Triagem da Afinação Vocal: comparação do desempenho de musicistas e não musicistas
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- Isabella Dias Pinhal
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1 Artigo Original Original Article Triagem da Afinação Vocal: comparação do desempenho de musicistas e não musicistas Felipe Moreti 1 Liliane Desgualdo Pereira 2 Ingrid Gielow 1 Pitch-matching Scanning: comparison of musicians and non-musicians performance Descritores RESUMO Voz Música Percepção auditiva Testes auditivos Fonoaudiologia Keywords Objetivos: Elaborar um procedimento simples e de rápida aplicação contendo tarefas de imitação vocal de sons musicais de diferentes tons e de ordenação temporal de três tons; verificar sua aplicabilidade, comparando o desempenho de musicistas e não musicistas. Métodos: Participaram 32 indivíduos adultos, de ambos os gêneros, sem queixas vocais, auditivas e/ou de processamento auditivo, que foram divididos igualmente em dois grupos: grupo musicistas GM e grupo não musicistas GNM. Todos passaram pela Triagem da Afinação Vocal, que incluiu estímulos musicais compatíveis com a tessitura vocal de homens e mulheres, agrupados em dois tipos de tarefas: tons isolados e sequências de três tons. Os participantes foram instruídos a ouvir os tons apresentados e reproduzí-los vocalmente. As emissões vocais foram gravadas, analisadas acusticamente e os acertos e erros cometidos nos dois tipos de tarefas foram caracterizados. As variáveis referentes à comparação entre os grupos e os tipos de tarefas foram analisadas estatisticamente. Resultados: Houve diferença na comparação entre os dois tipos de tarefas para o GNM, o que não ocorreu com o GM. Foram observadas diferenças na comparação entre os grupos, sendo que o GM apresentou um maior número de acertos nos dois tipos de tarefas. Conclusão: A Triagem da Afinação Vocal foi criada e mostrou-se sensível para avaliação e comparação do desempenho entre grupos, podendo ser utilizada como instrumento de rastreamento de afinação vocal. Musicistas apresentaram melhor desempenho que não musicistas na Triagem da Afinação Vocal. ABSTRACT Voice Music Auditory perception Hearing tests Speech, language and hearing sciences Purpose: To develop a simple and quick-to-apply procedure for pitch-matching scanning that contains vocal imitation tasks of musical sounds of different tones and the temporal ordination of three different tones; to verify its applicability, by comparing the performance of musicians and non-musicians. Methods: Participants were 32 adults of both genders without vocal, hearing and/or auditory processing complaints. They were equally divided into two groups: musicians group MG and non-musicians group NMG. All participants underwent the Pitch-matching Scanning that included musical stimuli compatible with men and women singing vocal range gathered into two types of tasks: isolate tones and three-tone sequences. Participants were instructed to listen to them and to reproduce them vocally. Voice samples were recorded, analyzed acoustically, and right and wrong matches for the two tasks were characterized. The variables regarding the comparison between groups and types of tasks were statistically analyzed. Results: A difference was found between groups, and the MG presented greater number of right matches in both tasks. Conclusion: The Pitch-matching Scanning was developed and was sensitive to evaluate and compare the performance between groups. Thus, it can be used as a tool for pitch-matching tracking. Musicians presented better performance than non-musicians in the Pitch-matching Scanning. Endereço para correspondência: Felipe Moreti R. Visconde de Mauá, 347, Vila Assunção, Santo André (SP), Brasil, CEP: felipemoreti@uol.com.br Recebido em: 9/8/2011 Trabalho realizado no Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP São Paulo (SP), Brasil, como pré-requisito para conclusão do Curso de Graduação em Fonoaudiologia. Apresentado no XX Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, Brasília; (1) Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP São Paulo (SP), Brasil; Centro de Estudos da Voz CEV São Paulo (SP), Brasil. (2) Departamento de Fonoaudiologia, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP São Paulo (SP), Brasil. Conflito de interesses: Não Aceito em: 15/3/2012
