ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO SANDUICHE NATURAL E ADEQUAÇÃO DO RÓTULO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA ANVISA.
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- Eric Chaves Wagner
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1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE FARMÁCIA TAISE LAZZARIN DAROS ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO SANDUICHE NATURAL E ADEQUAÇÃO DO RÓTULO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA ANVISA. CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010.
2 TAISE LAZZARIN DAROS ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO SANDUICHE NATURAL E ADEQUAÇÃO DO RÓTULO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA ANVISA. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do Grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientadora: Profª. MSc. Juliana Lora. CRICIÚMA, DEZEMBRO DE 2010.
3 TAISE LAZZARIN DAROS ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO SANDUICHE NATURAL E ADEQUAÇÃO DO RÓTULO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA ANVISA. Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. CRICIÚMA, 23 DE NOVEMBRO DE 2010 BANCA EXAMINADORA Profª Juliana Lora UNESC Orientadora Profª Maria Cristina Gonçalves UNESC Examinadora Profª Miquele Padula -UNESC Examinadora
4 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DO SANDUICHE NATURAL E ADEQUAÇÃO DO RÓTULO CONFORME A LEGISLAÇÃO VIGENTE DA ANVISA. DAROS¹, Taise Lazzarin. Orientador (a): LORA², Juliana. ¹ Acadêmica de Graduação do Curso de Farmácia, da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC, Criciúma, Santa Catarina, Brasil. ² Professora MSc. Curso de Farmácia e Coordenadora Adjunta do Departamento de Farmácia, da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC, Criciúma, Santa Catarina, Brasil. Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC CEP: , Criciúma, Avenida Universitária, Santa Catarina, Brasil. (0xx) Autor responsável: DAROS, Taise Lazzarin. Taisedaros@homail.com Introdução A segurança alimentar é a garantia de acesso ao consumo de alimentos que abrange todo o conjunto de necessidades para a obtenção de uma nutrição adequada à saúde. Os programas de segurança alimentar devem propiciar um controle de qualidade efetivo de toda a cadeia alimentar, desde a produção, armazenagem, distribuição até o consumo do alimento in natura ou processado, bem como os processos de manipulação que se fizerem necessários (CAVALLI, 2001).
5 O desenvolvimento industrial ocorrido a partir da segunda metade do século XX deixou a sociedade brasileira sob um intenso processo de transformação. Dentre estas mudanças, destacam-se os novos hábitos sociais e principalmente a mudança no padrão de consumo alimentar (AKUTSU et al. 2005). O padrão alimentar atual valoriza a praticidade e rapidez, devido à escassez de tempo das pessoas, já que as exigências do mercado de trabalho impossibilitam de se dedicar à elaboração das preparações alimentares, prevalecendo os indivíduos a realizarem suas refeições fora de casa. No Brasil, estima-se que, de cada cinco refeições, uma é feita fora de casa, sendo com grande intensidade substituída por lanches rápidos feitos em lanchonetes, restaurantes ou até mesmo, servido por vendedores ambulantes (AKUTSU et al. 2005). Estes devem passar por controle de vigilância sanitária freqüentemente. Na década de 1950 foram elaboradas leis para o controle e vigilância de alimentos, mas somente com a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, em 1999, a rotulagem nutricional tornou-se obrigatória. A rotulagem nutricional deve ser aplicada a todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor (BRASIL, 2005a; CÂMARA et al. 2008). A Instrução Normativa (IN) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) n. 22 de 25 de Novembro de 2005 define rótulo ou rotulagem como toda inscrição, legenda, imagem ou toda matéria descritiva ou gráfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do produto de origem animal (BRASIL, 2005a).
