EMENTA ACÓRDÃO. Desembargador Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA Relator

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1 AGRAVO (INOMINADO, LEGAL) EM AC Nº /RS RELATOR : Des. Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA AGRTE AGRDO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) : VENDRUSCULO CALCADOS LTDA/ ADVOGADO : Giovana Augusta Sarmiento de Oliveira Rohrs EMENTA TRIBUTÁRIO. ARQUIVAMENTO SEM BAIXA NA DISTRIBUIÇÃO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. OCORRÊNCIA. 1. No 4º do art. 40 da lef, introduzido pela Lei nº /2004, a expressão "depois de ouvida a Fazenda Pública", não veda a declaração da prescrição, de ofício, pelo juiz, antes de intimar a Fazenda Pública, porque se trata de matéria de ordem pública e modalidade de extinção do crédito tributário, previsto no art. 156, V, do CTN, não adstrito à conveniência do Fisco. 2. As razões do presente recurso não podem se limitar apenas a acenar ofensa ao art. 40, 4º, da LEF, sem demonstrar concretamente a existência de causa suspensiva ou interruptiva da prescrição, porque resultará na anulação estéril de provimento judicial válido, apenas para satisfazer formalidade legal sem nenhum objetivo prático ou resultado útil, em prejuízo dos princípios da efetividade e celeridade processuais. 3. Agravo legal improvido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo legal, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 08 de julho de Desembargador Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP- Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: ALVARO EDUARDO JUNQUEIRA: Data e Hora: 09/07/ :33:56 AGRAVO (INOMINADO, LEGAL) EM AC Nº /RS

2 RELATOR : Des. Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA AGRTE : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) AGRDO : VENDRUSCULO CALCADOS LTDA/ ADVOGADO : Giovana Augusta Sarmiento de Oliveira Rohrs RELATÓRIO Trata-se de agravo legal interposto pela União (Fazenda Nacional) contra decisão de fls. 41/44, que negou seguimento ao recurso. Alega a agravante que a prescrição intercorrente não pode ser decretada por não ter ocorrido o arquivamento do processo após a suspensão do processo, pelo prazo de um ano, havendo ofensa ao 4º, do art. 40 da LEF. É o breve relatório. VOTO A decisão agravada teve o seguinte teor: Trata-se de apelação contra sentença que reconheceu, ex officio, a prescrição intercorrente, ante o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, a contar da citação. O valor da execução, na data da interposição é de R$ 4.839,36, em dezembro de 1996, e corresponde à inscrição levada a efeito em 19/12/1996, relativo a Contribuição Social, ano-base/exercício 1991/1992. Prolatada sentença no 1º Grau, em 12/05/2008, extinguindo o feito. Em suas razões de apelação, defende a União não ter sido intimada a se manifestar sobre o prosseguimento do feito, tendo em vista o encerramento da falência. Assevera não configurada a prescrição, porquanto a constituição do crédito tributário ocorreu em 23/07/1996, a ação foi interposta em 23/12/1996 e a citação do réu em 02/04/1997, antes do decurso do prazo prescricional. Informa que requereu a suspensão do presente processo até a solução final do processo falimentar. Reclama da falta de sua intimação do despacho que determinou o encerramento da falência. Relatei. Decido.

