O DIÁRIO DE LEITURAS: QUE DISCURSO É ESSE? Anna Rachel MACHADO(PUC/SP)
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1 O DIÁRIO DE LEITURAS: QUE DISCURSO É ESSE? Anna Rachel MACHADO(PUC/SP) Abstract: The objective of this paper is to discuss the results of an analysis to define the king of discourse that is predominant in journal writings about readings that were written by academic students. The results show the majority of the journals being bound in a expositiveinteractive discourse that is particularly influenced by two kinds of genres - the private diary and the academic genres of reading. These results also lead us to the hypothesis that we are dealing with the construction of a new academic genre. "(A professora) apresentou-nos, então, uma experiência sua. Interessante, mas pouco clara para muitos de nós, ouvintes, seria um diário reflexivo. Diário, de todo dia? Haveria tema? Liberdade total? Mil interrogações". (E., Diário de leitura). As interrogações presentes na epígrafe acima, presentes nos primeiro diário de leitura produzido por uma de minhas alunas, mostra acentuadamente a dificuldade que os alunos encontram na escolha do tipo de gênero e do tipo de discurso a ser construído nessa situação de produção. Entretanto, as dúvidas aí expostos não me parecem ser privilégio desses alunos. Embora a utilização de diários como instrumento para o ensino e a aprendizagem de atividades lingüísticas e como instrumento de reflexão no processo de formação de professores esteja se tornando cada vez mais freqüente (BAILEY, 1990; PORTER, 1990), as pesquisas que se desenvolvem sobre essa
2 utilização são ainda pouco esclarecedoras quanto às características discursivas desse tipo de texto. Uma vez que considero que conhecer essas características é fundamental para compreender e guiar as ações didáticas e formadoras que se desenvolvem nessa direção, foi esse um dos objetivos centrais de minha pesquisa para o doutorado, que se centrou na análise dos diários de leituras produzidos em uma experiência didática por mim conduzida. O objetivo deste artigo é, portanto, o de apresentar e discutir os resultados da análise realizada para se definir o tipo de discurso predominante em diários de leitura produzidos por alunos do primeiro ano do curso de Jornalismo da PUC de São Paulo, para a disciplina Comunicação e Expressão Verbal, da qual eu era a professora responsável. Esses diários foram resultado de uma produção textual que os alunos realizavam à medida em que liam diferentes tipos de textos por mim indicados. Como instruções básicas, os alunos foram solicitados a refletir criticamente sobre o texto lido, descrevendo o que ele lhes trazia de interessante tanto em relação à forma quanto ao conteúdo, buscando aspectos do conteúdo e da forma textual que poderiam contribuir para sua aprendizagem, para sua prática de leitura e produção e para sua futura profissão, relacionando a informação nova do texto lido a qualquer tipo de conhecimento prévio e levantando temas a discutir na sala de aula. Dos diários produzidos, foram analisados 79, de acordo com método de análise proposto por BRONCKART et al. (1985), centrando-se, sobretudo, no levantamento da ocorrência e da freqüência de determinadas unidades lingüísticas que são consideradas
3 como discriminativas de quatro tipos de discurso básicos. Dois deles seriam da ordem do EXPOR, contruindo-se com eles um mundo textual conjunto ao da situação de produção: um deles seria o discurso teórico, no qual não se faz referências aos parâmetros dessa situação, e o outro, o discurso interativo, que apresenta essas referências. Os dois outros tipos de discurso pertencem à ordem do NARRAR, construindo-se com eles um mundo textual disjunto em relação à situação de produção: de um lado, teríamos a narração, que não faz referências à essa situação e de outro, o relato interativo, que integra essas referências. A hipótese básica subjacente ao método de análise utilizado foi a de que a presença de uma certa configuração de unidades lingüísticas mais ou menos específicas permitiria discriminar grupos de textos com características discursivas semelhantes. Sendo essas unidades consideradas como o traço de determinadas operações realizadas pelo produtor sobre elementos do contexto e do conteúdo, admitíamos também que o levantamento dessas unidades permitiria a identificação das operações efetuadas pelos diversos agentes produtores, permitindo uma melhor compreensão sobre a escolha do gênero escolhido, sobre o tratamento dado aos parâmetros da situação e sobre as representações que os alunos mantinham a respeito da situação da ação verbal. Dois grandes conjuntos de unidades lingüísticas foram privilegiados: de um lado, o de unidades que indicam a implicação ou a autonomia do mundo discursivo em relação à situação de produção, tais como as unidades dêiticas e as frases não-declarativas, e de outro, o de unidades que indicam a conjunção ou a disjunção entre o
