MODELAGEM MATEMÁTICA: OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "MODELAGEM MATEMÁTICA: OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA"

Marcelo Camarinho Amaro
6 Há anos
Visualizações:

MODELAGEM MATEMÁTICA: OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA Autores : Leonardo Geremias MADEIRA 1, Julian da Silva LIMA 2, Rita de Albernaz GONÇALVES 3.

1 MODELAGEM MATEMÁTICA: OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA Autores : Leonardo Geremias MADEIRA 1, Julian da Silva LIMA 2, Rita de Albernaz GONÇALVES 3. Identificação autores: Acadêmico do curso de Engenharia Agronômica/Bolsista Edital Interno nº 30/2015; Orientador IFC-Campus Santa Rosa do Sul 2, Orientadora IFC-Campus Santa Rosa do Sul 3. Introdução Os custos da produção de leite, tanto nas pequenas propriedades quanto das que produzem em larga escala, é um fator preponderante quando trata-se da obtenção de êxito na atividade. Desde o manejo das pastagens até o melhoramento genético do rebanho, influenciam na produtividade e no que diz respeito a sua rentabilidade. A otimização e o gerenciamento dos recursos utilizados no processo tornam-se essenciais para o sucesso nas diversas esferas da operação. Nesse sentido, de acordo com Rennó et al. (2008), os índices de produtividade em sistemas de produção com bovinos estão intimamente relacionados à qualidade e quantidade do volumoso produzido, que, por meio de seus custos de produção e utilização, influenciam a rentabilidade desses sistemas. Os alimentos concentrados representam cerca de 30 a 40% dos custos operacionais totais, sendo, portanto, os de maior importância. Os mesmos autores relatam que, para sistemas de produção de leite de média e alta tecnologia, os gastos com volumosos são de 17 a 30% do custo operacional total de produção. Desta forma, considerando os alimentos concentrados, os insumos para a produção de volumosos (fertilizantes, sementes, etc), mão-de-obra, combustível, maquinários e energia elétrica para produzir, cortar, misturar e fornecer os alimentos aos animais, a alimentação do rebanho pode representar até 65% do custo total de produção do leite (Bath & Sosnik, 1992; Nogueira, 2004). Considerando esses fatores, buscar meios para otimizar os custos, principalmente no que diz respeito a alimentação dos animais, torna-se essencial para a atividade, de maneira que se questiona: quais são as quantidades ideais de alimentos a serem fornecidos a vacas leiteiras, para se reduzir os custos mantendo a máxima produção? Assim, apresentamos nesse trabalho os resultados parciais de uma pesquisa que estamos realizando, com o objetivo de utilizar um modelo matemático para analisar o manejo da alimentação de vacas em lactação em duas pequenas propriedades, afim de

2 determinar quantidades mínimas de alimentos a serem fornecidos para os animais, identificando alternativas para a redução de custos. Material e Métodos A modelagem matemática destaca-se como ferramenta na representação de situações reais para escolha de alternativas que possibilitem a melhor utilização de recursos. O modelo matemático utilizado nessa pesquisa é o descrito pela National Research Council (NRC, 2001), em Nutrient requeriments of dairy cattle. A escolha se deu por essa ser uma das mais importantes publicações da área de nutrição de ruminantes. Tendo em vista que, todo modelo matemático pode ser representado por um programa computacional, nesse trabalho utilizamos o software disponível gratuitamente no site da The National Academies Press, elaborado pelos autores do NRC (2001). O mesmo é de fácil aplicação tendo como entradas (dados a serem inseridos): descrição do animal, produção, ambiente e alimentos. Dos resultados determinados pelo software, utilizamos o que nos mais interessava, sendo este a quantidade de matéria seca (MS) fornecida ao animal pelo produtor e quantidade ideal então calculada e sugerida pelo programa. Nesse contexto, os dados utilizados foram coletados em duas pequenas propriedades de agricultura familiar, localizadas nos municípios de Novo Xingu e Quinze de Novembro, do interior do Rio Grande do Sul. A primeira delas, a qual denominamos como Propriedade A, possui um rebanho de 56 animais da raça holandesa, sendo 32 vacas em lactação. A segunda, a qual denominamos de Propriedade B, possui um rebanho de 67 animais da raça holandesa, sendo 35 vacas em lactação Diante da disponibilidade apresentada pelo rebanho das propriedades, realizamos um delineamento, escolhendo quatro animais de cada uma delas, estabelecendo como padrão o número de lactações e o escore dos mesmos, sendo que nesses exemplares identificamos a menor variabilidade em relação aos demais dados a serem utilizados no software. Na tabela 1 são apresentados os dados aplicados ao software, característicos dos animais escolhidos através do delineamento realizado.

3 Tabela 1 Características dos animais utilizados no trabalho. Características Propriedade A Propriedade B Animais Idade em meses Peso Nº de Lactações Dias em Lactação Escore corporal Produção em kg/dia O sistema de manejo utilizado em ambas as propriedades é o semiextensivo, em que os animais em lactação recebem suplementação logo após a ordenha. A ordenha é realizada no início da manhã e no final da tarde. Após a ordenha os animais recebem a suplementação a base de silagem de milho e de ração. A quantidade de silagem e ração na Propriedade A é fornecida individualmente em mesma quantidade para todos os animais em lactação. Na Propriedade B os animais são alimentados conforme sua produção de leite. Após a ordenha os animais são encaminhados para a pastagem, onde no verão é utilizado a pastagem de tifton 85 e no inverno aveia e azevém, sobressemeado na pastagem de tifton 85, sendo então a silagem de milho, a ração e a pastagem as variáveis a serem consideradas. Segundo Fredeen (1996), cerca de 50% da variação no conteúdo de proteína e de gordura do leite pode ser creditado ao manejo nutricional (apud, CARVALHO, 2010). A baixa qualidade dos volumosos implica em maior utilização de concentrados e, consequentemente, pode onerar os custos de produção, além de ocasionar desordens metabólicas aos animais. A qualidade da forragem ingerida afeta não só a produção como a composição química do leite. Por exemplo, quando a dieta possui alto teor de concentrado favorece a produção de ácido propiônico no rúmen, que é o substrato para a síntese de lactose do leite (GONZÁLEZ et al, 2003). Resultados e discussão Na tabela 2 são apresentadas as quantidades de alimentos em matéria seca fornecidos pelos produtores aos animais e as quantidades preditas pelo software NRC (2001).

