XIII MODELO INTERCOLEGIAL DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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2 XIII MODELO INTERCOLEGIAL DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS : CROÁCIA V. SÉRVIA APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E REPRESSÃO DO CRIME DE GENOCÍDIO NOS BÁLCÃS Elaborado por: Daisy Bispo Telles Gabriela Tibau João Valera Victor Toscano Rio de Janeiro

3 Sumário 1. Carta aos Juízes Histórico do Comitê Organizações Internacionais A Organização das Nações Unidas A Corte Internacional de Justiça O Estatuto da Corte Jurisdição A Convenção de Genocídio Histórico do Processo Relações na Segunda Guerra Mundial Secessão da República Federal Socialista da Iugoslávia Guerra de Independência da Croácia ( ) O Caso Posicionamento Legal da Croácia Posicionamento Legal da Sérvia Referências

4 1. Carta aos Juízes Caros Magistrados e Agentes sejam bem vindos a Corte Internacional de Justiça, órgão precursor da Jurisdição Internacional, que a fim de auferir a justiça e conclamar a estabilidade e a paz nos Balcãs, conclama a atenção da Comunidade Internacional para o contencioso entre os Estados da República da Croácia e República da Sérvia. Os conflitos advindos da Secessão da República Federal Socialista da Iugoslávia marcaram a história do mundo por trazer, no contexto contemporâneo do pós-segunda Guerra, o horror de inúmeras perdas agravadas pelo cenário de revanche étnica. Com isso, a independência de vários países foi possível, dentre eles a Croácia que ao lutar contra a República Federal fez do combate cerne para a dissolução do país. O duelo entre o exército nacional, vinculado à República Sérvia, e os croatas apresentou cenas de extremo medo, como o cerco de Vukovar. As marcas do embate entre croatas e sérvios ultrapassaram o fim do conflito, o que fez os croatas, em 1999, levarem à Corte Internacional de Justiça a alegação contra os sérvios sobre a Violação da Convenção de Genocídio. O caso teve grandes repercussão entre a Comunidade Internacional, tendo seu resultado apresentado apenas no ano de 2015 com emissão do acordão dos Juízes da Corte. Pensar a história dos Balcãs é problematizar a relação de diferentes etnias perante o âmago político. A Corte Internacional de Justiça, como a organização jurídica da ONU, se esforçou durante 16 anos para apresentar um parecer a Comunidade Internacional sobre o caso, que levado em conta diferentes argumentos de croatas e sérvios, se tornou ícone para a historia do direito internacional. A fim de seguir os pilares do direito internacional pedimos que Magistrados usem da imparcialidade na análise dos tratados, respeitando o Estatuto da Corte de forma que cheguem a uma resolução justa. Aguardamos ansiosamente a todos, 4

5 Daisy Bispo Teles Gabriela Tibau João Valera Victor Toscano 2. Histórico do Comitê 2.1. Organizações Internacionais A disciplina de Relações Internacionais 1 lida com uma série de distinções entre política doméstica e política internacional. A política doméstica abarca a relação entre governantes e governados de cada país, incluindo seus mecanismos de governo como as constituições. À política internacional cabe envolver-se com acontecimentos, atores, fenômenos e processos além das fronteiras dos Estados Nacionais. Alguns teóricos de Relações Internacionais consideraram crucial a relação entre política doméstica e política internacional uma vez que os interesses dos Estados na ação para além de seus territórios são definidos dentro dos mesmos. Sabendo então que os Estados têm diferentes interesses, definir ao certo a formação de uma governança 2 global é mais um desafio para os internacionalistas. Contudo, em 1995 a Comission on Global Governance, uma comissão formada com vários atores notáveis do cenário internacional, objetivando discutir mudanças de âmago global, definiu governança como a soma de vários caminhos individuais e instituições, públicas e privadas, gerindo suas questões e assuntos comuns. Com essa definição fica enfatizado que governança global não é um governo maior que assume o comando da política internacional e sim uma junção de atividades relacionadas ao ato de gerir e administrar, como leis e mecanismos, tais como o Direito Internacional e as Organizações Internacionais (HERZ & 1 Não confundir com relações internacionais (com letras minúsculas): as relações políticas, econômicas, jurídicas, sociais, culturais entre outras que ocorrem entre os Estados 2 Substantivo feminino: ato de governar(-se); governo, governação. 5

6 HOFFMAN, 2004). O Direito Internacional teve sua definição moldada ao longo da história política fazendo valer direitos e deveres que estavam ligados à ação dos Estados. Contudo, em 1945, no âmago da criação da ONU, Organização das Nações Unidas, o Direito Internacional ficou caracterizado não só com ações pertinentes aos Estados, mas, também, às Organizações Internacionais que disseminam conceitos fundamentais para as relações interestatais e para o próprio Direito Internacional. As Organizações Internacionais (OI s) garantem certa medida de governança ao mundo por meio de normas, regras, leis e procedimentos para resolução de disputas, ajuda humanitária, programas de assistência ao desenvolvimento e mecanismos para coletar informações. As OI s são altamente institucionalizadas, pois são formadas, em sua maioria, por Estados e detentoras de personalidade jurídica, ou seja, expressam direitos e deveres perante certas normas, além de terem uma sede física, aparato burocrático e servidores públicos internacionais (HERZ & HOFFMAN, 2004). Sem uma instância de governo maior que guarde as relações internacionais 3, os Estados, detentores de distintos interesses, podem entrar em conflitos e se envolver em controvérsias. A necessidade por recursos de certo país, por exemplo, pode entrar em choque com a soberania 4 de outros. Ao mesmo tempo, os interesses podem vir a ser os mesmos, surgindo então a necessidade de cooperação. Exemplo: Itália, Alemanha Ocidental, França e os países do Benelux 5 estabeleceram em 1952 a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) favorecendo a estes a livre circulação de ferro, aço e carvão. Logo a formação de instituições pode vir a mudar o contexto das interações estratégicas interestatais, pois (1) aumenta o fluxo de informações, permitindo maior transparência acerca das intenções, interesses e preferências dos Estados. ; (2) permite o controle dos cumprimentos dos compromissos, estabelecendo mecanismos de controle (vide as agências de monitoramento da AIEA, Agência Internacional de Energia Atômica que vigia os países produtores de energia atômica para que esta não seja usada para fins bélicos); e (3) diminui a incerteza de cada país, em relação a ações 3 Vide nota de rodapé 1 4 Substantivo feminino: superioridade derivada de autoridade, domínio, poder. 5 Bloco Econômico formado por Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. 6