6 No Brasil, a ANVISA é o órgão responsável, entre outras atribuições, por fiscalizar a produção e a comercialização dos alimentos, incluindo a regulação da rotulagem, estabelecendo as informações que um rótulo deve conter, visando à garantia de qualidade do produto e à saúde do consumidor (BRASIL, 2008; CÂMARA et al. 2008). Com a criação da RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003 que aprova o regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, tornou-se obrigatória a rotulagem nutricional desses alimentos, considerando que a mesma facilita ao consumidor conhecer as propriedades nutricionais dos alimentos, contribuindo para um consumo adequado dos produtos regulamentos por essa normativa (BRASIL, 2003b). A informação que se declara na rotulagem nutricional complementa as estratégias e políticas de saúde dos países em benefício da saúde do consumidor, com o objetivo de facilitar a livre circulação dos mesmos e atuar em benefício do consumidor evitando barreiras técnicas ao comércio (BRASIL, 2003b). As normas para rotulagem servem para que o produto esteja em conformidade com as informações exigidas visando minimizar riscos que podem decorrer do seu uso inadequado, além de ajudar o consumidor final na decisão de compra. É a forma mais usada para comunicar mensagem de qualidade para o consumidor, distinguir especificidades entre produtos e mostrar a quantidade adequada de uma alimentação saudável (MACHADO, 2005). A rotulagem nutricional preconizada pela ANVISA refere-se ao produto na forma como está exposto à venda e deve apresentar o valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, saturadas e trans, fibra alimentar e sódio. Os valores devem
7 ser apresentados por percentuais referentes a porções diárias do alimento, e os dados devem ter como procedência laudos de análises laboratoriais ou informações contidas em tabela brasileira de composição de alimentos da USP (SAUERBRONN, 2003; BRASIL, 2005b; BRASIL, 2003a). Os valores diários de referência (VDRs) seguem a determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que preconiza o consumo diário de 2000 Kcal 8400 kj, representados por 300 gramas de carboidrato, 75 gramas proteínas, 55 gramas de gorduras totais, 22 gramas de gorduras saturadas e ainda 25 gramas de fibra alimentar e 2400 miligramas de sódio (BRASIL, 2003a ; BRASIL, 2003b). Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo realizar a análise da composição centesimal do sanduíche de presunto e promover a adequação do rótulo conforme a legislação vigente da ANVISA. Materiais e Métodos A amostra foi elaborada pelos funcionários da cantina Universidade situada dentro da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), localizada em Criciúma Santa Catarina. Ele é composto pelos seguintes ingredientes e respectivas quantidades: 72.20g de pão branco (3 fatias), 36,45g de presunto (1 fatia), 32,44g de queijo prato (1 fatia), 10.29g de alface (2 folhas), 21,61g de tomate (2 rodelas) e 3,18g de cenoura (1 colher de sobremesa). A amostra será preparada através dos processos de moagem, mistura e quarteamento, técnica essa utilizada para a perfeita homogeneização de amostras e redução do seu tamanho até a quantidade necessária para a realização das análises (CECCHI, 2003).
8 Para cada nutriente analisado, realizou-se a técnica em triplicata. Determinação da composição centesimal Umidade Para determinação de umidade utilizou-se a técnica de secagem gravimétrica em estufa a 105ºC, utilizando-se 4g de amostra. Este método tem como fundamento a perda em peso sofrida pelo produto quando aquecido em condições nas quais a água é evaporada, restando o resíduo seco (este possuirá peso constante). A diferença da amostra inicial para este resíduo seco é igual à quantidade de água presente na amostra (CECCHI, 2003). Cinzas Para a determinação de cinzas realizou-se o método por incineração, usando 5g da amostra, onde o material orgânico foi carbonizado em uma mufla, a 550ºC, restando apenas o resíduo mineral, sendo que estes constituem as cinzas (SILVA & QUEIROZ, 2002). Determinação de fibras A fibra bruta é representada pelo resíduo das substâncias das paredes celulares. Assim, a determinação de fibras será realizada pelo método de Hernemberger que visa simular in vitro o processo da ingestão in vivo. Esta técnica consta fundamentalmente de uma digestão em meio ácido, com ácido sulfúrico, seguida por uma digestão em meio alcalino com hidróxido de sódio. Para esta técnica foram utilizados 2g da amostra bruta. Com estes tratamentos, removem-se as proteínas, os açúcares, o amido, a hemicelulose e as pectinas. Ficando
