CONTEXTUALIZAÇÃO DO MANEJO DE NUTRIÇÃO E PASTAGENS PARA BOVINOS LEITEIROS EM CONCÓRDIA SC

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Maria das Neves Regina de Lacerda Ramalho
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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO MANEJO DE NUTRIÇÃO E PASTAGENS PARA BOVINOS LEITEIROS EM CONCÓRDIA SC Débora MIGLIORANZA¹, Sérgio Fernandes FERREIRA², Gabriela de Souza HASSMER¹, Iara Emanuela LIMA¹, Rodrigo Nogueira GIOVANNI², Jessica DRECHMER¹, Felipe David ALVES¹ ¹ Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária do Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia. ² Docentes do Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia. sergio.ferreira@ifc-concordia.edu.br Introdução Os sistemas tradicionais de produção de leite são baseados no uso de pastagens extensivas que muitas vezes encontram-se em alto grau de deterioração, baixa qualidade e produção, associadas ao manejo inadequado fazendo com que, muitas vezes, os animais não expressem seu potencial produtivo (PERREIRA & CÓSER, 1996 ). Percebe-se a necessidade do aprimoramento e desenvolvimento dos principais manejos na atividade leiteira, relacionados com a alimentação dos animais que, quando aprimorada, reflete positivamente, diminuindo o custo de produção e aumentando a competitividade no mercado (PATÊS et al., 2012). Além de promover inclusão social das pequenas propriedades, como é o caso do Oeste Catarinense, incentiva a permanência das famílias no campo e, sobretudo, na atividade. Muitas medidas são possíveis apenas com bons programas de extensão rural, onde o conhecimento concentrado nas instituições de ensino é aplicado nas pequenas propriedades, melhorando a qualidade sanitária, nutritiva e reprodutiva dos rebanhos. O presente trabalho teve por objetivo realizar um levantamento sobre as principais dificuldades encontradas na produção leiteira no município de Concórdia SC. Material e Métodos Para realizar o trabalho, desenvolveu-se um questionário semi-estruturado com questões claras e objetivas, elaborado por acadêmicos do curso de Medicina Veterinária, do Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia, durante a disciplina de extensão rural. Selecionou-se aleatoriamente propriedades leiteiras indicadas pela Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia Ltda. (COPÉRDIA), totalizando 44 propriedades, das localidades de: Presidente Kennedy, Santo Antônio, Engenho Velho, Linha Oito de Maio e Linha Schiavinni.

2 O levantamento foi realizado com base em informações a cerca de tipo de pastagens, manejo de pastagens, sombreamento e disponibilidade de água nos piquetes, suplementação na dieta, uso de fontes minerais, formulação da alimentação fornecida e gerenciamento das despesas. A saída a campo para aplicação dos questionários se deu no dia cinco de novembro de Os dados observados foram submetidos á análise de estatística descritiva com frequência relativa. Resultados e Discussão Após análise dos dados, observa-se que o sistema de produção dos animais a pasto apresentou maior proporção (84%), seguido dos animais mantidos confinados em 11%. O bom desempenho do animal depende da nutrição e manejo alimentar, que pode representar até oitenta por cento dos custos de produção, conforme o sistema produtivo utilizado, também por se tratar dos componentes que mais influenciam a alimentação animal (FERREIRA et al., 2013). As forrageiras sendo a principal fonte alimentar, caso não sejam capazes de suprir as exigências nutricionais, faz-se necessário o uso de suplementação que geralmente utiliza-se concentrados como o farelo de trigo, farelo de soja ou milho. A suplementação mais utilizada é à base de concentrados, rações e silagem, indicando que os produtores tem conhecimento da importância do fornecimento de alimentos de alto valor nutritivo para o gado leiteiro. Entre os manejos das pastagens, houve uma relativa proporção entre as pastagens anuais e perenes, respectivamente 51% e 49%, especialmente as gramíneas, aveia, azevém, tifton e braquiárias. As formas de manejo incluem rotação dos piquetes, adubação para desenvolvimento de massa foliar e também a limpeza da pastagem, removendo-se as plantas indesejáveis, competitivas e aquelas de potencial tóxico que possam vir a afetar o rebanho. Na rotação dos piquetes que consiste na alternância das áreas disponíveis para a alimentação animal é realizada em 40% das propriedades. Com 32%, é realizada a adubação das pastagens, garantindo que a cultura forrageira obtenha o máximo de produtividade com o menor custo possível. É indicada a adubação com nitrogênio, fósforo e potássio, associada à análise do solo, permitindo uma suplementação de forma racional (PERREIRA & CÓSER, 1996).

A formulação de dietas especiais para as principais fases produtivas é desafiadora, mas auxiliam na boa produtividade e consequente desempenho dos animais.

