O SABER se CONSTRUINDO para a L I B E R D A D E na LIBERDADE o H O M E M. se CONSTRÓI C O N S T R U I N D O o S A B E R

Transcrição

1 ESPERANÇA Saúdo-te, Esperança, tu que vens de longe, inundas com teu canto os tristes corações, tu que dás novas asas aos sonhos mais antigos, tu que nos enches a alma de brancas ilusões. Saúdo-te, Esperança. Tu forjarás os sonhos naquelas solitárias desenganadas vidas, carentes do possível de um futuro risonho, naquelas que inda sagram as recentes feridas. Ao teu sopro divino fugirão as dores como tímido bando de ninho despojado, e uma aurora radiante, com suas belas cores, anunciará às almas que o amor é chegado. Pablo Neruda

2 SÓCRATES De a PAULO FREIRE O SABER se CONSTRUINDO para a L I B E R D A D E na LIBERDADE o H O M E M se CONSTRÓI C O N S T R U I N D O o S A B E R

3 SÓCRATES S Ó C R A T E S

4 Alguém perguntou a Sócrates se deveria casar. Sócrates lhe respondeu: Faça como achar melhor, desde que venha a se arrepender um dia.

5 Boa parte da filosofia de Sócrates foi concebida numa atmosfera impregnada de fanatismo e medo. Tempos de guerra. Guerra do Peloponeso. ( a.c.)

6 Gravitando em torno do seu próprio eixo, Sócrates se recusava a gravitar em torno do eixo do Estado.

7 É subversivo e revolucionário porque age e revoluciona. Nega-se a participar da esfera estatal e do mundo político, que para os gregos de Atenas tinha um sentido religioso.

8 Sócrates se recusa a participar, a crer, a saber. Não se conscientiza, apenas questiona; não tem convicções, apenas perguntas; não tem tempo para dedicar-se a esfera pública e ao domínio do político.

9 Diante das discussões metafísicas sobre a origem e natureza do mundo, logo compreendeu que tais especulações não traziam benefícios algum para a humanidade.

10 Em vez de questionar o mundo, questionava-se a si próprio: Conhece-te a ti mesmo. Este lema direciona toda a vida de Sócrates. O perfeito conhecimento é objetivo de todas as suas especulações e moral, o centro para o qual converge toda a filosofia.

11 Escolhido pelo Oráculo de Delfos como o mais sábio do homens, demonstrou: Eu nada sei, exceto o fato de minha própria ignorância.

12 Passou a vida tentando desiludir as pessoas a cerca dos problemas errôneos do pensamento.

13 Para Sócrates, A vida que não é examinada, não vale a pena ser vivida.

14 D I A L É T I C A Questionamento como provocação D I A L É T I C A através da R A Z Ã O

15 Acusado de agir contra o Estado, Sócrates foi condenado (399 a.c): 1. Não aceitava as divindade do Estado e introduzia outras; 2. Seduzia a juventude, desencaminhando-a da educação prevista pelo Estado.

16 PAULO FREIRE PAULO FREIRE

17 Pensador comprometido com a vida: não pensa idéias, pensa a existência, a práxis humana.

18 Não se constrói uma pedagogia para alguém, mas é este alguém que constrói sua pedagogia. Ela está nele.

19 Ninguém educa ninguém, nós nos educamos em comunhão.

20 A Pedagogia da Liberdade, proposta por Paulo Freire, tem suas exigências, tais como o reconhecimento dos privilégios da prática. Não esqueçamos que os analfabetos são a maioria dos pauperizados por um sistema social marcado pela desigualdade e pela opressão.

21 A visão da liberdade tem nesta pedagogia uma posição de relevo. Nela, a prática educativa só pode alcançar efetividade e eficácia na medida da participação livre e crítica dos educandos.

22 A prática da liberdade não se faz fora do mundo do oprimido, mas com ele, refletindo, descobrindo-se conquistando-se como sujeito de sua própria destinação histórica.

23 O saber deve levar o homem a E X I S T E N C I A R - S E H I S T O R I C I S A R - S E.

24 A transmissão do conhecimento passa pela conscientização da criatura. Não se ensina, aprende-se em reciproxidade de consciência.

25 Não se alfabetiza para que o homem colecione palavras em sua memória, mas para que ele possa pensar, dizer e escrever o seu mundo, para contar a sua história. A alfabetização vai além da alfabetização.

26 No processo educativo o homem aprende a dizer a sua palavra. Humaniza-se, humanizando o mundo. Com a palavra, o homem se faz homem e se reconhece como sujeito que elabora o mundo através do seu trabalho.

27 O homem não se naturaliza, humaniza o mundo. O processo não é só biológico, mas, também, histórico.

28 O homem precisa refletir e discutir seu mundo para observar como vive. Pensar o mundo é julgá-lo.

29 A interrogação nunca é pergunta exclusivamente especulativa, mas provocação que incita a consciência a totalizar-se. Palavra é AÇÃO.

30 Não há cultura do povo, sem política do povo.

31 Em Pedagogia dos Sonhos Possíveis, Paulo Freire mostra que: A politicidade da educação demanda veementemente do professor e da professora que se assumam como um ser político, e não como um puro técnico ou um sábio, porque também o técnico e o sábio são substantivamente políticos.

32 A politicidade da educação exige que o professor se saiba, em termos ou em nível objetivo, em nível de sua prática a favor de alguém ou contra alguém, a favor de algum sonho e, portanto, contra um certo esquema de sociedade, um certo projeto de sociedade.

33 A democracia não aparece por acaso nem tampouco pelo gosto de umas poucas pessoas que arregalam ou a impõem às maiorias. Não é obra de uns poucos iluminados e bem intencionados.

34 A escola democrática não surge do empenho magnânimo de alguns educadores de boa vontade, mas da luta de alguns poucos que se transformam em muitos, convertendo mães, pais, alunos, zeladores, merendeiras, diretoras, coordenadoras...

35 Uma rede pública pode criar condições de ser democrática na medida em que, mobilizando-se e organizando-se, lute contra o arbítrio, supere o silêncio que lhe esteja sendo imposto e leve o poder arbitrário do governo a conceder.

36 A educação que se vive na escola não é a chave das transformações do mundo, mas as transformações implicam educação. A força da educação está na sua fraqueza.

37 ESPERANÇA A paz fugiu do meu quintal e eu, como uma árvore no outono, me despojei do belo ante a fúria do vendaval. De qualquer modo ficou-me a semente da paz. Um dia, o outono retomará seu caminho de volta e a primavera habitará entre nós. Admário Luiz