9 como resíduo apenas a celulose e a lignina que são insolúveis em ácido, além do material mineral (MORETTO, 2002). Determinação de lipídeos A determinação de lipídeos foi realizada através do método de Soxhlet, que consiste em um processo contínuo de extração com refluxos, utilizando éter etílico como solvente, uma vez que o lipídeo é solúvel nesta substância. Para análise utilizouse 1g da amostra previamente seca. E o resultado obteve-se a partir da evaporação do éter etílico (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). Determinação de proteínas A determinação de proteína foi realizada pelo método Kjeldahl, o qual consiste na quantificação de nitrogênio presente na amostra, sendo convertido em proteína pelo fator de conversão que é específico para cada alimento. Neste estudo utilizou-se o fator 6,25. Deste modo, determina-se o nitrogênio porque a proteína é o único nutriente que o contém. Para esta técnica utilizou-se 2 g da amostra (CECCHI, 2003). Determinação de carboidratos Na análise da composição nutricional de alimentos o valor de carboidrato foi obtido somando-se os resultados encontrados em porcentagem de proteínas, cinzas, água, lipídeos e fibras subtraídas de 100 (CECCHI, 2003; MORETTO, 2002). Valor energético O valor energético dos alimentos é medido em unidades do calor chamadas de calorias. Uma caloria é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de água em um grau centígrado (de 14,5ºC para 15,5ºC). Uma quilocaloria
10 (Kcal ou Cal) é equivalente a 10 3 calorias, e é comumente utilizada para expressar os valores energéticos dos alimentos (GAVA, 1984). O cálculo do valor energético foi realizado a partir dos componentes produtores de energia, ou seja, os lipídeos, as proteínas e os carboidratos disponíveis nos alimentos. Essa energia é expressa em Kilocalorias, os valores são calculados utilizando os fatores de conversão de 4 Kcal/g para as proteínas e para os carboidratos, e 9Kcal/g para os lipídeos. Elaboração do rótulo da informação nutricional do produto A partir dos resultados da composição centesimal será elaborado um rótulo para o sanduíche de presunto com adequações conforme a resolução RDC 360 de 2003 da ANVISA, que trata da informação nutricional obrigatória. Determinação da composição centesimal indireta do produto Para determinação da composição centesimal do produto utilizou-se a tabela brasileira de composição de alimentos da USP TBCAUSP e a Tabela de Composição de Alimentos TACO da UNICAMP (TBCAUSP, 2008 E LIMA, 2006). Obtendo-se desta forma os valores percentuais dos macronutrientes presentes em todos os ingredientes que compõe o produto bem como umidade, fibras e cinzas. A partir destas informações pode-se relacionar com o peso individual de cada ingrediente contido no sanduíche fazendo assim o somatório dos componentes e obtendo-se o seu valor nutricional. Resultados Após a realização da análise dos parâmetros físico-químicos do sanduíche natural, obteve-se a composição centesimal direta. Primeiramente será descrito os
11 resultados obtidos nas análises para posterior discussão tendo como base os valores obtidos a partir da composição centesimal indireta. Na tabela 1 encontra-se o valor nutricional do sanduíche natural obtido através da análise direta de seus componentes. Tabela 1: Valor nutricional do sanduíche natural, a partir dos resultados obtidos na análise direta do alimento. Parâmetros Teores %* Porção (170g) VDR% Valor calórico (Kcal) 199,26 338,75 16,94 Carboidrato 26,96 45,83 15,28 Proteína 10,30 17,51 23,35 Lipídeo 5,58 9,49 17,25 Fibra 2,08 3,54 14,14 Cinzas 2,22 3,77 Umidade 52,86 89,86 A RDC 360 de 2003 da ANVISA preconiza que a informação do valor nutricional deve compreender a declaração de valor energético e nutriente, tais como: proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, carboidratos, fibra e sódio presentes em uma porção do alimento, bem como o percentual correspondente ao valor diário de referência (VDR) a partir de uma dieta de 2000 Kcal diária (BRASIL, 2003b). Os VDRs são baseados em uma dieta de 2000 Kcal diárias, compreendidas em 300g de carboidrato, 75g de proteína, 55g de lipídeos (22g de gorduras saturadas) e ainda 25g de fibras e 2400mg de sódio (BRASIL, 2003b).
