FACAMP FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE CAMPO BELO CEMES CENTRO MINEIRO DO ENSINO SUPERIOR
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- Joaquim Dinis Amorim
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1 FACAMP FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DE CAMPO BELO CEMES CENTRO MINEIRO DO ENSINO SUPERIOR A UTILIZAÇÃO DO TEXTO ESCRITO E A LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL. Práticas de Ensino RESUMO A proposta deste trabalho é abordar a utilização de textos escritos e sua relação na formação do leitor, ainda na Educação Infantil, por meio do trabalho com Literatura Infantil. O artigo representa uma pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo, a respeito da importância de se trabalhar com a Literatura Infantil, principalmente na Educação Infantil, como meio de construção da habilidade da leitura, do letramento e, principalmente, da formação de novos leitores Apresenta a utilização de textos escritos no trabalho pedagógico que inicia a formação do aluno como leitor, uma vez que a leitura das diversas formas de linguagem, inicia-se fora da escola, e nos anos iniciais da Educação Básica, a criança deve passar por um processo de alfabetização, conectando os elementos do mundo com a codificação através da linguagem escrita, bem como enriquecendo e ampliando o processo de letramento e entendimento do que o rodeia. Além disso, a literatura pesquisada reforça a idéia de que a formação do leitor crítico começa ainda na infância, e deve considerar não somente o incentivo à prática da leitura, mas que esta deve fazer parte do cotidiano dos alunos e ainda, que o hábito da leitura possa ser um exemplo a ser seguido e não somente como uma atividade para a qual a criança será designada. O professor deverá assim, trabalhar de maneira interdisciplinar e continuada, o hábito da leitura afim de deixar sua contribuição na formação do leitor que se efetivará ao longo dos anos da vida acadêmica da criança. Palavras-chave: Leitura. Letramento. Literatura Infantil. Textos. Introdução A Educação Infantil representa um momento muito importante no processo de desenvolvimento das crianças. A convivência com professores e outras crianças e a rotina da escola enquanto instituição social promovem a aprendizagem e o aprimoramento de condutas e compreensão de regras. Entre tantos aspectos do desenvolvimento, podemos pensar na construção da sua compreensão da língua falada, escrita e os seus primeiros passos para inserção no mundo letrado. A formação do leitor vai levar tempo e se consolidará por completo na pré-adolescência, mas só vai atingir com êxito esta formação se os primeiros passos forem sólidos e bem
2 direcionados. Nesse sentido, concerne à Educação Infantil promover o contato da criança com o mundo letrado e, na maioria das vezes, esse contato se dá por meio da Literatura Infantil: ponte entre o mundo da fantasia e do imaginário da criança ao mundo real da compreensão consciente, da percepção crítica que pode ser alcançada através a leitura. O presente artigo, tem como finalidade, discutir e apresentar as diferentes etapas de formação dos leitores, a importância e o processo de inserção da criança no mundo letrado e a apresentação dos principais pensamentos de autores a respeito, por meio da pesquisa de cunho de revisão bibliográfica, respaldando a importância do tema proposto. Objetivos: Conceituar forma de linguagem e sua relação com o desenvolvimento infantil; Discutir a respeito do processo de interação proporcionado pela utilização da leitura e da escrita na Educação Infantil; Conceituar as etapas de formação do leitor e suas características; Metodologia: Como metodologia de pesquisa foi utilizada a pesquisa teórico-conceitual, sendo classificada como pesquisa bibliográfica. Segundo GIL (2010) a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado com o objetivo de analisar posições diversas em relação a determinado assunto. Fundamentação Teórica: O texto escrito na educação infantil formando leitores. A expressão da língua na forma escrita é descrita por Cavalcanti (2000) como um sistema de representação com símbolos, sinais e normas. São convencionados em cada contexto histórico e cultural, criado pelos homens em função de suas necessidades. Na nossa cultura, organiza-se através do sistema alfabético de escrita que conhecemos. Por se tratar de uma das formas possíveis de se comunicar pela língua materna, a escrita assume uma função social no que diz respeito à sua capacidade de organizar e dinamizar a expressão do pensamento, a possibilidade de comunicar-se à distância, o registro de acontecimentos e saberes pela escrita, a orientação e armazenamento de dados, etc. Conforme descreve Yunes (2009), o ato de leitura não corresponde unicamente ao entendimento do mundo do texto, seja ele escrito ou não. A leitura carece de mobilização do
