CONSULTA DE INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS EM RÓTULOS DE ALIMENTOS POR FREQUENTADORES DE UM SUPERMERCADO EM ANUTIBA, ALEGRE ES

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1 CONSULTA DE INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS EM RÓTULOS DE ALIMENTOS POR FREQUENTADORES DE UM SUPERMERCADO EM ANUTIBA, ALEGRE ES Tiago de Paula Marcelino 1, Anderson Barros Archanjo 1, Mayara Alves Dutra 1, Miriã de Sousa Santana 1, Aldino Neto Venâncio 2, Wagner Miranda Barbosa 1 1 Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Farmácia e Nutrição, Alto Universitário, s/nº, Guararema, Alegre ES, tiagodepauladsl@yahoo.com.br 2 Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo/Departamento de Química e Física, Alto Universitário, s/nº, Guararema, Alegre ES, aldinocruz@hotmail.com Resumo- Dentre diversos fatores que podem influenciar nas escolhas alimentares das pessoas, os rótulos alimentícios vêm sendo estudados como fonte de informação nutricional aos consumidores. A rotulagem nutricional de alimentos tornou-se obrigatória no Brasil em 1999, com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e as resoluções da diretoria colegiada que regem os alimentos industrializados no Brasil são as RDC 259/2 e RDC 360/03. Objetivou-se, avaliar o costume da população a cerca dos hábitos de leitura e do conhecimento dos nutrientes considerados obrigatórios na rotulagem nutricional dos alimentos. A amostra consistiu de 15 pessoas de ambos os sexos, escolhidas por conveniência e sem recusas, frequentadoras do supermercado. O questionário foi composto por questões relacionadas ao uso e à leitura dos rótulos dos alimentos. Foi observado que, as variáveis mais frequentes que influenciam na escolha dos produtos foi o valor nutricional (26,7%), marca (20%) e validade (13,3%). A descrição nutricional é fundamental para que os consumidores possam, por meio de comparações, escolher melhores produtos para balancear suas dietas, a qual deve ser caloricamente balanceada. Palavras-chave: legislação, hábitos de leitura, rotulagem Área do Conhecimento: Ciência e Tecnologia de Alimentos Introdução Dentre diversos fatores que podem influenciar nas escolhas alimentares das pessoas, os rótulos alimentícios vêm sendo estudados principalmente como fonte de informação nutricional aos consumidores (CELESTE, 2001). A legislação brasileira define rótulo como toda inscrição, legenda ou imagem, ou toda matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento (BRASIL, 1969). Tais informações destinam-se a identificar a origem, a composição e as características nutricionais dos produtos, permitindo o rastreamento dos mesmos, e constituindo-se, portanto, em elemento fundamental para a saúde pública. Cabe ressaltar que, no Brasil, as informações fornecidas através da rotulagem contemplam um direito assegurado pelo Código de Defesa do Consumidor que, em seu artigo 6, determina que a informação sobre produtos e serviços devem ser claras e adequadas e "com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem" (BRASIL, 2003). A rotulagem nutricional de alimentos tornouse obrigatória no Brasil em 1999, com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). As principais resoluções da diretoria colegiada (RDC) referentes à rotulagem de alimentos industrializados no Brasil são: RDC 259/02 (BRASIL, 2002) que trata da definição e estabelecimento de medidas e porções, estabelecendo, inclusive, a medida caseira e sua relação com a porção correspondente em gramas ou mililitros e detalhando os utensílios geralmente utilizados, suas capacidades e dimensões aproximadas; e a RDC 360/03 (BRASIL, 2003) que estabelece, dentre outras especificações, a declaração obrigatória nos rótulos de alimentos industrializados de: valor energético, teor de carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio. Permite critério de arredondamento e admite uma variabilidade de 20% na informação nutricional, autorizando a obtenção dos dados de nutrientes por meio de análises físico-químicas ou por meio de cálculos teóricos baseados na fórmula do produto, obtidos de valores de tabelas de composição de alimentos ou fornecidos pelos fabricantes das matériasprimas. A rotulagem dos alimentos, ao orientar o consumidor sobre a qualidade e a quantidade dos constituintes nutricionais dos produtos, pode promover escolhas alimentares apropriadas (COUTINHO & RECINE, 2007; CAMARA et al., 1

