SEVERIDADE DA QUEIMA DAS PONTAS (Botrytis squamosa) DA CEBOLA EM DIFERENTES TEMPERATURA E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR
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1 SEVERIDADE DA QUEIMA DAS PONTAS (Botrytis squamosa) DA CEBOLA EM DIFERENTES TEMPERATURA E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR Roberto HAVEROTH 11 ; Katiani ELI 1 ; Leandro L. MARCUZZO,2 1 Instituto Federal Catarinense-IFC/Campus Rio do Sul, Rio do Sul, SC INTRODUÇÃO A cebola (Allium cepa L.) é uma das plantas cultivadas de mais ampla difusão no mundo. As doenças constituem-se num dos principais problemas na cultura da cebola. Entre as principais doenças da cultura está a queima das pontas, causado por Botrytis squamosa. Essa doença na cultura varia em função das condições climáticas, cultivar, localização, tipo de solo, tratos culturais, ataque de insetos e estado nutricional da planta. O controle desta doença na região do Alto Vale do Itajaí consiste basicamente no predomínio do sistema convencional de produção, com o uso intensivo de agrotóxicos (BOING, 2002).Uma das maneiras de reduzir o uso de agrotóxicos é conhecer quais as condições que favorecem a ocorrência da doença (BERGAMIN FILHO, 1995). Assim, o conhecimento epidemiológico das condições climáticas e sua relação com a doença permitem a criação de modelos capazes de realizar previsões aumentando a eficácia do controle fitossanitário (SUTTON, 1998).Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo conhecer a temperatura e o molhamento foliar ideais para o desenvolvimento da severidade da queima das pontas da cebola. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Instituto Federal Catarinense - IFC/Campus Rio do Sul, SC. Mudas de cebola da cultivar Epagri 352 Bola Precoce cultivadas em canteiros com 60 dias de idade apresentando 3 folhas expandidas foram transplantadas para copos de 300 ml contendo mistura de substrato e solo não estéril. As plantas foram então deixadas em câmara úmida por 24 horas e logo após, as folhas limpas com um chumaço de algodão para retirada de cerosidade e foram inoculadas com uma suspensão de esporos de B. squamosa com oito dias 1 Estudante de Graduação em Agronomia, Instituto Federal Catarinense. haverot@gmail.com;katiani.eli@gmail.com. 2 Professor do curso de Agronomia do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, marcuzzo@ifcriodosul.edu.br
2 de cultivo em BDA na concentração em câmara de Neubauer de 1,75x10 6 esporos/ml pelo método de pulverização até o ponto de escorrimento com auxílio de um atomizador manual. Após a inoculação, as plantas foram depositas em uma bandeja plástica contendo uma lamina de 0,5 centímetros de água estéril e envolta com um saco plástico transparente umedecido. As bandejas foram transferidas para estufa do tipo B.O.D ajustadas para 10, 15, 20 e 25 C com fotoperíodo de 12 horas luz e mantidas 6, 12, 24 e 48 horas de umidade continua. Ao final de cada período de molhamento, as plantas foram retiradas e secas com o auxílio de ar forçado aquecido e transferidas para sala com ambiente climatizado a 22ºC. A severidade da doença foi avaliada através da porcentagem de folha seca em proporção ao total do crescimento das três folhas no décimo quinto dia após a inoculação. O delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições foi utilizado para cada combinação de temperatura e molhamento. Cada repetição foi constituída de uma planta e a média dos valores de severidade das três folhas inoculadas foi usada para determinar a relação com a duração do molhamento foliar e temperatura. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Figura 1, observa-se a variação da severeidade final da B. Squamosa em diferentes temperturas a um período de molhamento foliar de 6 horas. Observa-se que as temperaturas de 10ºC e 25ºC obtiveram as menores médias da severidade final, enquanto o modelo gerado apontou a temperatura de 15ºC como a que resultou em maior severidade final. Figura 1. Severidade final da queima das pontas (B. squamosa) em mudas de cebola em diferentes temperaturas a 6 horas de molhamento foliar. IFC - Campus Rio do Sul, 2014.
