CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS ACERCA DO DEBATE ENTRE REALISMO E ANTI-REALISMO CIENTÍFICO

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1 264 CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS ACERCA DO DEBATE ENTRE REALISMO E ANTI-REALISMO CIENTÍFICO Daiane Camila Castilho Orientador: Prof. Dr. Marcos Rodrigues da Silva RESUMO O debate entre realismo e anti-realismo científico pode ser considerado um dos mais importantes da filosofia da ciência, visto que aborda a atividade científica como um todo. Por meio deste trabalho, procuraremos fazer algumas considerações, de cunho introdutório, ao debate em questão. Inicialmente faremos um breve histórico da discussão, caracterizando tanto a posição realista como a posição anti-realista. Para tal caracterização, partiremos de autores da filosofia moderna como John Locke e George Berkeley e de autores contemporâneos como Richard Boyd e Bas van Fraassen. Além dessa caracterização, apresentaremos alguns pontos de conflito entre as duas posições como, por exemplo, no que se refere à questão que envolve o estatuto ontológico dos conceitos científicos e a aceitação de teorias científicas. Esperamos que ao término deste trabalho o leitor possa compreender de maneira geral, do que se trata o debate entre realismo e anti-realismo, os aspectos que caracterizam essas posições e suas visões adversas de alguns elementos do cenário científico. Palavras- chave: realismo; anti-realismo; teorias científicas. 264

2 265 Introdução Uma das principais questões referente à Epistemologia ao estudo ou teoria do conhecimento, diz respeito aos limites do que se pode conhecer, i.e., questiona-se sobre o que pode ou não ser conhecido. Frente a tal questionamento podemos destacar duas posições ou doutrinas filosóficas: o realismo 1 e o antirealismo. que: De maneira simplista, podemos afirmar que o realismo 2 considera (...) entidades, estados e processos descritos por teorias corretas existem de fato. Prótons, fótons, campos de força e buracos negros são tão reais quanto unhas do pé, turbinas, vórtices e vulcões. As interações fracas de pequenas partículas físicas são tão reais quanto apaixonar-se. Teorias acerca da estrutura de moléculas que carregam códigos genéticos são verdadeiras ou falsas e uma teoria genuinamente correta seria uma teoria verdadeira (HACKING: 1983, p. 21). (...) há um mundo exterior definido (...) que em grande parte é independente de nosso conhecimento ou experiência; a ciência busca alcançar informação substancial e correta dos aspectos do mundo, ou seja, apresentar teorias verdadeiras que representem os elementos e a estrutura do mundo; é possível o acesso epistêmico ao mundo e se espera que a ciência, em seu progressivo desenvolvimento, permita aperfeiçoar nossa capacidade de obter conhecimento (...) do mundo (PLASTINO: 1995, p.11) Por meio dessas citações podemos destacar três principais teses que fundamentam a posição realista. A primeira tese refere-se à afirmação acerca da existência das chamadas entidades inobserváveis como, por exemplo, elétrons, moléculas, quarks. A segunda tese refere-se ao objetivo da ciência que se 1 Assim como no caso do anti-realismo, o realista pode se enquadrar em uma ou em outra abordagem, para nosso trabalho tomaremos como posição realista aquela mais comumente difundida por Bas van Fraassen em The Scientific Image (1980) e que será apresentada na última parte deste trabalho. 2 Científico. 265

