Unidade II. Podemos elencar os vários fatores associados ao estudo da ergonomia. São eles:
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- João Lucas Canejo Aleixo
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1 Unidade II CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA Estudaremos, neste módulo, o conceito de ergonomia, os fatores associados ao estudo da ergonomia, as formas principais de intervenção ergonômica e o significado social da ergonomia para a população em geral. O conceito de ergonomia tem origem nas palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). Em outros países usa-se o termo human factors que significa fatores humanos. Ergonomia ou fatores humanos é uma disciplina científica que estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema (Dul, 04, p.1). Podemos entender que é considerada uma ciência direcionada ao projeto de equipamentos, máquinas, tarefas e sistemas, com o intuito de minimizar problemas de segurança, saúde e conforto, melhorando, dessa forma, a eficiência no trabalho. Podemos elencar os vários fatores associados ao estudo da ergonomia. São eles: ambientais: iluminação, ruído, clima, vibrações, agentes químicos etc.; postura e movimentos corporais: em pé, sentado, levantando cargas, puxando cargas, empurrando cargas etc.; 14
2 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL relações entre mostradores e controles (tarefas e cargos): tarefas interessantes e adequadas; informação: captada pela audição, visão e demais sentidos. Dessa maneira, o conjunto adequado desses fatores anteriormente abordados gera ambientes confortáveis, seguros e saudáveis no meio familiar e profissional. O estudo da ergonomia está intimamente ligado a outras áreas científicas, tais como: fisiologia, psicologia, antropometria, eletrônica, desenho industrial, toxicologia, engenharia mecânica, biomecânica e informática. Por meio da contribuição de todas essas áreas, a ergonomia desenvolveu métodos e técnicas específicas com o objetivo primordial de melhorar as condições de vida da população como um todo, tanto no que diz respeito ao cotidiano como ao ambiente de trabalho. O foco principal da ergonomia é o homem, para quem a busca pela minimização da insegurança, insalubridade, ineficiência e desconforto é constante. De acordo com Pereira (01, p.31): a ergonomia difere de outras áreas de conhecimento pelo seu caráter interdisciplinar e pela sua natureza aplicada, pois a mesma se apoia em diversas áreas do conhecimento humano. Existem duas formas principais de intervenção ergonômica que são: 2 30 ergonomia de concepção: ligada diretamente ao projeto do posto de trabalho, do sistema de produção ou da máquina e à formação de pessoal e organização do trabalho; ergonomia e correção: ligada de forma restrita, modificando fatores do posto de trabalho como, por exemplo, o ruído, a iluminação dentre outros.
3 A ergonomia possui um significado social, pois contribui para resolver um vasto número de dificuldades e problemas sociais dirigidos à segurança, à saúde, ao conforto e à eficiência. 2 Inúmeras situações de trabalho e da vida no dia a dia são prejudiciais diretos à saúde como, por exemplo, as doenças do sistema músculo-esquelético (dores nas costas) e as doenças psicológicas (estresse, depressão entre outras). Dessa forma, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) definiram saúde ocupacional como sendo a promoção e a manutenção do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, a prevenção dos agravos à saúde causados pelas condições de trabalho e a adaptação do trabalho ao homem e de cada homem à sua atividade. Alguns conhecimentos em ergonomia foram convertidos em normas oficiais, que serão estudados em módulos posteriores, dada sua relevância na redução de erros operacionais e na diminuição de acidentes. Não podemos esquecer que existe um princípio aplicado à ergonomia que recomenda que os sistemas, tarefas e equipamentos devem ser projetados para o uso coletivo, apesar das diferenças individuais da população. Nesse caso, devem ser criados e implementados projetos específicos para essas pessoas A ERGONOMIA E A EMPRESA Neste módulo estudaremos os benefícios da ergonomia para o colaborador e para a empresa e algumas medidas adequadas que podem ser implementadas em um posto de trabalho. A grande dificuldade que os profissionais de ergonomia enfrentam nas organizações refere-se ao fato de esta ser 16
