DIREITO PENAL PARTE GERAL
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- Letícia Cruz Mendonça
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1 DIREITO PENAL PARTE GERAL
2 ESTÁCIO-CERS DIREITO PENAL PARTE GERAL Prof. Marcelo Uzeda
3 Tema Aspectos relevantes sobre a extinção da punibilidade. Prescrição.
4 PUNIBILIDADE É a consequência natural da prática do crime, ou seja, é a possibilidade de punir que pertence ao Estado, decorrente da prática de um crime. Há entendimento minoritário de que a punibilidade seria elemento do crime concepção quadripartida (Munhoz Conde)
5 Pretensão punitiva - obter um provimento jurisdicional reconhecendo a procedência da pretensão e condenando o réu ao cumprimento de uma sanção penal. Pretensão executória - executar o título judicial obtido, transitado em julgado, impondo a sanção penal.
6 CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Após a prática do delito podem surgir situações que impedem a aplicação ou a execução da sanção respectiva. A punibilidade do fato cessa em razão de certas contingências ou por motivos de conveniência e oportunidade política.
7 Em hipóteses expressamente previstas na lei, o Estado abre mão o direito de punir ou até mesmo perde tal pretensão. Não devem ser confundidas as causas de extinção da punibilidade com as escusas absolutórias, nem com as condições objetivas de punibilidade.
8 As ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS são imunidades previstas na lei penal (ou condições negativas de punibilidade ou causas pessoais de exclusão da pena), obstando a aplicação da sanção penal. Não há exclusão do crime, mas por razão de política criminal, levando-se em conta motivos de ordem utilitária e baseando-se na existência de laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, não se pune o fato típico, antijurídico e culpável.
9 As escusas absolutórias têm caráter pessoal, ou seja, são incomunicáveis a terceiros estranhos aos laços de família ou afetivos. Impedem, inclusive, a instauração de inquérito policial. Art. 181, CP. Art. 348, 2º CP 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena.
10 A CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE é um evento futuro e incerto, exterior à conduta típica, mas que a lei estabelece como indispensável para a punibilidade. O fato somente se torna punível a partir do momento em que a condição se realiza. O crime tem sua punição condicionada a ocorrência de determinado evento. Ex.: art. 122, CP.
11 Todavia, há que entenda que não existe crime antes que a condição objetiva de punibilidade se verifique. Antes dela não se pode falar em crime condicional ou condicionado e muito menos de punição condicionada, porém um fato irrelevante para o Direito Penal.
12 CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade: I - PELA MORTE DO AGENTE. A responsabilidade penal é pessoal, não podendo passar do agente que praticou o ilícito (art. 5º, XLV, CR/88), salvo, após o trânsito em julgado, a obrigação de reparar o dano e a perda de bens (art. 63, CPP).
13 Princípio da Intranscendência da pena - art. 5º, XLV, CR - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
14 A comprovação da morte se dá mediante a apresentação de documento hábil - certidão de óbito (art. 62 e 155, p. único, CPP). Controvérsia quanto às consequências da comprovação posterior da falsidade da certidão de óbito utilizada para extinguir a punibilidade:
15 1ª corrente (doutrina): não há revisão prosocietate, daí não se poder reabrir o processo contra o réu, só cabendo processá-lo pelo crime de falso. A decisão que julga extinta a punibilidade é terminativa de mérito em sentido amplo, justamente por declarar não haver mais pretensão punitiva do Estado.
16 2ª Corrente (jurisprudência STF e STJ): o processo retoma seu curso, se não houver ocorrido prescrição. Se não houve morte, estava ausente o pressuposto de extinção da punibilidade, não podendo haver coisa julgada.
17 A decisão de extinção da punibilidade é apenas interlocutória, não gerando coisa julgada material. Além de não fazer coisa julgada em sentido estrito, já que o acusado estaria se beneficiando de conduta ilícita, fundou-se em fato juridicamente inexistente, não produzindo qualquer efeito.
18 II - PELA ANISTIA, GRAÇA OU INDULTO ANISTIA (Clemência soberana) Significa o "esquecimento" jurídico de crimes pelo Estado. Tem por objeto fatos (crimes) e não pessoas. É concedida por meio de lei do Congresso Nacional sujeita a sanção presidencial - art. 21, XVII e 48, VIII, CR/88.