3 universo de conhecimento do outro do leitor para atualizar o universo do texto e fazer sentido na vida, que é o lugar onde o texto realmente está. Aprender a ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diferentes esferas sociais, para desenvolver uma atitude crítica, de discernimento, que leve o leitor a perceber as vozes presentes nos textos e perceber-se capaz de tomar a palavra diante deles. Nessa perspectiva de reconhecimento à importância da função social da escrita e por consequência à da leitura, pensando ainda na Educação Infantil como a primeira etapa da vida escolar da criança, é imprescindível que a escola e os professores possam lançar mão de recursos, didáticas e metodologias diferenciadas para o fomento e a formação do leitor. Afinal, trata-se de habilidades que podem ser desenvolvidas e que certamente poderão representar um diferencial na formação futura e global de cada aluno. O desenvolvimento da linguagem das crianças é composto por dois importantes processos, que, por sua vez, abrem outras vertentes de aprendizagem e desenvolvimento, além de se interrelacionar, são eles: alfabetização e letramento. A alfabetização pode ser caracterizada como a apropriação da escrita enquanto um sistema alfabético e compreende a capacidade do uso dos princípios alfabéticos e ortográficos da língua. Em linhas gerais é a capacidade de decodificação dos símbolos gráficos, ou seja, a leitura enquanto formação de palavras por meio da junção das letras. Quando falamos em letramento, nos reportamos não apenas a decodificação destes símbolos, ele é mais amplo e assume um papel social da leitura em si. Conforme propôs Soares (2003), o letramento é um uso social da linguagem, pelo meio escrito. A imagem acima pode ser utilizada como um exemplo do conceito do processo de letramento, que, conforme dito anteriormente, pode preceder a alfabetização. Se a alfabetização é a decodificação dos símbolos que juntos, formam um novo significado, a palavra, e que esta tenha por sua vez, um significado, um sentido, o letramento e seu conceito. Em outras palavras, quer dizer que o sujeito que faz parte de um meio social, participa e faz uso da cultura letrada, é capaz de registrar conhecimento, acessar informações através da leitura, ser consciente e crítico a respeito das leituras às quais ele tem acesso. Como proposto no texto, é possível observamos que o conceito de letramento é mais amplo que o de alfabetização, contudo, também é correto afirmar que o processo de letramento não tem como pré-requisito a alfabetização, pois a compreensão do mundo a nossa volta se dá através dos nossos sentidos, ver e ouvir principalmente. Ainda quando crianças, ouvimos e percebemos a nossa realidade, mesmo que ainda não tenhamos sido alfabetizados. Contudo, é importante ressaltar que o processo de ampliação do nosso letramento aumenta a medida em que somos alfabetizados. Como defende Soares (2004), é nosso papel enquanto professores, sobretudo na educação infantil, alfabetizar letrando, pois o desenvolvimento da capacidade de letramento, de percepção
4 de mundo e reflexão crítica da realidade, também se aprofunda na medida em que a alfabetização é consolidada no indivíduo. Por isso não devemos, neste sentido, trabalhar a alfabetização numa perspectiva linear: primeiro alfabetiza para depois letrar, essa construção deve acontecer simultaneamente, dando sentido e significado à relação entre o que se fala, o que se ouve e o que se lê. Ainda na definição do tema deste trabalho, é importante registrar que, na educação infantil, além das atividades do cotidiano que vão preparar e aguçar o cognitivo das crianças à compreensão do que nos anos posteriores se concretizará como sendo a alfabetização, esses conhecimentos e capacidades de percepção e interpretação acontecem através da leitura feita pelo professor. E essa leitura quase sempre acontece por meio de materiais didáticos que