7 que possam vir a ser realizadas no futuro, pois o conjunto de normas que estas OI s trazem permite uma maior previsibilidade (NOGUEIRA & MESSARI, 2005). A primeira Organização Internacional foi a Liga das Nações, criada em 1919, por insurgência do Tratado de Versalhes e dos 14 Pontos de Wilson no contexto do pós-primeira Guerra. Tinha como finalidade proteger as nações de futuras atrocidades contra a segurança mundial. Através do Pacto da Sociedade das Nações, documento fundacional da Organização, o conceito de segurança coletiva foi edificado, significando que a ameaça ou conflito presente em um Estado poderia ter respostas vindas de outros Estados, logo um sistema de ajuda internacional havia sido formado (HERZ & HOFFMAN, 2004). Falhando em seu propósito devido à eclosão da Segunda Grande Guerra, a Liga acaba em 1946, abrindo espaço para a maior Organização Internacional do Mundo, a ONU A Organização das Nações Unidas A ONU é uma organização internacional formada por países que se reuniram voluntariamente para trabalhar pela paz e pelo desenvolvimento mundiais, num contexto de desolação pós duas grandes guerras. Utilizado pela primeira vez no dia 1º de janeiro de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o nome Nações Unidas referia-se a um comprometimento das 26 nações que aprovaram a Declaração das Nações Unidas em seguir lutando juntos contra as potências do Eixo. Em 1945, representantes de 50 países se reuniram em São Francisco, na Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional, para redigir a Carta das Nações Unidas. A carta foi assinada em 26 de junho de 1945 por tais representantes. Após sua ratificação, a Organização nasceu, oficialmente, em 24 de outubro de A Carta das Nações Unidas é o documento de fundação da Organização, na qual estão expressas suas ideais basilares, tal como a busca por preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, pela fé nos direitos fundamentais, como a igualdade entre homens e mulheres. Além disso, a Carta 7

8 conclama que os países busquem estabelecer relações sob as quais justiça e respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes de direito internacional possam ser mantidos (ONU,1945). As Nações Unidas são regidas por um conjunto de propósitos e princípios básicos aceitos por todos os Países-Membros da Organização. São os propósitos: manter a paz e a segurança internacionais; desenvolver relações amistosas entre as nações; realizar a cooperação internacional para resolver os problemas mundiais de caráter econômico, social, cultural e humanitário, promovendo o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais; e ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para a consecução desses objetivos comuns. E são os princípios: igualdade de soberania de todos os membros; cumprimento de boa fé aos compromissos da Carta; resolução de controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais; abstenção do recurso à ameaça ou uso da força contra outros Estados; assistência às Nações Unidas em qualquer medida que for tomada em conformidade com os preceitos da Carta; e ausência de preceitos na Carta que autorizem as Nações Unidas a intervirem em assuntos que são essencialmente de alçada nacional de cada país. De acordo com os princípios estabelecidos pelo documento, todos os Estados amantes da paz que aceitem as obrigações deliberadas na Carta e que sejam capazes e estejam dispostos a cumpri-las poderão se tornar membros das Nações Unidas (ONU,1945). Para que a ONU pudesse atender seus múltiplos mandatos, a Carta estabeleceu que os seis órgãos principais das Nações Unidas seriam a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado. O documento também definiu que, para a melhor compreensão entre seus membros, vindos de diversos países, haveria seis idiomas oficiais, sendo eles árabe, mandarim, espanhol, francês, inglês e russo. A Carta das Nações Unidas apresentou uma grande inovação em relação ao Pacto da Sociedade das Nações. De acordo com o Pacto, as decisões da Assembleia Geral seriam de caráter recomendatório, tomadas por uma maioria de 8

9 dois terços. De forma contrária ao estabelecido pelo Pacto da Sociedade das Nações, a Carta das Nações Unidas prevê que as decisões do Conselho de Segurança são de caráter obrigatório A Corte Internacional de Justiça A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é o principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas. Foi estabelecida em Junho de 1945 pela Carta das Nações Unidas e iniciou suas funções em Abril de Localizada em Haia, Holanda, o papel da Corte é resolver, em acordo com o Direito Internacional, disputas legais submetidas a ela por Estados e dar opiniões consultivas em questões legais a ela referenciadas por órgãos autorizados das Nações Unidas e Agências Especializadas (CIJ,1945). A Corte é composta de 15 juízes, que são eleitos por mandatos de nove anos pela Assembleia Geral das Nações Unidas e pelo Conselho de Segurança. Se acontecer de algum Estado que seja parte de um caso não possua nenhum juiz de sua nacionalidade entre os 15, esse Estado pode escolher alguém para atuar como juiz ad hoc nesse caso específico. Essa pessoa não precisa necessariamente ser nacional do Estado que a apontou. Um juiz ad hoc participa de qualquer decisão do caso em total igualdade com seus colegas. A Corte é também auxiliada por um Registry (Ofício), seu órgão administrativo. Seus idiomas oficiais são Inglês e Francês. A Corte lida com dois tipos de casos: disputas legais entre Estados submetidos a ela pelos próprios (Casos Contenciosos), e pedidos por Pareceres Consultivos em questões legais referenciadas à Corte pelos órgãos das Nações Unidas e por agências especializadas. No exercício de sua jurisdição em Casos Contenciosos, a Corte Internacional de Justiça tem que decidir, de acordo com o Direito Internacional, disputas de natureza legal que são submetidos a ela. Uma disputa legal internacional pode ser definida como um desacordo em alguma questão da lei ou fato, um conflito, um embate de visões legais ou de interesses. 9