3 266 compreende na investigação e descrição correta do mundo que em grande parte independe de nossa cognição. Sendo que essa descrição tanto dos aspectos observáveis e aspectos inobserváveis do mundo deve ser considerada como literalmente verdadeira, daí a terceira tese de que nossas teorias científicas devem ser consideradas corretas na medida em que representam verdadeiramente esses aspectos do mundo. Em reposta ao questionamento feito no início, a lembrar: qual o limite para o nosso conhecimento?, o realista poderia afirmar, que apesar da existência de um mundo exterior que de certa forma é independente a nós, a ciência busca o conhecimento pleno desse mundo e é nessa busca que ela progride. Quanto mais ela se desenvolve, mais temos acesso aos aspectos desse mundo independente. Por outro lado, se considerarmos a posição anti-realista a resposta seria bem diferente. O anti- realismo pode ser dividido em várias correntes 3 dependendo a posição realista da qual ele esta á tratar ou de acordo com o objeto em questão (cf. CHIBENI: 1993, p.3). Mas de maneira geral, podemos dizer que para o anti-realista científico os limites do conhecimento são estabelecidos pelas nossas faculdades de observação. Enquanto que no realismo as proposições da classe em disputa possuem um valor de verdade objetivo, independente de nossos meios para conhecê-lo: são verdadeiras ou falsas em virtude de uma realidade que existe independentemente de nós (DUMMETT: 1978, p. 145), para o anti-realismo apenas uma parte do mundo, a observável, pode ser considerada como passível de verdade 4 e acerca da outra parte, a inobservável, ou nada podemos declarar ou questões acerca de sua valoração 5 não são importantes. Os maiores desenvolvimentos dessas duas posições são frequentemente apontados na filosofia da ciência contemporânea, a partir do final do século XIX e início do século XX. Porém, como observa Pierre Duhem, ambas as posições podem ser encontradas, mesmo que de maneira primitiva, no debate entre 3 Ao decorrer de nosso trabalho apresentaremos as correntes anti- realistas denominadas de instrumentalismo e empirismo construtivo através de grandes partidários de tais correntes. 4 Visão defendida por Bas van Fraassen (1980). 5 Visão defendida por George Berkeley. 266

4 267 astrônomos e físicos da antiguidade. Enquanto que os astrônomos, tidos por ele como anti- realistas se preocupavam em relatar o que observavam os físicos seguindo a linha realista tentavam descobrir a verdadeira natureza das coisas (cf. MORAIS: 2008, P. 7). É importante entendermos que o debate entre realismo e antirealismo que está sendo apresentado neste trabalho, envolve desde muito tempo, discussões que permeiam o conhecimento dos objetos ordinários até questões sobre o papel da ciência. Para nosso trabalho não nos ocuparemos a fazer um exame histórico dessas posições. Como o próprio título já diz, nosso objetivo é trazer a tona algumas considerações introdutórias sobre esse debate, tendo como pontos norteadores a questão do estatuto ontológico dos conceitos científicos e a aceitação de teorias científicas. Partiremos dos autores John Locke, George Berkeley, Richard Boyd e Bas van Fraassen e esperamos que ao término deste trabalho o leitor possa compreender de maneira geral, do que se trata esse debate, os aspectos que caracterizam essas posições e suas visões adversas de alguns elementos do cenário científico. O realismo de John Locke e o instrumentalismo de George Berkeley Nessa parte do trabalho faremos uma breve exposição de alguns pontos do pensamento dos autores modernos John Locke e George Berkeley, a fim de ilustrarmos, para a melhor compreensão do leitor, o realismo e anti-realismo. Não procuraremos problematizar os pontos apresentados, mas apenas exemplificar através desses autores, mesmo que de forma incipiente, as duas doutrinas aqui tratadas. Muito associado ao corpuscularismo devido à influência que sofreu de Robert Boyle, John Locke ( ) em seu Ensaio acerca do Entendimento Humano admite tal associação ao tratar do que ele chama de hipótese corpuscular. Segundo Chibeni (2007) é evidente a influência sobre Locke, quanto a esse ponto, do clima geral de otimismo acerca dessa hipótese, no círculo dos filósofos naturais, com o qual tinha fortes vínculos teóricos e pessoais (p.180). 267