têm como base a Literatura Infantil. De acordo com Faria: O grande desafio da Educação Infantil está exatamente, em vez de se preocupar em ensinar as letras, numa perspectiva redutora de alfabetização (ou de letramento), construir as bases para que as crianças possam participar criticamente da cultura escrita, conviver com essa organização do discurso escrito e experimentar de diferentes formas os modos de pensar escrito. (FARIA, p.16). Ideias como as citadas anteriormente reforçam as metodologias que propiciem uma base sólida na iniciação da formação do leitor, ainda sim, evidenciam a importância dessas práticas, sobretudo na educação infantil, período que representa um momento especialmente importante à formação do aluno em seus aspectos físicos e cognitivos e também a sua inserção no mundo letrado, por meio da escola. A construção dos saberes relacionados à linguagem, à comunicação, necessita de que sejam desenvolvidas a apropriação das funções sociais da escrita, seus aspectos textuais que envolvem a estrutura, organização do pensamento ao registrá-lo por escrito, além da formação no aspecto gráfico da escrita muito timidamente na educação infantil, é verdade. Assim, surgirão os primeiros contatos com as frases, suas entonações que provêm da forma como foram escritos e acentuados. Para tudo isso, será preciso também, e primeiro, a compreensão do alfabeto, reconhecimento sonoro das letras, suas combinações, que dão origem a tudo que lemos. Todos esses aspectos vão sendo trabalhados, a partir do contato com a leitura, os livros e resultarão no processo de alfabetização dos alunos. No que tange à perspectiva de compreensão da linguagem escrita que surge como resultado dos processos anteriormente citados, temos a leitura como como elemento que se volta a essa compreensão, capacidade de estabelecer relações, construir significados e sentidos e situar-se no mundo a sua volta. No que concerne às diferentes etapas de desenvolvimento da capacidade de leitura, a partir da sua alfabetização e capacidade de assimilação e compreensão do que se lê, existem diferentes etapas
5 de desenvolvimento, que serão descritas a seguir, conforme apresenta Coelho (2000). Elas apontam a faixa etária e mensuram a capacidade e as habilidades das crianças em cada estágio de desenvolvimento enquanto leitor, bem como dentro de um período específico, que considera o seu desenvolvimento e amadurecimento enquanto leitor. Em todas as etapas, é preciso que os professores busquem livros e dinâmicas de propostas de leitura adequadas, que considerem sim a idade do aluno, mas que levem em consideração também o amadurecimento de cada criança para adequar o material e a metodologia aplicada, a fim de promover o contato e o estímulo à leitura. Primeira Etapa: Pré-leitores: (15/17 meses a 3 anos), nesta fase a criança está no princípio da sua relação com o mundo, através do tato e contatos afetivos. Livros devem ser usados com materiais diferenciados, com texturas diversas, estimulando o manuseio, e contato com o livro. O livro deve representar um estímulo à percepção da criança. Esta fase é também marcada pela aquisição da linguagem, nomeando tudo que está a sua volta, então a leitura deve ser encarada como estímulo constante, representando figuras, falando seus nomes, interagindo sempre com a criança. A segunda etapa, representa o período denominado como segunda infância (2/3 anos). A criança tem mais domínio da linguagem verbal, relaciona-se com o mundo, demonstra interesse pelas brincadeiras lúdicas com o livro. Conteúdo de humor, mistério, são indicados para esta fase do leitor. Histórias que tratam sobre o contexto familiar também chamam a atenção das crianças. Na terceira etapa, temos o leitor iniciante (6/7 anos), neste estágio as crianças começam a se apropriar da decodificação dos símbolos, necessitam de auxílio do adulto em algumas ocasiões, os livros devem ter linguagem simples, imagens representando sentimentos, valores e comportamentos. As histórias devem ser engraçadas e ter começo, meio e fim. A quarta etapa abrange o leitor em processo (8/9 anos), com desenvolvimento mais avançado. A criança já realiza operações e desafios, gosta de leituras curtas, divertidas, satíricas e que tenham algum acontecimento inesperado. O título deve chamar a atenção do leitor provocando a sua curiosidade. A quinta etapa corresponde ao leitor fluente (10/11 anos). Como a leitura é baseada na concentração, compreende e faz relação do mundo com o conteúdo do livro, então a criança possui a capacidade de abstração, assimilação, que resulta em sentimentos de poder interior, reflexão e crítica sobre o mundo a sua volta. Possui interesse por livros que relatam histórias sobre heróis e heroínas que lutam pelos ideais, é interessante que tenham contato com livros que possam ampliar palavras de seu vocabulário, por meio de textos mais