4 mundo discursivo construído e o mundo da situação de produção, tais como os tempos verbais predominantes. O levantamento das ocorrências e das freqüências dessas unidades permitiu uma caracterização global dos textos e a sua classificação em dois grandes grupos, sofrendo o segundo deles, posteriormente, uma divisão em dois subgrupos. O primeiro dos grupos identificado é constituído por 10 textos (12,65% do total), que se apresentam com uma ausência total de dêiticos de primeira pessoa do singular e de dêiticos temporais e espaciais. A grande maioria desses textos (8) também não apresenta nem marcas de segunda pessoa, nem frases não-declarativas, enquanto cinco não apresentam também nenhuma marca de primeira pessoa de plural. Mesmo nos textos em que aparecem marcas de segunda pessoa (2) ou de primeira pessoa do plural (5), podemos dizer que em nenhum deles há uma real referência explícita a um destinatário específico qualquer, quer presente, quer ausente, visto que essas marcas são utilizadas com valor genérico. Em relação à utilização de frases não-declarativas, observamos que em nenhum desses textos ocorre imperativas e que apenas em um texto ocorre uma única exclamativa. As interrogativas, por sua vez, aparecem apenas em dois desses textos, mas não como questões reais dirigidas a um destinatário particular, mas como questões retóricas. Em suma, em nenhum desses textos, há referência explícita aos parâmetros da situação de produção. Em relação aos tempos verbais, verificamos que em todos os dez textos desse grupo, o presente do indicativo é o tempo predominante. O perfeito do indicativo, por sua
5 vez, aparece em 60% desses textos, embora apenas em dois deles o índice de freqüência esteja acima de 5% (B.7 e F.3), sendo, portanto, um tempo verbal que aparece aqui de forma restrita. Já o imperfeito e o futuro perifrástico com o auxiliar IR não aparecem em nenhum deles. Portanto, o exame da freqüência dos tempos verbais permite que afirmemos que, nos textos desse grupo, não encontramos nenhum segmento da ordem do NARRAR, visto que é o par perfeito-imperfeito que caracteriza os discursos dessa ordem. Dessa forma, se temos, por um lado, através das freqüências das unidades dêiticas, a indicação de que temos aí segmentos de discursos nos quais se constrói um mundo discursivo autônomo em relação à situação de produção e, por outro lado, através das freqüências dos tempos verbais, a indicação de que temos segmentos de discursos conjuntos, concluímos que esses textos são construídos basicamente por segmentos do chamado discurso teórico, do mesmo tipo do segmento abaixo transcrito: Nenhuma sociedade ou grupo social é mudo, mas os homens mais simples, aqueles que têm maiores dificuldades de sobrevivência, acostumados a receber e a consumir cultura de massa, acostumam-se também a repetir aquilo que lhe é imediato e bombardeado, esquecendo-se então de dizer pela própria voz.(c.) O segundo grupo de textos, que constitui a maior parte dos dados analisados, em número de 69 (ou 87,34% do total), caracteriza-se exatamente por apresentar, em menor ou maior grau, unidades que tipicamente remetem explicitamente aos parâmetros da situação de comunicação. Dessa forma, consideramos que todos eles,
6 em maior ou menor grau, são constituídos por segmentos de discurso com implicação da situação de produção. Em primeiro lugar, observamos que todos eles apresentam marcas da primeira pessoa do singular, embora com uma variação bastante grande (de 2,04% a 69,05%). Entretanto, observamos que há uma diferença entre os textos desse grupo, que nos permite distinguir dois subgrupos: no primeiro deles, encontramos 32.61% do total de textos analisados que apresentam unidades lingüísticas referentes ao destinatário, enquanto no segundo grupo, com 54,43% do total, essas unidades estão ausentes. Em relação às outras unidades que remetem aos parâmetros da situação de produção, verificamos que elas podem ou não ser encontradas nos textos desses dois subgrupos em uma variação bastante acentuada. Assim, as marcas de primeira pessoa do plural, se encontram presentes em textos dos dois subgrupos: em 61,53% do subgrupo com marcas do destinatário e em 58,13% do grupo sem essas marcas. Já em relação à utilização de frases não-declarativas, verificamos que, de forma geral, o subgrupo com marcas de destinatário apresenta uma tendência maior a utilizá-las. Dessa forma, em relação às frases exclamativas, verificamos que elas estão presentes em 61,53% dos textos do subgrupo com marcas do destinatário e em 48,83% do subgrupo sem essas marcas. Em relação às imperativas, elas ocorrem em 61,53% dos textos do subgrupo com marcas de destinatário e em apenas 4,65% dos textos do subgrupo sem essas marcas. Também em relação à função da utilização das imperativas, nota-se uma diferença entre os dois subgrupos, pois, enquanto nos segmentos dos textos