5 268 Para compreendermos melhor essa posição, devemos entender a distinção lockeana entre as qualidades primárias e secundárias da matéria descrita no Livro II, cap. VIII As chamadas qualidades primárias são: (...) aquelas inteiramente inseparáveis do corpo, qualquer que seja o estado em que se encontre, de modo que ele as conserva sempre em todas as alterações e mudanças que sofra, por maior que seja a força que possa exercer-se sobre ele. Estas qualidades são de tal natureza que os nossos sentidos as encontram constantemente em cada partícula de matéria com grandeza suficiente para ser percebida e a mente considera-as inseparáveis de cada partícula de matéria, mesmo que seja demasiado pequena para que os nossos sentidos a possam perceber individualmente ( 9). Segundo Locke, as qualidades primárias existem realmente nos próprios corpos, e são inseparáveis destes (Livro II, cap. VIII 15). As chamadas qualidades secundárias são, por sua vez, (...) potências para produzir em nós várias sensações por meio das suas qualidades primárias, isto é, pelo volume, pela figura, pela textura e movimento das suas partes insensíveis. Tais são as cores, os sons, os paladares, etc. (Livro II, cap. VIII 10). O que nos interessa dessa distinção aduzida por Locke, são as qualidades primárias. As qualidades primárias revelam certo realismo por parte do filósofo. Um realismo no sentido de que qualidades aparentemente imperceptíveis realmente existem nos corpos, até mesmo na partícula mais minúscula que se possa conceber: (...) tomai um grão de trigo e dividi-o em duas partes; cada parte possui ainda solidez, extensão, figura e mobilidade; dividi-o uma vez mais e as partes ainda conservam as mesmas qualidades; e se continuas a dividi-lo até que as partes se tornem insensíveis, nenhuma delas perderá jamais qualquer dessas qualidades (Livro II, cap. VIII 9). Além disso, Locke admite que as partículas imperceptíveis da matéria podem ser requisitadas como explicação para os fenômenos sensíveis, seja como no caso da ideia de solidez: 268

6 269 Recebemos a ideia de solidez pelo nosso tato, e ela nasce da resistência que encontramos no corpo contra a entrada de qualquer outro corpo no espaço por ele ocupado, até que o abandona. (...) Ademais, parece ser uma ideia muito intimamente ligada e essencial ao corpo, de tal modo que em nenhum outro lugar pode ser encontrada ou imaginada exceto na matéria, embora nossos sentidos não a observem a não ser em massas de matéria, num volume suficiente para causar em nós uma sensação. Deste modo, a mente, tendo uma vez apanhado esta ideia de grosseiros corpos sensíveis, investiga-a por mais tempo e a considera como figura nas partículas mais minúsculas que existem na matéria, e a descobre inseparavelmente inerente ao corpo, seja onde for ou de qualquer modo modificada (Livro II, cap. IV, 1, itálico do autor). Seja no caso da explicação para o fogo e calor: (...) Assim, observando que o mero ato de esfregar dois corpos violentamente um contra o outro produz calor, e freqüentemente mesmo fogo, temos razão para pensar que o que chamamos calor e fogo consiste numa violenta agitação das partes diminutas e imperceptíveis da matéria que se queima (Livro IV, cap. XVI, 12). O que nos chama a atenção, é que assim como na concepção geral do realismo, Locke procura explicar fenômenos observáveis se utilizando de elementos ou no caso, partículas inobserváveis (cf. SILVA: 2007 p. 61) propondo que tais partículas realmente existem nos objetos e que possuem certo poder causal. George Berkeley ( ) por seu turno pode ser localizado nesse debate não como um realista, mas sim como um instrumentalista 6, pelo menos no que tange a questão do arsenal teórico da ciência. Passemos agora a exposição desse instrumentalismo berkeleyano. 6 Servindo de base a classificação dos seguintes autores: Newton- Smith e Karl Popper. 269