10 Somente Estados Membros das Nações Unidas, Estados que sejam parte do Estatuto da Corte, ou que aceitaram sua jurisdição sob certas condições podem iniciar e participar de Casos Contenciosos. Organizações Internacionais, outras coletividades e pessoas físicas não têm direito a instituir procedimentos perante a Corte. Os Estados não têm representantes permanentes designados à Corte. A comunicação com o Escrivão do Ofício costuma ser feita através do Ministro de Relações Exteriores ou através do Embaixador do país na Holanda. Quando em casos perante a Corte, os Estados são representados por um Agente. O Agente exerce a mesma função, e tem os mesmos direitos e obrigações que um Promotor ou Advogado em relação a uma Corte Nacional. Tratando-se de relações internacionais, o Agente é também o chefe de uma missão diplomática especial com poderes para vincular um Estado Soberano. No geral, sempre que um ato formal tem que ser feito pelo Governo representado, isso é feito pelo Agente. Ao assinar a Carta, o Estado Membro das Nações Unidas se compromete a cumprir qualquer decisão da Corte em casos nos quais faça parte. Já que um caso sópode ser submetido à Corte e julgado por ela se as partes tiverem consentido com a sua jurisdição, é raro uma decisão não ser implementada. Um Estado alegando que o outro lado tenha falhado em cumprir as obrigações incumbidas a ele por um julgamento proferido pela Corte pode levar a questão ao Conselho de Segurança, que tem poderes para recomendar ou decidir medidas a serem tomadas para dar cumprimento ao julgamento O Estatuto da Corte O Estatuto da Corte Internacional de Justiça é um anexo à Carta das Nações Unidas, da qual faz parte integrante. O objetivo principal do Estatuto é organizar a composição e o funcionamento da Corte. 10

11 O Estatuto pode ser emendado da mesma maneira que a Carta, ou seja, pelo voto de uma maioria de dois terços na Assembleia Geral e ratificação por dois terços dos Estados Membros. Até o presente momento não foi feita qualquer emenda ao Estatuto da Corte Jurisdição Dado o Caso Contencioso a ser analisado, é comum haver objeções preliminares levantadas de modo a evitar que a Corte profira sua sentença sobre o mérito do caso. O Estado acusado pode afirmar, por exemplo, que a Corte não tem jurisdição sobre o caso. Jurisdição é o poder atribuído a uma autoridade com que faz que a mesma tenha legitimidade e possa cumprir leis e punir quem as infringilas (SANTOS,2001). A jurisdição da Corte abrange todos os casos que as partes submetam a ela e em relação a todas as questões especialmente previstas na Carta das Nações Unidas ou nos tratados e convenções vigentes. Os Estados que façam parte do Estatuto podem declarar a qualquer momento que eles reconhecem como ipso facto 6 compulsório e sem qualquer acordo especial, em relação a qualquer outro Estado aceitando a mesma obrigação, a jurisdição da Corte em todas as disputas legais concernentes à interpretação de tratados, a qualquer questão de Direito Internacional, à existência de quaisquer fatos que, caso comprovados, constituiriam a quebra de alguma obrigação internacional, e à natureza ou extensão da reparação a ser providenciada pela quebra de alguma obrigação internacional. Caso seja questionada a jurisdição da Corte sobre algum caso, a deliberação e a resolução do problema são feitos pela própria Corte, que decide se tem ou não jurisdição. A Corte Internacional de Justiça pode aplicar como fontes do Direito Internacional para a solução de controvérsias: Tratados e Convenções 6 No caso, os Estados reconhecem a jurisdição como válida por ser a jurisdição da Corte Internacional de Justiça. 11

12 Internacionais em vigor, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados contestantes; Costume Internacional, como evidência de uma prática geral aceita como lei; os Princípios Gerais do Direito reconhecidos por nações civilizadas; e, sujeitas às provisões do Artigo 59 7, decisões judiciais e ensinamentos dos publicistas mais qualificados de várias nações, como meios subsidiários para a determinação do Estado de Direito. Além disso, se as partes concordarem, a Corte pode decidir um caso ex aequo et bono, ou seja, sem se limitar às regras existentes no Direito Internacional A Convenção de Genocídio Usado pela primeira vez por R. Lemkin em 1944, o termo genocídio remetia-se a destruição em massa de um grupo étnico, assim como qualquer projeto sistemático que tenha por objetivo eliminar a cultura de um povo. Assim definido, o termo foi popularizado no fim da Segunda Guerra Mundial, quando a comunidade internacional, frente às atrocidades nazistas, sentiu a necessidade de fixar normas de direito internacional para cobrir tal delito (BOBBIO, MATTEUCCI & PASQUINO, 1998). O genocídio configura-se, dentro do direito internacional penal, na categoria de crimes contra a humanidade, ou crimes de guerra. Durante sua primeira resolução, em 11 de dezembro de 1946, a ONU declarou genocídio como a recusa do direito à existência de inteiros grupos humanos - um "delito do direito dos povos, em contraste com o espírito e os objetivos das Nações Unidas, delito que o mundo civil condena" (ASSEMBLEIA GERAL, 1946). Nesta declaração, a Assembleia determinou a elaboração de um projeto de convenção que abordasse a questão do genocídio. Tal convenção foi apenas aprovada em 9 de dezembro de 1948, alcunhada de Convenção de Genocídio de A Convenção de Genocídio foi o primeiro tratado de direitos humanos adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas. A sua atenção estava focada na proteção de minorias nacionais, raciais, étnicas e religiosas de ameaças às suas 7 Artigo presente no Estatuto da Corte: A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão. 12

13 próprias existências. Nesse sentido, está entre as prioridades das Nações Unidas e dos movimentos de direitos humanos modernos, visando a erradicação do racismo e da xenofobia. Além disso, reforça o papel da justiça criminal e da responsabilização na proteção e promoção dos direitos humanos (ONU,1948). A Convenção de Genocídio, segundo o Artigo II, define genocídio como qualquer um dos atos cometidos com intenção de destruir, por completo ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, sendo eles: matar membros do grupo; causar danos mentais ou corporais aos membros do grupo; infligir deliberadamente nas condições de vida do grupo com intenção de acarretar na destruição física do mesmo; impor medidas intencionadas para evitar o nascimento dentro do grupo; transferir forçadamente crianças de um grupo para outro (ONU,1948). A Assembleia Geral adotou a Convenção de Genocídio por unanimidade dos 56 participantes no seu 179º encontro de plenário, (resolução 260). 3. Histórico do Processo 3.1. Relações na Segunda Guerra Mundial A Guerra entre a Croácia e a Sérvia, apesar de ter terminado em 1995, fez com que os croatas levassem à Corte Internacional de Justiça o caso contra a Sérvia por genocídio durante o conflito. O que aconteceu durante os anos 90 e o caso proveniente disso tem que ser entendido no contexto do genocídio de sérvios nas mãos do Estado Croata, que colaborou com tropas inimigas a ocuparem seu território, durante a Segunda Guerra Mundial. Durante o período do imediato pós-primeira Guerra Mundial, havia muita tensão entre as várias nações iugoslavas e, particularmente, entre sérvios e croatas. Os croatas demandavam que o Estado fosse estruturado como uma federação na qual eles teriam uma autonomia significativa, enquanto os sérvios, o maior grupo nacional na Iugoslávia à época, que controlava o governo, queria manter sua permanência no poder. Depois do assassinato de delegados croatas no Parlamento, 13

