Ajuste Fiscal em 2011.
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1 1 Ajuste Fiscal em Mansueto Almeida (23/NOV/2011) 1. No início do ano, o governo divulgou um programa de contenção de despesas no qual prometia uma economia de R$ 50 bilhões em relação aos valores aprovados no orçamento. Parte dessa economia de R$ 50 bilhões, o equivalente a R$ 15 bilhões, viria da redução de despesas obrigatórias com destaque para o corte de R$ 8,9 bilhões na conta de subsídios e subvenções econômicas que teria seu orçamento reduzido de R$ 15,2 bilhões para R$ 6,2 bilhões. Outras duas contas de cortes expressivos seriam a conta pessoal e encargos sociais (redução de R$ 3,5 bilhões) e seguro-desemprego (redução de R$ 3 bilhões). Tabela 1 Reprogramação das Despesas Obrigatórias - 2. Passados mais de dez meses, está na hora de perguntar se de fato o ajuste fiscal foi entregue como planejado. Vamos começar a análise pelas despesas obrigatórias e, em seguida, vamos fazer o mesmo para as despesas discricionárias dos ministérios. No caso do seguro-desemprego, ao contrário do que era esperado pelo decreto de fevereiro, nada foi economizado nesta conta que continua crescendo apesar da redução da taxa de desemprego. No decreto de fevereiro, havia sido feita a estimativa de gastar com seguro-desemprego R$ 27 bilhões, em Na 4ª e 5ª avaliação bimestral essa conta foi reestimada para R$ 35,3 bilhões; quase R$ 8 bilhões a mais do que o governo havia planejado. Apenas esta conta já comeu parte da economia de R$ 15 bilhões que era esperada com despesas obrigatórias. 3. A conta de maior corte, Subsídios, Subvenções e Proagro ainda é uma anomalia. O corte planejado dessa conta de R$ 8,9 bilhões foi excessivo dado a montanha de restos a pagar que foram deixados para ser pagos este ano. Por exemplo, já em janeiro, a conta subsídios e
2 2 subvenções econômicas teve um pagamento de quase R$ 700 milhões de restos a pagar do PRONAF. A suposta economia esperada para esta conta ainda não é muito clara. 4. Na 5ª avaliação bimestral, o governo aumentou o valor dessa conta em apenas R$ 500 milhões, de R$ 6,3 bilhões para R$ 6,8 bilhões. Acontece que essa conta deveria ser a conta subsídios e subvenções econômicas da tabela do Tesouro Nacional que, no último dado divulgado até outubro, já é de R$ 9,3 bilhões; o que representa um crescimento de 23% em relação aos primeiros dez meses do ano passado. É estranho essa divergência entre a tabela do Tesouro que mostra os subsídios crescendo e o valor da 5ª avaliação bimestral. De qualquer forma, a projeção de economia inicial ainda é quase a mesma. 5. Por fim, as despesas com benefícios previdenciários que haviam sido reprogramadas para R$ 276,4 bilhões, em fevereiro, foram elevadas para R$ 283,4 bilhões na 5 a avaliação bimestral. Ou seja, utilizando as projeções oficiais, o governo havia estimado uma economia de R$ 15 bilhões nas despesas obrigatórias, mas essa economia em cima do gasto executado foi reduzida pelo crescimento inesperado do seguro-desemprego e dos benefício previdenciários. 6. No caso dos gastos discricionários, os ministérios que sofreram os maiores cortes no contingenciamento de fevereiro foram, respectivamente: (1) Ministério das Cidades (-R$ 8,6 bilhões); (2) Ministério da Defesa (- R$ 4,3 bilhões); (3) Ministério da Educação (-R$ 3,1 bilhões); (4) Ministério do Turismo (-R$ 3 bilhões); (5) Ministério dos Transportes (-R$ 2,4 bilhões), e (6) Min da Integração Nacional (- R$ 1,8 bilhão). No total, o corte das despesas discricionárias de todos os ministérios totalizaria R$ 36 bilhões, que junto aos R$ 15 bilhões do corte das despesas obrigatórias, levaria à economia de cerca de R$ 50 bilhões. No caso específico desses seis ministérios, o corte prometido era de R$ 23 bilhões. Maiores Cortes Anunciados de Despesas Discricionárias por Ministério R$ Bilhões Min da Cidades 8,60 Min da Defesa 4,30 Min da Educação 3,10 Min do Turismo 3,00 Min dos Transportes 2,40 Min da Int. Nacional 1,80 SUBTOTAL 23,20 7. Há que se fazer um alerta em cima do corte que foi anunciado em fevereiro deste ano. Os cortes programados das despesas discricionárias foram cortes em cima do orçamento, ou seja, do gasto autorizado. Na verdade, o gasto público da grande maioria desses ministérios mostra, de janeiro a outubro, um crescimento que não é compatível com a suposta economia fiscal real que muitos analistas chegaram a destacar. Na verdade, a economia real vem da forte desaceleração da