4 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL considerada despesa, já que em muitos casos os empresários desconhecem os benefícios da ergonomia para os seus colaboradores e, consequentemente, um maior retorno financeiro devido ao aumento dos resultados. De acordo com pesquisas e estudos, a ergonomia traz inúmeros benefícios, tais como: - diminuição das lesões; - aumento da produtividade; - melhoria da qualidade de vida no trabalho; - formalização e cumprimento da legislação em vigor, evitando despesas com multas; - diminuição do absenteísmo. De acordo com Pereira (01, p.33): a ergonomia deve ser considerada um investimento, já que ocorre a diminuição dos gastos e, consequentemente, o aumento do lucro nas organizações. Com os riscos advindos dos acidentes de trabalho ou das doenças ocupacionais e os respectivos custos envolvidos nas indenizações, a organização precisa contar com ações sobre saúde no ambiente de trabalho e, consequentemente, com a proteção da integridade mental e física do colaborador. 2 Não podemos esquecer que, além do prejuízo material, temos também o prejuízo ligado ao sofrimento, à dor e à depressão do colaborador. Algumas medidas podem ser tomadas para a organização adequada de um posto de trabalho: 17
5 utilização da mesa - superfície fosca para evitar o reflexo da luminosidade; - bordas arredondadas com o intuito de evitar a compressão mecânica do punho; - regulagem de altura; - espaço para movimentação das pernas sob a mesa. utilização da cadeira - altura do assento ajustada para evitar forçar a parte posterior da perna; - deve ser aparelhada com cinco rodízios ou rodinhas; - o colaborador deve produzir sentado e o ângulo conhecido como tronco-coxas deve estar compreendido entre 90 e 1 graus; - o encosto da cadeira deve ter lugar adequado para o apoio da região lombar; - regulagem de profundidade, em que as costas fiquem bem apoiadas; - não deve ser coberta com material que promova o aumento da sudorese como, por exemplo, napa, couro ou curvim. utilização de acessórios - apoio para os pés, facilitando o retorno linfático e venoso; - tela antirreflexiva, reduzindo o ofuscamento causado por áreas envidraçadas e luminárias; 2 - suporte para punhos, reduzindo a compressão mecânica no antebraço. 18
6 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL utilização do monitor de vídeo - padrão do tipo VGA; - uso de tela clara com letras escuras; - o topo da tela do monitor deve estar no nível dos olhos da pessoa; - a distância olhos-topo deve estar entre 40 e 60 cm; - posição do monitor deve ser perpendicular à janela da sala. De acordo com estudos, a posição sentada representa um aspecto relevante no desconforto da postura na medida em que é mantida por um longo período de tempo. Dessa forma, uma inadequada postura gera dores de cabeça, ombros, nuca, pernas, costas etc. Alguns cuidados devem ser tomados pelo colaborador no seu dia a dia. São eles: os pulsos precisam estar alinhados com o antebraço; durante a digitação o cotovelo deve formar, em média, um ângulo de 90 graus; devem ocorrer pausas periódicas, com vistas ao descanso dos olhos e das mãos; 2 a cabeça e a coluna devem estar em posição certa; os membros inferiores devem estar devidamente apoiados sobre o chão ou suporte adequado. Deve existir uma conscientização da empresa e do colaborador no que diz respeito às consequências negativas da não-utilização dessas práticas ergométricas para a obtenção e manuteção da qualidade de vida. 19
7 7 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) Neste módulo iremos estudar a importância da utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI) nas organizações, a sua legalização e os tipos de equipamentos individuais referentes à proteção do colaborador. O ponto principal de que as organizações e as pessoas precisam se conscientizar é que o equipamento de proteção individual (EPI) não pode ser considerado um instrumento preventivo contra os acidentes de trabalho, e sim algo que evita ou diminui a gravidade das lesões desses acidentes. deve-se procurar, sempre e em primeiro lugar, a proteção coletiva, dada a sua melhor eficácia para eliminar ou neutralizar o risco ambiental na sua fonte produtora, além do que essa modalidade preventiva não fica à mercê da utilização ou não por parte do empregado (Gonçalves, 06, p.183). Sabemos que a empresa tem o dever, em relação à saúde e segurança no trabalho, de fornecer aos empregados um ambiente de trabalho propício e seguro, ou seja, de fazer com que ele se sinta bem e saudável. 2 A principal proteção de qualquer trabalhador no Brasil, e em qualquer parte do mundo, é um ambiente de trabalho livre de riscos à integridade física e adequado às condições necessárias para se preservar a saúde de cada trabalhador e o meio ambiente (Gonçalves, 06, p.18). Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) têm a sua legalização formalizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Norma Regulamentadora nº. 6, da Portaria nº de 08/06/1978.