14 o conflito se intensificou em 1928 e, em 1929, o Rei Alexander estabeleceu sua ditadura. Grupos extremistas croatas estabeleceram a ustaše 8 sob a liderança de Ante Pavelić, porque acreditavam que essa seria a única solução para o estabelecimento de um Estado croata independente. Pavelić havia sido um deputado eleito no Parlamento e vice-presidente da Associação de Advogados Croatas ( Croatian Bar Association ) quando Alexander declarou a ditadura e dissolveu o Parlamento. Pavelić fundou a ustaše quando estava em exílio com o objetivo de liberar a Croácia a força. Quando a guerra eclodiu, membros deste grupo extremista croata ascenderam ao governo bem antes da chegada alemã. Durante seu mandato, os líderes da ustaše buscaram ativamente o suporte de outros países fortes. Até 1941 eles estavam sob os auspícios da Itália e, em meados da década de 1930, iniciaram conversas com a Alemanha, mas foram desaprovados pelos alemães por muitos anos. Pavelić não se deteve por isso e continuou a cortejar os alemães adotando partes da ideologia Nazista, especialmente em relação aos judeus. Usando essa conexão, em 1941, Adolf Hitler decidiu criar um Estado em parte da Iugoslávia, que estaria sujeita ao controle alemão e dos extremistas croatas. O novo governo croata adotou leis econômicas e raciais alemãs e perseguiu judeus, sérvios, comunistas, e outros. Durante os quatro anos do regime opressivo da ustaše, foram conduzidas muitas atrocidades em massa, incluindo o genocídio contra os sérvios. A política oficial era popularmente expressa como: Um terço da população sérvia na Croácia deve ser forçada a se converter ao Catolicismo Romano; um terço da população sérvia na Croácia deve ser expulsa; um terço da população sérvia na Croácia deve ser morta. As atrocidades começaram em 27 de abril de 1941, quando uma unidade do exército nazista croata cometeu um homicídio em massa perto de Gudovac, no nordeste da Croácia. Em maio, a ustaše massacrou milhares de sérvios em Veljun e em Glina. No novo território croata, em 1941 e 1942, muitos campos de concentração foram estabelecidos, sendo o maior o campo Jasenovac, que, supostamente, deteve entre e pessoas, a maioria sendo prisioneiros sérvios e judeus. Durante a guerra, igrejas sérvias ortodoxas foram 8 Grupo extremista croata de extrema direita e tendências nazistas 14

15 queimadas e muitas comunidades sérvias eliminadas (SILBER & LITLLE, 1996). Muitos dos campos de concentração haviam sido fechados já no fim de 1942, mas o campo Jasenovac continuou a operar. A ustaše destruiu vilas inteiras na área ao redor dos Alpes, e, durante uma certa fase, até mesmo os italianos e alemães desaprovaram suas ações. Ao mesmo tempo, várias organizações partisans 9 clandestinas emergiram na Iugoslávia. Em 7 de julho de 1941, um levante irrompeu, organizado pelo Partido Comunista liderado pelo Marechal Josip Broz Tito, que depois governou a Iugoslávia por 35 anos. O levante também se disseminou para a Eslovênia, e para a Bósnia e Herzegovina. Ao fim de 1942, a situação começou a mudar. Em batalhas na Croácia, rumores foram espalhados sobre as atrocidades da ustaše e muitas pessoas escaparam dos territórios ocupados por eles para se unir aos partisans. Em 1943, os alemães sofreram perdas dolorosas no fronte oriental e forças alemãs e italianas começaram a desertar, deixando para trás quantidades massivas de armamentos e munição, que foram usadas para auxiliar os rebeldes em sua luta contra a ustaše. Os partisans, liderados por Tito, se tornaram a principal força rebelde nas ruas da Iugoslávia e, a partir daí, receberam auxílios significantes dos Aliados. Em 4 de julho de 1944, a guerra de independência nacional da Iugoslávia irrompeu sob a liderança de Tito. O Exército Vermelho e os Partisans libertaram a Iugoslávia e a ustaše logo foi derrotada. De acordo com as estimativas, judeus, Roma (ciganos), e apesar de as estimativas variarem entre e sérvios foram mortos na Croácia pelos fascistas croatas durante o regime da ustaše (SILBER & LITLLE, 1996). A Guerra terminou e os comunistas do Marechal Josip Broz Tito tomaram o controle da Iugoslávia. O slogan da nação de Tito era Irmandade e União. Todos os esforços foram feitos para esconder o passado e, já que a Iugoslávia não se alinhara à União Soviética, as democracias ocidentais não tinham nenhum interesse em expor o genocídio. Por muitos anos depois que a guerra terminou, a Iugoslávia foi comandada 9 Um partisan é um membro de uma força militar irregular, formado para se opor o controle de uma área por uma potência estrangeira, ou por um exército de ocupação por algum tipo de atividade insurgente. 15