3 O MM. Juízo a quo considerou prescrito o direito à cobrança do crédito tributário ante a ausência de movimentação útil do processo por prazo superior a cinco anos, contados da citação. A ação foi interposta em 15/01/97 e proferido despacho determinando a citação da massa falida, em 24/01/1997 (fl. 12), e efetivada a citação em 02/04/1997 (fl. 25). Sobrevieram inúmeras diligências com o fim de o credor receber o crédito, sem contudo obter êxito. Requereu a União o arquivamento do feito, em 19/12/1997 (fl. 20), este foi deferido em 23/12/1997, (fl. 20). Em 28/08/2006, foi exarada certidão de encerramento da falência, em 05/05/2008 (fl. 22). A Fazenda Nacional requereu a suspensão do feito a fim de aguardar o encerramento do processo falimentar, pleito deferido pelo Magistrado singular. EXECUÇÃO FISCAL. ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA SEM POSSIBILIDADE DE REDIRECIONAMENTO. HIPÓTESE EM QUE NÃO É APLICÁVEL O ART. 40 DA LEF. EXTINÇÃO. 1. Considerando que inexistem bens da empresa, visto que a falência restou encerrada, bem como que não é possível o redirecionamento, por se tratar de dívida posterior à falência, correta a decisão que extinguiu a execução fiscal. 2. O art. 40 da Lei de Execução Fiscal é reservado para as hipóteses em que não são localizados o devedor ou bens passíveis de penhora, não sendo motivo de suspensão da execução fiscal o encerramento da falência, sem possibilidade de satisfação do crédito fiscal. 3. Precedente desta Turma. (TRF - 4ª Região, 2ª Turma, AC nº /RS, Relator Des. Federal Dirceu de Almeida Soares, unânime, DJ 10/03/2004, p. 379) EXECUÇÃO FISCAL. MASSA FALIDA. ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA. PERDA DO OBJETO. - Se os bens foram liquidados, embora ainda subsistam as dívidas, não há mais ativo para quitá-las, tornando-se inútil a manutenção de suspensão do processo executivo fiscal, ante à insubsistência de seu objeto. Ressalta-se que nada impede eventual execução contra o falido ou co-responsável com base na sua própria obrigação em relação ao débito e com base na extinção da falência, com débitos remanescentes. (TRF - 4ª Região, 1ª Turma, AC nº /RS, Relatora Desª. Federal Maria Lúcia Luz Leiria, unânime, DJ 28/05/2003, p. 225) Do exame dos autos, verifica-se o encerramento do processo falimentar, conforme documento juntado na fl. 22, efetivada em 27/02/2008. Suspensa a execução fiscal, o processo permanece nesta condição até que: a) seja encontrado o devedor ou bens do patrimônio deste, capazes de garantir o juízo da execução, ou b) transcorram os cinco anos previstos no art. 174 do CTN, contados da data do arquivamento (art. 40, 2º, da LEF), sem manifestação do exeqüente, hipótese em que cumpre ao magistrado decretar a prescrição intercorrente. Nesse sentido: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 40, DA LEF. ART. 174 DO CTN. PREVALÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES RECEPCIONADAS COM STATUS DE LEI COMPLEMENTAR. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. 1. O artigo 40 da Lei de Execução Fiscal deve ser interpretado harmonicamente com o disposto no artigo 174 do CTN, que prevalece em caso de colidência entre as referidas leis. Isto porque, é princípio de Direito Público que a prescrição e a