19 Tem efeitos retroativos (ex tunc) e é irrevogável. Anistia Própria ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Anistia Imprópria - ocorre após o trânsito e não atinge os efeitos civis da condenação. Extingue todos os efeitos penais (inclusive o pressuposto da reincidência), todavia subsiste a obrigação de indenizar.
20 Anistia geral (favorece a todos os que praticaram determinado fato indistintamente) Anistia parcial (beneficia somente alguns autores - ex.: somente os não reincidentes). Também pode ser irrestrita ou limitada conforme abranja todos os delitos relacionados ao fato criminoso principal ou exclua somente alguns deles.
21 A anistia não se aplica aos crimes hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII, CR/88). Em regra, a anistia é concedida a crimes políticos, militares ou eleitorais, não se destinando aos crimes comuns, porém não há empecilho para que seja concedida a estes.
22 GRAÇA e INDULTO São concedidos mediante decreto presidencial ou de pessoa com delegação (ex.: Ministro da Justiça, AGU ou PGR - art. 84, XII e parágrafo único, CR). A iniciativa pode ser do próprio condenado, do MP, do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa.
23 Extinguem a pena imposta a uma pessoa (pretensão executória). Não atingem os demais efeitos penais e extrapenais (reincidência e dever de indenizar). Graça tem caráter individual, ou seja, dirige-se a um indivíduo determinado condenado irrecorrivelmente. A LEP chama graça de indulto individual (art. 188, LEP).
24 Indulto tem caráter coletivo, dirige-se a um grupo indeterminado de condenados e é delimitado pela natureza do crime e quantidade da pena aplicada. A comutação (diminuição) de penas equivale a um indulto parcial. A graça e o indulto não se aplicam aos crimes hediondos e equiparados (art. 5º, XLIII, CR/88 e Lei 8072/90).
25 III - PELA RETROATIVIDADE DE LEI QUE NÃO MAIS CONSIDERA O FATO COMO CRIMINOSO Abolitio criminis - descriminalização de condutas (Artigo 2º do CP). A abolitio criminis não afasta a existência do crime já cometido, mas extingue a sua punibilidade. (artigo 107, III do CP).
26 Alcança também a execução (v. art. 66, I, LEP). Se já houver trânsito em julgado da sentença condenatória, extingue a pretensão executória, mas não afasta os efeitos civis.
27 IV - PELA PRESCRIÇÃO, DECADÊNCIA OU PEREMPÇÃO: Prescrição: É a perda de uma pretensão pelo decurso do prazo estabelecido para seu exercício. O tema será tratado em tópico específico.
28 Decadência: Perda do direito (potestativo) de representação ou oferecimento da queixa pelo decurso do prazo fixado na lei (art. 38, CPP). Atinge o direito de agir, fulminando o ius persequendi.
29 Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
30 V - PELA RENÚNCIA DO DIREITO DE QUEIXA OU PELO PERDÃO ACEITO, NOS CRIMES DE AÇÃO PRIVADA (ver art. 49 a 59, CPP) Renúncia É o ato unilateral (independe de aceitação) pelo qual o titular do direito de queixa abre mão deste direito (deve ser antes do recebimento da queixa).
31 A renúncia é preprocessual e irretratável. Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
32 Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais.
33 Dispositivo do Código Penal Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa Art O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime.
34 Perdão - ato bilateral (depende de aceitação do querelado) pelo qual o querelante abre mão de prosseguir da ação penal privada. Princípio da Disponibilidade uma vez exercido o direito de queixa, o ofendido pode desistir de prosseguir na ação penal.
35 Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
36 Também pode haver perdão tácito, mediante prática de ato de demonstre de forma inequívoca que não há interesse em prosseguir na ação. Dispositivos do Código Penal Art O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação.
37 Art O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; efeito. III - se o querelado o recusa, não produz
38 1º - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a vontade de prosseguir na ação. 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença condenatória. O perdão pode ser concedido até o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 106, 2º, CP).
39 Art. 58, CPP. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
40 Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova.
41 Perempção: Sanção jurídico-processual pela inércia do querelante na promoção da ação penal privada exclusiva (principal), acarretando a perda do direito de prosseguir na ação penal (art. 60, CPP), pelo mau uso da faculdade que o Poder Público lhe concedeu de agir, privativamente, na persecução de determinados crimes.