3 3 execução do investimento público, que é o item do gasto que de fato é reduzido em todas as tentativas de ajuste fiscal de curto prazo como foi o caso de 1999, 2003 e Execução Orçamentária dos Ministérios 8. Os anexos I e II detalham a execução orçamentária de todos os ministérios para as despesas de investimento e custeio. Ao que parece, de acordo com os dados de investimento público até outubro publicados pelo Tesouro Nacional, o investimento público, que é um gasto discricionário, teve uma queda nominal na sua execução em relação ao ano passado. Da lista acima dos ministérios com maior corte nas despesas discricionárias, há dois ministérios que apresentaram uma forte queda na execução do investimento público: Ministério da Integração Nacional (-R$ 1,7 bilhão) e Ministério das Cidades (- R$ 1,3 bilhão). Os demais da lista acima, tiveram uma forte desaceleração do investimento e apenas dois não tiveram queda nominal da execução. 9. Há dois fatos interessantes. Primeiro, nos dois ministérios de maior queda do investimento executado, um deles não foi afetado pelas recentes trocas de ministro. Esse é o caso do Ministério da Integração. Segundo, embora a economia de corte de despesas discricionárias esteja ainda longe do que foi divulgado, havia a expectativa de que o investimento público fosse preservado. Execução do Investimento Público JAN-OUT R$ mil correntes Fonte: Tesouro. Elaboração: Mansueto Almeida VAR. Min da Cidades , ,20 ( ,00) Min da Defesa , , ,70 Min da Educação , , ,00 Min do Turismo , ,60 ( ,60) Min dos Transportes , ,40 ( ,20) Min da Int. Nacional , ,70 ( ,40) SUBTOTAL , ,50 ( ,50) 9. Quando se faz o mesmo exercício para as despesas de custeio (não adianta fazer para despesas com pessoal por que essa despesa é obrigatória), chega-se à conclusões um pouco diferentes da execução do investimento. Ao contrário do investimento público, a execução da despesa de custeio dos ministérios que tiveram os maiores cortes anunciados teve uma execução normal, com destaque para o Ministério da Educação e Ministério das Cidades. Por sinal, esse forte crescimento da despesas de custeio do Ministério da Cidade deverá se repetir ao longo dos próximos anos já que a execução do programa Minha Casa Minha Vida toma a forma de despesa de custeio, que são as transferências que o governo faz para o Fundo de Arrendamento
4 4 residencial (FAR) que irá subsidiar a venda dos imóveis construídos para as famílias de baixa renda. Execução das Despesas de Custeio (GND-3) JAN-OUT R$ mil correntes VAR. Min da Cidades , , ,16 Min da Defesa , , ,59 Min da Educação , , ,89 Min do Turismo , , ,73 Min dos Transportes , , ,80 Min da Int. Nacional , , ,79 SUBTOTAL , , , Não se pode negar que da lista de ministérios acima, o governo de fato reduziu as despesas dos Ministério do Turismo e no Ministério da Integração Nacional, que tiveram queda tanto do investimento quanto do custeio. Mas o único Ministério em que o corte orçamentário se transformou em corte real foi o Min da Integração, que até outubro mostra um corte real na execução de R$ 1,8 bilhão, exatamente o montante planejado. 11. Por fim, quero destacar dois pontos, Primeiro, para o grupo de ministérios acima, a expansão do custeio mais do que compensa a queda do investimento público, corroborando um ponto que chamei atenção desde o início do ano. O corte anunciado pelo governo de R$ 50 bilhões era um corte em cima do orçamento, que não significava, necessariamente, corte de programas que são essenciais. 12. Segundo, mesmo o corte anunciado nas despesas discricionárias anunciado foi relaxado com a liberação recente de R$ 12 bilhões para os três poderes. Assim, o corte real será inferior ao divulgado devido ao crescimento inesperado da arrecadação em mais de R$ 44 bilhões. De qualquer forma, como tem sido a norma no Brasil desde o início dos anos 90, ajuste fiscal corre mais do lado da receita do que da despesa.