7 do subgrupo sem marcas de destinatário, as imperativas servem, sobretudo, como planificação da ação do próprio locutor, nos segmentos dos textos do subgrupo com marcas, elas assumem a sua função própria de fazer agir o destinatário real ou imaginário, conforme já vimos aos examinar o emprego das marcas de segunda pessoa. Entretanto, em relação às interrogativas, há uma tendência quase igual, dado que elas estão presentes em 69,23% dos textos com marcas de destinatário e em 65,11% do subgrupo sem essas marcas. Portanto, podemos afirmar que os textos do subgrupo com marcas de destinatário apresentam, de forma geral, uma tendência maior a apresentar mais constantemente as diferentes unidades lingüísticas que implicam os parâmetros da situação de comunicação. Em relação às unidades que indicam conjunção ou disjunção do mundo discursivo em relação ao mundo da situação de produção, observamos que, em quase todos os textos dos dois subgrupos acima discriminados, encontramos predominância do presente do indicativo, com valor pontual. Dessa forma, consideramos que os textos dos dois subgrupos são basicamente construídos com segmentos de discurso da ordem do EXPOR, ou, em outras palavras, segmentos em que se constroem mundos conjuntos à situação de produção. Dada essa característica, aliada à forte presença das marcas de implicação dos parâmetros da situação de produção, admitimos que temos então um grupo de textos majoritário, constituído por 87,34% dos textos analisados, que são basicamente constituídos por segmentos de discurso interativo, tal como definido pelos mesmos
8 autores e que podem ser exemplificados com o segmento abaixo. A impressão que tenho é que é possível através das palavras de uma determinada pessoa, ver a sua "cara". Com um pouquinho de observação você já sabe quem ela é. Nesse momento qualquer um é reconhecido e desmascarado. Lembram daquele episódio com Paulo Maluf? Ao ser indagado sobre o que pensava sobre os crimes sexuais contra as mulhres, ele concluiu "brilhantemente": "Estupra mas não mata". Precisava dizer mais alguma coisa? Adiantava se desculpar? Entretanto, observamos que, nos dois subgrupos interativos, as formas do pretérito perfeito ocorrem em quase todos os textos, isto é em 92,30% dos textos do subgrupo com marcas de destinatário e em 93,02% do subgrupo sem essas marcas. Nos dois subgrupos ainda, o imperfeito ocorre em 69,23% dos textos do subgrupo com marcas de destinatário e em 60,46% do subgrupo sem essas marcas. Pode-se dizer, portanto, que, nos textos dos dois subgrupos, poderemos encontrar pequenos segmentos constituídos como discursos da ordem do NARRAR, caracterizados pela ocorrência do par perfeito-imperfeito, como o que segue:. Alguns trechos até que deu pra entender, e me lembraram um livro que li no 3º colegial (ano passado), chamado "Técnicas de Comunicação Escrita", de Izidoro Blikstein. Adorei, enquanto que os meus amigos odiaram. Tirei 100 na prova, meu professor me elogiou e foi só no fim do ano que descobri que ele (o meu professor) estava prestando jornalismo (nos encontramos na 1ª fase da FUVEST).(J.) Em suma, conforme pudemos observar, as médias de freqüência de quase todas as unidades de implicação da
9 situação aumentam progressivamente do grupo teórico para o subgrupo interativo sem marcas de destinatário e deste para o subgrupo interativo com marcas de destinatário, com exceção feita às às marcas de primeira pessoa do plural e às marcas de segunda pessoa, cuja ausência é marca discriminativa do grupo interativo sem marcas de destinatário. Em relação às médias de freqüência dos tempos verbais, observamos que, enquanto o presente do indicativo é relativamente mais freqüente no grupo mais teórico, o perfeito, o imperfeito e o futuro perifrástico com IR são mais freqüentes nos dois subgrupos interativos, que apresentam índices mais ou menos equivalentes. Concluindo, a análise nos mostra, de um lado, que há uma grande heterogeneidade discursiva no conjunto dos dados analisados e mesmo em cada grupo e em cada texto. De outro lado, apesar dessa heterogeneidade, há uma homogeneidade subjacente, na medida em que todos os textos produzidos apresentam segmentos de discurso da ordem do EXPOR e que a grande maioria apresenta segmentos de discurso interativo (87,34% contra 12,65%), em maior ou menor grau. Nesse grupo majoritário, por sua vez, predominam nitidamente os textos que se constroem sem referências explícitas ao destinatário (62,31% deles, contra 37,67%). Os resultados a que chegamos, aliados a outras análises que foram efetuadas e à comparação das características dos textos com segmentos de discurso interativo às características do gênero diário privado (como por exemplo, a presença de marcas do locutor e a ausência de marcas do destinatário), sugere-nos a hipótese de que temos nesses textos um bom exemplo de transposição de