4 decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF. 2. Em conseqüência, o artigo 40 da Lei nº 6.830/80, por não prevalecer sobre o CTN, sofre os limites impostos pelo artigo 174 do referido Ordenamento Tributário. Precedentes jurisprudenciais. 3. A suspensão decretada com suporte no art. 40 da Lei de Execuções Fiscais não pode perdurar por mais de 05 (cinco) anos porque a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (art. 174, caput, do CTN). 4. A admissão do recurso especial pela alínea "c" pressupõe a devida demonstração do dissídio pretoriano, de modo que os arestos recorrido e paradigma tenham dado soluções diversas a casos semelhantes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento." (STJ - 1ª Turma, AGRESP nº /MG, Relator Min. Luiz Fux, unânime, DJ 25/10/2004, p. 242) "RECURSO ESPECIAL. ALÍNEAS "A" E "C". TRIBUTÁRIO, EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO. ARQUIVAMENTO. DECURSO DE CINCO ANOS. INÉRCIA DO EXEQÜENTE. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ITERATIVOS PRECEDENTES. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83 DO STJ. É cediço o entendimento jurisprudencial no sentido de que o "art. 40 da Lei 6.830/80 deve ser interpretado em sintonia com o art. 174/CTN, sendo inadmissível estender-se o prazo prescricional por tempo indeterminado" (REsp /AL, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, DJU ). Constatado que permaneceu o exeqüente inerte por mais de cinco anos após o término o prazo de arquivamento do feito, o ínclito juiz, acertadamente, a requerimento do curador especial, determinou a extinção do processo em vista da ocorrência da prescrição intercorrente. Recurso especial improvido." (STJ - 2ª Turma, RESP nº /RO, Relator Min. Franciulli Neto, unânime, DJ 22/06/2004, p. 220) Quanto ao reconhecimento da prescrição ex officio, a meu ver, não merece reparos a sentença. A despeito de respeitável entendimento em sentido contrário, de acordo com o qual a prescrição de direitos patrimoniais não se reconhece de ofício, entendo que tal possibilidade encontra fundamento válido no art. 156, inc. V, do CTN, a saber: "Art Extinguem o crédito tributário: (...) V - a prescrição e a decadência;" A cogência do dispositivo, data vênia, não deixa margem a interpretação diversa. Uma vez verificada a passagem do tempo, na forma do art.174 do CTN, cumpre ao magistrado unicamente reconhecer a extinção do crédito tributário que serve de lastro à execução. A propósito, já caiu o último bastião impeditivo da declaração da prescrição de ofício, apenas vedada quando se tratasse de direitos patrimoniais. Realmente, também este obstáculo foi removido com a nova redação do art. 219, 5º, do CPC, dada pela Lei nº , de 16 de fevereiro de 2006, restando a seguinte inteligência: " 5º O Juiz pronunciará, de ofício, a prescrição". O art. 11 da referida lei também revogou expressamente o art. 194 da Lei nº , de 11 de janeiro de 2002 (Novo Código Civil), que tinha o seguinte teor: "O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a absolutamente incapaz".

5 Restou, assim, afastado qualquer óbice à decretação pelo Juiz, ex officio, da decadência ou da prescrição. No que pertine à prescrição intercorrente, a questão vem recebendo tratamento uniforme na 1ª e 2ª Turmas desta Corte, nos termos das ementas abaixo transcritas: EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXTINÇÃO DE OFÍCIO. Paralisada a execução por tempo superior ao prazo prescricional, sem o necessário impulso do exeqüente, o reconhecimento da prescrição é medida que se impõe, sob pena de fragilizar-se os princípios da razoabilidade e da segurança jurídica. Transcorrido prazo superior ao qüinqüênio sem impulso útil por parte do exeqüente, opera-se a prescrição intercorrente, que pode ser declarada de ofício pelo magistrado e conduz à extinção do feito. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº , 1ª Turma, Des. Federal VILSON DARÓS, POR UNANIMIDADE, D.E. 13/04/2009) EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. 1. O 4º do art. 40 da Lei nº 6.830, de 1980, acrescentado pelo art. 6º da Lei nº , de , autoriza a decretação de ofício da prescrição se ouvida previamente a Fazenda Pública, de modo a permitir-lhe a argüição de eventuais causas suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional. 2. Analisando-se, portanto, o art. 40 da LEF em consonância com o disposto no art. 174 do CTN, conclui-se que a suspensão do processo não pode ser indefinida, pois, admitindo este procedimento, se afastaria a prescritibilidade prevista em lei. 3. Transcorridos 5 (cinco) anos de paralisação do processo e não havendo causas de suspensão ou interrupção do prazo prescricional, correta a sentença ao decretar a prescrição intercorrente. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL Nº , 2ª Turma, Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, POR UNANIMIDADE, D.E. 02/04/2009) Na mesma esteira é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. EXECUÇÃO FISCAL. ART. 40, DA LEF. ART. 174 DO CTN. PREVALÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES RECEPCIONADAS COM STATUS DE LEI COMPLEMENTAR. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. 1. O artigo 40 da Lei de Execução Fiscal deve ser interpretado harmonicamente com o disposto no artigo 174 do CTN, que prevalece em caso de colidência entre as referidas leis. Isto porque, é princípio de Direito Público que a prescrição e a decadência tributárias são matérias reservadas à lei complementar, segundo prescreve o artigo 146, III, "b" da CF. 2. Em conseqüência, o artigo 40 da Lei nº 6.830/80, por não prevalecer sobre o CTN, sofre os limites impostos pelo artigo 174 do referido Ordenamento Tributário. Precedentes jurisprudenciais. 3. A suspensão decretada com suporte no art. 40 da Lei de Execuções Fiscais não pode perdurar por mais de 05 (cinco) anos porque a ação para cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva (art. 174, caput, do CTN). 4. A admissão do recurso especial pela alínea "c" pressupõe a devida demonstração do dissídio pretoriano, de modo que os arestos recorrido e paradigma tenham dado soluções diversas a casos semelhantes. 5. Agravo regimental a que se nega provimento." (STJ - 1ª Turma, AGRESP nº /MG, Relator Min. Luiz Fux, unânime, DJ 25/10/2004, p. 242) "RECURSO ESPECIAL. ALÍNEAS "A" E "C". TRIBUTÁRIO, EXECUÇÃO FISCAL. SUSPENSÃO DO PROCESSO. ARQUIVAMENTO. DECURSO DE CINCO ANOS. INÉRCIA