42 Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
43 II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
44 III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
45 VI - PELA RETRATAÇÃO DO AGENTE, NOS CASOS EM QUE A LEI A ADMITE: A retratação é o ato pelo qual o agente retifica uma afirmação realizada anteriormente, modificando seu conteúdo. Calúnia e a Difamação (art. 143, CP). A injúria não admite retratação, pois atinge a honra subjetiva da vítima, por envolver atribuição de qualidade negativa, não se referindo a fato.
46 Falso testemunho ou falsa perícia admitem retratação até a prolação da sentença - art. 342, 2º, CP. A retratação deve ser completa e comunica-se aos demais participantes do crime.
47 IX - PELO PERDÃO JUDICIAL, NOS CASOS PREVISTOS EM LEI. O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, diante de determinadas circunstâncias previstas expressamente na lei, deixa de aplicar a pena ao réu, apesar de este ser o autor do crime.
48 Súmula 18, STJ A sentença concessiva de perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. Art. 120, CP - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência.
49 Hipóteses legais de perdão judicial: Art. 121, 5º; art. 129, 8º; art. 140, 1º, I e II; art. 176, p. único; art. 180, 5º, 1ª parte; art. 242, p. único; art, 249, 2º, todos do CP. Lei 9613/98 delação premiada art. 1º, 5º. Lei 9807/98 delação premiada art. 13. LEI 12850/2013 art. 4º - COLABORAÇÃO PREMIADA
50 Art. 108, CP Nota explicativa: A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão.
51 PRESCRIÇÃO É a perda de uma pretensão pelo decurso do prazo estabelecido para seu exercício. A prescrição é a perda do direito de punir do Estado, pelo decurso de tempo, em razão do seu não exercício, dentro do prazo previamente fixado pela lei.
52 Trata-se de instituto jurídico de natureza penal mediante o qual o Estado, por não ter capacidade de fazer valer seu direito de punir em determinado lapso temporal previsto na lei, faz com que ocorra a extinção da punibilidade. Por ser matéria de ordem pública, deve ser declarada de ofício pelo Juiz ou sob provocação das partes.
53 É questão preliminar ao mérito Súmula 241, do TFR: "A extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva prejudica o exame do mérito da apelação criminal."
54 O próprio Estado estabelece critérios limitadores para o exercício do direito de punir e, levando em conta a gravidade da conduta delituosa e da sanção correspondente, fixa lapso temporal dentro do qual estará legitimado a aplicar a sanção adequada.
55 A Constituição prevê a imprescritibilidade de crimes de racismo e ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado de Direito (art. 5º, XLII e XLIV, CR/88).
56 Fundamentos Políticos da Prescrição A prescrição resolve os anseios individuais e coletivos de repressão, sob os aspectos preventivo e retributivo: 1. Decurso do prazo (teoria do esquecimento do fato) o decurso do tempo leva ao esquecimento do fato. Cessa a exigência de uma reação contra o delito, presumindo a lei que,
57 se o tempo não cancela a memória dos acontecimentos, pelo menos a atenua ou enfraquece (Battaglini). O alarme social desaparece pouco a pouco e acaba apagando-se, de modo que provoca desinteresse de fazer valer a pretensão punitiva.
58 2. Correção do condenado O decurso do prazo leva à recuperação do criminoso. A pena perde seu fundamento, esgotando-se os motivos do Estado para desencadear a punição. Havendo condenação, o fato de o agente não voltar a delinquir após longo lapso temporal leva a concluir que, por si mesmo, ele foi capaz de alcançar o que a pena se dispõe a fazer: seu reajustamento social.
59 Negligência da autoridade O Estado deve arcar com sua inércia, pois não se admite que alguém que tenha cometido um delito tenha que submeter-se, ad infinitum, ao império da vontade estatal. Não há interesse social, nem legitimidade política em deixar o criminoso indefinidamente sujeito a um processo ou a uma pena.
60 Fundamento Processual O decurso do prazo enfraquece o suporte probatório. O longo lapso temporal dificulta a colheita de provas para permitir uma justa apreciação do delito. A apuração torna-se mais incerta e a defesa mais difícil.
61 Espécies de Prescrição: Prescrição antes do trânsito em julgado: É a prescrição da pretensão punitiva (ius puniendi) - possibilidade de formar o título executivo. Impropriamente chamada de prescrição da ação penal.
62 Prescrição após o trânsito em julgado: É a prescrição da pretensão executória (ius punitionis) - possibilidade de executar sua decisão. A prescrição é da pena.
