PIBID E O ENSINO POLITÉCNICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

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1 PIBID E O ENSINO POLITÉCNICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA Elenyr Cavadas (UFPEL) Karina Giacomelli (UFPEL) RESUMO: Este trabalho tem por objetivo apresentar um relato de experiência como bolsista no Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID II Humanidades - Letras, da Universidade Federal de Pelotas, na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Lourdes. Tendo em vista a implantação da nova metodologia de projetos, o Ensino Politécnico, prevista no novo modelo de Ensino Médio, a atuação dos alunos-bolsistas pibidianos vem de modo a auxiliar os professores na organização desse trabalho. Serão abordadas aqui as atividades realizadas com uma das turmas do primeiro ano do ensino médio nos trabalhos de pesquisa do Seminário Integrado e Projetos (SIP); a interação e integração dos bolsistas pibidianos com os alunos e os professores da escola; o convívio com a dinâmica que envolve o ambiente escolar. Também será apresentado um parecer sobre as contribuições que o projeto PIBID veio a acrescentar tanto para formação acadêmica pessoal do aluno-bolsista como para atuação como futuro docente. PALAVRAS-CHAVE: Ensino/aprendizagem. Ensino politécnico. PIBID. INTRODUÇÃO O presente trabalho trata sobre as questões que envolveram a participação de acadêmicos-bolsistas do PIBID II - Humanidades, da Universidade Federal de Pelotas, na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Lourdes. Através desde relato, pretende-se demonstrar alguns das ações realizadas pelos

2 pibidianos junto a uma das turmas do primeiro ano do ensino médio envolvida nos trabalhos de pesquisa para apresentação no Seminário Integrado e Projetos (SIP) da escola. Com vistas a fundamentar as propostas que objetivaram a atuação dos acadêmicos dos cursos de licenciatura nas escolas da rede pública estadual e municipal, inicialmente serão abordados, de forma concisa, três temas que norteiam uma efetiva reestruturação para um novo modelo educacional no país, sendo eles: O ensino no Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o Ensino Politécnico. Neste relato, serão apresentados, de forma específica, os procedimentos e atuações dos acadêmicos-bolsistas durante o período que compreende maio a julho, do corrente ano, nos trabalhos diretamente relacionados com as pesquisas para o Seminário Integrado que se insere o novo modelo educacional do Ensino Médio Politécnico. Também será abordado, no que diz respeito ao convívio e a interação, como se estabeleceu a relação entre os educandos e os bolsistaspibidianos e como a experiência, dentro da realidade do ambiente escolar, veio a colaborar tanto para os alunos da escola como para a formação acadêmica dos docentes. 1. O ENSINO NO BRASIL E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS Elaborados pelo Ministério da Educação, em 1996, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.13) têm por objetivo contribuir para a melhoria da qualidade do ensino básico no país. Trata-se de um documento norteador para as discussões e o desenvolvimento de um novo projeto educacional. Tendo como meta instrumentar a renovação e reelaboração das propostas curriculares, serve como referencial às reflexões sobre as práticas pedagógicas, assim como para o planejamento de metodologias e conteúdos a serem trabalhados em aulas; para a análise e seleção de materiais didáticos e de recursos tecnológicos.

3 De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (1998, p. 17), desde a metade do século XX, devido ao processo de universalização da educação básica imposto como necessidade política para as nações do Terceiro Mundo, a reestruturação do ensino básico vem sendo discutida no Brasil. O quadro educacional no país já apresentava altos índices de repetências e de evasão escolar, pois com o crescimento industrial e urbano, e a expansão dos meios de comunicação eletrônicos, a didática baseada em um currículo fragmentado e dissociado da realidade sócio histórica, utilizando métodos e conteúdos de ensino ainda em moldes tradicionais, demonstrava-se obsoleta diante da cultural, da econômica e dos avanços que a nova realidade social apresentava. Desse modo, a nova forma de organização para os ensinos Fundamental, Médio e para a Educação Profissional, com vistas a um novo paradigma, passou a objetivar, sobre tudo, a qualificação da educação com parâmetros que norteiam o conhecimento para uma qualidade cidadã, que respeita a pluralidade cultural e prioriza a qualificação e a articulação com o mundo do trabalho e das práticas produtivas, com responsabilidade e sustentabilidade. 2. O ENSINO POLITÉCNICO Em conformidade com o documento-base de reestruturação do Ensino Médio, de outubro/novembro de 2011, elaborado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o Ensino Politécnico consiste na proposta pedagógica para o Ensino Médio e a Educação Profissional integrada ao Ensino Médio, fundamentado nos dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Resolução sobre Diretrizes Curriculares para a Educação Básica emitida pelo CNE - Conselho Nacional de Educação. O documento apresenta como propostas para a reestruturação do Ensino Médio a articulação das áreas de conhecimento e suas tecnologias, abarcando como eixos a cultura, a ciência, a tecnologia e o trabalho enquanto princípio

