Título: Perfil de Extensão vocal em cantores com e sem queixas de voz
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- Laura Almada Canário
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1 Título: Perfil de Extensão vocal em cantores com e sem queixas de voz Autores: EDYANNE MYRTS TAVARES LINO DOS SANTOS, JONIA ALVES LUCENA, ANA NERY BARBOSA DE ARAÚJO, ZULINA SOUZA DE LIRA, ADRIANA DE OLIVEIRA CAMARGO GOMES, Palavras-chave: qualidade da voz, canto, avaliação. Resumo Expandido 1 INTRODUÇÃO O canto coral é uma das maneiras de se praticar o convívio social de maneira artística, proporcionando o aprendizado da harmonia, do trabalho em equipe, do domínio de si e do equilíbrio. Cantar em coral exige alguns pré-requisitos e é necessária uma boa sonoridade e uma boa preparação vocal para conduzir o coro a uma identidade própria 1. A maior parte dos corais em todo o mundo é formada por cantores amadores, em diferentes grupos e organizações. Diferentemente dos cantores profissionais, que do canto obtêm seu sustento, fama e reconhecimento, o cantor amador canta apenas por prazer 2. No entanto, é característica dos grupos amadores a não realização de avaliações de qualidade ou saúde vocais para entrada no grupo. Por isso, muitas vezes os participantes nem sempre estão preparados para essa prática ou até podem apresentar alterações vocais, sem o saberem. Além disso, não têm o conhecimento necessário para um maior cuidado com sua saúde vocal, o que os leva ao abuso e uso excessivo da voz, com os consequentes problemas de tensão, redução da capacidade e desgaste do mecanismo vocal 2,3. No coral as vozes são classificadas em femininas e masculinas e subdivididas em naipes, os masculinos são tenor, barítono e o baixo e as femininas são soprano, mezzo soprano e
2 contralto. A classificação depende de vários fatores, incluindo a extensão vocal, e essa classificação é considerada por fonoaudiológos e regentes como um desafio 4,5. A extensão vocal abrange a totalidade dos sons que a voz pode realizar, ou seja, consiste na extensão de frequências, desde a mais elevada até a mais baixa que um indivíduo é capaz de produzir, não importando a qualidade 4-7. A faixa de extensão vocal varia de uma oitava a aproximadamente 4,5 oitavas. Indivíduos com pregas vocais sadias devem apresentar um mínimo de 20 semitons 8, portanto a importância de uma boa extensão vocal em coristas, para que haja mais conforto, no canto. O termo tessitura vocal corresponde ao número de notas da mais grave até a mais aguda que o indivíduo consegue produzir com qualidade e conforto vocal, onde se encontra a melhor sonoridade, a emissão mais natural e, consequentemente, a maior expressividade. A classificação pela tessitura é a ideal. Nas vozes não treinadas, a tessitura é mais limitada que a extensão e, com os treinos, os dois parâmetros tendem a se igualar. Tanto o termo extensão vocal como tessitura incluem a livre transição entre o registro modal e o falsete, podendo ser aplicadas a todos os tipos de vozes do canto 9. Para adquirir resultados fidedignos, atualmente se utilizam parâmetros de medidas de frequência e intensidade da voz por meio da extensão vocal para avaliar a anatomia e fisiologia da voz 10. O Perfil de Extensão Vocal (PEV) é um dos parâmetros utilizados para avaliar a extensão da voz através da frequência fundamental mínima e máxima (em Hz) relacionada às intensidades mínima e máxima, expressas em decibels (db) 4,11. O Vocalgrama é um equipamento que permite a avaliação do PEV da voz cantada, através da emissão em glissando de uma vogal /ε/ especificamente, para o registro da curva dos fracos e dos fortes. Este exame permite a visualização gráfica do campo dinâmico vocal, quantificando as extensões dinâmicas máximas (intensidades sonoras mínimas e máximas) sobre extensão vocal. Ele tem por objetivo auxiliar a descrição dos limites vocais de um
3 indivíduo disfônico, monitorar o resultado dos tratamentos realizados e identificar o potencial vocal artístico 12. Por meio dessa avaliação é possível identificar se existe alguma patologia, a flexibilidade de deslocamento da frequência dos graves aos agudos, a eficácia da atividade muscular de todo o aparelho fonador, como também os ajustes laríngeos utilizados pelo indivíduo 13. A extensão vocal é influenciada por fatores como idade, sexo, profissão e patologias laríngeas 6,14,15. Além disso, o uso de treino vocal ou intervenção cirúrgica pode maximizar a extensão da voz 16. Com bases nessas informações será que podemos perceber a influência das queixas vocais no perfil de extensão vocal de cantores amadores? A resposta a essa questão norteará estudos e práticas de intervenção e promoção da saúde vocal de cantores de coral amador. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Verificar se as queixas relacionados à voz interferem no perfil de extensão vocal de cantores. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍICOS * Identificar o perfil de extensão vocal de cantores com e sem queixas vocais. * Verificar se há diferença no perfil de extensão vocal entre cantores com e sem queixas de voz;