8 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Essa respectiva norma afirma que equipamento de proteção individual é todo dispositivo de uso individual, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Ela confirma e obriga a organização a fornecer gratuitamente aos empregados o equipamento de proteção individual direcionado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, nos casos seguintes: para atender aos casos emergenciais e na implantação das medidas de proteção; nas situações em que as medidas de proteção forem consideradas inviáveis em relação à sua técnica, ou quando não oferecem confiança em relação aos riscos a elas inerentes. A seguir, mostraremos os equipamentos individuais referentes à região da cabeça, tronco, membros superiores, inferiores, à pele e ao aparelho respiratório do colaborador. 7.1 Cabeça 2 óculos de segurança para tarefas que possam causar ferimentos nos olhos, provenientes de impacto de partículas; protetores faciais voltados à proteção dos olhos e da face contra lesões geradas por partículas, respingos, vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas; óculos de segurança para trabalhos que possam causar vermelhidão nos olhos e outras lesões referentes à ação de radiações perigosas; capacetes para trabalhos em obras de construções e reformas, onde ocorra a possibilidade remota de quedas de partes soltas e restos de materiais; 21
9 óculos de segurança, contra respingos, para trabalhos que possam causar irritação nos olhos e outras lesões decorrentes da ação de líquidos agressivos; óculos de segurança para trabalhos que possam causar irritação nos olhos, decorrentes de poeiras. 7.2 Membros superiores luvas, mangas de proteção e/ou cremes protetores que devem ser utilizados em atividades em que haja perigo de lesão provocada por materiais ou objetos: - escoriantes, abrasivos, cortantes ou perfurantes; - produtos químicos corrosivos, cáusticos, tóxicos, alergênicos, oleosos, graxos, solventes orgânicos e derivados de petróleo; - aquecidos; - choque elétrico; radiações perigosas. 7.3 Membros inferiores calçados ou botas impermeáveis para atividades realizadas em áreas úmidas e lamacentas; calçados de proteção contra agentes biológicos agressivos; calçados de proteção contra riscos com eletricidade; calçados impermeáveis e resistentes a agentes químicos agressivos. 7.4 Tronco Aventais, capas e outras vestimentas especiais de proteção para trabalhos em que haja perigo de lesões provocadas por riscos de origem radioativa, biológica e química. 22
10 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL 7. Pele Cremes protetores: só poderão ser comercializados ou utilizados como EPI, quando possuírem o Certificado de Aprovação (CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). 7.6 Respiração respiradores contra poeiras, para trabalhos que gerem produção de poeiras; respiradores e máscaras de filtro químico para utilizar quando houver exposição a agentes químicos; aparelhos de isolamento (autônomo ou de adução de ar), para áreas de trabalho nas quais o teor de oxigênio seja menor que 18% em volume. 7.7 Ouvidos Protetores auriculares de espuma e/ou concha, para trabalhos ruidosos que precisam de diminuição do nível de pressão sonoro para garantir a saúde ocupacional. Não podemos esquecer que, antes de utilizar qualquer equipamento de proteção individual, o profissional precisa conhecer qual(is) o(s) risco(s) de natureza física, química e biológica a que pode estar exposto. 8 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA GINÁSTICA LABORAL Inicialmente, iremos mostrar um breve histórico sobre a ginástica laboral e sua evolução no Brasil e no mundo. Posteriormente, trataremos dos tipos de cinesioterapia e sua aplicabilidade, e as empresas que implementam essa qualidade de vida para os colaboradores. 23