3 Quando utilizado o modelo gerado pela curva, ou seja, y = -0,1642x 2 + 5,161x + 3,1947, é obtida a temperatura de 15,5ºC onde é estimado que a severidade final seja de 43,741% sob molhamento foliar de 6 horas. A curva do comportamento da severidade final da doença a 12 horas de molhamento foliar, onde as temperaturas de 10ºC e 15ºC foram as que resultaram menores valores (Figura 2). A temperatura de 20ºC no experimento resultou como a temperatura de maior severidade da doença acarretando na diminuição do patógeno conforme a temperatura passa a 25ºC. Observase que a severidade final obtida com 12 horas de molhamento foliar, mostrou-se superior a obtida em 6 horas de molhamento foliar (Figura 1), confirmado o já observado por Vincelli & Lorbeer (1988) onde obteve-se maior eficiência de infecção com período de molhamento foliar entre 12 e 15 horas. Utilizando a equação y = -0,1667x 2 + 6,6286x - 21,617 gerada pela curva, obtevese a temperatura de 20ºC como temperatura ideal para a doença, a qual teria uma severidade final de 44,275%. Figura 2. Severidade final da queima das pontas (B. Squamosa) em mudas de cebola em diferentes temperaturas a 12 horas de molhamento foliar. IFC - Campus Rio do Sul, A curva observada na Figura 3 traça o comportamento da severidade dentre as diferentes temperaturas em um período de molhamento foliar de 24 horas. Observa-se a tendência da doença em ser mais severa quando tem-se temperaturas próximas a 15ºC e então começar a decair com o aumento da temperatura. Tal fato corrobora com dados apresentados por Sutton et al. (1984), onde a B. Squamosa apresentou maiores serveridades em periodos de molhamento foliar superiores a 15 horas.
4 Utilizando a equação y = -0,1117x 2 + 2,9791x + 31,301 gerada pelo modelo, a temperatura de 13,5ºC foi a que resultou na máxima severidade estimada de 51,16% da queima das pontas da cebola caso as plantas sejam incubadas por 24 horas em câmera úmida. Figura 3. Severidade final da queima das pontas (B. Squamosa) em mudas de cebola em diferentes temperaturas a 24 horas de molhamento foliar. IFC - Campus Rio do Sul, Figura 4. Severidade final da queima das pontas (B. Squamosa) em mudas de cebola em diferentes temperaturas a 48 horas de molhamento foliar. IFC - Campus Rio do Sul, A curva representada na Figura 4 demonstra o comportamento da severidade final da doença em diferentes temperaturas a um período de molhamento foliar igual a 48 horas. Observa-se que a curva tende a ter seu valor mais elevado de severidade em temperaturas entre 15ºC e 20ºC. Vale ressaltar, que o período de molhamento foliar acaba exercendo maior influencia sobre a severidade em relação a temperatura. De acordo com Sutton et al. (1984), a B. squamosa apresenta maior severidade de infecção quando as plantas são acondicionadas em
5 períodos de molhamento foliar maiores que 15 horas, tendo pouca influência de temperaturas entre 9 e 24ºC. Utilizando a equação gerada pela curva y = -0,0935x 2 + 3,4173x + 22,542, obtevese na temperatura de 18,5ºC uma severidade de 53,76%, sendo esta a mais favorável para o desenvolvimento da doença nas condições deste tratamento. CONCLUSÕES Notou-se um acréscimo gradativo de doença à medida que a temperatura aumentou de 15 para 20 C, para um período contínuo de molhamento foliar superior a 12 horas. Por outro lado, quando a temperatura passou de 20 para 25 C houve um decréscimo da severidade. Em condições de 48 horas de molhamento foliar, houve uma maior influencia do período de molhamento em relação a influencia da temperatura. As informações obtidas na interação entre temperatura e molhamento foliar permitem um maior conhecimento da epidemiologia da doença, podendo ser utilizadas para compor um modelo climático para um sistema de previsão computadorizado a ser utilizado para a queima das pontas das folhas de cebola. REFERÊNCIAS BERGAMIM FILHO, A. Conceitos e objetivos. IN: BERGAMIM FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. (Ed.). Manual de Fitopatologia: princípios e conceitos, v.1, 3. ed. São Paulo: CERES, cap. 27, p BOEING, G. Fatores que afetam a qualidade da cebola na agricultura familiar Catarinense.Florianópolis, SC. Instituto CEPA/SC, 88p SUTTON, J.C. Predictive value of weather variables in the epidemiology and management on foliar diseases. FitopatologiaBrasileira, Brasília, v.12, n.4 p , SUTTON, J.C.; ROWELL, P.M.; JAMES, T.D.W. Effects of leaf wax,wetness duration and temperature on infection of onion leaves by Botrytis squamosa. Phytoprotection, v.65, p.65-68, VINCELLI, P.C.; LORBEER, J.W. Relationships of precipitation probability to infection potential of Botrytis squamosaon onions. Phytopathology, v.68, p , 1988.
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