16 pelo governo Comunista liderado por Tito, que foi bem-sucedido em estabilizar o país durante seu mandato, mas as tensões entre os grupos étnicos não desapareceram. Depois da morte de Tito em 1980, essas tensões se renovaram e eventualmente levaram à guerra que dividiu a Iugoslávia nos anos Secessão da República Federal Socialista da Iugoslávia A Iugoslávia surgiu no pós-primeira Guerra com o colapso do Império Turco Otomano e do Império Austro-Húngaro que durante anos tiveram zonas de influência e ocupação na região do leste europeu denominada de Balcãs. Primeiramente foi formada uma monarquia, que ficou conhecida como Reino da Iugoslávia que resistiu aos ataques de forças do Eixo durante a Segunda Guerra, primeiro aos italianos, em 1941, e, depois, aos alemães. Alguns teóricos dizem que a resistência da Iugoslávia durante estas invasões retardou o tempo previsto de Hitler para invadir a União Soviética e dominar todo o leste europeu. A atuação do Marechal croata Josip Broz Tito recebeu destaque nestas lutas e mais tarde viria a se tornar governante da Iugoslávia trazendo preceitos socialistas para a região e dando união às partes que a compunham. Com o passar do tempo, após a adoção de uma nova constituição, em 1946, e com a influência de Tito, a região passou de Reino para República Federal Socialista da Iugoslávia. Formada então pelas repúblicas da Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedônia e duas regiões autônomas: Kosovo e Voivodina. Em vista disso, o país sempre foi etnicamente muito plural e com desigualdades correntes. Apesar das diferenças entre as nações que compunham a República Federal, o governante socialista Tito expressava um símbolo de agregação para o país. O presidente foi um dos ícones do movimento dos não alinhados durante a Guerra Fria e deu à República a representatividade necessária no cenário internacional. As grandes controvérsias para o que viria ser a dissolução da Iugoslávia começaram em 1980, justamente com a morte de Tito. Sem a presença do símbolo da união nacional, do ente político que solidificou a constituição, a percepção de um país formado por nações distintas começou a por em cheque a solidez da 16

17 República. Depois, viria a surgir um governo rotativo anual dos presidentes das seis repúblicas, mas as pressões advindas de crises econômicas e a insurgência do fim da União Soviética, que pela proximidade exercia certo grau de influência na região, começaram a abalar cada vez mais a estrutura formada. O grave cenário econômico, advindo da segunda crise do petróleo que assolou o mundo durante os anos 80, gerou quadros de escassez e medidas mais assertivas e austeras foram impostas à República abalando a confianças dos povos que a formavam (MARIZ, 2008). A pluralidade étnica da Iugoslávia sempre colocou em cheque se havia realmente uma união nacional, pois a União Soviética, para manter a consolidação entre suas repúblicas, usou em vários momentos da história medidas de retaliação para amenizar as insurgências nacionalistas. Logo, uma percepção da lógica dos ódios étnicos pode ser aplicada à região, aferindo que a verdadeira união nacional não era atingida apesar da tentativa de homogeneização da população iugoslava em traços nacionais, que não se sustentavam por suas etnias distintas tanto pela falta de coerção por parte do governo (que não era necessária durante o governo de Tito), quanto pela existência de tensões étnicas históricas entre os grupos de origens distintas da região. O cenário era pessimista e, conforme as eleições foram se aproximando, as plataformas nacionalistas e separatistas ganharam força na Iugoslávia, até que em 1991 Croácia e Eslovênia conclamam a independência. Pronunciada uma nova coalizão o governo na Eslovênia já começava a colocar como alvo as armas e recursos da Defesa Territorial Eslovena e Croata (TO- Territorial Defense) 10 (SILBER & LITLLE, 1996). No dia 25 de junho a Eslovênia, que visava a reestruturação de suas relações com a Áustria e outros países da Europa central, brada sua independência e começa o embate contra as forças nacionais comunistas: o Exército Popular da Iugoslávia (JNA), que respondia a Belgrado (capital do país e da república sérvia), e Slobodan Milosevic, o presidente. O conflito ficou conhecido como Guerra dos Dez Dias, com um cessar-fogo entre os dias 4 e 5 de julho, na qual as tropas da Eslovênia já mantinham o controle das fronteiras e o JNA se voltava para a Croácia (SILBER & LITLLE, 1996). 10 Defesas Territoriais de cada República da Iugoslávia. 17

18 Anteriormente, em 1990, Milosevic havia lançado o projeto da Grande Sérvia, remetente a um só Estado, onde reuniria todos os sérvios. Neste viés, as forças sérvias, defensoras da unidade do país, não queriam a desagregação das outras repúblicas e correspondiam agora ao exército nacional, pois a formação da Grande Sérvia percorria o mesmo caminho pela luta pela união nacional iugoslava, já que os sérvios estavam espalhados entre as repúblicas. O conflito na Croácia, então, se torna um cerne da dissolução do país, pois havia uma relevante parte de sérvios na República croata, o que deixa o discurso deste povo eslavo em particular mais latente em prol da união e da autoridade sérvia. Esse povo, localizado na região de Krajina na Croácia, dá inicio ao seu processo de independência da República croata em 1990 e, em fevereiro do ano seguinte, a região seria denominada Região da Sérvia da Krajina (SILBER & LITLLE, 1996). As forças de Zabreg, capital croata, tentaram emitir o controle especifico das áreas de população sérvia na Croácia, principalmente contra os revoltosos de Krajina. Em março de 1991 o conflito com o JNA começou. Cenas de horror se estendem a toda região até que em 25 de agosto, ocorreu o que hoje é conhecido como Cerco de Vukovar, onde as forças sérvias junto a exércitos paramilitares enfrentaram os militares croatas durante 87 dias. O conflito foi muito emblemático, pois Vukovar fora a primeira cidade a ser praticamente destruída após os episódios da Segunda Guerra Mundial. Em novembro de 1991, quando o conflito chega ao fim, as baixas sérvias e croatas são enormes. Em 1995, a Guerra de Independência Croata se encerra e o Exército Nacional Sérvio se volta para os conflitos na Bósnia. Em 1992, a República Federal Socialista da Iugoslávia dá lugar à República Federativa da Iugoslávia, formada por Sérvia e Montenegro, após a independência pacífica da Macedônia. Os cercos bósnios deixaram muitos mortos, sendo um dos aspectos que configurou a Guerra de Secessão da Iugoslávia como o principal conflito étnico depois de A população era composta por diferentes nacionalidades, o que deixou a quantidade de mortos ainda mais latente, já que características que os diferenciavam pareceram ser os motivos para os conflitos. O conflito na Bósnia recebeu excepcional apoio dos Estados Unidos, vindo a receber a primeira intervenção da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) além de receber uma das primeiras Operações de Paz da ONU, a UNPROFOR (United Nations Protection Force). Houve muita repercussão sobre 18