12 Com base nos valores obtidos na análise direta do sanduíche natural, verifica-se que, para uma porção de 170g (peso médio) apresenta 45,83g de carboidrato, 17,51g de proteína, 9,49g de lipídeo e 3,54g de fibras. Quantidades essas que representam 15,28% do VDR de carboidrato, 23,35% do VDR de proteína 17,25% do VDR de lipídeo e 14,14% do VDR de fibras. O sódio, gordura trans e gordura saturada são componentes que devem constar obrigatoriamente nos rótulos dos alimentos embalados. Não foi possível determinar suas concentrações neste estudo por falta de tempo hábil para o correto desenvolvimento das técnicas. A análise indireta da composição centesimal (teórica) foi determinada através da informação contida na Tabela de composição de alimentos - TACO UNICAMP e na Tabela brasileira de composição de alimentos - TBCAUSP, a partir do peso correspondente de cada ingrediente do sanduíche. Tabela 2: Composição centesimal indireta do sanduíche natural. Fonte: TACO 2006 e USP 2008.! "# # "# $ %& # ' # (#) ' * +,-.,.-+.-/ 0-01,-/ / - Rotulagem Nutricional Obrigatória do Sanduíche Natural
13 A partir dos valores obtidos na análise direta dos macronutrientes, umidade, cinzas e fibras do produto, propõem-se o modelo do rótulo seguindo as orientações constantes na RDC n 360 de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA, conforme exposto no quadro 1. A informação nutricional referente ao sódio, gordura saturada e gordura trans foi obtida através da análise indireta, pelo fato destas análises não terem sido determinadas conforme comentado acima, uma vez que se trata de informações obrigatórias e o modelo de rótulo será apresentado para o Restaurante que cedeu a amostra. Quadro 1: Rotulagem Nutricional do Sanduíche Natural. INFORMAÇÃO Porção de 170g (1 Sanduíche) NUTRICIONAL Quantidade por porção.. % VD (*) Valor energético 338,74 kcal = 1422,71 KJ 16,94% Carboidratos 45,83 g 15,27% Proteínas 17,51 g 23,35% Gorduras Totais 9,49 g 17,25% Gorduras Saturadas 7,24 g 33% Gorduras trans 0 ** Fibra Alimentar 3,54 g 14,15% Sódio 799 mg 19,2% * % Valores Diários com base em uma dieta de kcal ou 8400 kj. Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas. ** VD não estabelecido
14 Discussão A partir dos resultados obtidos na análise indireta e na análise direta, realizou-se a comparação dos valores, conforme exposto na tabela 3. Tabela 3: Valores encontrados na análise direta comparando com os da análise indireta do sanduíche natural. Parâmetros Análise direta (%) Análise indireta (%) Valor calórico (Kcal) 199,26 175,18 Carboidrato 26,96 18,6 Proteína 10,30±0,35 12,24 Lipídeo 5,58±0,79 5,64 Fibra 2,08±0,64 1,31 Cinzas 2,22±0,1 3,18 Umidade 52,86±0,1 58,71 De acordo com os resultados acima expostos, observou-se que não houve diferença para lipídeos e fibra. Já os valores encontrados para umidade, proteína e cinzas mostraram diferença significativa. Essas diferenças podem ser explicadas devido à composição dos ingredientes, origem, e os métodos de preparação do sanduíche. A determinação de carboidrato e valor calórico depende dos valores encontrados pelos demais componentes. Na medida em que ocorre um aumento nos componentes o valor de carboidrato tende a diminuir uma vez que o mesmo é obtido pela diferença do somatório de todos diminuído de 100 (TBCAUSP, 2008). Já o valor calórico é dependente, pois é dado de acordo com a quantidade que cada nutriente representa na porção estabelecida (TBCAUSP, 2008). É importante ressaltar que o sanduíche natural é composto por alimentos que fornecem uma quantidade significativa de gordura, entre eles, cita-se o queijo, o
