RECLAMATÓRIA TRABALHISTA

Transcrição

1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA PORTO ALEGRE/RS. VARA DO TRABALHO DE SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, inscrito no CNPJ sob o número / , com sede na Avenida Érico Veríssimo, 960 Menino Deus Porto Alegre RS CEP , neste ato representado pelo seu presidente ALEXANDRE MENDES WOLLMANN, brasileiro, casado, engenheiro, inscrito no CPF sob o número , por seus procuradores signatários, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presentee RECLAMATÓRIA TRABALHISTA em face de COMPANHIA ESTADUAL DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEE-D, empresa de economia mista, inscrita no CNPJ sob o nº / e Inscrição Estadual nº 096/ e de COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEE-GT, empresa de economia mista, inscrita no CNPJ sob o nº / e Inscrição Estadual nº 096/ , ambas localizadas no Centro Administrativo Engenheiro Noé de Mello Freitas, à Avenida Joaquim Porto Villanova, nº 201, Prédio A, Bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre/RS, CEP , pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

2 I DA SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL O Sindicato Autor promove a presente ação como substituto processual dos integrantes da categoria, empregados das Rés, inclusive em benefício daqueles que não são associados. Está explícito este poder amplo e maior no inciso III, do artigo 8º º, da Constituição Federal, nos seguintes termos: Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. Atualmente, essa legitimidade para substituir as partes no processoo está ainda mais evidenciada, ante o disposto no art. 3º da Lei nº 8.073/90, que estabelece, in verbis: Art. 3º As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos integrantes da categoria. A norma faz referência expressa à substituição processual da categoria, sem cogitar de associados ou não associados. Assim, comparece o Sindicato Reclamante perante esta Justiça do Trabalho com a presente ação, em nome dos engenheiros empregados e ex-empregados das Reclamadas no período sub judice. Dessa forma, estão plenamente preenchidas as condições estabelecidas no art. 6º, do Código de Processo Civil, de aplicação subsidiária ao processo do trabalho. II DO MÉRITO O Sindicato Reclamante firmou Acordos Coletivos de Trabalho 2014/2015 com as Reclamadas, abrangendo a categoria dos Engenheiros do Estado do Rio Grande do Sul.

3 O Acordo Coletivo de Trabalho firmado com a Reclamada CEEE-D da Reclamada no custeio dos planos de saúde. prevê em sua cláusula Décima Nona a participação Vejamos: 19. PLANO DE SAÚDE A CEEE-D continuará participando no custeio dos planos de saúde no valor de até R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) por empregado, incluindo dependentes e agregados, limitado ao valor total do plano. No mesmo sentido é a cláusula Vigésima Quinta prevista no Acordo Coletivo de Trabalho firmado com a Reclamada CEEE-GT, in verbis: AUXÍLIO SAÚDE CLÁUSULA VIGÉSIMA QUINTA PLANO DE SAÚDE A CEEE-GT continuará participando no custeio dos planos de saúde no valor de até R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) por empregado, incluindo dependentes e agregados, limitado ao valor total do plano. Observa-se que tais cláusulas não determinam qual plano de saúde será subsidiado pelas empresas, mas sim referem que estas continuarão participando no custeio dos planos de saúde, de modo que o Engenheiro empregado poderá, ao seu critério, escolher o melhor plano de saúde que lhe convir. Ocorre que as Reclamadas vêm descumprindo parcialmente os Acordos Coletivos de Trabalho firmados com o Sindicato Reclamante, no tocante à cláusula décima nona, quanto à CEEE-D, e vigésima quinta, quanto à CEEE-GT, uma vez que só alcançam os referidos subsídios àqueles empregados que aderem apenas aos planos de saúde reconhecidos e credenciados junto às Companhias Reclamadas, restringindo a opção dos funcionários que poderiam optar por outro plano que julguem mais abrangente e que satisfaçam melhor suas necessidades. Sendo assim, o empregado que optar por plano de saúde não credenciado junto às Empresas Reclamadas, não receberá o auxílio saúde, tendo que arcar com o valor integral da mensalidade, restando flagrantemente descumpridas as cláusulas que prevêem a participação das empresas Reclamadas no custeio dos planos de saúde de até R$ 320,00 (trezentos e vinte reais) por empregado.