2 Triagem da Afinação Vocal 369 INTRODUÇÃO A afinação vocal implica na reprodução de alturas de notas isoladas e pode seguir critérios de avaliação e comparação, desde que se considere o contexto e a cultura em questão (1,2). A desafinação no canto pode ser definida como a não reprodução vocal da linha melódica entre os intervalos das notas, o que a torna diferente do modelo sugerido, sendo suas possíveis causas relacionadas à dificuldade de percepção musical, à falta de domínio vocal, ou à combinação destes fatores (2). Desta forma, cabe destacar que tanto os mecanismos neurais inatos e a vivência cultural (1) quanto as emoções (3) determinam a resposta comportamental aos estímulos musicais (4). Para que a música seja considerada como uma representação mental específica, sua identificação cerebral e sua interferência no processamento linguístico devem ser conhecidas. A música está muito ligada às funções da linguagem (5), pelo próprio envolvimento dos dois hemisférios cerebrais na sua compreensão. A melodia e a harmonia estão vinculadas ao hemisfério direito (6) enquanto a produção e a compreensão da linguagem falada e do ritmo musical são tarefas do hemisfério esquerdo (7). Para uma boa reprodução do que se escuta é preciso ouvir bem (8), o que requer não somente uma boa detecção auditiva, mas também um processamento sensorial eficiente. Acreditase que o processamento das informações auditivas funcione adequadamente nos indivíduos afinados e inadequadamente nos indivíduos desafinados (9). Falhas na afinação vocal podem ocorrer por problemas de percepção, processamento, memória, linguagem e/ou produção da emissão. Tais problemas podem ter causas de natureza orgânica, cognitiva, funcional, atitudinal ou estar relacionados à combinação destes fatores (10). Considerando a plasticidade do sistema nervoso central, acredita-se que, na maior parte dos casos, a afinação possa ser desenvolvida por meio de treino específico. Assim, um procedimento simples e de rápida aplicação relacionado à triagem da afinação vocal poderia auxiliar na avaliação e no acompanhamento das habilidades do processamento neurológico de sons musicais em cantores que apresentem eventual queixa de desafinação. Tal procedimento possibilitaria, portanto, o direcionamento para um treinamento auditivo específico. Diante do exposto, os objetivos desta pesquisa foram elaborar um procedimento de Triagem da Afinação Vocal e verificar sua aplicabilidade, comparando o desempenho de musicistas e não musicistas. MÉTODOS O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (CEP-UNIFESP nº 0729/06). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a exigência da Resolução 196/96 (BRASIL. Resolução MS/CNS/CNEP nº 196/96 de 10 de outubro de 1996). Elaboração do instrumento Triagem da Afinação Vocal Tendo como referência a tessitura vocal de homens e mulheres dos diferentes naipes (11), foram selecionados tons médios para as atividades da triagem que fossem confortáveis em qualquer classificação vocal, não beneficiando ou prejudicando nenhum naipe. Para que não houvesse diferenças quanto às dificuldades de homens e mulheres para os intervalos dos tons apresentados, os estímulos selecionados variaram uma oitava exata entre os gêneros. Após a seleção, os estímulos foram agrupados em dois tipos de tarefas: Tarefa 1: apresentação de cinco tons isolados; e Tarefa 2: apresentação de cinco sequências de três tons (Quadro 1). As duas tarefas da triagem foram produzidas por um piano e gravadas em CD em quatro faixas (Tarefa 