5 5 ANEXO I EXECUÇÃO DAS DESPESAS DE CUSTEIO POR MINISTÉRIO JAN- OUT R$ mil Órgão Superior (Cod/Desc) VARIAÇÃO CAMARA DOS DEPUTADOS , , , SENADO FEDERAL , , , TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIAO , , , SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL , , , SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA , , , JUSTICA FEDERAL , , , JUSTICA MILITAR DA UNIAO , , , JUSTICA ELEITORAL , , , JUSTICA DO TRABALHO , , , JUSTICA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS , , , CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA , ,75 780, PRESIDENCIA DA REPUBLICA , , , MINISTERIO DO PLANEJAMENTO,ORCAMENTO E GESTAO , , , MINIST. DA AGRICUL.,PECUARIA E ABASTECIMENTO , , , MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA , , , MINISTERIO DA FAZENDA , , , MINISTERIO DA EDUCACAO , , , MINISTERIO DO DESENV,IND. E COMERCIO EXTERIOR , , , MINISTERIO DA JUSTICA , , , MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA , , , MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL , , , MINISTERIO PUBLICO DA UNIAO , , , MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES , , , MINISTERIO DA SAUDE , , , MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO , , , MINISTERIO DOS TRANSPORTES , , , MINISTERIO DAS COMUNICACOES , , , MINISTERIO DA CULTURA , , , MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE , , , MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO , , , MINISTERIO DO ESPORTE , , , MINISTERIO DA DEFESA , , , MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL , , , MINISTERIO DO TURISMO , , , MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOM , , , MINISTERIO DO DESENV. SOCIAL E COMBATE A FOME , , , MINISTERIO DAS CIDADES , , , MINISTERIO DA PESCA E AQÜICULTURA , , , CONSELHO NACIONAL DO MINISTERIO PUBLICO 4.841, , ,79 Fonte: SIAFI. Inclui execução dos Restos a Pagar.
6 6 ANEXO II EXECUÇÃO DAS DESPESAS DE INVESTIMENTO POR MINISTÉRIO JAN OUT R$ Mil Órgão Superior (Cod/Desc) VARIACAO CAMARA DOS DEPUTADOS , , , SENADO FEDERAL , , , TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIAO , , , SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL , , , SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICA , ,60 (19.334,30) JUSTICA FEDERAL , , , JUSTICA MILITAR DA UNIAO 5.375, ,70 (1.202,40) JUSTICA ELEITORAL , ,80 ( ,70) JUSTICA DO TRABALHO , , , JUSTICA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITORIOS , ,40 (3.571,50) CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA , , , PRESIDENCIA DA REPUBLICA , , , MINISTERIO DO PLANEJAMENTO,ORCAMENTO E GESTAO , ,00 (69.885,40) MINIST. DA AGRICUL.,PECUARIA E ABASTECIMENTO , , , MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA , , , MINISTERIO DA FAZENDA , , , MINISTERIO DA EDUCACAO , , , MINISTERIO DO DESENV,IND. E COMERCIO EXTERIOR , , , MINISTERIO DA JUSTICA , , , MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA , ,10 56, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL , ,10 ( ,80) MINISTERIO PUBLICO DA UNIAO , , , MINISTERIO DAS RELACOES EXTERIORES , ,00 (17.766,80) MINISTERIO DA SAUDE , ,70 (83.889,10) MINISTERIO DO TRABALHO E EMPREGO , ,10 (6.283,80) MINISTERIO DOS TRANSPORTES , ,40 ( ,20) MINISTERIO DAS COMUNICACOES , , , MINISTERIO DA CULTURA , ,30 759, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE , , , MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO , ,50 ( ,20) MINISTERIO DO ESPORTE , ,10 ( ,10) MINISTERIO DA DEFESA , , , MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL , ,70 ( ,40) MINISTERIO DO TURISMO , ,60 ( ,60) MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME , , , MINISTERIO DAS CIDADES , ,20 ( ,00) MINISTERIO DA PESCA E AQÜICULTURA , ,40 224, CONSELHO NACIONAL DO MINISTERIO PUBLICO 905,80 922,20 16, , ,00 ( ,90) FONTE: Tesouro Nacional
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