AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA

Transcrição

1 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE CONSUMO NO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA RESUMO - Alimentos e água são elementos primordiais à vida e todos os seres humanos devem ter acesso com valor nutricional adequado e de qualidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica (Coliformes e Pseudomonas) em amostras de água mineral natural envasadas em galões de 20 litros, diferentes filtros domésticos e água da torneira (SANEAGO) na cidade de Goiânia GO. Foram analisadas 17 amostras com repetições para aquelas que apresentaram microrganismos. Para determinação de coliformes totais, coliformes fecais e Pseudomonas aeruginosa foi utilizada a técnica de tubos múltiplos. Os resultados das análises para coliformes e Pseudomonas aeruginosa foram comparados com os padrões de qualidade para água potável. Verificou-se que 4 amostras (23,5%) estavam fora do padrão para coliformes totais sendo que 3 amostras contaminadas eram de garrafões de 20 litros. As amostras não apresentaram coliformes fecais e Pseudomonas aeruginosa. ABSTRAT - Foods and water are primordial elements to the life and all the humans should have access with appropriate nutritional value and quality. The objective of this work was to evaluate the microbiological quality (coliforms and Pseudomonas) in samples of mineral water natural potted in gallon of 20 liters of 3 marks, different domestic filters and tap water (SANEAGO) in the city of Goiânia. GO. 17 samples were analyzed with repetitions for those that presented microorganisms. For determination of total coliforms, fecal coliforms and Pseudomonas aeruginosa, the technique of the multiple tubes was used. The results of the analyses for coliforms and Pseudomonas aeruginosa were compared with the quality patterns for drinking water. It was verified that 4 samples (23.5%) were out of the pattern for total coliforms and 3 polluted samples were gallons of 20 liters. The samples didn t present fecal coliforms and Pseudomonas aeruginosa. PALAVRAS CHAVE: Água mineral; coliformes; Pseudomonas aeruginosa. KEYWORDS: Mineral water; coliforms; Pseudomonas aeruginosa.

2 1. INTRODUÇÃO A água é de fundamental importância para a indústria de alimentos, requerendo especial atenção às fontes de abastecimento, quanto aos requisitos para seu tratamento, desinfecção, depósito e propriedade da distribuição. É utilizada largamente em todo o fluxograma da indústria, como agente de higienização pessoal, do ambiente, dos equipamentos e dos instrumentais, na lavagem de carcaças, vísceras, vasilhames e outros produtos. Participa inclusive como matéria-prima na composição de diversos produtos comestíveis, nas modalidades, por exemplo, da água de cozimento, das salmouras e do gelo (Brasil, 2007). Segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% das doenças que ocorrem nos países em desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água. A incidência de doenças relacionadas ao consumo de alimentos cresce anualmente; o número de refeições realizadas fora de casa potencializa o surgimento de doenças transmitidas por alimentos (DTA) e, consequentemente, os surtos de toxinfecções alimentares (Lynch et al., 2003). Dependendo da finalidade de utilização, a água deve ter certas características, como potabilidade, dureza, teor de metais tóxicos e contagem de patógenos dentro dos padrões estabelecidos, além de ausência de odor e sabor indesejáveis. Em função da fonte fornecedora (água de subsolo, rios, lagos, reservatórios, água já tratada do município) e do uso final da água (limpeza, processamento) é recomendável que a indústria de alimentos, sempre que possível, tenha o seu próprio sistema de tratamento de água (Gava, 1984). De acordo com a Portaria nº 518 de 2004 do Ministério da Saúde/ANVISA, a água é considerada potável, sob o ponto de vista microbiológico, quando está de acordo com a seguinte conformidade: ausência de coliformes totais e termotolerantes em 100mL de amostra de água para consumo. Segundo Tortora et al. (2000), as bactérias do grupo coliformes não são normalmente patogênicas, mas são organismos de presença obrigatória nos intestinos humanos e, portanto, na matéria fecal. Assim sendo, sua presença permite detectar indícios de fezes na água em concentrações extremamente diluídas, dificilmente verificáveis pelos métodos químicos correntes. Como, por outro lado, as bactérias patogênicas veiculadas pela água estão sempre associadas às fezes, sinais dessas constituem presença potencial de patógenos, que serão inferidos como coliformes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS-1971), o ideal seria que todas as amostras colhidas do sistema distribuidor, incluindo aquelas dos domicílios dos consumidores, fossem isentas de organismos coliformes. O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns aspectos de qualidade microbiológica em amostras de água, consumida pela população de alguns setores da cidade de Goiânia em diferentes residências e estabelecimentos comerciais. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Amostragem Foram analisadas 17 amostras provenientes de 3 marcas diferentes de água mineral em garrafões de 20 litros (4 amostras), diferentes marcas filtros (10 amostras) e água