7 270 Quando dizemos que algo é observável devemos ter em mente que estamos tratando daquilo que pode ser percebido diretamente através dos sentidos. A cor vermelha da rosa é uma qualidade observável. Por outro lado, também podemos dizer que a mesma rosa possui qualidades inobserváveis, como por exemplo, o conjunto de moléculas que a constituem. Os inobserváveis referem-se, portanto, a tudo aquilo que não pode ser experimentado e nem mensurável de maneira simples e direta (cf. CARNAP; 1995, p.2). Seguindo essa distinção, os termos teóricos da ciência seriam tomados como denotando entidades inobserváveis, por não se referirem a nenhuma experiência sensível direta. Nesse sentido Berkeley poderia ser compreendido como um antirealista, mais propriamente um instrumentalista. Para o instrumentalismo as teorias são instrumentos para a predição de fenômenos empíricos; os termos utilizados pelas teorias não possuem valoração, ou seja, eles não apresentam a verdade ou a falsidade acerca dos fenômenos do mundo. Nesta concepção os termos teóricos seriam então, apenas ferramentas úteis para o cálculo e a predição de novos fenômenos. (cf. NEWTON-SMITH; 1985). Para ele, os termos teóricos da ciência que se referem às entidades inobserváveis, serviriam apenas de instrumento para facilitar nosso raciocínio: Força, gravidade, atração e termos deste tipo são úteis para o raciocino e o calculo sobre o movimento e sobre os corpos em movimento, mas não para o entendimento da natureza simples do próprio movimento ou para enunciar tantas qualidades distintas. (DM 17 p.119, Itálico do autor). No De Motu, ao rejeitar uma visão considerada realista 7 da mecânica newtoniana, a concepção de ciência de Berkeley é classificada como instrumentalista. Algumas passagens de seu texto reforçam essa ideia, como, por exemplo, a seguinte: 7 Berkeley não rejeita a mecânica, mas as interpretações dadas a ela. Losee (2000, p. 176) afirma que o que (...) incomodava a Berkeley, é que Newton, a titulo de sugerir indagações, falava de forças como se estas fossem algo mais do que termos em equações. (...) Estas construções matemáticas são úteis para calcular os movimentos dos corpos, mas para Berkeley é um erro atribuir-lhe uma existência real. 270

8 271 E assim como os geômetras, em função de seu ofício, fazem uso de muitos esquemas que eles próprios não podem representar, nem descobrir na natureza das coisas, também o mecânico faz uso de alguns termos abstratos e gerais e imagina nos corpos força, ação, atração etc., que são de utilidade essencial para as teorias, para as formulas e para os cálculos acerca do movimento (...) (DM 39) Seguindo nossa análise, os termos teóricos em uma teoria científica, de acordo com a visão instrumentalista serviriam como um auxílio na (...) conexão e na estruturação das proposições sobre coisas e processos observáveis (...) (CHIBENI; 1990 p. 5), ou seja, serviriam apenas como uma ferramenta que nos ajudaria a compreender os fenômenos observáveis. Berkeley afirma que esses termos seriam de grande utilidade para o raciocínio, mas não para explicar a origem e causa do movimento como pensavam os realistas e o próprio Newton, expressando assim uma posição anti-realista. Através dessa breve apresentação, pudemos ilustrar o realismo através de John Locke e anti-realismo instrumentalista de George Berkeley. A partir de agora trataremos dessas duas posições através de dois autores considerados de grande importância para esse debate na filosofia da ciência atual. Focaremos-nos, agora na questão acerca da aceitação de teorias científicas. O realismo de Richard Boyd e o empirismo construtivo de Bas van Fraassen Na introdução deste trabalho apontamos algumas características da doutrina realista. Afirmamos que para o realismo o objetivo da ciência é fornecer um relato verdadeiro de como o mundo é inclusive com relação a seus aspectos inobserváveis. Um dos autores que defendem essa concepção realista é Richard Boyd. Ele é um dos responsáveis pelo desenvolvimento dessa concepção na filosofia contemporânea, sendo impossível tratar do realismo científico sem citar suas contribuições para o entendimento do mesmo. Em um artigo de 1984, Boyd apresenta o realismo científico como uma doutrina que contém quatro teses principais: 271