6 elaborados, onde as imagens já não têm mais a figura central do livro, porém são interessantes para o leitor. Por último, temos o leitor crítico, a fase em que se espera encontrarmos um leitor formado, letrado e alfabetizado, com uso de suas capacidades totais enquanto leitor (a partir dos 12/13 anos). Ele possui domínio total da linguagem e da escrita. Possui capacidade de reflexão e crítica. É a fase marcada pela adolescência, deve ser estimulado pela escola e família a frequentar espaços culturais, que fazem relação com a leitura, tais como bibliotecas, livrarias, indicações que ajudam a tornar um hábito a leitura de livros. Como se pode observar, as fases se inter-relacionam, e uma é gradativa a outra, soma-se ao desenvolvimento anterior e promovem o desenvolvimento da próxima fase. Dessa forma, pensa-se então na Educação Infantil como a base da formação do leitor, representando duas das etapas de que compreendem a formação do leitor, as primeiras, imprescindíveis ao estímulo e iniciação do fomento à leitura e condução à aquisição plena da habilidade de ler e compreender o que se lê. Conforme afirma Bakhtin (1992), muitos estudos foram realizados sobre o desenvolvimento da criança. Desde os primeiros anos na educação infantil, no "cuidar e educar" a leitura estimula a criança a desenvolver percepções, imaginações, por meio de livros próprios para cada fase. Por isso é que diversos autores defendem a importância da prática da contação de histórias e o trabalho de fomento à leitura, desenvolvimento de projetos e atividades envolvendo a literatura, como forma de iniciar bem o processo de formação de leitores críticos e fluentes, conforme será especificado neste trabalho. Considerações Finais: A habilidade da leitura, é porta de entrada de toda informação, do encantamento do mundo das fantasias e da sobriedade que podemos obter por meio da pesquisa científica. É, porém, uma grande barreira nas escolas, quando nos deparamos com alunos com a leitura deficitária ou mal desenvolvida. Ao longo da pesquisa fica evidenciada a importância de se começar bem, e isso diz respeito ao fomento, à prática e ao contato que as crianças tem com a leitura na Educação Infantil e neste cenário, a Literatura apresenta-se como forte aliada para a formação do leitor, são nichos indissociáveis no que diz respeito a formação do aluno, pois aprende-se a ler para escrever e registrar, como também se torna letrado para que sejam realizadas a leitura do meio, à sua volta e este mecanismo também cria respostas e situações no que diz respeito ao aprendizado da criança. Portanto é preciso ser trabalhada, oferecida aos alunos e promover seus primeiros passos na
7 formação dos leitores críticos e reflexivos, formação esta que terá continuidade do Ensino Fundamental. A importância ganha força se acrescentarmos o fato de que, na infância, as crianças apresentam uma grande aceitabilidade dos conhecimentos a elas apresentados, bem como a capacidade de internalizar o que lhes é proposto. Dessa forma, é preciso reconhecer, valorizar e, principalmente, oportunizar o contato da criança com a literatura, como meio de formação do leitor, incentivo a leitura e inserção das crianças no mundo letrado. Referências Bibliográficas: BAKHTIN, M. V. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, CAVALCANTI, Zélia (Coord.). Alfabetizando. Porto Alegre: Artmed, (Cadernos da Escola da Vila, v. 4). COELHO, N. N. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7.ed. São Paulo: Moderna, GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, p. FARIA, Ana Lúcia Goulart de; MELLO, Suely Amaral (Orgs). O mundo da escrita no inverso da pequena infância. 2. ed. Campinas, SP; Associados, SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação. N.25, p.5-17, jan/abr YUNES, Eliana. Apresentação. In: Tecendo um leitor: uma rede de fios cruzados. Curitiba: Aymará, 2009.
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