11 Estudos indicam que o primeiro registro sobre a ginástica laboral deu-se na Polônia, no ano de 192, intitulada como ginástica da pausa. Posteriormente, a Rússia começou a implementar a ginástica da pausa nas empresas, envolvendo cerca de milhões de operários. Já nessa época, pesquisas na Bulgária sinalizavam que o tempo de pausa era compensado com alguns índices. São eles: aumento da produtividade; melhoria da acomodação visual em trabalhos de precisão; otimização da reação motora e visual entre 42 e 6% das pessoas que realizavam a ginástica. Em alguns países da Europa como a Bélgica, a França e a Suécia começou-se a investigar os benefícios da ginástica em relação aos sentimentos dos trabalhadores, às condições físicas, psicológicas e à fadiga. Eram realizados entrevistas e questionários que tinham o intuito de sondar a opinião dos envolvidos. Em 1928, o Japão começou a trabalhar com a ginástica, a partir de exercícios diários executados por funcionários com o objetivo principal de cultuar a saúde. Com a prática da ginástica da pausa, o Japão obteve alguns resultados, tais como: aumento da produtividade e consequente lucratividade; melhoria do bem-estar; 2 diminuição dos acidentes de trabalho. No Brasil, as primeiras indicações sobre a ginástica laboral se deram em 1966, nos estaleiros, e em 1973, na Federação de 24
12 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO/BENEFÍCIOS E ASSISTÊNCIA SOCIAL Ensino Superior (FEEVALE), com experiências realizadas por meio de programas de atividades físicas. Dessa forma, inúmeras empresas começaram a implementar a ginástica laboral como, por exemplo, a Xerox (39% de aumento de produtividade), Du Pont (bem-estar físico dos empregados), Tintas Renner, Mercedes-Benz, Pierre Alexander, Volkswagen, Gessy Lever, Sigma, Fermax, América Latina Logística dentre outras. Atualmente, a ginástica laboral possui inúmeras denominações, tais como: ginástica preparatória, ginástica compensatória, ginástica corretiva, ginástica matinal, ginástica nas empresas etc. Segundo alguns estudiosos, a expressão mais adequada é a cinesioterapia laboral, que significa cinesio (movimento), terapia (tratamento) e laboral (trabalho). Cinesioterapia é o tratamento através do movimento no ambiente de trabalho, como uma ferramenta na prevenção terapêutica dos possíveis distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, como também na prevenção de doenças ocupacionais diretamente relacionadas ao sistema músculoesquelético (Zilli, 02, p.7). Existem vários tipos de cinesioterapia ou ginástica laboral, dependendo do horário de aplicabilidade: 2 30 ginástica preparatória ou de aquecimento (começo da jornada de trabalho): facilita a lubrificação e o deslizamento das estruturas; ginástica compensatória ou de distensionamento (intervalos ou durante a jornada de trabalho): melhora a postura; ginástica de relaxamento (final da jornada de trabalho): elimina o ácido láctico. 2
13 Alguns estudiosos da área classificam a ginástica laboral de acordo com seus objetivos: ginástica corretiva/postural: equilíbrio dos músculos, ou seja, alongamento dos músculos mais sobrecarregados ou encurtados e fortalecimento dos músculos em desuso ou com pouco uso. Duração média de a 12 minutos todos os dias ou 3 vezes por semana. ginástica de compensação: previne a instalação de vícios posturais e o aparecimento da fadiga. Tem como objetivo a redução do estresse e das queixas dolorosas. Duração média de a 8 minutos. ginástica de conservação ou manutenção: equilíbrio morfofisiológico. É considerado um programa de continuidade após o equilíbrio muscular, podendo evoluir para um programa de condicionamento físico aeróbico ligado a reforço muscular e alongamentos. 26
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