4 educativo. Tendo como proposta curricular a prática e elaboração de projetos em Seminários Integrados, demanda uma formação interdisciplinar que, relacionando teoria e prática, intervém nas relações sociais e de produção, na perspectiva de construção da solidariedade e da valorização da dignidade humana. Objetiva, assim, um ensino que oportunize ao educando o seu aprimoramento como pessoa, bem como sua autonomia intelectual, pensamento crítico e formação de princípios éticos, possibilitando-lhe, desse modo, construir projetos de vida pessoais e coletivos, garantindo sua inserção social e produtiva com cidadania. 3. O PIBID Financiado pela CAPES/FNDE, o Projeto Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), tem por objetivos: fomentar a integração entre os cursos de formação de professores e escolas públicas de Educação Básica; incentivar a formação de professores para a educação básica; contribuir para a melhoria da qualidade das escolas públicas; valorizar o espaço da escola pública como local de aprendizagem para a construção do conhecimento, oportunizando experiências metodológicas e práticas docentes inovadoras que elevem a qualidade tanto das ações acadêmicas como da formação docente. Conforme o Edital nº 02/2009 CAPES/DEB, através da interação dos acadêmicos junto aos professores, com a convivência no ambiente escolar e atuando com as ações educativas, a articulação entre a teoria e a efetiva realização das práticas de ensino possibilita reforçar a formação didáticopedagógica dos bolsistas inseridos no projeto. Além de oportunizar a elaboração, aplicação e avaliação de projetos de ensino disciplinares e interdisciplinares, também incentiva estudos e leituras de conteúdos específicos, de modo a qualificar tanto suas ações acadêmicas como suas atuações futuras nas escolas da rede pública.

5 4. RELATO DE EXPERIÊNCIA Iniciando como bolsista do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID, em maio de 2012, esta aluna foi encaminhada a Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora Lourdes, situada na Rua General Osório, nº 559, bairro Centro, município de Pelotas, RS. Em atividade desde 1963, a escola atualmente, dentre os três anos do Ensino Médio, atende cerca 620 alunos, distribuídos nos turnos da manhã, tarde e noite. Junto à professora Deisi Moura Rodrigues supervisora do PIBID na escola, passou a atuar no projeto interdisciplinar, que já se encontrava em andamento, colaborando na orientação das atividades dos grupos de pesquisa da turma do 1ºC, formados por 32 alunos do primeiro ano do ensino médio, com idades de 14 anos, que compreende cerca de 90% da turma, e 15 anos os demais. Os encontros eram realizados no período da manhã, turno inverso ao das aulas, no Salão de Atos da escola, onde os alunos se organizavam em seis grupos para desenvolver e debater os procedimentos a serem realizados em suas pesquisas, cujos temas eram: 200 anos de Pelotas; Tecnologia; Diversidade Cultural no Brasil; Juventude; Esporte; e Questão da Morte. O trabalho dos bolsistas pibidianos consistia na orientação quanto à busca de fundamentos teóricos e de outros materiais necessários às pesquisas, procurando, desse modo, direcionar os alunos para sites idôneos, indicar revistas, livros ou artigos, assim como: sanar dúvidas; sugerir assuntos que, pertinentes aos temas das pesquisas, poderiam valorizar ainda mais o conteúdo dos trabalhos e auxiliar nas demais dificuldades encontradas pelos alunos. É importante salientar que coube aos próprios grupos encontrar, avaliar e selecionar o material mais adequado para ser utilizado em seus trabalhos. Juntamente com o trabalho de orientação dos projetos de pesquisa do SIP destinadas às orientações para a apresentação de uma síntese dos trabalhos realizados, foi possível a observação de aulas no período regular no qual se

