SAÚDE-DOENÇA NO BRASIL - Décadas de 60/70
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- Daniel Espírito Santo Carneiro
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1 SAÚDE-DOENÇA NO BRASIL - Décadas de 60/70 O governo brasileiro iniciara a fase de ataque de sua campanha contra a varíola, com vacinação em massa, cobrindo 88% da população brasileira; organização de uma rede de vigilância epidemiológica; a criação, na Fiocruz, de um laboratório de referência para apoiar o programa de erradicação. Em 1970, o Brasil era o único país do continente americano a registrar casos de varíola. No ano seguinte, descobriu-se um foco no Rio de Janeiro, no subúrbio de Olaria, com 20 casos. O último caso, detectado em 19 de abril, foi também o derradeiro caso nas Américas. Dois anos depois, após intensa vigilância sem que nenhum novo caso tenha sido registrado, a OMS declarou a varíola erradicada do continente americano.
2 SAÚDE-DOENÇA NO BRASIL ANOS 70/80 Três tendências principais: - Aprofundamento das bases matemáticas; - Proposta de uma Epidemiologia clinica (tendência à biologização); - Reafirmação do processo saúde-enfermidade-cuidado, considerando os aspectos econômicos e políticos de seus determinantes, em oposição à biologização ; Na Europa e na América Latina surgiram abordagens mais críticas da Epidemiologia em resposta a essa tendência de biologização da Saúde Pública, reafirmando a influência dos determinantes sociais da saúde (DSS) no processo saúde-doença.
3 SAÚDE-DOENÇA NO BRASIL - Décadas de 70/80 Novos desafios surgiram: doenças antigas reapareceram e novas enfermidades despontaram, as chamadas doenças emergentes destacando, nesse contexto, a pandemia da SIDA ou AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).
4 SAÚDE-DOENÇA NO BRASIL - Décadas de 90/ I Congresso Brasileiro de Epidemiologia, em Campinas; Criação do CENEPI Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia IV Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil.
5 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA (Período Pré-Patogênico e Patogênico) EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA Professor Esp. André Luís Souza Stella
6 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA História natural da doença: é o nome dado ao conjunto de processos interativos compreendendo as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento. Estes processos, compreendem: As primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente; A resposta do homem ao estímulo; As alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte; 6
7 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA História natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: 1. Período Epidemiológico : o interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente. 2. Período Patológico: interessam as modificações que se passam no organismo vivo. 7
8 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA Abrange, portanto, dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições; o meio interno, lócus da doença, onde se processaria, de forma progressiva, uma série de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas, próprias de uma determinada enfermidade. 8
9 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA PERÍODO DE PRÉ-PATOGÊNESE O primeiro período da história natural: é a própria evolução das inter-relações dinâmicas, que envolvem, de um lado, os condicionantes sociais e ambientais e, do outro, os fatores próprios do suscetível, até que se chegue a uma configuração favorável á instalação da doença. É também a descrição desta evolução. Envolve, como já foi referido antes, as inter-relações entre os agentes etiológicos da doença, o suscetível e outros fatores ambientais que estimulam o desenvolvimento da enfermidade e as condições sócio-econômico-culturais que permitem a existência desses fatores. 9
10 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA PERÍODO DE PATOGÊNESE É o seguimento da história natural da doença com a sua implantação e evolução no homem. É o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as perturbações na forma e na função, evoluindo para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. 10
11 EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA E BIOESTATÍSTICA Professor Esp. André Luís Souza Stella
12 EPIDEMIOLOGIA
13 EPIDEMIOLOGIA Etimologia da palavra epidemiologia Formada pela junção do prefixo epí (em cima de, sobre) com o radical - demos significando povo. O sufixo logos, também vem do grego que corresponde a estudo, doutrina. Então, etimologicamente a palavra epidemiologia significa Estudo do que afeta a população.
14 EPIDEMIOLOGIA Definição de Epidemiologia Existem várias definições para o termo epidemiologia. O conceito original se restringia ao estudo de doenças transmissíveis, entretanto, houve uma evolução no conceito que passou a abranger todos os eventos relacionados ao processo saúde/doença da população.
