GESTÃO ESCOLAR E HUMANIZAÇÃO
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- Sara Correia Rosa
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1 GESTÃO ESCOLAR E HUMANIZAÇÃO Luciana Antunes Perez Resumo A presente pesquisa tem por objetivo compreender as possiblidades de trabalho do gestor escolar enquanto mediador das ações que ocorrem dentro da escola para a construção de um ambiente de trabalho democrático e humanizador, que favoreça o processo de ensino e aprendizagem. Por muito tempo no Brasil a gestão educacional esteve embasada pela premissa administrativa empresarial. As produções acadêmicas de Vitor Henrique Paro e Benno Sander buscam a superação desse enfoque, ou seja, se tem olhado para a gestão escolar como um conceito novo, assentado sobre a perspectiva do ser humano como sujeito coletivo e edificador de estratégias de gestão mais humanizadas É importante que o gestor tenha consciência de sua responsabilidade estando apto a novos desafios sendo o sujeito que atue e promova momentos de reflexão, estando aberto ao diálogo e, principalmente estabelecendo metas e estratégias que visam à participação de todos os envolvidos no ambiente escolar para que a educação de fato seja humanizadora. Nesta perspectiva o que um gestor mais necessita para que a gestão seja de fato democrática e humanizadora, são duas competências básicas: liderança e coordenação. Palavras-chave; Gestão democrática; Gestão escolar; Humanização Introdução Por muito tempo no Brasil a gestão educacional esteve embasada pela premissa administrativa empresarial. As produções acadêmicas de Vitor Henrique Paro e Benno Sander buscam a superação desse enfoque, ou seja, se tem olhado para a gestão escolar como um conceito novo, assentado sobre a perspectiva do ser humano como sujeito coletivo e edificador de estratégias de gestão mais humanizadas. Vitor Henrique Paro (2012) nos mostra que a administração escolar no Brasil se movimenta entre duas posições antagônicas: uma traz a defesa a transposição dos procedimentos administrativos, com princípios e métodos adotados pela empresa capitalista para a escola e a outra a negação a esta concepção empresarial colocando-se contra qualquer organização burocrática da escola. Paro (2012) acentua que ambas as posições apontam o mesmo erro o de não considerarem os determinantes sociais e econômicos da Administração Escola (PARO, 2012, p.18). [...] nenhuma delas se identifica com uma Administração Escolar voltada para a transformação social: a primeira porque, ao advogar a aplicação na escola da administração capitalista, está contribuindo para a legitimação de um tipo de administração elaborado para atender às necessidades e interesses do grupo social que mantem o domínio e a hegemonia na sociedade e que tem, nesse tipo de administração, um de seus mais efetivos instrumentos de perpetuação do status quo; a segunda porque, não conseguindo dar cont a d as 9696
2 2 verdadeiras causas da dominação na sociedade, mostra-se impotente para agir contra tais causas, ou seja, para transformar as condições concretas em que se dá tal dominação, em direção a uma organização social mais avançada. (PARO, 2012, p.18,19). Podemos perceber a análise que autor faz dos elementos que se relacionam com a administração escolar e com a escola, fazendo relações destas com a sociedade afirmando que a administração escolar recebe influências determinantes do meio social e econômico mencionando que: A atividade administrativa não se dá no vazio, mas em condições históricas determinadas para atender a necessidades e interesses de pessoas e grupos. Da mesma forma, a educação escolar não se faz separada dos interesses e forças sociais presentes numa determinada situação histórica. (PARO, 2012, p.19). Para Benno Sander (1995), a administração da educação no Brasil na prática é realizada de formas diversificadas, cada escola tem uma forma de organização e cada gestor respalda suas práticas administrativas de formas distintas, dentro do que acredita ser prioridade ao seu fazer administrativo. Segundo o autor, A diversidade dessas orientações sugere uma radicalidade educacional complexa que reclama por novas soluções organizacionais e adminis trativas, no contexto de uma ordem econômica e política nacional e internacional em rápida transformação. (Sander, 1995, p.53) Sander (1995) propõe a modificação deste paradigma onde ao invés de fazer opção a um dos quatro critérios: eficiência, efetividade, eficácia e relevância, o necessário para a gestão da educação é a interligação destes critérios, pois a competência econômica (eficiência), pedagógica (eficácia), política (efetividade) e cultural (relevância), devem somar-se para que possamos obter resultados significativos no fazer da gestão escolar, essa nova forma de administrar a escola o autor denomina de paradigma multidimensional. Podemos notar que o paradigma multidimensional se constitui por quatro dimensões analíticas articuladas: econômica, pedagógica, política e cultural. Cada uma destas dimensões corresponde ao seu respectivo critério citado acima: eficiência, eficácia, efetividade e relevância. Nesta concepção, educação e administração são consideradas como realidades globais podendo ser formada por múltiplas dimensões que se articulam para atingir os objetivos propostos. Sander (1995) e Paro (2012) nos mostram a importância de reconhecermos que o fazer do gestor e suas práticas administrativas não acontecem de forma isolada, estão 9697