15 presunto e o pão. Estes fornecem, respectivamente, 21,20%, 3,03% e 2,7% de gordura. Com as informações obtidas na análise indireta do produto, ainda é possível mencionar que aproximadamente 80% deste nutriente é fornecido pelo queijo e presunto. Estes dois ingredientes, por se tratar de alimentos de origem animal, apresentam em maiores proporções de ácidos graxos saturados. A gordura saturada é a principal causa alimentar de elevação de colesterol plasmático, pois reduz os receptores celulares, inibindo a remoção plasmática das partículas de LDL, permitindo, além disso, maior entrada de colesterol nas partículas de LDL. Os ácidos graxos saturados estão presentes principalmente na gordura animal, sendo que o excesso de gorduras saturadas pode levar a doenças cardíacas, formando principalmente placas de aterosclerose (TBCAUSP, 2008; RIQUE, et al. 2002). Outro parâmetro analisado que chama a atenção é com relação ao percentual encontrado de fibras, que aponta 2,08%±0,64 na análise direta ou 1,33% na análise indireta. De acordo com a Portaria 27 de 1998 da ANVISA que trata do Regulamento Técnico referente à Informação Nutricional Complementar (declarações relacionadas ao conteúdo de nutrientes), um alimento pode ser considerado fonte de fibras quando esta contribuir com três gramas (3g) a cada 100g do produto (BRASIL, 1998). Assim, este produto não pode ser considerado rico em fibras de acordo com a legislação. O agravante é que por ser denominado de sanduíche natural, tendo em sua composição, vegetais, como cenoura, tomate e alface, pode confundir o consumidor fazendo-o a acreditar que por ser natural é saudável ou contribui de certa forma para a
16 sua saúde. Porém, de forma contrária, ele contribui para o aumento da ingestão de gordura saturada e a redução de consumo de fibras. Estudos apontam que é cada vez maior o consumo de alimentos gordurosos e menor ingestão de frutas e verduras, principalmente em adolescentes de maior nível socioeconômico, como descrito por Marilda Borges Neutzling e colaboradores (2007); que apontam o processo globalização como fator contribuinte para a mudança do padrão alimentar neste grupo populacional. Técnicas agressivas de marketing que direcionam ao consumo de alimentos pouco saudáveis. Considerações finais A rotulagem dos alimentos pode orientar o consumidor na escolha de uma alimentação mais apropriada, o que torna essencial a veracidade das informações contidas na mesma. Os consumidores da atualidade, ao buscar melhor qualidade de vida, tornaram-se bastante exigentes quanto aos alimentos disponíveis para consumo. É evidente a quantidade de pessoas que escolhem seus alimentos diante da presença ou restrição de alguns nutrientes, tais como fibra alimentar, sódio, gordura trans e ainda a quantidade de calorias presente (BRASIL, 2005b; BRASIL, 2003a). Há também a preocupação com essas informações nutricionais diante de dietas restritivas para doenças crônicas como o diabetes, a hipertensão e a dislipidemia. Com isso torna-se imprescindível a utilização dos rótulos em produtos embalados. O consumo de lanches rápidos como substitutos das principais refeições vem se tornando um habito cada vez mais comum, principalmente por parte dos jovens.
