A GESTÃO PARTICIPATIVA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA
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- Giovanna Maranhão Coimbra
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1 A GESTÃO PARTICIPATIVA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA Teresa Leopoldina dos Santos Ribeiro 1 Anelise Bravo Friedriczewski 2 Resumo: A gestão escolar, com o viés participativo e democrático, demonstra-se cada vez mais importante no âmbito educacional e somente com a sua discussão será possível o desenvolvimento de sua implantação. Nesse sentido, este trabalho objetiva demonstrar a eficácia da gestão participativa na escola, de modo a estimular modificação de formas conservadoras de organização e gestão escolar, indicando alternativas criativas, que contribuam para a formação de um espaço a serviço da formação de cidadãos conscientes e críticos. Para tanto, este ensaio baseou-se no método dedutivo e na revisão bibliográfica para tecer suas considerações sobre o presente tema, o que vislumbrou a estreita ligação entre educação e cidadania. Palavras-chave: Gestão participativa; Educação; Comunidade escolar. Introdução As escolas têm como missão a educação, o ensino e a aprendizagem dos alunos, em relação a conhecimentos, informações científicas e, principalmente, valores, que se cumprem pelas atividades pedagógicas, curriculares e docentes. Assim, esses propósitos são assegurados pelas opções que a escola elegerá no que tange à sua organização e gestão, a fim de promover o ensino dos elementos e valores humanos supracitados. Elementos importantes da gestão participativa No âmbito escolar, a organização e a gestão são um conjunto de normas, ações e procedimentos que visam à racionalização do uso dos recursos disponíveis (humanos, financeiros, materiais, intelectuais), bem como a coordenação e acompanhamento (destinam-se a reunir, a articular e integrar as atividades dos agentes escolares, para alcançar os objetivos comuns). Para que estas duas principais características se efetivem, são postas em ação funções específicas de 1 Bacharela em Direito e graduanda do PEG da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). teresaleopoldina.adv@gmail.com 2 Bacharela em Tecnologia dos Alimentos e graduanda do PEG da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). anelisebf@gmail.com 1
2 planejar, organizar, dirigir e avaliar, sendo designada gestão a condução dessas funções (LIBÂNEO, 2007). A organização significa dispor de forma ordenada, dar uma estrutura, planejar uma ação e prover as condições necessárias para realizá-la. Assim, a organização escolar refere-se aos princípios e procedimentos relacionados à ação de planejar o trabalho da escola, racionalizar o uso de recursos (materiais, financeiros, intelectuais), coordenar e avaliar o trabalho das pessoas, tendo em vista a consecução de objetivos (LIBÂNEO, 2003). De acordo co Libâneo (2007), a escola como referência para a formulação da gestão das políticas educacionais não é uma idéia nova, mas vem ganhando força com as modificações do mundo contemporâneo. Assim, as propostas curriculares e demais dispositivos normativos referem-se a práticas organizacionais, com caráter autônomo e descentralizado, de maneira que a gestão é centrada na escola, mediante avaliação institucional. O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da democratização do processo pedagógico, participação responsável de todos nas decisões necessárias e na sua efetivação, mediante um compromisso coletivo, com resultados educacionais cada vez mais efetivos e significativos (LÜCK, 1998). A gestão participativa busca modificar as formas conservadoras de organização e gestão escolar, adotando formas alternativas, criativas, que contribuam para uma escola democrática a serviço da formação de cidadãos críticos e participativos, que possibilitem a transformação das relações sociais presentes. Outro ponto importante da participação democrática é o conhecimento amplo dos objetivos e das metas da escola, da estrutura organizacional e sua dinâmica, bem como as relações com a comunidade. Por sua vez, a autonomia consiste em um dos princípios da gestão participativa, sendo assim a escola responsável por suas próprias decisões e pela implementação de seu regimento interno, estabelecendo o que a comunidade deseja. Vale ressaltar que a participação dos pais e da sociedade ocorre devido à autonomia, a qual é relativa, tendo em vista que a instituição deve observar as normas gerais emanadas pelo sistema de ensino que, por sua vez, deve promover um ambiente de discussão e análise crítica feita pelos professores e diretores 2