1 para homens, Tarefa 2 para homens, Tarefa 1 para mulheres e Tarefa 2 para mulheres). Quadro 1. Estímulos selecionados para a Triagem da Afinação Vocal Tarefa Ordem dos estímulos Homens Mulheres Tarefa 1 Tarefa 2 Casuística 1ª sequência 2ª sequência 3ª sequência 4ª sequência 5ª sequência 1º estímulo Mi 2 Mi 3 2º estímulo Sol# 2 Sol# 3 3º estímulo Fá 2 Fá 3 4º estímulo Si 2 Si 3 5º estímulo Ré# 2 Ré# 3 1º estímulo Mi 2 Mi 3 2º estímulo Lá 2 Lá 3 3º estímulo Fá# 2 Fá# 3 1º estímulo Sol 2 Sol 3 2º estímulo Ré# 2 Ré# 3 3º estímulo Fá 2 Fá 3 1º estímulo Ré 2 Ré 3 2º estímulo Sol 2 Sol 3 3º estímulo Mi 2 Mi 3 1º estímulo Ré 2 Ré 3 2º estímulo Fá 2 Fá 3 3º estímulo Lá 2 Lá 3 1º estímulo Lá# 2 Lá# 3 2º estímulo Fá# 2 Fá# 3 3º estímulo Mi 2 Mi 3 Participaram 32 voluntários: 16 musicistas (grupo musicistas GM), sendo 13 do gênero feminino e três do gênero masculino, com idades variando de 19 a 48 anos e média de 26,05 anos; e 16 não musicistas (grupo não musicistas GNM), sendo 13 do gênero feminino e três do gênero masculino, com idades variando de 21 a 55 anos e média de 26,12 anos. Os indivíduos do GM eram todos cantores de um mesmo coro universitário, com ensaios duas vezes por semana, com três horas de duração cada, que continham atividades de teoria musical, aquecimento e técnica vocal, além das atividades
3 370 Moreti F, Pereira LD, Gielow I rotineiras de canto com leitura de partituras musicais. A média de tempo de canto no coro para o GM foi de 1,4 anos, estando dentro do grupo apenas pessoas que estivessem regularmente no coro no mínimo por seis meses, sendo que alguns indivíduos além de pertencerem ao coro desempenhavam outras atividades relacionadas à música como ensino de canto, preparação vocal, tocar instrumentos musicais, sendo amadores ou profissionais. Indivíduos que não se enquadraram nestes critérios, foram considerados não musicistas e alocados no GNM. Ambos os grupos foram compostos por indivíduos pertencentes ao complexo da instituição de realização desta pesquisa e todos os indivíduos foram submetidos à entrevista inicial para identificação de possíveis queixas vocais, auditivas e/ou de processamento auditivo, consideradas critério de exclusão. Aplicação da Triagem da Afinação Vocal A triagem foi aplicada individualmente nos indivíduos em ambiente silencioso. Os estímulos auditivos foram apresentados em campo, com intensidade confortável aos participantes. Na Tarefa 1, os indivíduos deveriam ouvir os cinco tons musicais isolados e, por meio de imitação vocal, repetí-los um a um, logo após a apresentação de cada estímulo. Na Tarefa 2, os indivíduos deveriam ouvir as cinco sequências de três tons e repetir uma a uma, por meio de imitação vocal, logo após a sequência de estímulos apresentados. As reproduções vocais foram captadas diretamente em um computador portátil por meio de microfone de cabeça de curva reta, posicionado à 45º e cinco centímetros de distância da boca dos indivíduos. As emissões foram gravadas pelo programa Sound Forge, versão 4.5c e importadas para o programa Vocalgrama, versão 1.8i (CTS Informática). Análise dos dados Todas as amostras vocais foram submetidas à análise acústica computadorizada por meio do programa Vocalgrama. A emissão vocal do indivíduo foi comparada ao tom apresentado originalmente. Considerou-se como acerto a emissão vocal produzida na mesma frequência do tom, ou seja, com afinação correta. Em caso de produção vocal em frequência distinta, considerou-se como erro (Figuras 1 e 2). Para a análise estatística optou-se por descrever as características mensuradas pelo emprego da frequência e porcentagem de acertos por agrupamentos. Foram utilizados os testes de Igualdade de Duas Proporções e de Mann-Whitney, com nível de significância de 5% (0,05). RESULTADOS A Triagem da Afinação Vocal foi elaborada com base na tessitura vocal de homens e mulheres, sendo contemplados tons médios para ambos os gêneros, em dois tipos de tarefas: emissão de tons isolados e ordenação temporal de três tons. Legenda: afinação correta tom produzido Ré# 3 (tecla cinza) e barra de porcentagem predominante do histograma de frequência da emissão vocal mostram que a reprodução (Ré# 3 ) foi idêntica ao tom produzido (Vocalgrama 1.8i CTS Informática) Figura 1. Exemplo da avaliação acústica computadorizada de uma emissão vocal afinada na Triagem da Afinação Vocal