17 Conclui-se então que houve diferença significativa para umidade, proteína e cinzas. Essas diferenças podem ser explicadas devido à composição dos ingredientes, sua origem, e os métodos de preparação do sanduíche. Entre os componentes que dão origem ao sanduíche natural destaca-se o queijo, que tem excesso de gordura, sendo estas saturadas no qual o excesso pode levar a doenças cardíacas, tendo como principal a aterosclerose. É importante fazer a análise do produto, pois assim torna-se possível avaliar se o produto ofertado está oferecendo ao consumidor, nutrientes necessários para uma dieta segura de acordo com os valores de referência diários. Através destas análises pode-se fazer adequação do rótulo conforme a RDC 360/03 preconizada, oferecendo assim mais credibilidade para o consumidor. Considerando que os hábitos alimentares estão inseridos em estruturas culturais, econômicas e políticas, é importante haver maior ênfase na promoção de ações que incentivem a produção de alimentos saudáveis e que orientem a população quanto aos riscos de uma alimentação errada. Sugere-se estudos a fim de verificar se o consumo de lanches rápidos como substituto de refeições, em especial o almoço, fornece ao indivíduo a quantidade necessária de nutrientes e aporte energético. Agradecimentos deste trabalho. Agradeço a todos que de forma direta ou indireta me ajudaram na elaboração
18 Referências Bibliográficas AKUTSU, R.C, BOTELHO R.A, CAMARGO E.B, SÁVIO K.E.O, ARAÚJO W. C. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Rev. Nutr. 2005, vol.18, n.3, pp ISSN BRASIL, Ministério da agricultura, pecuária e abastecimento. Gabinete do ministro. Instrução Normativa Nº 22, DE 24 DE NOVEMBRO DE 2005a. Disponível em: C/31769/INTotale.pdf. Acessado em: 27 de out de BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n º 27, de 13 de janeiro de Disponível em: Acesso em: 27 de out de BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003a. Disponível em: Acesso em: 27 out de BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003b. Disponível em: Acesso em: 27 de out de BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Orientação aos Consumidores - Educação para o Consumo Saudável. Brasília DF Disponível em: Acesso em: 18 de set de BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rotulagem Nutricional Obrigatória. Manual de Orientação às Indústrias de Alimentos. 2ª versão atualizada. Brasília 2005b. Disponível em: Acesso em 18 de set de 2010.
19 CÂMARA, M.C.C, MARINHO C.L.C, GUILAN M.C, BRAGA A.M.C.B. A produção acadêmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008; 23(1): CAVALLI, S.B. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos. Rev. Nutr. 2001, vol.14, pp ISSN CECCHI, H. M.. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2. ed. São Paulo: Editora da Unicamp GAVA, Altair J. Princípios de tecnologia de alimentos. São Paulo: Nobel, INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo p LIMA, D.M et al. Tabela brasileira de composição de alimentos TACO. 2ed. Campinas,SP: NEPA UNICAMP, p. MACHADO, R.T.M. Sinais de qualidade e Rastreabilidade de alimentos: Uma Visão Sistêmica. Organ. rurais agroind., Lavras, v. 7, n. 2, p , MORETTO, E. Introdução à ciência de alimentos. Florianópolis: UFSC, NEUTZLING, Marilda Borges et al. Freqüência de consumo de dietas ricas em gordura e pobres em fibra entre adolescentes. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 41, n. 3, jun Disponível em < acesso em 10 nov doi: /S RIQUE, A.B.R, SOARES,E.A, MEIRELLES,C.M. Nutrição e exercício na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 8, Nº 6 Nov/Dez, 2002.
20 SAUERBRONN, A.L.A. Análise laboratorial da composição de alimentos processados como contribuição ao estudo da rotulagem nutricional obrigatória de alimentos e bebidas embalados no Brasil Rio de Janeiro: INCQS/FIOCRUZ, Disponível em: e&base=lilacs&lang=p&nextaction=lnk&exprsearch=398520&indexsearch=id. Acesso em: 14 de set de SILVA, D.J.;QUEIROZ, A.C. de. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, TBCAUSP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos da USP. Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental FCF/US Disponível em: Acesso em: 31 de out de 2010.
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