19 a ação militar na região, contudo, devido ao que hoje é conhecido como Massacre de Srebrenica. O exército da Sérvia invadiu a cidade e fez a população de bósnios mulçumanos se abrigar em complexos de formação da ONU que atuavam no local. Pela falta de respaldo burocrático de Genebra, as forças de paz cederam ao exército sérvio, que matou mais de bosníacos, perpetrando o segundo maior genocídio da Europa, sendo o maior o Holocausto. Após esse cruel acontecimento, as forças de paz da ONU e a própria Organização Internacional sofreram com as críticas mundiais à sua falha. Em novembro de 1995, no estado americano de Ohio, foi acordado o Quadro Geral para a Paz na Bósnia e Herzegovina (Acordo de Dayton ou Protocolo de Paris), com o qual se encerrava o conflito na Bósnia e a proclamava como um Estado soberano, mas composto por duas unidades territoriais politicamente autônomas: Federação da Bósnia e Herzegovina (Federação Bósnio-Croata ou Federação Muçulmano-Croata), formada por bosníacos e bósnios croatas, e República Srpska (República Sérvia), formada por sérvios. O último conflito para a secessão da Iugoslávia foi a Guerra do Kosovo em A região, que até então fazia parte do país como uma região autônoma, começou suas manifestações nacionalistas em 1981, por parte de albaneses que viviam na região. A atenuação das manifestações e conflitos entre a população albanesa do Kosovo e os sérvios da região foi justificativa para que Slobodan Milošević virasse presidente da Iugoslávia em 1989, seguindo a narrativa de que os sérvios estavam sendo oprimidos na região, angariando então apoio para sua candidatura. Em 1990, Milošević revoga a autonomia de Kosovo e Voivodina, nisso a força da chamada Liga Democrática do Kosovo, uma coalizão que defendia a independência pacífica da região da Iugoslávia, cresce. Contudo, após o Acordo de Dayton na qual estiveram presentes, para resolver os conflitos na Bósnia, eslovenos, croatas e sérvios os kosovares sentiram descaso dos outros países em relação a sua causa e, nesse contexto, percebendo que tanto a Eslovênia, quanto a Croácia e a Bósnia haviam conseguido sua independência através do conflito armado, a Liga Democrática do Kosovo passa a ser o Exército de Libertação do Kosovo (ELK). A pressão albanesa na região era grande e os Estados Unidos logo interviriam alegando que a Sérvia, já desde 1992 pertencente à República Federal 19

20 da Iugoslávia, com Montenegro, que queria anexar o Kosovo à sua região, remetendo à antiga configuração da República Federal Socialista. Desta forma, em 1999 a OTAN intervém nos ataques entre o exército da Iugoslávia e o ELK exigindo que o Presidente Milošević aceitasse suas bases na região dando fim ao conflito no dia 3 de julho do mesmo ano. Com todos esses acontecimentos, a República Federal da Iugoslávia, virou em 2003 o Estado de Sérvia-Montenegro ou União Estatal de Sérvia e Montenegro, que em 2006 se separariam formando os países que hoje são conhecidos, independentemente, por "Montenegro" e "República da Sérvia" Guerra de Independência da Croácia ( ) O enfraquecimento dos Estados comunistas do Leste Europeu no contexto da última fase da Guerra Fria reacendeu as tensões étnicas na Iugoslávia, que, alimentadas pelo nacionalismo crescente no país na década de 1980, resultou no lento processo de dissolução da mesma. Com o tempo, as repúblicas que formavam a antiga Iugoslávia começaram a demonstrar insatisfação com o governo de partido único e desejo pela instalação de uma democracia que lhes proporcionasse mais autonomia. Iniciaram-se, então, movimentos separatistas das repúblicas iugoslavas, muitos deles repreendidos com extrema violência. A República da Sérvia, representada por Slobodan Milošević, adotou a centralização e o sistema de partido único comunista para toda a Iugoslávia, liderando assim o processo de repressão às repúblicas que desejavam independência. Desde sua ascensão ao poder na Sérvia, Milošević procurou centralizar o poder e promover a continuidade dos sérvios em um estado. Em contrapartida, crescia na região o nacionalismo com base em interesses individuais de cada república. Eslovênia e Croácia, por exemplo, destacavam-se como repúblicas prósperas na busca por descentralização e democracia. A partir das eleições para a Presidência Federal da Iugoslávia em 1989, cria-se um ambiente de enorme influência sérvia sobre o Governo Federal, sendo transmitido à Sérvia poder total sobre a região. Em consequência a essa política sérvia de centralização de poder formaram-se protestos e propostas de reformas da Federação Iugoslava por parte das repúblicas que visavam autonomia. 20

21 No ano de 1990, durante o Congresso Extraordinário do partido, as delegações das repúblicas expuseram as suas divergências sobre questões importantes da Federação Iugoslava. A delegação croata exigiu uma federação menos centralizada, enquanto a delegação sérvia, chefiada por Milošević, opôs-se a isto. Como consequência, os delegados croatas e eslovenos abandonaram o Congresso, fato que marca o começo do fim da Iugoslávia. Em seguida, eleições livres foram convocadas na Croácia e na Eslovênia. O partido União Democrática Croata (HDZ - Hrvatska Demokratska Zajedno), liderado pelo nacionalista Franjo Tudjman, assumiu os resultados eleitorais com campanha sobre aspiração de independência e proteção conta o projeto centralizador da Grande Sérvia, idealizado por Milošević. Formou-se assim um governo croata. A aprovação da primeira Constituição, que previa reformas políticas, econômicas e sociais, gerou um forte sentimento de ameaça à população sérvia. O estatuto dos sérvios na Croácia foi modificado, tornando-os assim uma minoria nacional. O Exército Popular da Iugoslávia anunciou a aprovação de uma nova doutrina de defesa para todo o país que substituiria a doutrina de Tito e que centralizaria a defesa. As repúblicas se tornariam então desarmadas e subordinadas à sede do exército federal em Belgrado. Já as forças especiais da polícia croata foram armadas pelo Ministério do Interior e tornaram-se, de fato, um verdadeiro exército separado para a Croácia. Em maio de 1991, as autoridades croatas realizaram um referendo sobre a autodeterminação da região e as autoridades sérvias locais condenaram a realização do referendo sem consulta à autoridade central. Apesar disso, a Croácia declarou a sua independência da Iugoslávia em 25 de junho de Após a eleição de Tudjman e após a percepção de ameaça gerada pela nova Constituição, nacionalistas sérvios na região de Krajina começaram a realizar ações armadas contra os oficiais do governo croata. A situação entre as entidades estava cada vez mais complexa, o ódio étnico foi aumentando e o conflito rapidamente se transformou em incidentes armados nas zonas rebeldes. Após a independência da Croácia, a minoria sérvia no país buscou apoio no discurso de Milošević: "Nós acreditamos que os sérvios têm o direito legítimo de viver num país unido. Se tivermos que lutar para manter este direito, nós lutaremos," afirmou o presidente em 1991, em discurso nacional. Em setembro, do mesmo ano, forças federais da Iugoslávia invadem a Croácia, dando início à 21