4 Tabela 2 - Comparação das quantidades de alimentos em matéria seca fornecidas pelos produtores e preditas pelo software NRC (2001). Quantidades Propriedade A Propriedade B Animais Fornecida 34,0 34,0 34,0 34,0 37,0 38,0 37,0 39,0 Predita 18,5 18,8 16,0 21,6 16,4 19,7 17,7 22,0 Variação (%) 45,58 44,70 52,94 36,34 55,67 48,15 53,59 43,58 Podemos perceber na tabela uma variação significativa entre as quantidades de alimentos fornecidos pelos produtores e preditas pelo NRC (2001). A diferença atinge mais de 40% na Propriedade A e, cerca de 50% para a propriedade B. Consideramos que tais quantidades se devem ao manejo da alimentação dos animais. Por um lado, a Propriedade A não faz distinção sob os animais em qualquer dos fatores que estão envolvidos na produção de leite. Por outro lado, mesmo que na propriedade B, a alimentação seja realizada considerando a produção de cada animal, pode não ser suficiente na escolha das quantidades de alimentos a serem fornecidos. Conforme citado anteriormente, a qualidade da pastagem, silagem de milho e ração fornecidas, também influencia nos resultados obtidos, tanto em termos de quantidade de produção quanto em qualidade do leite, sendo que este também pode ser um fator que tenha interferido nos resultados obtidos. Sobretudo, cabe ressaltar que tendo em vista que a alimentação do gado leiteiro pode representar cerca 65% dos custos na operação, a oferta de alimentos além da capacidade de produção do animal onera o produtor reduzindo a rentabilidade do negócio. Conclusão Concluímos com os resultados parciais dessa pesquisa, que o manejo da alimentação do gado leiteiro em pequenas propriedades pode ser determinante nos custos e na rentabilidade que pode ser obtida na produção. Entendemos que o pequeno produtor que se preocupa com a qualidade do seu rebanho, assim como da alimentação fornecida ao mesmo, deve ter o entendimento dos fatores que influenciam na produção. Nesse sentido, a consulta ao técnico em agropecuária na utilização de recursos como a modelagem matemática, torna-se essencial para peno desempenho na atividade. Na sequência dessa pesquisa, pretendemos aplicar os resultados obtidos com a aplicação do software NRC (2001), sugerindo o fornecimento de quantidades menores de

5 alimentos conforme a análise da qualidade dos mesmos e das características individuais de cada animal do rebanho. Referências BATH, D.L.; SOSNIK, U. Formulation, delivery and inventory control of cost-effective rations. In: Van HORN, H.H.; WILCOX, C.J. (Eds.) Large dairy herd management. Savoy: American Dairy Science Association, p CARVALHO, P. C. D. F.et. al.. Potencial do capim-quicuio em manter a produção e a qualidade do leite de vacas recebendo níveis decrescentes de suplementação. Revista brasileira de zootecnia Brazilian journal of animal science. Viçosa, MG. Vol. 39, n. 9, p , GONZÁLEZ, F. H. CAMPOS, R. Indicadores metabólico-nutricionais do leite. ANAIS DO I SIMPÓSIO DE PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA DA REGIÃO SUL DO BRASIL, Porto Alegre: Faculdade de Veterinária Universidade Federal do Rio Grande do Sul, p.72 NATIONAL RESEARCH COUNCIL NRC. NRC Model Application (dairy setupzip 6.8 mbl). Disponível em: < Acesso em: 02 out NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington, D.C.: p. Disponível em: < Acesso em: 02 out NOGUEIRA, M.P. Pontos para o bom gerenciamento de uma fazenda leiteira. IS.LI: Scott Consultoria, p.5-7. (A Nata do Leite, 76). RENNÓ, F.P., PEREIRA, J.C., LEITE, C.A.M., RODRIGUES, M.T., CAMPOS, 0., FONSECA, F.D.M, RENNÓ, L.N. Eficiência bioeconômica de estratégias de alimentação em sistemas de produção de leite. Produção por animal e por área. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.4, p , SCHEFFER-BASSO, S. M. ; FLOSS, E. L. ; CECCHETTI, D. et al. Potencial de genótipos de aveia para duplo-propósito. Revista Brasileira de Agro ciência, Pelotas, v.7, n. 1, p , 2001.

Documentos relacionados

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE NRC (2001) NA AVALIAÇÃO DO MANEJO DA ALIMENTAÇÃO DO GADO LEITEIRO EM PEQUENAS PROPRIEDADES

A UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE NRC (2001) NA AVALIAÇÃO DO MANEJO DA ALIMENTAÇÃO DO GADO LEITEIRO EM PEQUENAS PROPRIEDADES Autores : Samuel de Matos CARVALHO 1, Julian da Silva LIMA 2, Rita de Albernaz GONÇALVES