2 2008), sendo indispensável, no entanto, a fidedignidade das informações. Tem sido observado que as falhas na legislação vigente no Brasil propiciam o repasse de informações incorretas, que podem gerar confusão, principalmente no que tange à informação nutricional complementar (INC) e às normas sobre alimentos para fins especiais (ARAUJO & ARAUJO, 2001). Segundo a American Dietetic Association (1990), essa prática pode lesar o consumidor em aspectos econômicos, quando gastam dinheiro em um produto diferente do anunciado. Além disso, propaganda enganosa em rótulos alimentícios prejudica campanhas de educação alimentar, podendo levar à crença de que certos produtos possuam propriedades medicinais, atrasando a procura por cuidado terapêutico adequado. Entretanto, o acesso à informação correta sobre o conteúdo dos alimentos, por ser um elemento que impacta a adoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, configura-se, em seu conjunto, uma questão de segurança alimentar e nutricional (VALENTE, 2002). Este estudo teve como objetivo, avaliar o costume da população a cerca dos hábitos de leitura e do conhecimento dos nutrientes considerados obrigatórios na rotulagem nutricional dos alimentos. Metodologia O presente estudo foi realizado em uma etapa quantitativa, baseada em um estudo seccional. Os dados foram coletados no dia 16 de novembro de 2011 das 10 às 12 horas, em um supermercado no distrito de Anutiba, Alegre ES. A amostra consistiu de 15 pessoas de ambos os sexos, escolhidas por conveniência e sem recusas, frequentadoras do supermercado. O questionário (o qual segue abaixo) utilizado como instrumento de coleta de dados nesta pesquisa foi elaborado previamente, sendo composto por questões relacionadas ao uso e à leitura dos rótulos dos alimentos e ao sexo. Os dados obtidos foram processados e analisados no programa Epi- Info, versão (2008). Para verificar associação entre essas perguntas e o sexo foi usado o Teste exato de Fisher com nível de significância de 5%. Questionário Q1. Qual é a primeira informação que você procura na embalagem dos produtos? ( ) Valor calórico ( ) Gordura ( ) Peso líquido ( ) Proteína ( ) Data de validade ( ) Outros:. Q2. Você sabe o que são nutrientes? Q3. Você sabe o que é rotulagem nutricional? Q4. Você sabe quais nutrientes devem estar listados nos rótulos? Q5. Você sabe a quantidade recomendada de nutrientes diários? Q6. Você escolhe produtos observando os valores nutricionais deles? (ex: macarrão, biscoitos, etc.) Q7. Quando você vai comprar produtos iguais disponíveis em diferentes marcas, qual informação contida no rotulo você levaria em conta para escolha? (desconsiderando o preço). Q8. Você sabe que quantidade de Kcal diárias você deve consumir? Q9. Você sabe a diferença entre produtos diet e light? Q10. Você acha que bebidas alcoólicas, café, sal e vinagres necessitam de rotulagem com informações nutricionais? Resultados Quanto à questão número 1, toda a população entrevistada (100%) relatou que a primeira informação a ser observada nos rótulos alimentares é a data de validade. Os dados referentes à questão 7, estão descritos na Tabela 1. Tabela 1- Frequência das variáveis que influenciam na escolha de produtos desconsiderando-se o preço. Questionário 7 % Aparência 6,7 Diet/Light 6,7 Marca 20,0 Não observa 6,7 Não Sabe 6,7 Qualidade 6,7 Validade 13,3 Valor Calórico 6,7 Valor Nutricional 26,7 Foi observado que, as variáveis mais frequentes que influenciam na escolha dos 2