63 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA ABSTRATA (art. 109, CP). Ainda não existe pena concretizada na sentença para ser adotada como parâmetro aferidor do prazo prescricional. Regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada em abstrato ao delito, segundo a tabela do artigo 109, CP.
64 Art A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no 1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se:
65 QUANTIDADE DE PENA MÁXIMA PRAZO PRESCRICIONAL SUPERIOR A 12 ANOS SUPERIOR A 8 ANOS E ATÉ 12 ANOS 20 ANOS 16 ANOS SUPERIOR A 4 ANOS E ATÉ 8 ANOS 12 ANOS SUPERIOR A 2 ANOS E ATÉ 4 ANOS 8 ANOS DE 1 A 2 ANOS 4 ANOS INFERIOR A 1 ANO 3 ANOS (*)
66 Termo Inicial (art. 111, CP): No crime consumado - o dia da consumação do crime. Na tentativa o dia em que cessou a atividade criminosa (teoria da atividade). No crime permanente o dia em que cessou a permanência (teoria da atividade).
67 No crime de bigamia e nos de falsificação de assentamento de registro civil a data em que o fato se tornou conhecido pela autoridade pública. Nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal.
68 Causas interruptivas da prescrição (Art. 117, CP) recebimento da denúncia ou da queixa; pronúncia; decisão confirmatória da pronúncia; publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
69 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA RETROATIVA Com fundamento na pena aplicada na sentença penal condenatória com trânsito em julgado para a acusação, o cálculo prescricional é feito retroagindo-se, até chegar ao primeiro momento para sua contagem.
70 O Termo inicial NÃO PODE MAIS ser fato anterior ao recebimento da denúncia ou queixa, pois o art. 110, CP foi alterado pela Lei , de 05/05/2010: Art o A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.
71 O acórdão confirmatório da sentença, ainda que alterada a pena anteriormente fixada, não interrompe a prescrição; contudo, tratando-se de julgado que modifica a tipificação do delito, alterando substancialmente a condenação, mesmo anteriormente à alteração introduzida pela Lei n /2007. (AgRg nos EREsp /SP, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 20/08/2014)
72 Em sentido contrário: Se, em razão do provimento da apelação acusatória modificou-se a pena, de forma que houve aumento do prazo prescricional, há interrupção da prescrição, mesmo que a reprimenda final tenha ficado menor do que a que fora estabelecida na sentença, por também ter sido provida a apelação defensiva,
73 a fim de diminuir a fração de aumento decorrente da continuidade delitiva. Ressalva do entendimento do Relator que, no ponto, ficou vencido. (REsp /PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 25/11/2014)
74 (VOTO VENCIDO NA PRELIMINAR) (MIN. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR) Não há interrupção do prazo prescricional da pretensão punitiva quando, após o julgamento dos recursos de apelação da acusação e da defesa, apesar de alterada a tipificação para crime mais grave com pena mais severa e que majora o prazo prescricional, a reprimenda imposta é menor do que aquela atribuída na sentença.
75 Isso porque, se após a apreciação dos recursos acusatório e defensivo a pena final acabou por diminuir, o julgado, em sua totalidade, foi benéfico para o réu, não podendo, assim, ser considerado como marco interruptivo da prescrição. Nessa situação, no cálculo da prescrição deve ser observado o lapso referente à pena imposta no acórdão, mas sem considerá-lo como marco interruptivo da prescrição.
76 PRESCRIÇÃO PELA PENA IDEAL (OU EM PERSPECTIVA OU HIPOTÉTICA OU VIRTUAL) Consiste no Reconhecimento antecipado da prescrição retroativa em razão da pena em perspectiva, a ser virtualmente aplicada ao réu na hipótese de condenação. SÚMULA 438/STJ (DJe 13/05/2010) É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.
77 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA INTERCORRENTE OU SUBSEQUENTE Leva em conta a pena aplicada in concreto na sentença condenatória, mas dirige-se ao futuro (período posterior à sentença condenatória recorrível). Começa a correr da sentença condenatória até o trânsito em julgado do acórdão para a acusação e defesa.
78 Pressupostos: Inocorrência de Prescrição abstrata ou retroativa. Sentença penal condenatória. Trânsito em julgado para a acusação ou improvimento de seu recurso.
79 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - DEPOIS DE TRANSITAR EM JULGADO A SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA Leva em conta a pena aplicada in concreto na sentença condenatória, mas somente após o trânsito em julgado para a acusação e para a defesa (art. 110, caput, do CP). Os efeitos limitam-se à extinção da pena, permanecendo intactos os demais efeitos penais e extrapenais.