15 EPIDEMIOLOGIA Definição de Epidemiologia Segundo Rouquayrol (1999) epidemiologia é a ciência que estuda o processo saúde/doença em coletividades humanas, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças. Enquanto a abordagem clínica se dedica ao estudo da doença no indivíduo, a epidemiologia estuda os problemas de saúde em coletividades humanas.
16 EPIDEMIOLOGIA A epidemiologia se constitui na principal ciência da informação em saúde e é considerada a ciência básica da saúde coletiva.
17 EPIDEMIOLOGIA SAÚDE COLETIVA É a ciência e a arte de evitar doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física, mental e a eficiência, através de esforços organizados da sociedade, para: - o saneamento do meio ambiente; - o controle das infecções entre as pessoas; - a organização de serviços médicos e paramédicos para prevenção, diagnóstico precoce e o tratamento da doença; - o aperfeiçoamento da máquina social que assegurará a cada individuo, dentro da sociedade, um padrão de vida adequado à manutenção da sua saúde. (Winslow citado por Rouquayrol, 1999)
18 EPIDEMIOLOGIA A epidemiologia é uma ciência fundamental para a saúde pública. A epidemiologia tem dado grande contribuição à melhoria da saúde das populações. A epidemiologia é essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças emergentes.
19 EPIDEMIOLOGIA - APLICAÇÕES - Diversas fases do ciclo da vida; - Diversos tipos de problemas de saúde: Epidemiologia da AIDS, Epidemiologia das doenças infecciosas; Epidemiologia das doenças cardiovasculares; Epidemiologia do câncer; Epidemiologia nutricional; Epidemiologia das violências; Epidemiologia do uso de substâncias psicoativas; Epidemiologia em saúde mental, em saúde bucal, na saúde do trabalhador, entre outras aplicações); Epidemiologia aplicada ao SUS.
20 O PROBLEMA EPIDEMIOLÓGICO Em epidemiologia, o problema tem origem quando doenças acometem grupos humanos É a necessidade de remover fatores ambientais contrários à saúde ou de criar condições que a promovam, que determina a problemática própria da epidemiologia.
21 ALVO DE ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO O alvo de um estudo epidemiológico é sempre uma população humana, que pode ser definida em termos geográficos ou outro qualquer. Por exemplo, um grupo específico de pacientes hospitalizados ou trabalhadores de uma indústria pode constituir uma unidade de estudo. Em geral, a população utilizada em um estudo epidemiológico é aquela localizada em uma determinada área ou país em um certo momento do tempo.
22 EPIDEMIOLOGIA CLÍNICA A epidemiologia está, também, preocupada com a evolução e o desfecho (história natural) das doenças nos indivíduos e nos grupos populacionais. A aplicação dos princípios e métodos epidemiológicos no manejo de problemas encontrados na prática médica com pacientes, levou ao desenvolvimento da epidemiologia clínica.
23 CLÍNICA x EPIDEMIOLOGIA
24 EPIDEMIOLOGIA Tradicionalmente dividida em Epidemiologia Descritiva e Analítica: Descritiva: estuda a frequência e a distribuição dos parâmetros de saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações. Põe em evidência as características da ocorrência das doenças nas populações utilizando dados relativos à distribuição geográfica ou espacial e temporal e segundo características dos indivíduos afetados.
25 EPIDEMIOLOGIA Tradicionalmente dividida: Analítica: testa hipóteses de relações causais. Formula uma hipótese de trabalho e, valendo-se de métodos estatísticos, busca a comprovação científica da hipótese formulada, através do estabelecimento e associações entre doenças e determinados fatores de risco ou exposição.
26 ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO A epidemiologia é frequentemente utilizada para descrever o estado de saúde de grupos populacionais. O conhecimento da carga de doenças que subsiste na população é essencial para as autoridades em saúde.
27 ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO Esse conhecimento permite melhor utilização de recursos através da identificação de programas curativos e preventivos prioritários à população. Em algumas áreas especializadas, tais como na epidemiologia ocupacional e ambiental, a ênfase está no estudo de populações com exposições muito particulares.