3 A formulação de dietas especiais para as principais fases produtivas é desafiadora, mas auxiliam na boa produtividade e consequente desempenho dos animais. 36 % das propriedades avaliadas realizam manejos de suplementação nas fases de pré e pós-parto. O emprego de uma dieta especial para bezerros é adotado por 28% das propriedades, utilizando-se, em sua maioria, de sucedâneos, produtos destinados a substituir o leite de vaca na fase de aleitamento dos bezerros (CRANE, 1991). O uso destes permite aos produtores destinar um maior volume de leite à comercialização, consequentemente aumentando a disponibilidade para a indústria. A suplementação mineral almeja suprir as carências que a ração ou pastagem não alcançam, especialmente no que se refere aos macro e microminerais (FACTORI, et al., 2010). O fornecimento de sal, demonstrado na figura 1, evidencia que algumas propriedades demonstram conhecimento sobre a importância do fornecimento de minerais, incorporados na dieta. No entanto, há uma porcentagem de propriedades que desconhecem ou fornecem a suplementação de forma inadequada, mostrando um ponto a ser melhorado na cadeia produtiva da região estudada. Figura 1: Frequência do fornecimento de sal mineral aos animais. 3% Uma vez ao dia 48% Duas vezes ao dia 37% Sempre/a vontade Uma vez por semana 1 vez por mês O sombreamento dos piquetes e pastagens garante que os animais não desprendam da energia produtiva para a termorregulação corpórea e também para deslocarem-se até as áreas sombreáveis e com água. Na figura 2, pode-se observar que 43% das propriedades não fazem o uso de sombreamento nos piquetes para os animais, devendo-se ser indispensável a orientação e a melhoria dessa realidade.

Em se tratando de bovinos leiteiros, desprende-se de grande capital para a manutenção da atividade, como se observa na figura 3, onde 3 das propriedades não realizam nenhum tipo de registro da

4 Figura 2: Relação entre o sombreamento e água disponível aos animais. 43% 57% Sim Não Atualmente, faz-se imprescindível à manutenção do acompanhamento e registro de dados de quaisquer atividades realizadas no meio agrícola. Em se tratando de bovinos leiteiros, desprende-se de grande capital para a manutenção da atividade, como se observa na figura 3, onde 3 das propriedades não realizam nenhum tipo de registro da atividade, indicando que, muitas vezes, o produtor acaba por se descapitalizar da atividade devido à falta de um método de controle eficaz, normalmente culminando com saída dos mesmos da atividade. Figura 3: Registros de acompanhamento do manejo alimentar. 3 15% Consumo diario Custo com alimentação 23% Rendimento de pastagens 13% 7% Qualidade de pastagens/silagem fornecida Outros Não faz Conclusão Com base no estudo realizado, confeccionou-se uma cartilha explicativa com os principais pontos e dificuldades apontadas através do questionário, que propiciou disseminar a informação por um meio simples de comunicação. Na condição de acadêmicos e futuros

5 médicos veterinários, pode-se imprimir uma nova realidade da extensão rural, visando que as propriedades sejam realmente assistidos, de modo a suprir carências e instruí-los para uma melhor forma de manejo e sustentabilidade da atividade. A extensão funciona como um pilar que liga a pesquisa ao ensino e proporciona conhecer a realidade do campo e, a partir daí, buscar alternativas que promovam o desenvolvimento rural. Referências Bibliográficas CRANE, F. M. Milk replacers move from gruel to worldwide industry. Feedstuffs, v.63, p.18-19, FACTORI, M. A., OLIVEIRA, F., BENEDETTI, M. P. Produção de leite em pasto: simplicidade que o sistema oferece. Postado em 01/07/2010. Disponível em < acessado em ago FERREIRA, S. F.; NETO, M. D. F.; PEREIRA, M. L. R.; MELO, A. H. F.; OLIVEIRA, L. G.; NETO, J. T. N. Fatores que afetam o consumo alimentar de bovinos. Arquivo de Pesquisa Animal, v.2, p. 9-19, FONTES, F. A. P. et al. Desempenho de bezerros alimentados com dietas líquidas à base de leite integral ou soro de leite. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 58, n. 2, p , MELLO, M. A. de; SCHMIDT, W. A agricultura familiar e a cadeia produtiva do leite no Oeste catarinense: possibilidades para a construção de modelos heterogêneos. Agricultura e Espaço Rural em Santa Catarina. Florianópolis: UFSC, PATÊS, N. M. D. S.; FIGUEIREDO, M. P. D.; PIRES, A. J. V. et al.. Aspectos produtivos e sanitários do rebanho leiteiro nas propriedades do sudoeste da Bahia. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v. 13, n. 3, p , PERREIRA, A. V.; CÓSER, A. C. Forrageiras para corte e pastejo. Embrapa Gado de Leite Juiz de Fora (MG), Brasil, SANTOS, E. D.; SANTOS, A. R.; CANTO, J. I. A importância da extensão rural em pequenas propriedades e para famílias que dependem da atividade leiteira. Anais V Jornada de Extensión del Mercosul. 19 a 20 de maio de Buenos Aries Argentina.

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