4 Triagem da Afinação Vocal 371 Legenda: afinação incorreta tom produzido Ré# 3 (tecla cinza) e barra de porcentagem predominante do histograma de frequência da emissão vocal mostram que a reprodução (Sol 3 ) foi diferente do tom produzido (Vocalgrama 1.8i CTS Informática) Figura 2. Exemplo da avaliação acústica computadorizada de uma emissão vocal desafinada na Triagem da Afinação Vocal Houve diferença na comparação da Tarefa 1 entre os grupos, sendo que o GM apresentou um maior número de acertos (Tabela 1). Houve também diferença entre os grupos para todas as sequências de três tons emitidas, evidenciando novamente maior número de acertos pelo GM (Tabela 2). Na comparação intragrupos quanto às Tarefas 1 (cinco tons isolados) e 2 (cinco sequências de três tons), observou-se diferença apenas para o GNM, indicando mais erros que acertos para este grupo, sendo que na Tarefa 2 este índice de erros foi maior (Tabela 3). DISCUSSÃO O objetivo desta pesquisa foi elaborar um procedimento denominado Triagem da Afinação Vocal e verificar sua aplicabilidade, comparando o desempenho de musicistas e não musicistas. O procedimento de aplicação da Triagem da Afinação Vocal Tabela 1. Desempenho dos musicistas e não musicistas na Tarefa 1 (tons isolados) da Triagem da Afinação Vocal GM GNM n % n % Mi 2 /Mi 3 Erros 0 0,0 8 50,0 Acertos ,0 8 50,0 Sol# 2 /Sol# 3 Erros 1 6, ,8 Acertos 15 93,8 5 31,3 Fá 2 /Fá 3 Erros 3 18, ,0 Acertos 13 81,3 4 25,0 Si 2 /Si 3 Erros 2 12, ,0 Acertos 14 87,5 4 25,0 Ré# 2 /Ré# 3 Erros 3 18, ,3 Acertos 13 81,3 3 18,8 * Valores significativos (p 0,05) Teste de Igualdade de Duas Proporções Legenda: GM = grupo musicistas; GNM = grupo não musicistas Valor de p
5 372 Moreti F, Pereira LD, Gielow I Tabela 2. Desempenho dos musicistas e não musicistas na Tarefa 2 (sequências de 3 tons) da Triagem da Afinação Vocal 1ª sequência 2ª sequência 3ª sequência 4ª sequência 5ª sequência GM GNM n % n % Erros 1 6, ,3 Mi 2 /Mi 3 Acertos 15 93,8 3 18,8 Erros 1 6, ,8 Lá 2 /Lá 3 Acertos 15 93,8 5 31,3 Erros 1 6, ,3 Fá# 2 /Fá# 3 Acertos 15 93,8 3 18,8 Erros 3 18, ,3 Sol 2 /Sol 3 Acertos 13 81,3 3 18,8 Erros 2 12, ,3 Ré# 2 /Ré# 3 Acertos 14 87,5 3 18,8 Erros 1 6, ,3 Fá 2 /Fá 3 Acertos 15 93,8 3 18,8 Erros 3 18, ,0 Ré 2 /Ré 3 Acertos 13 81,3 4 25,0 Erros 3 18, ,8 Sol 2 /Sol 3 Acertos 13 81,3 5 31,3 Erros 3 18, ,5 Mi 2 /Mi 3 Acertos 13 81,3 2 12,5 Erros 2 12, ,5 Ré 2 /Ré 3 Acertos 14 87,5 2 12,5 Erros 4 25, ,5 Fá 2 /Fá 3 Acertos 12 75,0 2 12,5 Erros 3 18, ,0 Lá 2 /Lá 3 Acertos 13 81,3 4 25,0 Erros 1 6, ,0 Lá# 2 /Lá# 3 Acertos 15 93,8 4 25,0 Erros 2 12, ,5 Fá# 2 /Fá# 3 Acertos 14 87,5 2 12,5 Erros 2 12, ,5 Mi 2 /Mi 3 Acertos 14 87,5 2 12,5 * Valores significativos (p 0,05) Teste de Igualdade de Duas Proporções Legenda: GM = grupo musicistas; GNM = grupo não musicistas Valor de p 0,004* Tabela 3. Acertos e erros cometidos por musicistas e não musicistas nas Tarefas 1 e 2 da Triagem da Afinação Vocal GM GNM Acertos Erros Tarefa 1 Tarefa 2 Tarefa 1 Tarefa 2 Média 4,44 4,00 0,56 1,00 Mediana 5 4,5 0 0,5 DP 0,73 1,26 0,73 1,26 Valor de p 0,420 Média 1,50 0,50 3,50 4,50 Mediana DP 1,67 1,21 1,67 1,21 Valor de p 0,022* * Valores significativos (p 0,05) Teste Mann-Whitney Legenda: GM = grupo musicistas; GNM = grupo não musicistas; DP = desviopadrão inclui a discriminação e a reprodução vocal de tons isolados e a ordenação temporal de alguns deles, sempre em escuta diótica. Envolve o mecanismo fisiológico de discriminação de padrões sonoros relacionado às habilidades de ordenação temporal (processo gnósico não-verbal) (12). Os musicistas tiveram mais acertos em tons isolados que os não musicistas (Tabela 1). Sabe-se que musicistas têm melhor percepção de frequência e apresentam melhor discriminação de frequências que indivíduos não musicistas (13-17) e a falta de exposição à música pode ser uma das causas de uma possível desafinação (2). Na atividade que envolveu reprodução de sequencialização sonora dos padrões de frequência, os musicistas também tiveram melhor desempenho quando comparados aos não musicistas (Tabela 2). Como toda sequência sonora envolve mais habilidades auditivas, se comparada a tom isolado, indivíduos costumam apresentar melhor desempenho em tarefas mais simples, por exigirem menos das capacidades centrais (12). É sabido que a experiência musical melhora a percepção auditiva, tanto na duração como na frequência, sendo que os músicos são superiores aos não músicos em perceber e detectar irregularidades de sequências rítmicas e manipulações refinadas de variações de tons (18-20). Ao se comparar as atividades de tons isolado com
6 Triagem da Afinação Vocal 373 sequencialização de tons, ambos os grupos tiveram mais acertos na atividade de tons isolados e, para o GNM, a atividade se sequencialização foi mais difícil (Tabela 3), o que mostra que em um teste simples de triagem, parece que o aprendizado musical, formal ou informal auxilia o indivíduo a superar esta dificuldade maior que é a sequencialização sonora (13-17), fato quer corrobora o estudo que concluiu que quanto maior a sequência de estímulos auditivos para tarefa de sequencialização, mais difícil se torna a atividade, por envolver um maior número de habilidades auditivas (12) e um maior refinamento do processamento auditivo (21). Muitos desafinados processam a informação musical corretamente, mas são incapazes de produzir o tom desejado. A estimativa é de que 3,3% da população tenha algum tipo de déficit no processamento musical e que pelo menos 1% sofra de amusia ou desafinação pura (10). O termo desafinação pode sugerir um paralelo ao fenômeno visual do daltonismo e, portanto, o estudo da desafinação traria insights para o estudo do processamento auditivo. Há ainda a descrição de dois tipos de desafinados: os que desafinam por terem dificuldades no campo da percepção musical (processamento auditivo) e aqueles que desafinam por terem dificuldades ligadas à produção vocal, sendo muito difícil estabelecer qual é a deficiência geradora do problema partindo-se do resultado final (22). O aprendizado musical contribui no desenvolvimento do processamento neurológico de eventos acústicos e pode auxiliar nas atividades de fala, leitura, canto, entre outras. Desta forma, um treinamento musical, formal ou informal, auxilia a minimizar as dificuldades de ordenação temporal. Por isso a importância e necessidade de um instrumento simples e de rápida aplicação para que se possa avaliar e acompanhar a evolução de habilidades, treinadas ou não, do processamento auditivo. CONCLUSÃO A Triagem da Afinação Vocal foi criada e mostrou-se sensível para avaliação e comparação do desempenho entre grupos, podendo ser utilizada como instrumento de rastreamento de afinação vocal. Musicistas apresentaram melhor desempenho que não musicistas na Triagem da Afinação Vocal. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Maestro Eduardo Fernandes, regente do Coral UNIFESP, pelo incentivo, carinho, amizade e colaboração na área de música para o desenvolvimento desta pesquisa, além de viabilizar a coleta do grupo de musicistas com os cantores do Coral UNIFESP. REFERÊNCIAS 1. Schueller M, Bond ZS, Fucci D, Gunderson F, Vaz P. Possible influence of linguistic musical background on perceptual pitch-matching tasks: a pilot study. Percept Mot Skills. 2004;99(2): Sobreira S. Desafinação vocal. 2a ed. Rio de Janeiro: Musimed; Petrini K, Crabbe F, Sheridan C, Pollick FE. 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