instituição. Essa falta de interesse é crescente pelo fato da família desde cedo incentivar seus filhos a participar da agricultura, principal fonte de renda para eles. Outro ponto a ser levantado seria a qualificação do corpo docente: A questão da qualificação do corpo docente também está em pauta; sobre isto, diziam um educador brasileiro: precisamos cuidar da produção das nossas escolas normais, visto que são cada vez mais frequentes os maus professores diplomados por elas. Algumas, ao o que parece não se preocupam com as técnicas de ensino, seus discípulos se formam sem terem tido, nesse assunto, a mais breve experiência. O resultado é o que se vê nas estatísticas: 50%, 60% dos alunos primários desses mestres novatos não conseguem promover-se (...). Não será por ventura um crime contra a criança confiá-la a professores em tais condições? Preocupação revelada por Almeida Junior (1957, p. 15) no I Congresso Estadual de Educação, realizado em Ribeirão Preto SP. (PATTO, 1991:108). A partir desse ponto podemos analisar a cena atual presente nas salas de aula, pois o professor assume papel determinante para o bom ou mau desempenho do aluno. Para o professor é importante também contar com a ajuda dos pais, a boa infraestrutura da escola, o acesso a materiais didáticos de qualidade, recursos tecnológicos etc., mas além de ter tudo isso disponível o professor tem que ser inovador, usar novos métodos para que ele não seja visto pelos alunos como professores chatos. Infelizmente falta hoje em dia prática docente quando eles ainda estão na faculdade. Para um acadêmico se tornar um bom professor, necessita não somente do conhecimento teórico, mas de uma boa iniciação ao exercício da prática docente (Romulo Viana). Assim como citado só a teoria não faz com que os alunos se interessem e absorva o conteúdo, então é preciso utilizar outro recurso para a aula não se tornar chata e maçante. A proposta do PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, instituído pelo Ministério da Educação e gerenciado pela CAPES, é um incentivo para que o aluno se aprimore e valorize a formação de novos professores. O PIBID age como um suporte para fazer com que os alunos de cursos de licenciatura sigam a carreira do magistério. O projeto funciona também como uma experiência mostrando as dificuldades e os prazeres de estar em sala, com o objetivo de inserir todos os alunos e fazer com que eles se tornem mais
4 participativos, nesse espaço também conseguimos inserir conteúdos que ficam fora da grade curricular. A partir da Lei n /2013, o Pibid se estabelece como uma política pública que vem somar às inúmeras experiências inovadoras produzidas pelos vários atores sociais ligados à educação. Tendo a missão de incentivar e qualificar a formação de futuros docentes para atuarem na Educação Básica, o Pibid pretende equacionar os subprodutos derivados da elevada estratificação educacional do Brasil, diminuindo os reflexos que são mediados pela diferença econômica, social e cultural. Esse programa propicia a integração dinâmica da educação superior com a educação básica, focando o ato de aprender e ensinar como eixo norteador do processo construtivo do saber, pois, como afirma Platão (2010), em O banquete, um espírito pleno, de sabedoria, não passa de forma mecânica para um outro espírito em formação. O PIBID ajuda na reversão do fracasso escolar com projetos que incentivam os alunos a participar das atividades com sentido sociológico, mas que os conteúdos são passados de forma dinâmica e atraente aos olhos deles. Para exemplificar essa referência cito duas oficinas que aconteceram em escolas distintas, mas foram concluídas com êxito, e muito elogiada pelos alunos. A primeira foi a Oficina de sociologia com ênfase na cultura. Ela foi realiza na Escola Estadual Henrique Diniz e foi elaborada com a participação dos alunos. Antes de finalizarmos o projeto eu e a Iraci fomos até a Escola Estadual Henrique Diniz e fizemos uma exposição com artesanatos para que os alunos pudessem escolher qual seria confeccionado, levamos artigos reciclados como: bolsa de garrafa pet, descanso de panela com tampas de garrafa, carteiras feitas com caixinhas de leite, pano de prato desenhado com giz-de-cera e o filtro dos sonhos. Deixamos que os alunos observassem e fomos explicando sobre cada objeto e também o projeto que iriamos trabalhar. Ao final dessa apresentação/pesquisa foi decidido por eles que confeccionaríamos o filtro dos sonhos. Nosso trabalho foi fundamentado pelo autor Lévi-Strauss teórico estruturalista, que explica através do conceito de Dicotomia (Natureza/cultura) como a sociedade se organiza. Explicamos também o conceito de evolucionismo, a cultura indígena usando passagens do livro Tristes Trópicos. A duração da oficina foi de quatro encontros de uma hora e trinta minutos cada, dividimos o nosso tempo em quatro momentos: Apresentação da dinâmica e a introdução do autor, apresentação do filtro dos sonhos, confecção dos filtros e por fim a conclusão sobre o tema do dia e encerramento.