22 guerra. Em seguida, o Conselho Nacional Sérvio declarou a autonomia do povo sérvio nos territórios históricos em que vivem e que estão dentro das atuais fronteiras da República da Croácia, tal como uma unidade federal da República Socialista Federativa da Iugoslávia, e a região passou a ser chamada República Sérvia de Krajina. Essa autoproclamação foi vista pelo governo croata como uma rebelião. Ao contrário do ocorrido na Eslovênia, o processo de independência da Croácia já foi desde o princípio um desastre devido à existência de muitos sérvios em território croata. Além de já não serem mais dominados pelo governo, esses foram os territórios palcos do conflito. Em dezembro de 1991, o exército da Iugoslávia e forças sérvias já controlavam cerca de um terço do país, principalmente as áreas com população predominantemente sérvia, e diversas cidades foram atacadas. Gozavam de clara superioridade em armas e equipamentos, além de um bom planejamento de estratégia ofensiva. Numa tentativa de amenizar o conflito, a Organização das Nações Unidas impôs um embargo de armas, porém, a medida afetou muito mais o jovem exército croata do que as forças sérvias. Em consequência, o exército croata foi obrigado a realizar contrabando de armas através de suas fronteiras, muitas delas vindas de um acordo secreto com a Hungria. Militares de outros grupos étnicos, tais como albaneses, macedônios e bósnios começaram a desertar em massa do Exército Federal Iugoslavo, tornando-o assim um exército predominantemente sérvio. Com os avanços e invasões sérvias, croatas fugiram das zonas fronteiriças com a Sérvia e a Bósnia. O conflito promoveu então o aumento do deslocamento interno na região e há evidências de extrema privação sofrida pela população da época. Milhares de sérvios e croatas deslocados à força formavam o cenário da guerra. O então presidente da Croácia já independente, Tudjman, declarou um convite de mobilização popular contra o imperialismo da Grande Sérvia. O Parlamento croata cortou relações com a Iugoslávia após uma explosão ocorrida no edifício governamental croata em Zagreb, apontada pelo governo como um ataque sérvio. Iniciam-se, então, ações de sanção da Comunidade Europeia sobre a Sérvia. Cada vez mais desesperadora, a guerra havia se tornado cenário de agressões, torturas, perseguições, assassinatos e massacre. Em seis meses,

23 pessoas já haviam morrido, centenas de milhares fugiram, e dezenas de milhares de casas foram destruídas. A cidade de Vukovar sofreu um grande massacre por parte dos sérvios e foi quase completamente destruída. Além da estratégia militar na luta pela independência, táticas diplomáticas eram usadas em busca de apoio das grandes potências no processo de emancipação. A concentração da opinião pública internacional seria assim uma grande aliada dos croatas, e o cerco em Vukovar acabou contribuindo para o início da resolução dos conflitos. A opinião pública alemã destacou-se no processo de ajuda internacional à Croácia, e a Alemanha organizou o apoio diplomático para garantir a independência da Eslovênia e Croácia. Assim, o contexto de guerra civil passou a ser visto como uma tentativa opressora sérvia sobre a região. No decorrer da guerra foram assinados alguns acordos de cessar fogo, sob a mediação de diplomatas estrangeiros, mas estes geralmente eram quebrados. As Nações Unidas implantaram ações de proteção na Croácia ocupada por forças sérvias e em janeiro de 1992, a ONU patrocinou o último acordo de cessar fogo. A Croácia foi então oficialmente reconhecida pela Comunidade Europeia. O desenvolvimento da guerra ganhou novo curso quando o exército croata iniciou contra-ataques bem sucedidos na Eslavônia Ocidental 11. Com a chamada operação Otkos a Croácia conseguiu recuperar 300km² em áreas. Apesar de grupos paramilitares sérvios permanecerem na região mantendo controle dos territórios recém ocupados, o Exército Popular da Iugoslávia foi gradualmente se retirando do país, incluindo Krajina, em direção a outras regiões de conflito. Os conflitos armados na Croácia continuaram em pequena escala, e um considerável número de pequenas operações foi liderado por forças croatas para romper os cercos das cidades ocupadas por sérvios e para prevenir os ataques com foguetes que ainda aconteciam, mesmo com a presença de tropas da ONU. O ano de 1993 foi marcado por operações croatas bem sucedidas para recuperar territórios e libertar cidades croatas dos bombardeios sérvios. Resoluções na ONU foram aprovadas exigindo que a Croácia se retirasse das posições ocupadas anteriormente e que contivesse as constantes operações militares, o que revoltou os croatas, já que nenhuma resolução da ONU apelou aos sérvios para que não atacassem a Croácia no início dos tempos da guerra. O período de 1992 a Região da Croácia Ocidental 12 foi uma ofensiva militar realizada pelo Exército Croata contra os ocidentais da Eslavônia 23