3 3 contextualizadas de acordo com as condições históricas as quais vivem a sociedade, fazendo-se necessário que o gestor esteja engajado, atento a todos os aspectos que envolvem a gestão escolar, tanto os administrativos quanto os pedagógicos para que atinjam sua principal finalidade a formação de seres humanos, propiciando que estes se apropriem da cultura e dos conhecimentos produzidos pela sociedade. Assim, o gestor torna-se o sujeito articulador na construção de um ambiente - dialógico e participativo, atento às demandas que surgem para o bom desenvolvimento do trabalho na busca pela qualidade e assertividade do processo educativo-pedagógico. Percebe-se que há escolas em que a equipe gestora oferece condições organizacionais, pautadas em princípios operacionais e pedagógicos que favoreçam um bom desempenho de professores e alunos em sala de aula de modo a se obter sucesso na aprendizagem. Em contrapartida há gestores que não concebem a educação como um processo de desenvolvimento humano, o que interfere na forma de organização da escola e em muitos casos, repercute negativamente no desempenho escolar dos estudantes e no ambiente escolar. O gestor quando consegue estabelecer na escola relações mais flexíveis e menos autoritárias entre educadores e toda comunidade escolar, deixa de ser a autoridade única da escola, o administrador burocrático que se preocupa apenas com a manutenção do prédio, preenchimento de papéis e suprimento de recursos materiais e humanos. Ele passa a ser o grande articulador entre as ações que ocorrem em todos os segmentos, priorizando as questões pedagógicas e mantendo as parcerias na construção e execução do trabalho educativo. Segundo Libâneo (2004, p. 217): Muitos dirigentes escolares foram alvos de críticas por práticas excessivamente burocráticas, conservadoras, autoritárias, centralizadoras. Embora aqui e ali continuem existindo profissionais com esse perfil, hoje estão disseminadas práticas de gestão participativa. Liderança participativa, atitudes flexíveis e compromisso com as necessárias mudanças na educação. Segundo Libâneo (2013) hoje estão sendo disseminadas práticas de gestão participativa que buscam atitudes mais flexíveis por parte dos gestores para que se atenda as necessárias mudanças na educação rompendo com as práticas excessivamente burocráticas ainda praticadas em algumas unidades escolares. 9698
4 4 Assim, o gestor precisa buscar meios de evidenciar as possibilidades de uma gestão democrática em prol de uma escola humanizadora, que tenha como pressuposto formar seres humanos históricos. Segundo Paulo Freire (1991), a unidade escolar que está submetida aos princípios da gestão democrática, deve convidar a comunidade escolar a participar, no entanto, essa participação é efetiva e implica em: [...] estar presente na história e não simplesmente estar nela representadas. Implica a participação política das classes populares através de suas representações no nível das opções, das decisões e não só do fazer o já programado. Por isso é que uma compreensão autoritária da participação e a reduz, obviamente, a uma presença concedida das classes populares a certos momentos da administração. (FREIRE, 1991, p.75). Precisamos pensar em novas formas de se organizar a gestão escolar buscando meios de envolver mais pessoas nas tomadas de decisões, na organização da escola e nas discussões que acontecem em seu interior. Michel Appple e James Beane (2001) retratam a questão da gestão democrática com a palavra nós. Destacam a necessidade da coletividade da seguinte forma: E é preciso lembrar quem somos nós. As escolas democráticas precisam basear-se numa definição abrangente de nós, num compromisso de construir uma comunidade que é tanto da escola quanto da sociedade onde ela existe. (APPLE, Michael; BEANE, James, 2001, p. 39). A partir das proposições evidenciadas neste texto e nas leituras oriundas da revisão bibliográfica, elegemos uma questão norteadora para a pesquisa. Como o gestor compreende seu papel enquanto mediador das ações que ocorrem dentro da escola para a construção de um ambiente democrático e humanizador? Ao longo da pesquisa aprofundaremos a reflexão a respeito da ação do gestor como agente humanizador no ambiente escolar, focando a gestão democrática, como fio condutor para a realização de uma prática humanizadora. Precisamos entender que educar é humanizar e que ser um humano significa estar em construção. Lutar pela humanização, fazer-nos humanos é a grande tarefa da humanidade (ARROYO, 2000, p.240). É urgente a constituição de práticas que envolva toda comunidade escolar em prol de uma educação ética, democrática e, acima de tudo humanizadora. Com o intuito de responder à questão supracitada, pesquisa de cunho qualitativo, que partirá de um estudo de caso, entrevistando gestores que contribuíram com seus fazeres para a modificação de ações dentro das escolas em prol de uma gestão democrática. 9699
5 5 Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica segundo Gil (2002), consiste em desenvolver um levantamento teórico em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Levando em conta essas definições, considera-se a importância de se adotar uma perspectiva dialética e dialógica para a pesquisa. A perspectiva dialógica e dialética ajuda a evitar a leitura unidimensional dos fenômenos, instigando a busca pelas diferenças e semelhanças entre os processos de gestão escolar das instituições a fim de entendê-los, não como parte isolada, mas como integrantes de uma realidade social contraditória e, portanto, passível de transformação pela ação dos sujeitos sociais. Os resultados obtidos até o momento levam a concluir que por conta de uma visão administrativa empresarial sob a gestão educacional no Brasil ter se perdurado por muito tempo, hoje se busca através das produções acadêmicas dar um novo enfoque para a atuação do gestor escolar tentando superar esse período, olhando para a gestão escolar como possibilidade de mobilização do humano, portanto o gestor precisa ter consciência que seu papel permeia entre o administrativo e o pedagógico, assim, o desafio é estabelecer estratégias que propicie a participação de todos os envolvidos no ambiente escolar pensando em uma educação que possa ser de fato democrática e humanizadora, que forme cidadãos conscientes e atuantes na sociedade Referências APPLE, Michel; BEANE, James. Escolas democráticas. São Paulo: Cortez, ARROYO, Miguel G. Oficio de mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis, RJ: Vozes, LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão Escolar: teoria e prática. 5ª ed. Goiânia: Alternativa, FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo, Cortez, PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: 17ª ed. Cortez, SANDER, Benno. Gestão da Educação na América Latina: Construção e Reconstrução de Conhecimento. Campinas, SP: Editora e Associados, LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática; 6ª edição, São Paulo, Heccus Editora (2013). GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pequisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas,
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