5 Encerramos a oficina no quarto encontro com a finalização dos filtros e a entrega deles para cada um dos alunos participantes. Com a oficina de Sociologia com ênfase em cultura conseguimos passar para os alunos que a cultura é tudo aquilo que é produzido a partir da inteligência humana. Ela esta presente desde o começo com os povos primitivos, e hoje em nós, nos nossos costumes, sistemas, leis, religião em nossas artes, ciências, crenças, mitos, valores morais, etc. Frisamos que nenhuma cultura é superior ou inferior à outra e que todas as respectivas culturas merecem respeito. Ao final da oficina percebemos o total interesse em aprender sobre o autor que era desconhecido por eles, e a confeccionar o filtro dos sonhos. A segunda Oficina acontece na Escola Estadual Doutor Alberto Vieira Pereira. Na oficina de Sociologia do Esporte abordamos vários temas sociológicos relacionados à prática esportiva, falamos da relação entre o esporte e a economia, esporte e política, esporte e a discriminação racial, esporte e religião entre outros temas. Usamos o Futebol Marxista para explicar a divisão de classe, uma teoria de Karl Marx para os alunos. Os esportes praticados nessa oficina são o futebol, a zumba e o vôlei. O futebol é jogado pelos meninos que quando estão em quadra são coordenados pelo Diego e pelo Rafael. Eu e Larissa ficamos responsáveis pela zumba que é uma dança fitness. Vinda da Colômbia essa dança tem uma grande eficácia no emagrecimento e no enrijecimento muscular, atraindo as meninas pela estética e pela forma descontraída de se praticar. As músicas usadas são ritmos latinos variados. O vôlei é jogado por todos os alunos, em times mistos com meninos e meninas, trabalhamos as regras, passe e recepção, saque e posicionamento dos alunos em quadra. A oficina de sociologia do esporte ainda esta em andamento e têm funcionado positivamente, os alunos são frequentes e participam muito bem das aulas, eles expõem suas opiniões e compartilham as experiências vividas ali. A oficina de sociologia do esporte tem um peso muito importante para a escola, pois ela reintegra os ex-alunos formados lá. A participação deles é uma forma de motiva-los a continuar os estudos e também a tira-los das ruas, já que atuamos em uma escola periférica.
6 Vejo hoje a importância de projetos e de formas variadas de se passar os conteúdos na sala de aula para os alunos, com a impossibilidade da evasão escolar temos alunos fracos e atrasados que passa de série com um conhecimento superficial e imaturos para lidar com as problematizações escolares. É para reverter esse quadro que destacamos a importância dos projetos e a persistência na participação dos alunos, os maiores beneficiados desse trabalho. Referências FRANÇA,Cristiane.Silva. Pibid: Construindo saberes e práticas docentes.barbacena,mg:eduemg,2014. PATTO, Maria Helena Souza. A produção do fracasso escolar. Ed.T.A Queiroz, 1991.
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