3 produtos foi o valor nutricional (26,7%), marca (20%) e validade (13,3%). Quantos as outras questões, estas foram distribuídas na Tabela 2 que mostra a distribuição da amostra estudada, composta por 15 consumidores frequentadores de um supermercado no distrito de Anutiba, Alegre ES, em um intervalo de tempo de 10 às 12 horas, estratificado por sexo. Tabela 2- Distribuição da amostra estudada, composta por 15 consumidores frequentadores de um supermercado no distrito de Anutiba, Alegre-ES, estratificado por sexo. Questionário Feminino Sexo Masculino Total Sim Não Sim Não Sim Não Q2 66,7% 33,3% 83,3% 16,7% 80,0% 20,0% Q3 66,7% 33,3% 75,0% 25,0% 73,3% 26,7% Q4 66,7% 33,3% 16,7% 83,3% 26,7% 73,3% Q5 0% 100% 16,7% 83,3% 13,3% 86,7% Q6 66,7% 33,3% 41,7% 58,3% 46,7% 53,3% Q8 0% 100% 25,0% 75,0% 20,0% 80,0% Q9 66,7% 33,3% 91,7% 8,3% 86,7% 13,3% Q10 66,7% 33,3% 83,3% 16,7% 80,0% 20,0% Por meio do Teste exato de Fisher foi possível verificar que não houve diferença estatisticamente significativa entre os sexos e as questões abordadas (P > 0,05). No entanto, os resultados obtidos revelam que a maioria da população entrevistada, tem conhecimento sobre o que são nutrientes; rotulagem nutricional; diferença entre produtos diet e light e; acham que bebidas alcoólicas, café, sal e vinagres devem apresentar informações nutricionais. Em contrapartida, a maioria da amostra não tem conhecimento a respeito de quais nutrientes são obrigatórios na rotulagem dos alimentos; da quantidade recomendada de nutrientes diários e; não levam em consideração os valores nutricionais na escolha do produto. Discussão Por meio dos resultados obtidos podemos constatar que toda a amostra em estudo (15 pessoas) tem hábitos de leitura das rotulagens nutricionais dos alimentos, conforme constatado por Reid & Hendricks (1994), que afirma que 21 até 52% das pessoas usam informações de rótulos e por Coutinho (2004), que afirma que 43 % dos consumidores brasileiros, no ato da compra dos alimentos buscam nas embalagens informações para os benefícios da saúde. Muitos entrevistados afirmaram acreditar na capacidade de prevenção e controle que a alimentação pode exercer sobre doenças como câncer, hipertensão arterial, obesidade e as doenças do coração, como foi observado no estudo de Reid & Hendricks (1994), que constataram que 88% dos consumidores de supermercados, no Canadá, concordaram fortemente ou em alguma extensão que produtos anunciados como sem colesterol são bons para o coração, mesmo sem saber como e porque o são. Outro estudo, realizado por MARTINS (2004), com frequentadores de supermercados, mostra que 61% dos entrevistados liam os rótulos dos produtos que compravam, porém, referia-se, particularmente, àqueles consumidores com problemas de saúde ou de classe social mais elevada. Foi possível constatar que 26,7% dos entrevistados utilizam o valor nutricional do alimento como quesito para escolha de um produto e não apenas as calorias (6,7%), gorduras e açucares como ferramenta de escolha, método este que não permitiria a escolha de um produto mais balanceado (CELESTE, 2001). Por outro lado, vários estudos identificaram a dificuldade do consumidor de compreender as informações disponibilizadas nos rótulos dos alimentos por não serem claras. Tal confusão foi demonstrada em relação ao uso de palavras ambíguas pelo Consumers Association (1997) da Inglaterra, os quais relataram o caso de um chocolate em pó que continha mais calorias que a concorrência, mas alegava ser reduzido neste quesito, pois se comparava ao chocolate tradicional, mas tal informação não era passada ao consumidor. 3