9 Os termos teóricos em teorias científicas (isto é, termos não-observacionais) são pensados como expressões supostamente referidoras: ou seja, as teorias científicas são interpretadas realisticamente ; 2. As teorias científicas, interpretadas realisticamente, são confirmáveis e, de fato, frequentemente, são confirmadas como aproximadamente verdadeiras por evidência científica ordinária, interpretada de acordo com padrões metodológicos comuns; 3. O progresso histórico das ciências maduras é, largamente, uma questão de aproximações sucessivamente mais acuradas da verdade, tanto a respeito de fenômenos observáveis, quanto inobserváveis. As teorias recentes, tipicamente, se constroem sobre o conhecimento (observacional e teórico) compreendido em teorias anteriores; 4. A realidade que as teorias científicas descrevem é completamente independente de nossos pensamentos ou comprometimentos teóricos (p. 41-2). Aqui as características do realismo, citadas no início deste trabalho, se confirmam nas palavras de Boyd. Os termos teóricos não são tidos como ficções, mas como expressões que possuem referentes, no caso, entidades inobserváveis. O progresso do conhecimento é explicado na medida em que as teorias se aproximam da verdade em relação aos fenômenos observáveis e inobserváveis que por sua vez, independem de nosso conhecimento. Em The Scientific Image (1980), Bas van Fraassen também nos apresenta uma definição do realismo científico e que pode nos servir de guia para nossas considerações. Fraassen afirma que no realismo: A ciência visa dar-nos em suas teorias um relato literalmente verdadeiro de como o mundo é, e a aceitação de uma teoria científica envolve a crença de que ela é verdadeira (FRAASSEN: 2007, p. 27). Consolidada e devidamente caracterizada a concepção realista de que estamos tratando, podemos partir para a questão da aceitação de teorias científicas que tem servido de pano de fundo para grande parte das discussões contemporâneas em filosofia da ciência. 272

10 273 Quando tratamos dessa questão, a discussão levantada refere-se a qual deveria ser a atitude epistemológica do cientista diante a aceitação de teorias, ou seja, que tipo de crença estaria envolvida nesse processo de aceitação. Como podemos observar através das definições apresentadas, podemos afirmar que o realismo científico defende que a aceitação envolve a crença de que as teorias científicas aceitas são (aproximadamente) verdadeiras. Por outro lado, para o anti-realismo científico, mais precisamente, para o empirismo construtivo o sucesso das teorias não nos autoriza a crer na verdade das mesmas, somente se ela é adequada empiricamente ou não (SILVA: 2010, p. 306), ou seja, se ela salva os fenômenos (FRAASSEN: 2007, p. 20). O empirismo construtivo formulado por van Fraassen, pode ser entendido como a vertente que considera que a ciência: (...) visa dar-nos teorias que sejam empiricamente adequadas; e a aceitação de uma teoria envolve como crença, apenas aquela de que ela é empiricamente adequada (FRAASSEN: 2007, p. 33). Uma teoria empiricamente adequada nesse caso é uma teoria que afirma a verdade apenas dos aspectos observáveis do mundo, sendo que (...) possui pelo menos um modelo tal que todos os fenômenos reais a ele se ajustam (FRAASSEN: 2007, p. 34). Ao contrário do realismo científico que parte da afirmação acerca da existência tanto dos aspectos observáveis quanto dos aspectos inobserváveis do mundo, bem como da afirmação de que as teorias podem descrever verdadeiramente ambos os aspectos, van Fraassen afirma que : O empirismo (...) requer que as teorias apenas apresentem um relato verdadeiro do que é observável, tomando outras estruturas postuladas como um meio para tal fim. (...) Assim, de um ponto de vista empirista, para servirem aos objetivos da ciência, os postulados não precisam ser verdadeiros, a não ser no que dizem sobre o que é real e empiricamente atestável (FRAASSEN: 2007, p. 19, itálico do autor). 273

