MURAIS NA ESCOLA: VII MICTI ARAQUARI/2014. ARGUELLO, Camila¹; GOULART, Matheus²; GIUDICE, Gilliatt³ CTUR - Colégio Técnico Da UFRRJ

Transcrição

1 MURAIS NA ESCOLA: VII MICTI ARAQUARI/2014 ARGUELLO, Camila¹; GOULART, Matheus²; GIUDICE, Gilliatt³ CTUR - Colégio Técnico Da UFRRJ INTRODUÇÃO A Pintura Mural é desdobrada em inúmeras culturas e sociedades ao longo dos milênios, se revelando na contemporaneidade com grande vigor e criatividade como parte da história da humanidade. Elas representam toda uma época, toda uma cultura eternizada onde pudessem ser vistas pelo maior número de pessoas para que não caia em esquecimento. Procuramos assim contribuir também para a divulgação e a criação artística no colégio. Tomamos como base teórica os estudos de Elza Azjemberg sobre três momentos distintos na obra de Portinari, o que ampliou a percepção dos fundamentos verificados nos estudos formais feitos sobre os recortes na obra deste pintor e sugeridos pela autora. O trabalho final, a pintura mural, deverá ser realizado por todos os integrantes do projeto de iniciação científica e destinado a um espaço decidido em conjunto pela comunidade do colégio. Contribuindo para que a criação artística, acompanhada pela reflexão teórica e divulgação de conhecimentos, faça parte cada vez mais do cotidiano escolar, desenvolvendo e aprofundando a cognição e a percepção de todos. Nosso objetivo é estimular a criação de mais espaços voltados para a produção cultural e artística dentro das instituições escolares. Contribuindo para que a criação artística, acompanhada pela reflexão teórica e divulgação de conhecimentos artísticos, faça parte, cada vez mais, do cotidiano escolar. Desenvolvendo e aprofundando a cognição e a percepção visual de toda a comunidade escolar. O que justifica o incentivo crescente a projetos desta natureza. 1 Aluna da terceira série do Ensino Médio do CTUR-UFRRJ 2 Aluno da terceira série do Ensino Médio do CTUR-UFRRJ ³ Professor de Artes do CTUR-UFRRJ Trabalho de Iniciação Científica Ensino Médio financiado com apoio do CNPq, CTUR

2 MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi dividido em dois módulos. Ao final de cada etapa elaboramos um relatório e um memorial artístico detalhando as atividades, conquistas e compreensões. No primeiro módulo trabalhamos basicamente com a linha e o claroescuro, pensados na produção de Portinari e suas influências plásticas. Elaboramos primeiramente análises de três obras da série Retirantes distintas cronologicamente e das possibilidades plásticas encontradas nos diversos exemplos trabalhados. Depois, seguindo o recorte sugerido no texto de Azjemberg, realizamos estudos lineares e tonais da série Tiradentes, onde verificamos as distâncias entre esta composição e os trabalhos anteriores de Portinari, distâncias já evidenciadas na Primeira Missa de Portinari, trabalho anterior ao painel Tiradentes e datado do final da década de Em seguida fizemos estudos comparativos entre as Primeiras Missas de Vitor Meirelles, datada de meados do séc. XIX, e de Portinari, realizada um século depois. Os estudos foram feitos com grafite sobre papel e carvão sobre papel. Estamos trabalhando no atual momento com o confronto entre as possibilidades plásticas estudadas e aquelas realizadas pelos alunos, para a elaboração de estudos da composição final a partir dos estudos preparatórios. Para isso, concentramos esforços no estudo e levantamento de elementos visuais que evoquem o universo simbólico e poético da música tema do nosso trabalho: A epopeia de Zumbi, de Nei Lopes, artista e intelectual renomado que reside em Seropédica, cidade onde se situa o colégio. A composição em grande escala será realizada com tinta acrílica sobre madeira com a dimensão de 1,20 x 2,10 m, material de grande durabilidade, inócuo pois é a base de água e de baixo custo, o que ajuda a viabilizar este projeto e a sua continuação e ampliação. RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro módulo, com duração de quatro meses, foi voltado para o aprofundamento dos elementos formativos da imagem plástica. O confronto entre as diversas concepções plásticas e visuais encontradas nas obras de arte analisadas foram fundamentais para o entendimento da natureza do desenho e suas aplicações de acordo com as necessidades de cada autor e do sem contexto cultural. 2

3 Os estudos tonais da série Os Retirantes possibilitaram a melhor leitura de textos selecionados dentro da bibliografia proposta, como podemos observar nos desenhos das imagens abaixo. I.Retirantes Portinari. Estudo tonal. II. Tiradentes, Estudo tonal de um detalhe. Também foram realizados estudos de elementos diretos da natureza, como podemos observar nos desenhos abaixo: uma paisagem e uma natureza morta com desenvolvimento tonal (desenhos III e IV). III. Camila Arguello. Estudo tonal de paisagem. Carvão sobre papel A3 IV. Matheus Goulart. Estudo tonal de natureza morta. Carvão sobre papel A3 No momento, vamos levantando elementos e ideias abstratas da composição que começa a se apresentar cada vez mais clara, como os aspectos geometrizantes e de forte saturação que se desdobram na pintura de Portinari na virada da década de 40 para a década 3

4 de 50. Os estudos cromáticos exemplificados nos desenhos VI e VII entram como foco também, e as ideias retiradas de artistas como Carybé, Di Cavalcanti e Portinari servem de condutores e norte para o desenvolvimento cromático da composição que esperamos apresentar como resultado final no último Conselho de Classe de V. Camila Arguello, desenho para a composição final. Grafite sobre papel A4 VI. Navio Negreiro (Detalhe) Di Cavalcanti. Estudo cromático. Pastel oleoso sobre papel A4 VII. Navio Negreiro, Di Cavalcanti. Estudo cromático. Pastel oleoso sobre papel A4 CONCLUSÕES Encontramo-nos no estágio de aprimoramento e aprofundamento dos meios plásticos através de estudos comparativos entre as possibilidades vivenciadas junto às obras selecionadas, estudos tonais e cromáticos das mesmas, assim como desenhos de observação e 4

5 composições exemplificados nas imagens acima. A solução das áreas geometrizadas, trabalhadas com forte saturação cromática contrastante com o tratamento naturalista e expressionista do enredo e tema, aparece como uma questão plástica aberta por Portinari e outros artistas contemporâneos seus. Em uma época como a que vivemos, na qual todos se conscientizam e se levantam contra algo que esteja errado, uma sociedade em que todos querem seus direitos, suas liberdades, Zumbi dos Palmares é um belo exemplo de resistência. Além disso mais, trabalhar tal serviu para redescobrir e consequentemente recuperar um pouco da cultura afro-brasileira tão esquecida e pouco conhecida nos dias atuais, apesar de sua importância histórica e social. Enfoquemos que o mais importante não é analisar quem foi Zumbi em questão ou seus atos, mas sim passar adiante o ideal que tal como ele tantos outros defenderam: liberdade. Por mais que sua vida se vá, isto é algo que o tempo não pode consumir, nem as autoridades calarem, nem as areias encobrirem. Este é o legado que desejamos deixar bem marcado no mural para que todos vejam e que fique como um lembrete a todos que um dia venham a passar pelo mural, resumido bem numa frase, para que jamais se esqueça. REFERÊNCIAS AJZEMBERG, Elza. Portinari: Três Momentos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, ARNHEIM, Rudolf. Arte & Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. Rio de Janeiro: Pioneira,