3 escolares em torno da produção das normas que os regerão, a fim de proporcionar maior efetividade aos textos legislativos (LIBANEO, 2007). Para que a gestão participativa consiga atingir as suas finalidades é indispensável à estruturação e a distribuição das tarefas nos diferentes setores da sua organização. Assim, a instituição deve apresentar uma estrutura organizacional que envolva a participação do diretor, do conselho da escola, do setor técnico administrativo, da secretaria escolar, da zeladoria, da vigilância, do setor pedagógico, do orientador educacional, do conselho de classe e do corpo docente e dos alunos (LIBÂNEO, 2007). Dessa forma, procura-se demonstrar a eficácia da gestão participativa na escola. Pois esta tem como princípio a participação da comunidade escolar no processo de tomadas de decisões, concebendo a docência como um trabalho interativo, apostando na construção coletiva dos objetivos e do funcionamento da escola, por meio da dinâmica, diálogo e consenso. Vale mencionar que o referido sistema de gestão dispõe de quatro funções constitutivas, sendo o planejamento a sua primeira ação. Dessa atividade de planejamento resulta o Projeto Político Pedagógico, que é elaborado mediante as propostas e programas de ações planejadas, a serem executadas e avaliadas através dos princípios e diretrizes educativas, relacionando-se com as finalidades da instituição, sendo, portanto um documento norteador das políticas escolares e articulador das metas e estratégias, visando a sua função social (BARBOSA; MACHADO; RICETO, 2010). Conforme Libâneo (2007) tal documento é pedagógico por que formula objetivos sociais e políticos e meios formativos para dar uma direção ao processo, indicando por que e como se ensina e, sobretudo orientando o trabalho educativo para as finalidades sociais e políticas almejadas pelo grupo de educadores. Em relação à organização, esta objetiva a racionalização de recursos humanos, físicos, materiais, financeiros, criando e viabilizando as condições e modos para realizar o que foi planejado e garantindo as condições de funcionamento da escola. Sua presença ou ausência interferem na qualidade das atividades de ensino (LIBÂNEO, 2007). 3
4 Ainda, consoante Libâneo (2007), essas várias atividades podem ser agrupadas em quatro aspectos: organização da vida escolar, organização dos processos de ensino e aprendizagem, organização das atividades de apoio técnicoadministrativo, organização das atividades, que asseguram as relações entre escola e comunidade. Dessa forma, ao promover a atuação dos elementos ora conceituados, bem como proceder ao acompanhamento e controle das atividades, com o fito de se apurar os resultados e, a partir deles realizar as devidas mudanças, permite-se verificar a efetividade das ações coletivas, com vistas a seu aprimoramento. Por fim, deve-se destacar a posição de Ferreira, que defende a promoção da autoconsciência, a qual se dará mediante o conhecimento: [...] Somente quando se criam as condições mais plenas para a elaboração da autoconsciência, no sentido de consciência para si, então a cidadania realiza-se propriamente como soberania. Isso significa criar condições plenas para todos os seres humanos no planeta, num processo de autoconsciência que só se dará pelo conhecimento, pelas condições dignas de vida e pela participação na vida societária mundial, o que vai exigir uma outra qualidade e quantidade de conhecimento a ser adquirido (2004, p. 1239). Conclusão Ao analisar os elementos integrantes da gestão participativa, constata-se que a dinâmica entre eles tem um ponto comum, qual seja o desenvolvimento do material humano que constitui a escola e a comunidade, a qual está inserida. Ainda, essa forma de gestão procura estimular a proatividade de todos os sujeitos relacionados à instituição de ensino, demonstrando que todos têm o dever de educar, no sentido de incutir em seus alunos valores morais e éticos, que são essenciais para a vida em sociedade. Por fim, entende-se que a gestão participativa, além de se preocupar com o bom andamento escolar, prestigia o ensinamento de valores importantes para a formação de cidadãos conscientes de seu papel. E essa postura é complementada pela escola, da qual o aluno faz parte, refletindo na sua conduta perante sua família e, posteriormente, na sua comunidade e em todos os campos que esse indivíduo vier a atuar, promovendo um ciclo de desenvolvimento humano sem fim. 4
5 Referências BARBOSA, Maria Gislene da Costa; MACHADO, Débora Camargo; RICETO, Lindomar Aparecido. O papel do projeto político pedagógico e do currículo na Construção coletiva de uma escola de qualidade. Disponível em < Acesso em 02 mai FERREIRA, Naua Syria C. Repensando e ressignificando a gestão democrática da educação na cultura globalizada. In: Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 89, p , Set./Dez LIBÂNEO, José Carlos ET AL. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 5. ed. São Paulo: Cortez, O sistema de organização e de Gestão da Escola: teoria e prática. In. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, LÜCK, Heloísa. A dimensão participativa da gestão escolar. Gestão em Rede, Brasília, n. 9, p , ago
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