11 274 Dessa forma, o papel das teorias científicas seria o de (...) construção de modelos que devem ser adequados aos fenômenos, e não de descoberta da verdade sobre o que é inobservável (FRAASSEN: 2007, p. 22) o que vai além do observável não deve ser considerado nem como verdadeiro nem como falso, tendo em mente (...) que as teorias físicas de fato descrevem muito mais daquilo que é observável, mas o que importa é a adequação empírica, e não a verdade ou a falsidade a respeito de como elas vão além dos fenômenos observáveis (FRAASSEN: 2007, p. 121). Através dessa breve explanação da questão sobre a aceitação de teorias podemos concluir, mesmo que apressadamente, que se por um lado o realismo científico afirma que a aceitação das teorias científicas tem como base a crença de que as teorias aceitas são aproximadamente verdadeiras 8, por outro lado um lado o empirismo construtivo afirma que a única crença envolvida na aceitação de teorias é a de que ela é adequada empiricamente (ou não) e que a verdade só pode ser dita no que tange os aspectos observáveis. Através de alguns argumentos, o realista tenta fortalecer a sua relação entre a aceitação de teorias científicas e a crença na verdade. Mas como não é o objetivo de nosso trabalho tratar de tais argumentos, bem como da réplica anti-realista, deixamos essa questão em aberto para discussões e trabalhos futuros. O que realmente importa ao leitor nesse momento e que tentamos deixar bem claro ao decorrer deste trabalho, é a sua introdução nesse e em outros debates do âmbito realismo e anti-realismo científico. Conclusão Após a breve apresentação da posição realista e de algumas correntes da posição anti-realista, mais precisamente o instrumentalismo e empirismo construtivo, acreditamos que o leitor já possa compreender melhor do que se trata o debate entre realismo e anti-realismo científico. 8 Verdade que pode ser entendida como representação adequada do mundo ou como correspondência com o mundo (cf. DUTRA: 1993, p. 16) 274

12 275 Nosso trabalho não teve como intuito a defesa de uma posição em detrimento de outra. Muito pelo contrário procuramos apresentar alguns aspectos desse debate através de autores tidos como importantes para a ilustração do mesmo. Podemos perceber ao termino deste trabalho, o quão rico e importante é esse debate para os que desejam estudar epistemologia e filosofia da ciência. 275

13 276 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERKELEY, G. De Motu [Sobre o movimento ou sobre o princípio, a natureza e a causa da comunicação dos movimentos]. Tradução de Marcos R. da Silva. In Scientiae Studia, São Paulo, v. 4, n. 1, BOYD, R. The current status of scientific realism. In: LEPLIN, J. (org). Scientific realism. Berkeley: University of California Press, 1984, p CARNAP, R. An Introduction to the Philosophy of Science. Ed. Gardner, M., Dover, New York, CHIBENI, S. S. Locke e o materialismo. In Moraes, J.Q.K. (org.). Materialismo e Evolucionismo. Coleção CLE, v. 47, p , Descartes e o realismo cientifico. In: Reflexão, n. 57, pp , Descartes, Locke, Berkeley e o realismo científico. Primeira Versão, IFCH-UNICAMP, n. 25, 1-40, DUMMETT, M. Truth and Other Enigmas. London, Duckworth, l978. (Cap. 10: Realism.) DUTRA, L. H. A. Realismo, Empirismo e Naturalismo: o Naturalismo nas Filosofias de Boyd e van Fraassen. Campinas, Tese (doutorado em Filosofia). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. FRAASSEN, B. A Imagem Científica. Trad. de Luiz Henrique de Araújo Dutra. São Paulo: Editora UNESP / Discurso Editorial, HACKING, I. Press, Representing and intervening. Cambridge: Cambridge University LOCKE, J. Ensaio acerca do Entendimento Humano. In: Os Pensadores. 2 ed. São Paulo: Editora Abril Cultural, LOSEE, J. Introdução histórica à filosofia da ciência. Trad. de Borisas Cimbleris.- Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, MORAIS, A. O empirismo construtivo de bas c. Van fraassen e o Problema da explicação científica. Tese de Mestrado. Universidade de Brasília. Brasília, NEWTON-SMITH, W. H. A Filosofia da Ciência de Berkeley. Trad.: Marcos Rodrigues da Silva, a partir do original em inglês: Berkeley s Philosophy of Science.In Essays on Berkeley. Ed. Foster, J. & Robinson, H. Oxford: Clarendon Press, p , PLASTINO, C. E. Realismo e anti-realismo acerca da ciência: considerações filosóficas sobre o valor cognitivo da ciência. São Paulo, Tese (Doutorado em 276

14 277 Filosofia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. POPPER, K. R. Conjecturas e refutações. Trad. de Sérgio Bath. 2 ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, SILVA, M. R. Inferência da melhor explicação: Peter Lipton e o debate realismo/antirealismo. Princípios vol. 17, n. 27, Jonh Locke e o realismo científico. In: Princípios, Natal, v. 14, n. 21, jan./jun. 2007, p

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