6 DO EXEQÜENTE. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. ITERATIVOS PRECEDENTES. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83 DO STJ. É cediço o entendimento jurisprudencial no sentido de que o "art. 40 da Lei 6.830/80 deve ser interpretado em sintonia com o art. 174/CTN, sendo inadmissível estender-se o prazo prescricional por tempo indeterminado" (REsp /AL, Rel. Ministro Francisco Peçanha Martins, DJU ). Constatado que permaneceu o exeqüente inerte por mais de cinco anos após o término o prazo de arquivamento do feito, o ínclito juiz, acertadamente, a requerimento do curador especial, determinou a extinção do processo em vista da ocorrência da prescrição intercorrente. Recurso especial improvido." (STJ - 2ª Turma, RESP nº /RO, Relator Min. Franciulli Neto, unânime, DJ 22/06/2004, p. 220) Além disso, cumpre referir que o Supremo Tribunal Federal, recentemente, posicionou-se a respeito da inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, bem como do parágrafo único do artigo 5º do DL 1.569/77, tendo, inclusive, editado súmula vinculante a respeito da matéria (Súmula Vinculante nº 8), que possui o seguinte teor: "Súmula Vinculante nº 8 São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-Lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário." Consigno, assim, inexistente qualquer violação ao artigo 146, inciso III, alínea "b", da Constituição Federal. Concluo, portanto, que a execução merece ser extinta conforme entendeu o juízo singular. Por fim, cumpre esclarecer que a manutenção da decisão a quo homenageia o princípio da economia processual, justamente por evitar o dispêndio de recursos públicos para o aparelhamento de execução ineficaz. De outra forma, o princípio da indisponibilidade dos créditos públicos cede lugar, in casu, aos princípios da economia, utilidade e efetividade da prestação jurisdicional. Pelo exposto, com base no art. 557, caput, do CPC e art. 37, 1º, inc. II, do Regimento Interno da Corte, cuidando-se de pedido em manifesto confronto com o entendimento dominante nesta Corte e no STJ, nego seguimento ao recurso. As razões do presente recurso não tiveram o condão de alterar o entendimento anteriormente por mim exarado. Frente ao exposto, voto por negar provimento ao agravo legal. É o voto. Desembargador Federal ÁLVARO EDUARDO JUNQUEIRA Relator Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº /2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-

7 Brasil, por: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: ALVARO EDUARDO JUNQUEIRA: Data e Hora: 09/07/ :33:59