CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA. Professora Renata Lèbre La Rovere. Tutor: Guilherme Santos
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1 CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA Professora Renata Lèbre La Rovere Tutor: Guilherme Santos
2 Recapitulando O que é ciência? Para o positivismo (ou empirismo) lógico, lógica e matemática são conhecimentos que não dependem de observação empírica, então são tratados de forma diferente das demais ciências Para Popper, todas as ciências podem ter o mesmo método (o que chamamos de monismo metodológico) Popper critica a indução e propõe método baseado no falseamento (ou método hipotético-dedutivo) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 2
3 Recapitulando Características do método proposto por Popper: formular hipóteses a partir de leis gerais e precisas (não confundir precisão com especificação!) Quanto maior a refutabilidade de uma teoria, maior o número de acontecimentos que não são corroborados e maior a variedade e severidade dos testes Quanto maior o grau de corroboração, mais a teoria se aproxima da verdade Crítica à tese da simetria entre explicação e previsão Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 3
4 Recapitulando Simetria e falácia lógica (texto do Blaug) Modus ponens: significa que a verdade das premissas é transmitida para as conclusões => raciocínio vai das premissas para as conclusões Exemplo: Se Blaug é um filósofo, ele sabe usar regras da lógica porém, não podemos afirmar que, se ele sabe usar regras da lógica, ele é um filósofo Modus tollens: a falsidade das conclusões é transmitida de volta para as premissas Exemplo: Se Blaug não conseguir usar as regras da lógica, ele não é um filósofo Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 4
5 Recapitulando Consequências da falácia lógica apresentada: de um ponto de vista estritamente lógico, nunca podemos estabelecer que uma hipótese é verdadeira porque os fatos são verdadeiros; isto fere o modus ponens Porém podemos negar a verdade de uma hipótese a partir da negação dos fatos (modus tollens) Logo, verificar uma hipótese não nos diz nada sobre o comportamento futuro dos fatos (crítica à simetria) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 5
6 Recapitulando Inferência Estatística (texto do Blaug) Em Estatística, aprendemos a usar amostras para tirar conclusões sobre uma população Estatísticas são testadas através da verificação da hipótese e da versão negativa da hipótese (hipótese nula) Para Blaug, se Popper tivesse usado a teoria de inferência estatística, segundo a qual qualquer teste estatístico depende de duas hipóteses (a que se quer verificar e a hipótese alternativa ou nula) sua teoria teria sido melhor compreendida Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 6
7 Recapitulando Ciências naturais versus ciências sociais Ciências naturais => uso do método hipotético-dedutivo, porém reconhecendo que visão de que ciência é objetiva, neutra e a- histórica não se sustenta Ciências sociais => críticas ao modelo hipotético-dedutivo; consenso de que há métodos próprios das ciências sociais; crítica à ideia de que uso da matemática é necessária para formalização Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 7
8 Recapitulando Estratagemas de imunização (texto do Blaug) Estratagemas de imunização (ou estratagemas convencionalistas) são suposições ou hipóteses auxiliares que são introduzidas quando a teoria não dá conta de explicar um determinado evento Ex: Quando Le Verrier propôs que poderia haver um planeta desconhecido modificando a órbita de Urano, ele teve que introduzir uma hipótese segundo a qual Urano não era o último planeta do sistema solar Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 8
9 Críticas a Popper Tese de Duhem: um experimento em Física não pode nunca condenar uma hipótese isolada mas apenas todo um conjunto teórico (conjunto de hipóteses) => não é possível identificar qual hipótese é falseada Tese de Duhem-Quine: é impossível testar uma hipótese isoladamente, pois toda hipótese depende de hipóteses e teorias auxiliares É sempre possível reconciliar uma teoria com a observação através de alterações nas hipóteses e nas teorias auxiliares Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 9
10 Críticas a Popper Afirmar que quanto maior a capacidade de corroboração, maior a verossimilitude da teoria significa fazer um raciocínio indutivo, pois a partir do sucesso passado de uma teoria estimamos seu sucesso futuro Uma teoria com maior verossimilitude tem que ter um aumento no conteúdo de verdade (conjunto de previsões não refutadas ) sem que haja aumento no conteúdo de falsidade (conjunto de previsões refutadas) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 10
11 Implicações para o estudo de Economia Abordagem do falseamento de Popper é constituída por duas teses: uma sobre demarcação (o que é ciência e o que não é ciência) e outra sobre metodologia (como ciência deve ser praticada) Demarcação não tem sido debatida entre economistas: para economistas, o ponto mais importante é a metodologia (que inclui falseamento) Mas falseamento depende de testes severos e tem recebido críticas a respeito de sua possível aplicação em Economia Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 11