4 Cumpre referir que o valor de auxílio saúde, foi reajustado para R$ 340,00 (Trezentos e quarenta reais), desde Maio de Ressalta-se, ainda - fazendo uma análise comparativa - que as Companhias Reclamadas alcançam auxílio creche no valor mensal de R$ 384,88 (trezentos e oitenta e quatro reais e oitenta e oito centavos), e, neste caso, não determinam quais as creches deverão ser matriculados os filhos dos empregados para que estes recebam o auxílio (cláusula 5 do Acordo Coletivo de Trabalho firmado com a CEEE-D e cláusula vigésima nona do Acordo Coletivo de Trabalho firmado com a CEEE-GT). Aliás, o empregado nem precisa comprovar que o filho(a) está efetivamente matriculado em creche para receber o benefício em comento. Basta comprovar que possui filho com idade entre 07 (sete) e 72 (setenta e dois) meses para receber o valor do auxílio. As participações no custeio dos planos de saúde não se tratam de mera liberalidade dos empregadores, na medida em que integra as vantagens que as Companhias concedem ao trabalhador para que este realize seu trabalho. Sendo assim, uma vez havendo o fornecimento desse benefício pelo empregador, esse não poderá mais ser suprimido, pois passa a integrar o patrimônio jurídico do empregado, constituindo-se sua supressão em alteração do contrato de trabalho em prejuízo do empregado, o que é vedado pela legislação trabalhista em vigor: Art Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. É evidente que, em um País em que a saúde pública é precária, trata-se de uma vantagem contratual de peso e não são poucos os trabalhadores que optam por trabalhar na empresa X ou Y considerando o tipo de plano de saúde concedido.

5 Assim, a participação no custeio dos planos de saúde, garantida ao trabalhador através de Acordo Coletivo de Trabalho, integra o contrato de trabalho, sendo vedada sua supressão e mesmo a alteração na forma de concessão do benefício se tal alteração for prejudicial ao empregado. E disso não há dúvida, uma vez que as Reclamadas só alcançam a participação àqueles que aderem aos planos reconhecidos e registrados nas Companhias. Nesse sentido dispõe a Súmula 277 do TST. Vejamos: Súmula nº 277 do TST CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em ) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho. Observa-se que os Acordos Coletivos de Trabalho 2014/2015 não possuem qualquer cláusula que relacione os planos de saúde que deverão ser custeados pelas Reclamadas, de modo que tal participação deverá abranger todos os empregados que possuem plano de saúde, independentemente da operadora escolhida. Ademais, a cláusula quinquagésima sexta do Acordo Coletivo de Trabalho da CEEE-GT exclui o benefício do plano de saúde apenas aos aposentados ex-autárquicos. Dessa forma, impõe-scláusula 19 do Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015 firmado com a CEEE-D, e na cláusula a participação no custeio dos planos de saúde, prevista na vigésima quinta do Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015 firmado com a CEEE-GT, a todos os empregados das Companhias Reclamadas, independentemente do plano de saúde escolhido, conforme acima fundamentado.

6 III DOS HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS A Lei nº 5.584/70 determina a condenação do vencido nos honorários, quando a parte percebe menos do que duas vezes o salário mínimo ou prova não ter condições de suportar o pagamento de custas processuais e de honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família. Na esfera trabalhistaa a interpretação destas normas encontra-se consubstanciada no Enunciado nº 219 do TST. Vejamos: I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, nunca superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte, concomitantemente: a) estar assistida por sindicato da categoria profissional; b) comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. (art.14, 1º, da Lei nº 5.584/ /1970). (ex-oj nº 305da SBDI-I) II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista. III São devidos os honorários advocatícios nas causas em que o entee sindical figure como substituto processual e nas lides que não derivem da relação de emprego. Havendo substituição processual, o entendimento predominante da jurisprudência é traduzido pelo Enunciado nº 220 da Súmula do TST: "Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70, são devidos os honorários advocatícios, ainda que o sindicato figure como substituto processual." A Lei nº 7.510/86, dando nova redação à Lei 1.060/50, admite como prova desta condição de hipossuficiência econômica a simples declaração da parte, formulada na petição inicial.

