CRIAÇÃO DE NOVILHAS LEITEIRAS PARA REPOSIÇÃO BRITO, D. D¹ ; FERMAMDES, G.A.F²
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1 CRIAÇÃO DE NOVILHAS LEITEIRAS PARA REPOSIÇÃO BRITO, D. D¹ ; FERMAMDES, G.A.F² ¹ Tiago Albuquerque de Brito, Zootecnista, Rua Manoel Coelho N 199; AP 13; BlC 2, CEP , Uberaba- MG, tiago.a.brito@pop.com.br ² Prof. Msc. Leonardo de Oliveira Fernandes Curso de Zootecnia, FAZU - Faculdades Associadas de Uberaba, Av. do Tutunas, 72 CEP , Uberaba MG, leonardo@epamig.br RESUMO: A criação de novilhas leiteiras é uma das atividades de maior importância na condução dos rebanhos leiteiros e tem como objetivo principal a substituição das vacas produtoras de leite, sendo suas excedentes destinadas à venda (NEIVA, 2). O produtor que não cria suas novilhas deve comprá-las para substituir as vacas a serem descartadas. É possível que se possa comprar novilhas cujo potencial genético seja superior ao das vacas do rebanho, entretanto, é difícil Ter essa garantia. Além disso, as características sanitárias dessas novilhas nem sempre são conhecidas, podendo ocorrer o risco da introdução de doenças não existentes no plantel. Portanto, os produtores que criam suas próprias novilhas, se beneficiam pelos conhecimentos do potencial genético das mesmas e também pelo melhor controle de doenças (HLMES & WILSON, 199). Segundo Montardo (1998 é claro que o produtor leiteiro que cria suas próprias novilhas não tem como evitar o período improdutivo, mas pode, e deve, torná-lo o mais curto possível, através de um sistema de criação gerenciado, que acompanhe cada fase da etapa de criação). O objetivo deste trabalho é mostrar os aspectos mais importantes para a criação de novilhas leiteiras para uma eficaz reposição do plantel. PALAVRAS CHAVE: bovinocultura de leite; eficiência reprodutiva; manejo sanitários; BUILDING FOR REPLACEMENT DAIRY HEIFERS ABSTRACT: The creation of dairy heifers is one of the most important activities in the management of dairy herds and has as main goal the replacement of milk-producing cows, and its surplus for the sale (Neiva, 2). The producer does not create their heifers should buy them to replace the cows to be discarded. It may be possible to buy heifers whose genetic potential is higher than that of cows in the herd, however, is difficult to have that guarantee. In addition, the health characteristics of these heifers are not always known, and there may be a risk of introducing diseases not found in the squad. Therefore, farmers who raise their own heifers, benefit by the knowledge of the genetic potential of these and also for better disease control (HLMES & Wilson, 199). According Montardo (1998 is clear that the dairy producer who creates his own heifers can not avoid the unproductive period, but can and should make it as short as possible, through a managed build system, which accompany each stage of creation step). The objective of this work is to show the most important aspects for the creation of dairy heifers to an effective replacement squad. KEY WORDS: dairy cattle, reproductive efficiency, health management; INTRODUÇÃO A criação de novilhas leiteiras é uma das atividades de maior importância na condução dos rebanhos leiteiros e tem como objetivo principal a substituição das vacas produtoras de leite, sendo suas excedentes destinadas à venda (NEIVA, 2). O produtor que não cria suas novilhas deve comprá-las para substituir as vacas a serem descartadas. É possível que se possa comprar novilhas cujo potencial genético seja superior ao das vacas do rebanho, entretanto, é difícil Ter essa garantia. Além disso, as características sanitárias dessas novilhas nem sempre são conhecidas, podendo ocorrer o risco da introdução de doenças não existentes no plantel. Portanto, os produtores que criam suas próprias novilhas, se beneficiam pelos conhecimentos do potencial genético das mesmas e também pelo melhor controle de doenças (HLMES & WILSON, 199). Segundo Montardo (1998 é claro que o produtor leiteiro que cria suas próprias novilhas não tem como evitar o período improdutivo, mas pode, e deve, torná-lo o mais curto possível, através de um sistema de criação gerenciado, que acompanhe cada fase da etapa de criação). O objetivo deste trabalho é mostrar os aspectos mais importantes para a criação de novilhas leiteiras para uma eficaz reposição do plantel.
