SEVERIDADE DA CERCOSPORIOSE (Cercospora beticola) DA BETERRABA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES TEMPERATURAS E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR
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1 SEVERIDADE DA CERCOSPORIOSE (Cercospora beticola) DA BETERRABA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES TEMPERATURAS E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR Autores :Roberto HAVEROTH 1 ; Aline NASCIMENTO 2 ; Leandro Luiz MARCUZZO 3 Identificação autores: Bolsista PIBIC/CNPq; Orientador IFC-Campus Rio do Sul Introdução No Brasil, apesar de não haver um levantamento sistemático pelo IBGE, existem cerca de hectares de beterraba, produzidos em mais de propriedades. Santa Catarina produz cerca de 65% do próprio consumo da cultura, e isso representa em torno 1000 hectares que se concentra na região do Alto Vale do Itajaí, gerando boa rentabilidade e responsável pela sustentabilidade de pequenas propriedades agrícolas. Porém, as doenças constituem-se num dos principais problemas desta cultura que incidem desde a semeadura, durante todo o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo e também na armazenagem. Entre as principais doenças da cultura esta a cercosporiose, causado por Cercospora beticola, sendo responsável pela destruição total do limbo foliar e a redução na produtividade de 15 a 45%. Os sintomas característicos são observados nas folhas mais velhas por serem mais suscetíveis. Inicialmente são pontuações que evoluem podendo alcançar de 4 a 5 mm de formato mais ou menos arredondado, centro claro e bordas com perímetro de coloração vermelho-púrpura (WEILAND & KOCH, 2004). A doença encontra condições favoráveis quando as condições de alta umidade relativa do ar são maiores que 90% e a temperatura entre 22 e 26 o C. Apesar da disponibilidade de controle químico, a cercosporiose normalmente inviabiliza a comercialização das plantas através de maços em decorrência da aparência das folhas doentes e senescentes (TIVELLI et al., 2011; PUIATTI & FINGER, 2005). É desconhecido o comportamento da severidade da doença em função das condições de temperatura e de horas de molhamento foliar e mediante a esse aspecto, o objetivo deste trabalho foi avaliar essa interação para conhecer as condições ambientais necessárias para o desenvolvimento da doença.
2 Material e Metódos O experimento foi realizado no laboratório de fitopatologia do Instituto Federal Catarinense Campus de Rio do Sul, no município de Rio do Sul SC. Utilizaram-se plantas de beterraba do cultivar All Green, e quando as plantas apresentarem três folhas expandidas, estas foram pulverizadas até o ponto de escorrimento com uma suspensão contendo 10 4 de esporos de Cercospora beticola. Após a inoculação as plantas foram cobertas com um saco transparente e internamente umedecido com água estéril, contendo um processo de nebulização, para manter-se a umidade relativa. As plantas foram armazenadas em câmara de crescimento (BOD) ajustada com molhamento foliar contínuo em 6, 12, 24 e 48 horas, nas temperaturas de 15, 20, 25, 30 e 35 C e com fotoperíodo de 12 horas. Posteriormente, as plantas foram retiradas e secas através de ventilação forçada com auxílio de secador de cabelo, e a cada dois dias realizou-se a análise da severidade da doença das folhas inoculadas no período de quatorze dias. A severidade da doença foi avaliada através do diagrama de análise visual da porcentagem de área foliar afetada pela doença (May de Mio, 2008). Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão gerando um modelo que estimou o efeito das diferentes temperaturas em cada período de molhamento foliar. Resultados e discussão A temperatura de 15ºC e 6 horas de molhamento foliar apresentou menor severidade da doença desde o início das avaliações (Figura 1). As temperaturas de 20, 25 e 35ºC tiveram comportamento semelhante e manteve-se uma severidade final inferior a temperatura de 30 ºC, ou seja, a temperatura de 30ºC foi superior na severidade comparado com as demais temperaturas, apresentando um valor de severidade de 1,64%. Este comportamento diferencia do observado por Tivelli et al. (2011), onde foi constatado que a temperatura ideal para o desenvolvimento da cercosporiose varia entre 22 e 26ºC.
3 Figura 1: Severidade final da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba em diferentes temperaturas com 6 horas de molhamento foliar na. IFC Campus Rio do Sul, Com 12 horas de molhamento foliar é observado que a linha de tendência é uma polinomial, e conforme aumento da temperatura em até 30 C, simultaneamente ocorre um acréscimo da doença, porém, a temperatura de 35 C ocorre o decréscimo da severidade da doença (Figura 2). Figura 2: Severidade final da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba em diferentes temperaturas com 12 horas de molhamento foliar na. IFC Campus Rio do Sul, Observa-se que as temperaturas com maior severidade final, estão entre 25ºC e 30ºC, ou seja, fica dentro do intervalo ideal para o desenvolvimento da cercosporiose proposto por Tivelli et al. (2011). Quando as plantas foram submetidas a 24 horas de molhamento foliar, a severidade obteve aumento contínuo até a temperatura de 30 C. De 30 a 35 C, ocorre a
4 diminuição da severidade (Figura 3). Porém as temperaturas mais elevadas apresentam maior severidade em relação as demais temperaturas, este comportamento diferencia do observado por Tivelli et al. (2011). Figura 3: Severidade final da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba em diferentes temperaturas com 24 horas de molhamento foliar na. IFC Campus Rio do Sul, Conforme a Figura 4 é observado que as plantas submetidas a uma temperatura de 25ºC apresentaram severidade final superior as demais, com um valor de quase 22%, seguidamente a temperatura de 30ºC obteve plantas com severidade em torno de 17%, e os valores mais extremistas de temperaturas não ultrapassaram 5% de severidade. Ficando dentro do proposto por Tivelli et al. (2011). Figura 4: Severidade final da Cercosporiose (Cercospora beticola) da beterraba em diferentes temperaturas com 48 horas de molhamento foliar na. IFC Campus Rio do Sul,
5 Com base nestes dados apresentados, é possível constatar que quanto maior o período de duração do molhamento foliar, e quanto mais próxima de 25 e 30 C for à temperatura, maior é severidade e consequentemente a probabilidade de ocorrência de cercosporiose na beterraba. Conclusão Conclui-se que a temperatura de 25 e 30 C com aumento de horas de molhamento foliar foram o que apresentaram maior severidade da cercosporiose da beterraba. Referências MAY DE MIO LL; OLIVEIRA RA; FLORIANI AMV; SCHUBER JM; et al. Proposta de escala diagramática para quantificação da cercosporiose da beterraba. Scientia Agraria, Curitiba, v.9, n.3, p , PUIATTI, M.; FINGER, F.L. Cultura da beterraba. In: FONTES PCR. Olericultura: teoria e prática. Viçosa: Suprema, p , TIVELLI, S.W; FACTOR, T.L.; TERAMOTO, J.R.S.; FAHI, E.G.; MORAES, A.R.A.; TRANI, P.E.; MAY, A. Beterraba, do plantio à comercialização. Série Tecnologia APTA. Boletim Técnico IAC, 210. Campinas: Instituto Agronômico. 2011,45p. WEILAND, J.; KOCH, G. Sugar beet leaf spot disease (Cercospora beticola Sacc.). Molecular Plant Pathology, London, v.5, n.3, p , 2004.
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