28 ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO
29 MEDIR SAÚDE E DOENÇA Medir saúde e doença é fundamental para a prática da epidemiologia. Diversas medidas são utilizadas para caracterizar a saúde das populações. O estado de saúde da população não é totalmente medido em muitas partes do mundo, e essa falta de informações constitui um grande desafio para os epidemiologistas.
30 MEDIDAS DE SAÚDE Existe dificuldade de medir saúde. Para avaliar o nível de saúde de uma população buscam-se os dados negativos (não-saúde): MORTE, DOENÇA E AGRAVOS
31 MEDINDO A FALTA DE SAÚDE Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença. O termo doença compreende todas as mudanças desfavoráveis em saúde, incluindo acidentes e doenças mentais. Várias medidas da ocorrência de doenças são baseadas nos conceitos fundamentais de incidência e prevalência.
32 MEDINDO A FALTA DE SAÚDE Um importante fator a considerar no cálculo das medidas de ocorrência de doenças é o total de pessoas expostas, ou seja, indivíduos que podem vir a ter a doença. Idealmente, esse número deveria incluir somente pessoas que são potencialmente suscetíveis de adquirir a doença em estudo. Por exemplo, os homens não deveriam ser incluídos no cálculo da ocorrência de câncer de colo uterino.
33 MEDINDO A FALTA DE SAÚDE POPULAÇÃO TOTAL TODAS AS MULHERES TODOS OS HOMENS GRUPO DE RISCO MULHERES 0 A 24 ANOS 25 A 69 ANOS 70 ANOS OU MAIS 25 A 69 ANOS População de risco no estudo de carcinoma de colo uterino
34 POPULAÇÃO DE RISCO As pessoas susceptíveis a determinadas doenças são chamadas de população em risco e podem ser estudadas conforme fatores demográficos, geográficos e ambientais. Por exemplo, acidentes de trabalho só ocorrem entre pessoas que estão trabalhando. Assim, a população em risco é constituída somente por trabalhadores.
35 RISCO E FATOR DE RISCO Devido ao seu caráter eminentemente observacional, a lógica de base da moderna epidemiologia estrutura-se em torno de um conceito fundamental RISCO - e de um conceito correlato FATOR DE RISCO. De modo simplificado podemos dizer que o objeto da epidemiologia é o risco e seus determinantes.
36 RISCO É o conceito epidemiológico do conceito matemático de probabilidade. É a probabilidade de ocorrência de uma doença, agravo, óbito ou condição relacionada à saúde (incluindo cura, recuperação ou melhora), em uma população ou grupo, durante um período determinado. É estimado sob a forma de uma proporção (razão entre duas grandezas, na qual o numerador se encontra necessariamente contido no denominador).
37 RISCO A definição epidemiológica de risco compõe-se obrigatoriamente de três elementos: ocorrência de casos de óbito-doença-saúde (numerador) base de referência populacional (denominador) base de referência temporal (período)
38 FATOR DE RISCO Pode ser definido como o atributo de um grupo da população que apresenta maior incidência de uma doença ou agravo à saúde em comparação com outros grupos definidos pela ausência ou menor exposição a tal característica. Ex.: FUMAR é um FATOR DE RISCO para o desenvolvimento de Câncer no Pulmão, relacionado a população de não-fumantes.
39 FATOR E MARCADOR DE RISCO Fator de risco cujo efeito pode ser prevenido (sedentarismo, obesidade, fumo, colesterol sérico, contraceptivos orais para a doença coronariana) Marcadores de risco atributos inevitáveis, já dados, cujo efeito encontra-se, portanto, fora da possibilidade de controle (sexo e grupo étnico para d. coronariana).
40 FATOR E MARCADOR DE RISCO A doença arterial coronariana é causada por um crescimento de depósitos gordurosos e ceráceos na parte interna das suas artérias. Historicamente a doença coronariana atinge pessoas acima de 45 anos de idade (sexo masculino) e 55 (sexo feminino),
41 FONTES DE INFORMAÇÃO Sistemáticas: >> censos demográficos >> sistemas de informação em saúde >> registros de doenças, policiais, etc. Assistemáticas: Levantamentos especiais (população total ou amostra) Dados primários e dados secundários
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