12 Implicações para o estudo de Economia Críticas ao falseamento Complexidade do comportamento humano requer o uso de hipóteses simplificadoras extremas, sendo que algumas em Economia são de fato falsas (p.ex. supor em microeconomia que bens podem ser divididos indefinidamente), outras não podem ser falseadas logicamente (ex. lei dos retornos decrescentes), outras ainda podem ser falseadas logicamente mas ser, na prática, não falseadas (ex. hipótese que consumidores têm preferências completas) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 12
13 Implicações para o estudo de Economia Críticas ao falseamento Ciências sociais têm efeitos de feedback: o teste de uma teoria econômica pode por si só alterar as condições iniciais do teste Teorias econômicas, ao usar técnica de estática comparativa, são facilmente corroboradas mas difíceis de serem submetidas a testes severos Explicação de Popper para progresso da ciência não se aplica à Economia, pois economistas explicam fatos já conhecidos Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 13
14 Implicações para o estudo de Economia Críticas ao uso de Popper pelos economistas Uso de fatos já conhecidos leva economistas a trabalhar com modelos, que reconstroem situações sociais típicas Supor que agentes atuam de acordo com situação (lógica situacional) é princípio metafísico (não verificável, não falsificável, não refutável empiricamente) => contradição com princípio do falseamento Natureza do princípio de racionalidade é vaga Análise situacional usada para explicação, não para previsão Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 14
15 Implicações para o estudo de Economia Críticas ao uso de Popper pelos economistas Racionalidade no sentido de Popper não significa necessariamente racionalidade econômica O agir conforme a situação implica que a ação humana dependerá do contexto apresentado; e esse contexto nem sempre é o de ação com vistas à maximização dos resultados econômicos (Marin, 2008) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 15
16 As idéias de Lakatos Ciência é formada por um programa de pesquisa composto de leis irrefutáveis e hipóteses auxiliares Hipóteses auxiliares são introduzidas para resolver anomalias Lakatos, como Popper, defende que ciência busca aumentar conteúdo empírico e preditivo de suas teorias, e que modificações nas hipóteses auxiliares não podem ser ad hoc (pois diminuem o grau de falseabilidade do sistema de teorias) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 16
17 As idéias de Lakatos Anomalias ocorrem quando eventos não são previstos pela teoria Exemplo: Urano inicialmente era considerado estrela e não planeta; porém observações por telescópio mostraram que: 1. Não tinha forma de ponta e sim de disco 2. Movia-se ao longo do dia em vez de permanecer fixo Observações sobre a forma e o movimento constituem então uma anomalia Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 17
18 As idéias de Lakatos Todas as afirmações científicas são teorias falíveis Falseacionismo dogmático versus falseacionismo metodológico Suposições (falsas) do falseacionismo dogmático: fronteira entre teoria e e observação e verificação corresponde à verdade Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 18
19 As idéias de Lakatos Falseacionismo metodológico: Separa rejeição de refutação: teoria refutada não necessariamente é rejeitada (ex. p.121) Considera científicas as teorias que podem ser refutadas -> base empírica é constituída por observações derivadas da própria teoria Se depara com o seguinte problema: como escolher anomalia que servirá de base para experiência crucial (que refuta a teoria) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 19
20 As idéias de Lakatos Riscos do Falseacionismo Metodológico: decisões arbitrárias envolvendo critérios de demarcação Falseacionismo sofisticado -> Teoria T é refutada se T`tiver: Capacidade de prever fatos novos Capacidade de explicar êxito da teoria anterior Conteúdo excessivo (novo) em relação à teoria anterior é corroborado por nova teoria Assim, não se analisa uma teoria isolada, e sim uma série de teorias; o progresso não se dá através da derrubada de teorias, e sim da construção de teorias que explicam fatos novos Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 20
21 As idéias de Lakatos O problema não deveria ser colocado em termos de saber se uma refutação é real ou não. (...) o problema é saber que teoria considerar como teoria interpretativa, que fornece os fatos concretos e que teoria considerar como teoria explanatória, que fatos) (p.158) tentativamente os explica. (explica os Não se trata de propormos uma teoria e a Natureza poder gritar NÃO; trata-se de propormos um emaranhado de teorias e a Natureza poder gritar INCOMPATÍVEIS (p.159) Assim, para Lakatos as teorias científicas falham em proibir qualquer estado observável de coisas Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 21
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