7 Exatamente nos termos acima, declara o Sindicato Reclamante que os empregados das Reclamadas, aqui substituídos processualmente, não têm condições de suportar o pagamento de custas processuais e honorários de advogado, devendo estes serem suportados pelas Reclamadas, nos termos dos Enunciados nºs 219 e 220 do TST. Os demonstrativos anexos mostram o baixo poder aquisitivo dos empregados das Reclamadas, aqui substituídos processualmente, tornando cabível a sua condenação no pagamento de honorários assistenciais na forma dos Enunciados 219 e 220 TST. IV DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer: 1) Receber e devidamente processar a presente Reclamatória, deferindo ao Reclamante e aos substituídos, em caráter liminar, o Benefício da Assistência Judiciária, e, também, a dispensa de quaisquer despesas emergentes do presente processo, pois não pode suportá-las sem comprometer a própria sobrevivência da entidade e os interesses dos seuss associados, bem como dos substituídos beneficiários da ação, declaração que se faz na forma legal e para todos os efeitos com o presente ato; 2) Determinar a notificação das Reclamadas em seus respectivos endereços, conforme acima indicado, para que, querendo, contestem a presente ação, sob pena de revelia e confissão; 3) Por oportuno, ressalte-see que o SINDICATO DOS ENGENHEIROS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, atua no presente feito como substituto processual, na forma do inciso III do art. 8º da Constituição Federal e como representante na forma prevista no art. 843 da CLT; Por fim, requer: 4) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamatória Trabalhista, para:

8 A) Reconhecer o direito dos empregados substituídos ao recebimento da participação no custeio dos planos de saúde, independentemente da operadora escolhida pelo empregado, conforme previsto na cláusula décima nona do Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015 firmado com a CEEE-D, e na cláusula vigésima quinta do Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015 firmado com a CEEE-GT, nos termos da fundamentação acima; B) Condenar as Reclamadas ao pagamento das diferenças referentes à participação no custeio dos planos de saúde, durante todo o período de vigência dos Acordos Coletivos de Trabalho 2014/2015, bem como as parcelas retroativas, observada a prescrição quinquenal; C) Condenar as Reclamadas ao pagamento das participações no custeio dos planos de saúde, independentemente da operadora escolhida pelo empregado, conforme previsto em Acordo Coletivo de Trabalho constante na cláusula décima nona (CEEE-D) e na cláusula vigésima quinta (CEEE-GT), considerando o reajuste já praticado no valor de R$ 340,00 (trezentos e quarenta reais) ), mesmo após o período de vigência dos Acordos Coletivos de Trabalho 2014/2015, uma vez que tal benefício integra o patrimônio jurídico do empregado, conforme acima fundamentado; D) Requer seja o valor da condenação acrescido de honorários advocatícios e de assistência judiciária, na forma das Leis 1.060/50, 5.584/70, 8.906/94, artigo 20 do CPC, e artigos 5º, LV e 133 da CF, ante a credencial sindical em anexo, bem como das disposições dos artigos 389 e 404 do Novo Código Civil, uma vez que os substituídos não devem ser penalizados com mais os encargos para a defesa de seus direitos, cabendo imposição de tal ônus a quem deu causa a necessidade do presente processoo judicial. 5) Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente a prova pericial, depoimento pessoal das Reclamadas, oitiva de testemunhas, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis;

9 6) Por fim, requer que as intimações sejam feitas exclusivamente em nome da advogada Karla Schumacher Vitola, inscrita na OAB/RS , sob pena de nulidade. Valores ilíquidos a serem apurados em liquidação de sentença. Dá-se à causa, meramente para efeitos de alçada, o valor de R$ ,00 (Sessenta mil reais). Termos em que pede e espera deferimento. Porto Alegre, 17 de Março de Karla Schumacher Vitola Rodrigo Pitomboo Vitola OAB/RS OAB/RS Fernanda Porchetto Martins OAB/RS