24 serviu para fixar as fronteiras demarcadas pela guerra, e assim fracassou o intento de regresso dos refugiados aos seus lares. Em Março de 1994, as autoridades da Krajina assinaram um cessar-fogo, porém, em 1995, a violência explodiu novamente. A República Sérvia de Krajina perdeu o apoio de Belgrado, em parte devido à pressão internacional. Ao mesmo tempo, o exército croata tomou de volta todos os territórios ocupados anteriormente na Eslavônia Ocidental, provocando um enorme êxodo de sérvios para outras regiões. Acusados de crimes de guerra e limpeza étnica durante essas operações de recuperação de territórios, alguns oficiais croatas foram posteriormente processados. O exército croata também se envolveu na luta contra os sérvios da Bósnia, do lado dos bósnios. Os custos da guerra foram altos. Cerca de 20 mil pessoas morreram no conflito e cerca de 400 mil se encontravam deslocados. A guerra terminou alguns meses depois, e a negociação do Acordo de Dayton, firmado em Paris em Dezembro de 1995, pôs fim ao conflito. 4. O Caso Em 2 de julho de 1999, a Croácia apresentou um pedido à CIJ contra a República Federal da Iugoslávia a respeito de uma disputa sobre alegadas violações da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio. A aplicação invocava o Artigo IX da Convenção de Genocídio como a base para a jurisdição da Corte. Esse Artigo diz que disputas entre partes contratantes relacionadas à interpretação, aplicação ou execução da Convenção devem ser submetidas à Corte Internacional de Justiça. A cidade croata de Vukovar foi devastada quando foi ocupada por tropas sérvias por três meses em 1991, durante a Guerra de Independência da Croácia. Dezenas de milhares de pessoas de etnia croata foram deslocadas e por volta de 260 croatas foram detidos e mortos. Em sua aplicação, a Croácia alega que, ao controlar diretamente as atividades de suas forças armadas, agências de inteligência, e vários destacamentos paramilitares em várias regiões no território croata, a Iugoslávia seria responsável pela limpeza étnica de cidadãos croatas dessas áreas, assim 24

25 como destruição extensiva de propriedades. Por isso, a Iugoslávia teria que prover reparações pelos danos resultantes. Além disso, a Croácia acusa, em 1995, a Iugoslávia de ter incitado, direcionado e encorajado cidadãos croatas de etnia sérvia na região de Knin, no sul da Croácia, a evacuarem a área em 1995, o que seria uma segunda rodada de limpeza étnica. A alegação croata era de que, (segundo o Direito Internacional) a conduta de qualquer órgão estatal é considerada um ato do próprio Estado. Com isso haveria a responsabilização do Estado se tal conduta constituísse a quebra de alguma obrigação internacional do Estado, no caso, a Convenção de Genocídio. O Governo da República Federal da Iugoslávia contestou a admissibilidade da Aplicação, assim como a jurisdição da Corte sob o Artigo IX da Convenção de Genocídio por várias razões. Na objeção preliminar sobre a jurisdição da Corte levantada pela República Federal da Iugoslávia, é citado que na Aplicação, a Croácia teria sustentado que ambas as partes estavam vinculadas à Convenção de Genocídio por serem Estados Sucessores da República Socialista Federativa da Iugoslávia. A Sérvia argumentou que a jurisdição da Corte no caso, que foi instituído em 2 de julho de 1999, não poderia ser baseado no Artigo IX da Convenção de Genocídio, já que a República Federal da Iugoslávia não estava vinculada à Convenção de nenhuma maneira antes de 10 de junho de 2001, a data em que a sua notificação de ascensão à Convenção de Genocídio se tornou efetiva com uma reserva em relação ao Artigo IX. Em agosto de 1995, a Operação Storm, do exército croata, bombardeou a área de maioria étnica sérvia Krajina, forçando cerca de pessoas de etnia sérvia a se deslocarem da Croácia. Em uma carta datada de 5 de fevereiro de 2003, a República Federal da Iugoslávia informou à Corte que, após a adoção e promulgação da Carta Constitucional da Sérvia e Montenegro na Assembleia da República Federal da Iugoslávia no dia anterior, 4 de fevereiro, o nome do Estado teria sido mudado de República Federal da Iugoslávia para Sérvia e Montenegro. Depois do anúncio do resultado de um referendo feito em Montenegro em 21 de maio de 2006 (como contemplado na Carta Constitucional da Sérvia e Montenegro), a Assembleia Nacional da República de Montenegro adotou uma declaração de independência em 3 de junho de Em uma carta datada do mesmo dia, o presidente da República da Sérvia informou ao Secretário-Geral das 25

26 Nações Unidas que, com a independência de Montenegro, a validação como membro da União de Estados de Sérvia e Montenegro nas Nações Unidas, incluindo todos os órgãos e organizações do sistema das Nações Unidas, seria continuada pela República da Sérvia, com base no Artigo 60 da Constituição de Sérvia e Montenegro. Sendo a sucessora legal, o nome República da Sérvia seria usado doravante em vez do nome Sérvia e Montenegro e adicionou que a República da Sérvia seria a responsável por todos os direitos e obrigações da União de Estados Sérvia e Montenegro sob a Carta das Nações Unidas. A Corte observa que os fatos e eventos nos quais as submissões da Croácia foram baseadas ocorreram num período em que Sérvia e Montenegro eram parte de um mesmo Estado. A Corte nota também que a Sérvia aceitou a continuidade entre Sérvia e Montenegro e a República da Sérvia. Montenegro, por outro lado, é um Estado novo e reconhecido como tal nas Nações Unidas e, por isso, não continua a personalidade internacional legal da União de Estados de Sérvia e Montenegro. A Corte, portanto, conclui que a Sérvia é a única respondente no caso. Em 4 de janeiro de 2010, a Sérvia apresentou um contra-memorando 13 e uma contra-acusação contra relativa à Croácia. A alegação Sérvia era de que, ao matar membros de grupos étnicos sérvios vivendo em Krajina, ao causar danos mentais e físicos sérios a membros dos grupos, e deliberadamente infligindo no grupo condições de vida calculadas para causar sua destruição física parcial, a República da Croácia teria violado suas obrigações sob a Convenção de Genocídio. A não punição das tentativas de genocídio por parte das autoridades croatas também foi citada no contra-memorando. 5. Posicionamento Legal da Croácia No dia 2 de julho de 1999 foi arquivado no Instituto de Procedimentos da Corte Internacional de Justiça a aplicação de reivindicações croatas contra a 13 Resposta a um memorando, uma nota que expõe um ponto de vista. 26

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