4 Camara et al. (2008) observaram em seu estudo que muitos consumidores não conheciam a rotulagem nutricional, e alguns não demonstraram interesse por esses dados. Fato este, que foi o oposto do constatado com nossa população em estudo, na qual 73,3% disseram ter interesse e conhecimento sobre os rótulos nutricionais de alimentos. Por fim, seria aconselhável informar a população sobre a importância da rotulagem nutricional e de como utilizá-la em benefício da saúde. Na forma de campanhas informativas divulgadas na mídia, nas escolas e junto à classe de profissionais da área de saúde (FERREIRA & LANFER-MARQUEZ, 2007) assim como, por meio de panfletagem e campanhas acadêmicas que atendam a população como um todo. Isto permitiria um alcance global da mesma garantindo a assistência a uma informação correta e de qualidade, que forneceria suporte para a manutenção da saúde. Conclusão Com o presente estudo foi possível constatar que a descrição nutricional é fundamental para que os consumidores possam, por meio de comparações, escolher melhores produtos para balancear suas dietas, a qual deve ser caloricamente balanceada. Estas informações devem ser repassadas na forma mais clara possível e, sem dupla interpretação nos rótulos alimentares. E ainda, que se faz necessário a implementação de campanhas de conscientização que demonstrem a população o quão importante é a leitura dos rótulos alimentares, visto que, os mesmos podem contribuir para uma dieta e uma vida mais saudável e balanceada. Referências - ARAUJO, A.C.M.F.; ARAUJO, W.M.C. Adequação à legislação vigente, da rotulagem de alimentos para fins especiais dos grupos alimentos para dietas com restrição de carboidrato e alimentos para dieta de ingestão controlada de açúcares. Hig Alimentar, v.15, n.82, p.52-70, em: < gibin/wxislind.exe/iah/online/?isisscript=iah/iah.xis &src=google&base=lilacs&lan=p&nextaction=ln k&exprsearch=284179&indexsearch=id>. Acesso - BRASIL, Ministério da Marinha de Guerra do Exército e da Aeronáutica Militar. Decreto-lei n 986/69 sobre rotulagem de alimentos embalados. Brasília: Ministério da Marinha de Guerra do Exército e da Aeronáutica Militar; em: < o-lei_986_69.pdf>. Acesso - BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Informação nutricional. Resolução RDC n 360 de 23 de dezembro de Brasília: Ministério da saúde; em: < ecifica/ rotuali.htm>. Acesso - BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rotulagem geral de alimentos embalados. Resolução RDC n 259 de 20 de setembro de Brasília: Ministério da saúde; em: < /rotuali.htm>. Acesso - CAMARA, M.C.C.; MARINHO, C.L.C.; GUILAM, M. C.; BRAGA, A. M. Cheble Bahia. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam Salud Publica, v.23, n.1, p , em: < 007>. Acesso - CELESTE, R.K. Análise comparativa da legislação sobre rótulo alimentício do Brasil, Mercosul, Reino Unido e União Européia. Rev Saúde Pública, v.35, n.3, p , em: < Acesso - CONSUMERS ASSOCIATION. Under wraps - What lies behind the label? Policy paper. London: Consumers Association; p COUTINHO, J.G. and RECINE, E. Experiências internacionais de regulamentação das alegações de saúde em rótulos de alimentos. Rev Panam Salud Publica, v.22, n.6, p , em:< Acesso - COUTINHO, J.G. Estabelecimento de alegação de saúde nos rótulos de alimentos e bebidas embalados. Brasília: Universidade de Brasília; FERREIRA, A.B.; LANFER-MARQUEZ, U.M. Legislação brasileira referente à rotulagem nutricional de alimentos. Rev. Nutr., Campinas, v.20, n.1, p.83-93, em: < 4

5 rc=google&base=lilacs&lang=p&nextaction=lnk &exprsearch=448576&indexsearch=id>. Acesso - MARTINS, B.R. Análise do hábito de leitura e entendimento/recepção das informações contidas em rótulos de produtos alimentícios embalados, pela população adulta freqüentadora de supermercados, no Município de Niterói/RJ. Rio de Janeiro: Fundação Instituto Oswaldo Cruz; em: < rins.pdf>. Acesso - REID, D.J.; HENDRICKS, S.M. Consumer s understanding and use of fat and cholesterol information on food labels. Can J Public Health, v. 85, em: < Acesso 5