UMA HISTÓRIA INFANTIL PARA O ESTUDO DA DIVISÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
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- Betty Barreiro Lameira
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1 UMA HISTÓRIA INFANTIL PARA O ESTUDO DA DIVISÃO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Diaine Susara Garcez da Silva diaine_garcez@yahoo.com.br Halana Garcez Borowsky halanagarcezborowsky@yahoo.com.br Anemari Roesler Luersen Vieira Lopes anemari.lopes@gmail.com Resumo: Acreditando nas possibilidades de interação entre matemática e literatura, nos propomos a organizar um livro de literatura que pudesse se compor enquanto um recurso metodológico para a introdução do conceito de divisão e as idéias que o envolvem. O livro, intitulado Lulinha, a joaninha em: desvendando a divisão resultou de uma parceria entre uma professora de uma escola pública dos anos iniciais do Ensino Fundamental e uma estudante do curso de Pedagogia, com a orientação de uma professora universitária. Os principais aspectos contemplados nesse livro são: a ludicidade, a interação da linguagem escrita com a linguagem matemática e a possibilidade de explorar um conteúdo matemático. Palavras-chave: Educação Matemática nos anos iniciais; Divisão; Ensino e aprendizagem. Matemática e literatura infantil. Introdução Normalmente o uso de histórias infantis está associado a aprendizagem da leitura e da escrita. Contudo, seu uso na Educação Matemática vem ganhando espaço nos últimos tempos Entendemos que essa relação - histórias infantis e Matemática - se faz possível, visto que os livros de literatura voltados à infância fazem uso da imaginação, da fantasia e da criatividade das crianças, e da mesma forma sua leitura pode ser vista como um momento de lazer e diversão para elas. Tais elementos se constituem como importantes, em especial, no processo de ensino e aprendizagem nos iniciais do Ensino Fundamental. 1
2 Zacarias e Moro (2005) ressaltam que as histórias podem oferecer aspectos bastante oportunos para que conceitos matemáticos sejam apresentados às crianças. Ao utilizar a literatura infantil o professor terá a oportunidade de promover o aprender com ludicidade, respeitando as potencialidades das crianças e suas possibilidades de raciocínio, bem como organizar situações que propiciem o aperfeiçoamento desse raciocínio. (LOPES e OLIVEIRA,2007). Nessa perspectiva, a idéia não é aprender matemática para aplicar na história, mas o inverso: através da história explorar conteúdos matemáticos. Partindo desse pressuposto, nos propomos a organizar um livro de literatura infantil que pudesse ser utilizado para o ensino e aprendizagem da Matemática, mais especificamente a divisão nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Cabe ressaltar que a divisão é, normalmente, considerada como o conteúdo mais difícil para o aluno aprender e para o professor ensinar. O livro, intitulado Lulinha, a joaninha em: desvendando a divisão foi escrito em parceria entre uma professora de uma escola pública dos anos iniciais do Ensino Fundamental e uma estudante do curso de Pedagogia, contando com o apoio do Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Matemática (GEPEMat) vinculado ao Laboratório de Educação Matemática Escolar (LEME-UFSM). Desenvolvimento do livro Inicialmente realizamos um estudo sobre a divisão e as idéias que a envolvem. A partir disso, pretendíamos organizar um material lúdico, concretizado em um livro de história infantil, e isso não poderia se compor em uma simples narrativa em que apareceria uma operação de divisão. Para escrever um livro infantil que envolva a matemática, é preciso tomar alguns cuidados em termos metodológicos e teóricos. Nesse processo, saberes profissionais são revelados. Conteúdos matemáticos são revisitados e reconceituados, pois depende disso a abordagem que precisa ser dada ao livro que se pretende escrever. (NACARATO ET AL, 2009, pg.138). 2
3 Nossa intenção inicial era direcionar a história na perspectiva da Atividade Orientadora de Ensino (MOURA, 1996) que propõe o uso de uma história virtual para a apresentação de um problema desencadeador de aprendizagem. Teríamos que elaborar um texto para a história, de forma que fosse possível colocar o pensamento da criança em ação mediante uma situação-problema. O desejo da busca da solução de um problema colocado pelo professor, como necessidade de superação de um desafio, leva o aluno a eleger instrumentos de modos de ação na construção de respostas. E nessa busca são desenvolvidas estruturas cognitivas e generalizações. A solução da situação problema é resultante da síntese da solução coletiva, mediada pelo professor.