10 características típicas de um gênero, nesse caso, do diário privado, para outro(s) gênero(s), nesse caso, para resenhas ou resumos de texto, não se constituindo ainda o diário de leituras como um gênero de direito em si mesmo. Habitualmente, os gêneros que são indexados à situação de comunicação escolar que envolvem a produção de textos a partir de leitura de outro texto são os resumos e as resenhas críticas, ou ainda "dissertações" inspiradas pelo texto lido, que são concebidos geralmente pelos professores - e assim ensinados - como basicamente constituídos por segmentos de discurso teórico. Esses seriam, para nós, os gêneros "atingidos" pelo estilo diarista. Em outras palavras, os textos produzidos se constroem numa combinação entre resumos, resenhas, ou "dissertações", de um lado, e o diário propriamente dito de outro. Essa combinação explicaria a presença de segmentos de discurso teórico organizados na forma de seqüências de descrição de texto, que seriam típicos das resenhas e dos resumos, assim como a presença dos segmentos de discurso interativo, organizados em seqüências de descrição de ação, tipicamente diaristas. Outro argumento que parece sustentar a idéia de combinação desses gêneros para a produção da maioria dos textos é a existência de textos que classificamos como mais teóricos que são exatamente ou resumos de textos ou resenhas críticas ou "ensaios" que exploram o tema do texto ou temas por ele desencadeados. Na verdade, consideramos que esses textos não se configurariam verdadeiramente como diários de leitura propriamente ditos, ou como egodocumentos, uma vez que não levam em conta as características do gênero diário, não se efetuando neles a combinação postulada.
11 Essa combinação de características de diferentes gêneros explicaria ainda a grande variação referente à implicação dos parâmetros da situação de comunicação, uma vez que é de se supor que diferentes combinações entre o estilo diarista e os gêneros habituais para essa situação de comunicação produziriam textos com essa variação. Esse tipo de combinação explicaria ainda a ocorrência dos textos interativos com marcas de destinatário, que parecem adotar o estilo da correspondência, com o que os diários íntimos freqüentemente se mesclam. Em suma, mantidas as conclusões, pode-se afirmar que nos textos diaristas dos alunos, que se apóiam em diferentes gêneros, temos exemplos típicos da constituição de um novo instrumento semiótico, isto é, de um novo gênero, a partir de instrumentos conhecidos (SCHNEUWLY, 1994). De acordo com FAIRCLOUGH (1989), a heterogeneidade de marcas textuais encontrada nos textos analisados parece apontar para uma possível desestruturação dos gêneros tradicionais na situação de comunicação escolar, na universidade brasileira,e para uma nova estruturação. Essa nova reestruturação, em termos baktinianos (BAKTIN, 1953), poderá ter como resultado a destruição ou a renovação desses gêneros ou ainda a constituição de um novo gênero, que seria, no caso em questão, o diário reflexivo de leituras. Nesse sentido, o trabalho didático que desenvolvi e outros que se desenvolvem em linha semelhante podem ser vistos como uma contribuição para a ruptura de uma certa ordem discursiva estabelecida e para a constituição de uma nova ordem, como um
12 comprometimento com novos papéis e com novas formas de relações entre professores e alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BAILEY, K. M. (1990). The use of diary studies in teacher education programs. In: J. C. RICHARDS& D. NUNAN (Ed.), Second language teacher education, Cambridge: Cambridge Language Teaching Library.(mimeog., s/p.) BAKHTIN, M. (1953). Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, (Ensino superior), p BRONCKART, J.-P. (1994b). Analyse et production de textes. Faculté de Psychologie et des Sciences de l'education, Université de Génève. (inédito) BRONCKART, J.-P., BAIN, D., SCHNEUWLY, B., DAVAUD, C. & PASQUIER, A. (1985). Le fonctionnement des discours. Un modèle psychologique et une méthode d'analyse. Paris: Delachaux & Niestlé. FAIRCLOUGH, N. (1989). Langage and power. London: Longman. MACHADO, A. R. (1995). O diário de leituras: a introdução de um novo gênero na escola. (Tese de doutorado em Lingüística Aplicada ao Ensino de Línguas). PUC/SP, inédito. PORTER, P. A., GOLDSTEIN, I. M., LEATHERMAN, J. & CONRAD, S. (1990). An ongoing dialogue: learning logs for teacher preparation. In: J. C. RICHARDS & D. NUNAN (Ed.), Second langage
13 teacher education, Cambridge: Cambridge Language Teaching Library.(mimeog., s/p). SCHNEUWLY, B. (1994). Genres et types de discours: considérations psychologiques et ontogénétiques. In: Y. REUTER (Ed.), ACTES DU COLLOQUE DE L'UNIVERSITÉ CHARLES-DE-GAULLE III. Les interactions lecture-écriture. Neuchâtel: Peter Lang, p
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