3 (SANEAGO) da torneira (3 amostras). Por se tratar de pesquisa sem objetivo de fiscalização foram analisadas uma amostra de cada local, no decorres de dois meses, não considerando amostra representativa ou indicativa citadas na legislação. As amostras foram adquiridas em um condomínio vertical e no departamento de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás. 2.2 Preparo das amostras Foram coletadas amostras de agua de diferentes lugares, identificaram-se as amostras e em seguida foram conduzidas ao laboratório de microbiologia da Universidade Federal de Goiás UFG. 2.3 Análise Microbiológica Para verificação da qualidade microbiológica referente aos parâmetros coliformes totais, coliformes fecais/e. coli e Pseudomonas Aeruginosa foi adotada a Resolução nº 518, de 25 de março de 2004, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Características Microbiológicas para Água Mineral Natural e Água Natural; essa resolução determina como padrão a ausência desses microrganismos. Contagem de Coliformes Totais e de Coliformes Termotolerantes: Para a contagem de coliformes totais e a de coliformes termotolerantes foi utilizada a técnica dos tubos múltiplos (American Public Health Association, 1998). A classificação dos coliformes, segundo Silva (1997), apresenta o grupo de Coliformes totais que inclui as bactérias na forma de bastonetes Gram-negativos, não esporogênicos, aeróbios ou aeróbios facultativos, capazes de fermentar a lactose com produção de gás, em 24 a 48 horas a 35 C. Sendo assim, para a verificação da possível existência de coliformes totais foi utilizado o caldo lactosado. Para confirmação de Coliformes fecais (termotolerantes), segundo Forsythe (2002), utilizou-se o caldo EC (Escherichia coli), por eles serem definidos como coliformes capazes de fermentar a lactose, com produção de gás, no período de 48 horas, a 45,0 C. Contagem de Pseudomonas Aeruginosa: Para determinação da presença (NMP/100mL número mais provável em 100 ml de amostra) de Pseudomonas Aeruginosa foi utilizada a técnica de tubos múltiplos específica, empregando-se os meios caldo asparagina e caldo acetamida nas provas presuntiva e confirmatória, respectivamente, seguindo orientações da American Public Health Association,1998. Para o teste presuntivo inocularam-se alíquotas de 10 ml da amostra em cada um de dezessete tubos contendo caldo asparagina em concentração dupla, incubados em estufa à temperatura de 35ºC. Após 48 h de incubação, foram examinados sob luz ultravioleta (366 nm de comprimento de onda) em câmara escura. O aparecimento de pigmento esverdeado fluorescente constituiu teste presuntivo positivo. Para o teste confirmatório repica-se a cultura em tubos contendo caldo acetamida. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão distribuídos o Número Mais Provável de coliformes totais, fecais e pseudomonas presentes em diferentes fontes de água potável e pode-se verificar que de 4 amostras de água de garrafões de 20 litros 3 apresentaram presença de coliformes fecais e não

4 atenderam aos padrões de qualidade recomendados pela legislação utilizada como base de comparação nesta pesquisa. Conforme foram analisadas as amostras de água de diferentes fontes e formas de armazenamento esta presença de coliformes pode ser causada pela não higienização correta nos reservatórios. De acordo os resultados de Números Mais Provável de microrganismos nas diferentes amostras percebe-se que 4 amostras estão com presença de coliformes totais contrariando a legislação. Tabela 1 Números Mais Provável (NMP) para diversas combinações de 5 porções de 10 ml da amostra por tubo. Amostras Coliformes Totais Coliformes Fecais Pseudomonas 1 - Garrafão 9, Filtro Torneira Filtro 5, Filtro Garrafão 5, Filtro Filtro Filtro Garrafão Filtro Torneira Filtro Filtro Garrafão Filtro Torneira CONCLUSÕES Verificou-se que a água proveniente do sistema de abastecimento da cidade de Goiânia não apresentou contaminação de coliformes totais, coliformes fecais/e. coli e Pseudomonas Aeruginosa que foram coletadas diretamente da torneira e de diferentes filtros comerciais. De 4 amostras de garrafões analisadas 3 estavam contaminadas com coliformes totais podendo ser devido ao manuseio e higienização incorreta. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20 th ed. Washington, DC, p BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 518 de 25 de março de Diário Oficial da União, 26 mar BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual deprocedimentos para implantação de estabelecimentos industrial de pescado: produtos frescos e congelados.

5 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca. Brasília: MAPA: SEAP/PR p. FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Trad. Maria Carolina Minardi Guimarães e Cristina Leonhardt Porto Alegre: Artmed, p 216, 211, GAVA, A. J. Princípios de Tecnologia de Alimentos. 6º ed. São Paulo: Editora Nobel, LYNCH, R.A.; ELLEDGE, B.L.; GRIFFITH, C.C.; BOATRIGHT, D.T. A comparison of food safety knowledge among restaurant managers, by source of training and experience, in Oklahoma County. J Environ Health, 66(2):9-14, SILVA, N. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. Valéria Christina Amstalden - São Paulo: Livraria Varela, p31, TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. Porto Alegre: Artmed, 2000.