(moura, 1996) Assim, escrevemos a história Lulinha a Joaninha em: Desvendando a divisão. O seu enredo trata de uma joaninha, Lulinha, e seu amigo Darto, uma lagartixa, que encontram um galho e resolvem repartir entre eles as doze folhas deste galho. A primeira idéia que surgiu para os personagens foi a de repartir sucessivamente uma folha para cada um deles. Após esta divisão um a um, eles se questionaram: haveria outra forma que não fosse esta de dividir em partes iguais as folhas entre eles? Ao fazer esse questionamento, a idéia é levar os alunos a refletirem sobre a idéia da divisão enquanto medida e essa deveria ser a solução coletiva do problema, entendendo que o resultado final da aprendizagem é fruto das ações negociadas e que o professor é o organizador da atividade e, por isso, responsável por seu encaminhamento. (MOURA et al, 1996). Repartir em partes iguais e medir são as duas idéias centrais da divisão na matemática. Nesse sentido, o texto do livro elaborado, ao questionar sobre outra forma de divisão, objetiva a exploração das duas idéias da divisão. A solução encontrada pelos personagens foi formar grupos com duas folhas até que estas terminassem, contemplando a idéia de medida, uma vez que já havia aparecido a de repartir em partes iguais. Durante o desenrolar da história os personagens chamam a participação do leitor, para que estes os ajudem a realizar as contagens e as divisões. O objetivo é que os alunos interajam com a história e que o professor questione-os de modo a que, a partir de suas respostas, tenha melhores condições de perceber se eles estão acompanhando o texto. 3
4 Acreditamos que o interesse pela divisão que surge no contexto lúdico, proposto inicialmente pelo texto, pode ser ampliado quando o professor der continuidade aos procedimentos formais da aprendizagem da divisão. É importante ressaltar que as idéias relacionadas a divisão estão descritas na história e caberá ao professor organizar a sua forma de utilização, quer seja para introduzir o conceito de divisão, quer seja para explorar uma metodologia diversificada do conhecimento já apropriado. Embora nesse momento não objetivamos analisar a utilização do livro elaborado destacamos que o mesmo foi utilizado com uma turma de terceiro ano do Ensino Fundamental. Algumas considerações Entendemos que um livro de literatura que se constitua enquanto um recurso que possa ser utilizado no ensino e aprendizagem da matemática não pode simplesmente se apresentar como um jeito novo de fazer velhas coisas. Por isso, não pode ser apenas um texto com números. Seu enredo deve oportunizar ao aluno pensar, refletir, fazer conjecturas, representar de diferentes formas as situações apresentadas. No caso do livro Lulinha, a joaninha: desvendado a divisão o texto foi elaborado de modo a contemplar o aspecto lúdico, a interação da linguagem escrita com a linguagem matemática e a possibilidade de explorar um conteúdo matemático. Sua construção demandou um tempo de estudo, um tempo de criação do texto e, por fim, de análise sobre as possibilidades de seu uso em sala de aula. Tudo isso com o objetivo de que tivéssemos em mãos uma possibilidade metodológica para trabalhar com os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental o conceito da divisão e suas idéias. Contudo, a simples disponibilidade de uma história que envolva conteúdo matemático jamais será a responsável pela aprendizagem do aluno. Nesse sentido, ressaltamos que o professor exerce um papel importante enquanto mediador na utilização do livro de literatura com seus alunos. Lembramos que os conteúdos escolares não são elaborados pelo professor, mas é ele que deverá adequá-los à faixa etária e aos interesses dos seus alunos, analisando a viabilidade de seu uso. 4
5 Da mesma forma, a história infantil Lulinha a Joaninha em: Desvendando a divisão oferece um contexto propício à exploração do conceito de divisão, mas competirá ao educador fazer uso do mesmo, de modo a contemplar seus objetivos relacionados a aprendizagem dos seus alunos. Referências BITTAR, Marilena. FREITAS, José Luiz Magalhães. Fundamentos e metodologia de matemática para os ciclos iniciais do ensino fundamental 2. Ed. - Campo Grande, MS: Ed. UFMS, LOPES, Anemari Roesler Luersen Vieira; OLIVEIRA, Silvia dos Santos. Educação matemática: ensino e aprendizagem na educação infantil e anos iniciais. In: IV Congresso Internacional de Ensino de Matemática, 2007, Canoas. Anais do IV CIEM - Congresso Internacional de Ensino de Matemática, p MOURA, Manoel Oriosvaldo de. (Org). Controle da variação de quantidades: atividades de ensino. São Paulo: FEUSP, NACARATO, Adair Mendes; MENGALI, Brenda Leme da Silva; PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. A matemática nos anos iniciais do ensino fundamental: tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte: Autêntica, ZACARIAS, E.; MORO, M. L. F.. A matemática das crianças pequenas e a literatura infantil. Educar, n 25, pg ,
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