2 MATERIAL E MÉTODOS O material usado para este artigo bibliográfico foi retirado de livros com métodos de criação para a melhor eficiência na reposição de novilhas leiteiras. A fase de cria das bezerras não tem recebido a atenção necessária por alguns produtores de leite, uma vez que, além de não gerar renda imediata, esta categoria animal representa despesas (BRITO;DIAS,1998). No entanto, ao se considerar que o produtor deveria se preocupar em melhorar geneticamente seu rebanho, utilizando touros ou sêmen de melhor qualidade, quanto mais rápido de substitui as vacas mais velhas por outras mais jovens, de maior potencial para produção de leite, melhor (BRITO; DIAS, 1998). Alimentação de bezerras: Hoje, muitos produtores desmamam ou desaleitam seus bezerros com cinco a oito semanas de idade, forçando-os a sobreviver somente com alimentos sólidos (CAMPOS; LIZIEIRE, 1997). Na primeira fase de vida, a bezerra necessita do leite, mas também se deve acrescentar rações e volumosos para que ocorra rapidamente a transformação de monogástrico para ruminante. Com isso, acompanhado de um bom potencial genético, obtém-se animais precoces e com boa qualidade para reposição do rebanho. Colostro: Colostro é a secreção da glândula mamária nos primeiros três a quatro dia após o parto. Também conhecido como leite sujo, o colostro não tem valor comercial, mas é ele quem vai garantir a sobrevivência do bezerro nas primeiras semanas após o nascimento, fornecendo os anticorpos (CAMPOS; LIZIEIRE, 1997). Estudo apresentado por Neiva (2), analisando o efeito da idade do bezerro (em horas) sobre a ingestão de imunoglobulinas do colostro, nos mostra que as imunoglobulinas absorvidas por uma única mamada de colostro foram 5% menores quando se forneceu o colostro 2 horas após o nascimento, em comparação com os animais que receberam colostro após 2 horas de nascidos (tabela 1). Tabela 1- Influência da idade do nascimento sobre a absorção de imunoglobulinas (IG) do colostro. Idades ao receber colostro Itens (horas) Número de bezerros 3, 24, 3, 23, 34, Colostro consumido, 2,2 2,7 2,6 2,9 2,9 L IG no colostro, % 7,5 6,3 6,5 5,3 6,3 % de aumento de IG 1,4 no sangue durante 1,44 24 horas 1,15,84,86 Coeficiente de absorção de imunoglobulina, % FONTE: NEIVA (2). 24, 22, 19, 17, RESULTADOS E DISCUSSÃO 12, A criação de novilhas tem por objetivo produzir fêmeas para a reposição, ou seja, para substituir vacas descartadas, bem como produzir excedentes para a venda. Propriedades leiteiras bem estruturadas, com rebanhos bem manejados, fazem da venda de novilhas uma fonte importante de renda (MONTARDO, 1998). As novilhas não trazem lucros, por não produzirem leite, até mais ou menos 3 meses. Assim, sua alimentação deve ser a mais econômica possível, isto é, baseada em alimentos volumosos (LUCCI, 1989). Porém, normalmente, acabam tendo um desenvolvimento prejudicado e idade reprodutiva avançada, por receberem um a alimentação insuficiente. Para que a novilha alcance o peso ideal e idade mínima fisiológica, um bom desenvolvimento e eficiência reprodutiva, é necessário que receba alimentação adequada e boa sanidade, aliados ao melhoramento genético. Melhorar não necessariamente significa produzir mais. Pode-se também aumentar o lucro com a mesma ou menor produção, reduzindo-se os custos. Entende-se por melhoramento genético a mudança do material hereditário do rebanho, de forma a capacitá-lo para produzir leite mais economicamente em um determinado ambiente. A fase de novilha (recria), que se estende da desmama até a primeira cobrição, é menos complexa do que a fase de bezerro (cria), mas nem por isso exige menor atenção dos produtores de leite. Os requerimentos do animal em crescimento estão constantemente mudando, em função de alterações na composição corporal (MATOS, 1997). A alimentação da novilha deve ser constituída basicamente por pastagem, feno, silagem e suplemento com ração balanceada. A suplementação mineral tem importância fundamental para o bom desenvolvimento do animal e, por isso, não deve faltar à sua dieta (KRUG et al., 198). A fase de recria pode ser feita a pasto. Pastos de excelente qualidade e bem manejos podem suprir os nutrientes necessários para o crescimento das novilhas, desde que uma mistura mineral adequada esteja sempre à disposição (MATOS, 1997).