80 Aplicam-se os prazos do artigo 109, CP, que se aumentam de 1/3, se o condenado é reincidente Súmula 220/STJ: A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva.
81 Termo Inicial (art. 112, CP): Data do trânsito em julgado para a acusação (e para a defesa também, pois sem este último caberia prescrição intercorrente). Do dia em que transita em julgado a decisão que revoga o sursis ou o livramento condicional.
82 Do dia em que se interrompe a execução da pena. Ex.: fuga data da evasão a prescrição regula-se pelo tempo que resta da pena (art. 113, CP). Ressalva-se a hipótese de internação por doença mental superveniente.
83 CAUSAS SUSPENSIVAS OU IMPEDITIVAS DA PRESCRIÇÃO (ART. 116, CP): O prazo prescricional fica congelado, voltando a correr a partir do ponto onde parou, uma vez cessada a causa que determinou a suspensão.
84 Art Antes de passar em julgado a sentença final (pretensão punitiva), a prescrição não corre. I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; Questões prejudiciais (art. 92 e 93, CPP).
85 II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória (pretensão executória), a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.
86 Outras causas de suspensão do prazo prescricional: Art. 368, CPP carta rogatória citatória. Art. 53, 5º, CR/88 - imunidade parlamentar (sustação do processo durante o mandato). Art. 89, 6º, da Lei 9099/95 suspensão condicional do processo. Art. 83, LEI 9430/96 Parcelamento do débito.
87 Art. 366, do CPP réu citado por edital que não comparece nem constitui advogado. Súmula 415/STJ. O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
88 CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO PRETENSÃO EXECUTÓRIA: V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência.
89 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.
90 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.
91 Prescrição da multa: Art A prescrição da pena de multa ocorrerá: I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada.
92 Art As penas mais leves prescrevem com as mais graves. As penas restritivas de direitos observam os mesmos prazos prescricionais das penas privativas de liberdade (art. 109, parágrafo único, CP). porte para consumo pessoal de drogas (art. 28, da lei 11343/2006): o art. 30 da mesma lei dispõe que aquelas penas prescrevem em 2 anos.
93 De acordo com o STJ: "A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas" (Súmula n. 338 do STJ) e a jurisprudência desta Corte Superior firmou orientação de que, via de regra, tratando-se medida socioeducativa sem termo final, deve ser considerado, para o cálculo do prazo prescricional da pretensão socioeducativa, o limite máximo de 3 anos previsto para a duração da medida de internação (art. 121, 3, ECA).
94 Reconhecida a prática de ato infracional análogo ao delito do art. 33, da Lei n / cuja pena máxima excede o limite de 3 anos estabelecido para a medida de internação -, a paciente foi submetida à medida de liberdade assistida pelo prazo mínimo de 6 meses. Ao aplicar, por analogia, o prazo do art. 109, IV, do CP, reduzido pela metade, a teor do art. 115, do mesmo diploma legal,
95 verifica-se que não transcorreu o lapso de 4 anos entre o recebimento da representação (31/8/2012) e a publicação da sentença que a acolheu (5/3/2014). 3. Habeas corpus não conhecido. (HC /SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 16/04/2015, DJe 27/04/2015)
96 MEDIDA DE SEGURANÇA O Supremo Tribunal Federal já se manifestou no sentido de que o instituto da prescrição é aplicável na medida de segurança, estipulando que esta "é espécie do gênero sanção penal e se sujeita, por isso mesmo, à regra contida no artigo 109 do Código Penal" (RHC n /SP, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, DJ de 2/12/2005).
97 2. Sedimentou-se nesta Corte Superior de Justiça o entendimento no sentido de que a prescrição nos casos de sentença absolutória imprópria é regulada pela pena máxima abstratamente prevista para o delito. Precedentes. (RHC /RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 12/02/2014)
98 FALTA DISCIPLINAR GRAVE A jurisprudência do STJ sedimentou-se no sentido de que, à míngua de previsão específica na Lei n. 7210/1984, o prazo de prescrição para apuração de falta disciplinar grave praticada no curso da execução penal é o regulado no art. 109, inciso VI, do Código Penal, qual seja, 3 anos, se verificada após a edição da Lei n /2010. (AgRg no REsp /MG, 5ª TURMA, DJe 11/03/2015)
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