4 4 METODOLOGIA Este estudo caracteriza-se como de abordagem descritiva quantitativa transversal. Tratase de uma pesquisa inserida em um projeto maior aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade em que o estudo foi desenvolvido, sob nº CAAE parecer 76929, em 14/08/2012. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes da coleta dos dados. oram avaliados 20 cantores, sendo 13 com queixas e sete sem queixas vocais, sete do sexo masculino e 13 do sexo feminino, com idade entre 20 a 59 anos participantes de Corais do Centro de Artes e Comunicação da Universidade em que o estudo foi realizado. oram excluídos da amostra cantores cujos registros coletados no Vocalgrama apresentaram falhas durante a coleta ou na análise dos dados. As variáveis consideradas no estudo foram as queixas vocais, o sexo e o perfil de extensão vocal. oram considerados indivíduos com queixas, os que apresentaram escores acima de 16 na escala de sintomas vocais (EVS) e sem queixas os indivíduos que apresentaram escores abaixo de 16 pontos no ESV 17. Os registros vocais foram realizados e analisados em computador, por meio do software Vocalgrama da CTS-Informática. Referem-se à emissão sustentada da vogal /ε/ em glissandos ascendente e descendente, nas intensidades o mais forte e o mais fraca possível. As gravações foram feitas em um computador HP Notebook PC, com microfone Auricular Karsect HT-2 e o Adaptador Andrea PureAudio USB-AS, sendo esse um equipamento de filtragem e redução de ruídos. Os registros vocais foram feitos em uma sala separada, com cuidados para se minimizar ao máximo o ruído externo, durante as gravações.
5 Os registros quanto às queixas vocais foram coletados por meio de questionários específicos sobre sintomas vocais no canto. Para a comparação entre os grupos com e sem queixas vocais foi aplicado o Teste t de Student para amostras independentes, com nível de significância a 5% (p<0,05). 5 RESULTADOS A tabela 1 apresenta os valores individuais das extensões máximas medidas em semitons (st) e em Hertz (Hz), os valores máximo e mínimo medidos em decibel (db) e do PEV, em porcentagem, obtidos no Vocalgrama, bem como os valores médios de tais medidas nos grupos com e sem queixas vocais. oi encontrada diferença significante entre os grupos, apenas no parâmetro intensidade mínima. Pode-se notar que, a despeito de não serem significantes, em todas as variáveis apresentadas os valores no grupo sem queixa são maiores que no grupo com queixa, o que nos faz inferir que as queixas vocais parecem influenciar na performance do cantor em termos de extensão e controle de intensidade vocal. Vale ressaltar que as médias encontradas para a extensão em semitons apresentam uma diferença de aproximadamente um tom, e uma diferença de apoximadamente 3 db nas intensidades máxima e mínima. A despeito de ser aparentemente uma diferença pequena, para o cantor, um tom pode corresponder até uma mudança na classificação de seu naipe. Além disso, há que se considerar que a medida de intensidade se faz em medidas de escala logarítmica (em db), fazendo-nos inferir que a diferença de 3dB pode ter significado clínico.
6 Como os grupos analisados têm pessoas dos sexos masculino e feminino, não foi possível realizar o cálculo das médias da extensão em frequência, pois a 0 das vozes masculinas estão em faixas diferentes das femininas CONCLUSÃO Os resultados demonstraram que não houve diferença significante entre o PEV de cantores que apresentam queixas vocais e o de cantores sem queixas. TABELA 1 - Valores individuais e médios das extensões, da intensidade e do PEV, obtidos nos grupos com e sem queixas vocais. Sujeitos CQ 7 sexo M M St 23,72 25,43 36,54 38,38 6,71 22,39 24,69 Extensão 0 (Hz) Máx (db) 399,36 613, ,46 727,30 81,75 209,70 458,98 84,91 95,99 111,86 91,31 89,97 94,02 97,44 Intensidade Min (db) 41,7 48,73 50,05 56,62 49,40 43,54 50,32 PEV (%) 5,47 8,27 13,45 11,42 7,13 8,02 8, ,73 829,79 113,43 48,29 5, , ,03 117,49 49,55 9, ,25 932,89 118,29 51,70 8, , ,02 115,53 45,52 8, , ,25 107,48 51,72 11, ,77 609,70 105,95 45,39 7,92 Média 31, ,36 48,66 8,76
7 364,29 14 M 28,57 585,97 108,98 48,51 10,46 15 M 35,62 309,56 104,20 52,16 11,20 16 M 24,47 339,99 118,94 69,24 12,38 SQ 17 M 35,81 107,50 52,13 9, ,15 105,82 52,60 8, ,43 411,35 91,45 57,54 6,57 20 M 32,46 349,26 105,88 50,55 10,15 Média 33,80 p=0, ,78 p=0,298 52,14 p=0,010* 9,60 p=0,144 *Diferença significante entre os grupos Teste t de Student - nível de significância (p<0,05)
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