3 Durante o período de menor crescimento do pasto, em muitos casos, há que se fazer uma suplementação volumosa no cocho. Caso contrário, as novilhas poderão perder peso. Com esta finalidade, podem ser usadas forragens verdes picadas, cana-deaçúcar com 1% de uréia, silagem ou feno. Palhas e restos de culturas podem ser usados mas, normalmente, apresentam baixo consumo e pouco contribuem com nutrientes para os animais (MATOS, 1997). No período da seca é mais utilizada e recomendada o uso de cana-de-açúcar, que é uma cultura tradicional no Brasil, de implantação e manejo simples, não exigindo muitos tratos culturais, com período de maturação e colheita coincidindo com época seca do ano. Além disso, apresenta alta produção/ha e facilidade de ingestão junto com uréia. A fase de novilha (recria), que se estende da desmama até a primeira cobrição, é menos complexa do que a fase de bezerro (cria), mas nem por isso exige menor atenção dos com 2kg de concentrado, com um mínimo de 2% de proteína bruta e 7% de Nutrientes digestíveis Totais (NDT). Ao se fornecer dietas à base de silagem de milho para novilhas, deve-se observar: 1) a necessidade de suplementação protéica, se não for utilizada uréia ou outra fonte de nitrogênio não protéico no momento de ensilagem; 2) que, às vezes é necessário limitar seu consumo para evitar que as que as novilhas fiquem obesas (CAMPOS; LIZIEIRE, 21). Há uma correlação entre o peso do animal e a ingestão total de matéria seca (tabela 5). Pesquisas demonstram que a ingestão de matéria seca de forragem por novilhas de até 45kg, está em torno de 1,5% do seu peso vivo (NEIVA, 2). Tabela 5- Ingestão estimada de forragens para fêmeas leiteiras recebendo forragens de qualidade média. Peso da fêmea Ingestão de matéria seca (kg) % do peso corporal 9, , 25 1, ,6 4 1,6 45 1,5 FONTE: Blood (1986), citado por NEIVA (2). Segundo Neiva (2), devido á sua limitada capacidade de ingestão de matéria seca, a ração concentrada deve ser fornecida. Denominada de ração inicial, deverá ser altamente energética, em torno de 7-8% de NDT, com teor protéico de 16 a 18% e ser suplementada na base de 1% de sais minerais e vitaminas essenciais, principalmente A, D, E e do complexo B. Nesse período, as bezerras deverão ganhar entre 8 a 15kg, à uma velocidade de,7kg/dia. Deve-se ressaltar que o desenvolvimento da novilha e o seu peso não devem ultrapassar os limites normais (tabela 6). Observase que para raças grandes, aos 15 meses os animais devem pesar em torno de 35kg e as raças pequenas, aos 18 meses, pesarão em torno de 3kg. Tabela 6- Ganho de peso diário de acordo com a idade e o peso em raças grandes e pequenas. Raças grandes Idad Pes e o (se (kg man ) as) o Nas cim ento Ganho diário g- máxim Raças pequenas Pes o (kg ) Idade (semana s) 4 - Nascim ento FONTE: FARIA (1986). Ganho diário g-máximo O período entre 15 meses até a parição poderá exigir maiores cuidados na alimentação e maiores observações no desenvolvimento do estado corporal da novilha, procurandose mantê-la com boa condições corporais, não permitindo sua obesidade ao parto (tabela 7). Pelo plano nutricional, se a novilha aos 12 meses atingir 25kg e, com ganho diário de,7kg/dia, aos 15 meses terá atingido 344kg, peso e idade considerados ideais à primeira cobrição (NEIVA,2). Tabela 7- Ganho de peso diário para as fases de criação (raças grandes). Itens Holandês (kg) Nascimento ao desmame,35 Desmame aos 6 meses,6 6 meses à cobrição,7 Cobrição ao parto,7 FONTE: Neiva (1996), citado por NEIVA (2). De acordo com estes ganhos de peso diário e considerando uma bezerra nascida com 4 kg e desmame aos 56 dias, tem-se: - Nascimento ao desmame: tempo decorrido = 56 dias Peso ao nascimento = 4kg Ganho de peso do período = 3,5kg/dia 56 dias x,35kg = 19,6kg de ganho de peso 19,6kg + 4,kg = 59,6kg de peso ao desmame - Do desmame aos 6 meses (56-18 = 125 dias) Ganho de peso do período =,6kg/dia 125 dias x,6kg = 75kg de ganho de peso 59,6kg + 75kg = 134,6kg de peso aos 6 meses - Dos 6 meses à cobrição (6-15 meses = 9 meses = 27 dias) Ganho de peso do período =,7kg/dia 27 dias x,7kg = 189kg e ganho de peso 134,6kg + 189kg = 324kg 324kg para cobrição aos 15 meses