6 constatou que o comportamento dos alunos era mais agitado. Divididos ainda em grupos, na sala de aula havia mais conversa, brincadeiras e menos atividades de pesquisa. Os alunos circulavam mais e, a todo o momento, pediam para ir ao banheiro, para beber água, grampear folhas ou fazer qualquer outra coisa que fosse fora da sala, diferentemente dos encontros realizados no Salão de Atos, nos quais se dedicavam mais às questões relacionadas aos temas das pesquisas. O posicionamento dos alunos para com os acadêmicos, no que diz respeito à interação, foi dicotômico. Embora a maioria solicitasse a ajuda e a orientação dos bolsistas, demonstrando gostar desse contato com os universitários e um aparente interesse pelos conhecimentos transmitidos, havia alguns que, ignorando a presença dos acadêmicos, recorriam somente à professora para sanar as questões que lhes fossem necessárias. Porém, pode-se afirmar que, de modo geral, a interação entre os pibidianos e os educandos foi acolhedora e muito gratificante. Pelo período de duas semanas, as atividades do SIP foram interrompidas para que os alunos pudessem se dedicar aos estudos disciplinares da RP (recuperação progressiva). Ao serem retomadas as atividades de pesquisa na escola, em reunião com a coordenadora, com as professoras e os acadêmicos, analisaram-se quais seriam as maiores dificuldades dos alunos para a realização final dos trabalhos, tendo sido apontadas a formatação dos trabalhos e a organização dos slides, os pibidianos realizaram oficinas com orientações sobre as normas da ABNT e apresentações com Power Point. Através de uma apresentação, realizada como forma de exercício, foi possível avaliar, em parte, o desempenho dos alunos quanto ao projeto interdisciplinar do Ensino Politécnico, que para eles, tratou-se de uma experiência inovadora. Os grupos, em sua maioria, demonstraram grande interesse e dedicação às atividades de pesquisa; buscaram sanar dúvidas; apresentaram ideias para a conclusão dos trabalhos, como, por exemplo, filmar as entrevistas ou fazer blogs. Nesse trabalho, foi possível perceber uma boa dinâmica e interação entre os alunos, assim como suas expectativas na intensão de realizarem um bom

7 trabalho. As apresentações dos grupos ocorreram de forma diversificada: alguns, sem apresentação de slides, demonstraram domínio sobre o tema abordado; outros desenvolveram o tema da pesquisa a partir da apresentação de um vídeo; houve apresentação de slides com tópicos e imagens, ou somente os tópicos, etc. Assim, após cada apresentação, os acadêmicos fizeram observações, tanto de elogios como de orientação, para as adequações necessárias a apresentações de seminários e outros eventos, cuja comunicação é direcionada a um público. Algumas das observações foram quanto à dinâmica, os procedimentos ou a postura dos alunos na hora das apresentações. Com essa atividade, o PIBID encerrou sua participação na E.E.E.M. Nossa Senhora de Lourdes. CONCLUSÃO Pode-se afirmar que a presença dos acadêmicos nas escolas, interagindo junto com os professores e alunos, auxiliando nas atividades interdisciplinares, dividindo conhecimentos e integrando-se no ambiente escolar é uma experiência gratificante para os acadêmicos dos cursos de licenciatura. Ao participar do projeto PIBID, foi possível observar que uma boa relação aluno/professor depende muito da postura que o professor assume em sua atuação. Para isso, cabe ao educador saber lidar com as fases de transformações por que passam os jovens no período da adolescência, mediando de forma adequada flexibilidade e rigor, de modo a conquistar o respeito e a consideração do aluno. Observou-se, ainda, que a presença dos universitários foi estimulante para a maioria dos alunos. Eles demonstraram certa admiração e respeito pelos conhecimentos transmitidos pelos acadêmicos. Acredita-se, assim, que essa interação servirá como incentivo para que, ao completarem do Ensino Médio, esses jovens busquem continuar seus estudos com a formação de nível superior. A oportunidade de ver as teorias, metodologias e conceitos estudados nos cursos acadêmicos ser efetivamente trabalhados na realidade de um ambiente e

8 rotina escolar representa um laboratório que oportuniza o desenvolvimento de projetos e pesquisas fundamentados em situações e dinâmicas que assegurem resultados mais eficazes em suas aplicações. Com isso, é possível afirmar que o convívio com as práticas docentes, com os professores e com o cotidiano do ambiente escolar, foi edificante e fundamental para a formação desta aluna e para sua futura atuação como docente. Referências bibliográficas BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC, Disponível em < Acesso em 12 set BRASIL. MEC. Parâmetros curriculares nacionais do ensino médio parte II - códigos linguagens e suas tecnologias. Disponível em < Acesso em 12 set BRASIL/CAPES/PIBID. Edital. Disponível em: < Acesso em: 15 set BRASIL. Portaria normativa CAPES Nº 122, de 16 de setembro de Disponível em: < publicacoes-anteriores-pibid>. Acesso em: 15 set. 2012