4 - Da cobrição ao parto (15-24 meses = 9 meses = 27 dias) Ganho de peso do período =,7kg/dia 27 dias x,7kg = 189kg de ganho de peso 324kg + 189kg = 513kg de peso ao parto O controle sanitário do rebanho deve basear-se na prevenção de doenças. O tratamento será importante para a cura de um determinado animal doente, porém, o controle das doenças de um rebanho deverá ser sempre através da prevenção. Os objetivos de se montar um programa sanitário são aumentar a produção, diminuir As perdas econômicas, conservar a saúde do rebanho e evitar zoonoses. Cada produtor tem um programa sanitário, dependendo do seu manejo e sua estrutura na propriedade. A tabela 8 é um exemplo de plano a ser seguido. Tabela 8- Plano sanitário para bovinos. Terneiras Adultos Observações Febre a Anualme Usar vacina aftosa partir dos nte em oleosa 4 meses março anualment e em março ou outubro Brucel ose entre 3 a 6 meses de idade em fevereiro ou setembro Raiva Hemo globin uria bacila r Tuber culose Vermi nose aos 6 meses Dosificar de 3 em 3 meses Anualme nte em fevereiro duas vezes ao ano em julho e dezembro Testar todos os animais de abril Anualme nte Somente onde ocorrer Somente onde ocorrer FONTE: KIRCHOF (1994). No primeiro ano de vida da terneira, deverá ser realizado o teste de tuberculose, através de tuberculização, repetindo-se anualmente. CONCLUSÃO Pode-se constatar que a qualidade da recria de fêmeas é de extrema importância na pecuária leiteira. Cabe ao produtor avaliar e definir um plano adequado de medidas de manejo das novilhas, considerando as necessidades alimentares de cada fase do animal, fatores sanitários preventivos e de melhoramento genético, que certamente levarão à redução de custos nesta atividade. Deve-se observar que a recria e fêmeas leiteiras tem como vantagem conseguir uma redução na idade à primeira cria, sendo que a mesma se pagará mais rapidamente. O custo de produção influi na eficiência da recria, atividade que é, tecnicamente, uma opção viável para o produtor rural. REFERÊNCIAS AGUIAR, A.de P.A.; ALMEIDA, B.H.P.J.F. Produção de leite a pasto: abordagem empresarial e técnica. Viçosa: Aprenda Fácil, p. p , cap.1. BARACAT, R.S. et al. Fornecimento prolongado de colostro e proteção passiva em bezerros recém-nascidos. Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasileira, v.32, n.11, p , nov BRITO, J.R.F.; DIAS,J.C. A qualidade do leite. Juiz de Fora: EMBRAPA / São Paulo: Tortuga, p. p CAMPOS, O.F. Criação de bezerras até a desmama. In: PEIXOTO, M.A.; MOURA, J.C.,PEIXOTO, M.A. (edit.) Bovinocultura leiteira: fundamentos da exploração racional. Piracicaba FEALQ, P. P CAMPOS, O.F. de; LIZIEITE, R.S. Alimentação de bovinos jovens. Cad. Téc. Esc. Vet. UFMG. Belo horizonte, n.14, p.73-1, CAMPOS, O.F. de; LIZIEIRE, R.S. Alimentar bezerros. In: Manual técnicos: trabalhador na bovinocultura de leite. Belo horizonte: SENAR-AR/EMBRAPA, P. P CAMPOS, O.F. de; LIZIEIRE, R.S. Criação de bezerras e novilhas em sistema de produção de leite pasto. In: MARTINS, C.E.; ALENCAR, C.A.B. de; BRESSAN, M. (edit.) Sustentabilidade da produção de leite no leste mineiro. Juiz de Fora EMBRAPA Gado de Leite, p.p
5 FARIA, V.P. de. Criação de novilhas. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C. de; FARIA, V.P. de (edit.). Bovinocultura leiteira: fundamentos da exploração racional. Piracicaba: FEALQ, P. P HOLMES, C.W., WILSON, G.F. Produção de leite a pasto. Trad. Edgard Leone Caielli. Campinas: Instituto de Ensino Agrícola, p. p , cap. 6: manejo e forrageamento de novilhas em reposição. KIRCHOF, B. Exploração leiteira para produtores. Guaíba: Agropecuária, p. p , cap. Esquema de sanidade. KRUG, E.E. et al. Manual da produção leiteira. [s.l.] : CCGL Cooperativa Central Gaúcha de Leite, p. p.71-73, cap.4. LUCCI, C. de S. Bovinos leiteiros jovens: nutrição, manejo, doenças. São Paulo: Nobel/Editora da Universidade de São Paulo, p. p , cap. 7. MATOS, L.L. Alimentar novilhas. In: Manual técnico: trabalhador na bovinocultura de leite. Belo Horizonte: SENAR-AR/EMBRAPA, p. p MONTARDO, O. de V. Alimentos e alimentação de rebanho leiteiro. Guaíba: Agropecuária, p. p , cap. 7. NEIVA, R.S. Produção de bovinos leiteiros. 2.ed. Lavras: UFLA : p.p , cap. 9.
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