Tribunal Penal Internacional. Carlos Eduardo Adriano Japiassú
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- Vitória Pacheco Valgueiro
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1 Tribunal Penal Internacional Carlos Eduardo Adriano Japiassú
2 ABORDAGEM ῆ Introdução ao Direito Penal Internacional Justiça transicional ῆ Jurisdição internacional ῆ O Tribunal Penal Internacional O Estatuto de Roma e o Brasil
3 INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL INTERNACIONAL CONCEITO ῆ O Direito Penal Internacional é o ramo do Direito que define os crimes internacionais (próprios e impróprios) e comina as respectivas penas. ῆ Estabelece, também, as regras relativas a: a) aplicação extraterritorial do direito penal interno; b) imunidade de pessoas internacionalmente protegidas; c) cooperação penal internacional em todos os seus níveis; d) determinação da forma e dos limites de execução de sentenças penais estrangeiras; e) existência e funcionamento de tribunais penais internacionais ou regionais; ῆ Distinção entre Direito Penal Internacional e Direito Internacional Penal.
4 INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL INTERNACIONAL CRIMES INTERNACIONAIS ῆ Crimes internacionais se subdividem em três espécies: a) em sentido estrito ou propriamente ditos - são crimes que violam bens ou interesses jurídicos supranacionais e geram uma responsabilidade penal imediata fundada diretamente no Direito Internacional (atrocidades); b) em sentido amplo ou transnacionais - são os que, por suas características, extensão e conseqüências, ultrapassam fronteiras, envolvendo mais de um Estado, estejam ou não previstos em tratados e convenções bilaterais, multilaterais ou universais; c) por contaminação ou difusão ṷ são os crimes, convencionais ou não, que se manifestam mais ou menos ao mesmo tempo em lugares diversos, com as mesmas características, passando de um Estado a outro epidemicamente.
5 JUSTIÇA TRANSICIONAL ῆ São medidas que são adotadas para lidar com atrocidades passadas. ῆ A ideia de atrocidade diz respeito a significativas e sistemáticas violações dos direitos humanos, incluindo, entre outros, genocídio, tortura, desaparecimento de pessoas, massacres, estupros e transferência forçada de pessoas. ῆ Para serem aplicadas após períodos de atrocidades, foram criados os Princípios de Chicago (Bassiouni).
6 JUSTIÇA TRANSICIONAL Princípios de Chicago 1) Estados devem processar pretensos autores de graves violações dos direitos humanos e do direito humanitário; 2) Estados devem respeitar o direito à verdade e encorajar investigações formais de violações passadas por comissões da verdade ou outros órgãos; 3) Estados devem reconhecer a condição especial das vítimas, assegurar acesso à justiça e desenvolver remédios e reparações; 4) Estados devem implementar políticas de veto, sanções e medidas administrativas;
7 JUSTIÇA TRANSICIONAL Princípios de Chicago 5) Estados devem apoiar programas oficiais e iniciativas populares para memorializar vítimas, educar a sociedade quanto à violência política passada, e preservar a memória histórica; 6) Estados devem apoiar e respeitar enforques tradicionais, indígenas e religiosos relativos às violações passadas; 7) Estados devem empreender uma reformar institucional para estabelecer o estado de direito, restaurar a confiança pública, promover os direitos fundamentais e apoiar a boa gestão estatal.
8 JURISDIÇÃO INTERNACIONAL ῆ Há três formas de processar e julgar atrocidades: julgamentos internos, julgamentos internos com base na jurisdição universal e julgamentos internacionais. ῆ Provavelmente, o primeiro precedente histórico de um Tribunal Penal Internacional teria sido o julgamento de Peter von Hagenbach, em 1474, na Alemanha. ῆ A ideia de criação de um Tribunal Penal Internacional, em realidade, nasceu do repúdio às atrocidades cometidas durante a Primeira Guerra Mundial. ῆ Previsão nos Tratados de Versalhes (arts. 227, 228 e 229) e de Sèvres (arts. 226 a 228 e 230).
9 JURISDIÇÃO INTERNACIONAL ῆ Convenções da Sociedade das Nações contra o terrorismo (1937) previa a criação de um TPI. Ẍ Acordo de Londres (1945) determinou o estabelecimento do Tribunal Penal Internacional Militar (Tribunal de Nuremberg) para julgar os maiores criminosos de guerra alemães. ῆ O Tribunal teve como juízes como promotores e juízes representantes das quatro potências vencedoras (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética). ῆ Alemães foram julgados por conspiração, crimes contra paz, crimes de guerra e crimes contra paz.
10 JURISDIÇÃO INTERNACIONAL ῆ Houve julgamento de pessoas físicas e jurídicas (Gabinete do Reich, OKW, SA, diretoria do Partido Nacional-Socialista, SS, SD, Gestapo). ῆ Estrutura foi repetida no Tribunal Penal Internacional para o Extremo Oriente (Tribunal( de Tóquio), com a diferença de haver 16 juízes, inclusive de um Estado neutro (Índia). ῆ Apesar de terem sido elaborados Anteprojetos de Estatuto de um Tribunal Penal Internacional permanente, a guerra fria impediu a sua adoção. ῆ A Resolução 827 (1993), do Conselho de Segurança, estabeleceu o Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia.
11 JURISDIÇÃO INTERNACIONAL ῆ Já a Resolução 955 (1994) estabeleceu o Tribunal Penal Internacional para Ruanda. Ẍ Ambos são Tribunais Ad Hoc e julgam crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio. Adotam o princípio da primazia, estão situados em Haia e Arusha, com fase recursal em Haia. ῆ A partir daí adotou-se o modelo de tribunais mistos (Camboja, Serra Leoa, Timor Leste e Líbano). ῆ Em paralelo, houve o estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional, a partir de uma Conferência de Plenipotenciários (1998), que aprovou o Estatuto de Roma por 120 votos a favor, 7 contrários (Estados Unidos, Filipinas, China, Índia, Israel, Sri Lanka e Turquia), além de 21 abstenções.
12 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Estatuto de Roma é o instrumento legal que rege a competência e o funcionamento do Tribunal Penal Internacional (Artigo 1º). Possui natureza jurídica de tratado internacional. É composto por 128 artigos, divididos em XIII Capítulos ou Partes, os quais dispõem sobre a criação do Tribunal; competência, admissibilidade e direito aplicável; princípios gerais de direito penal; composição e administração do Tribunal; inquérito e procedimento criminal; julgamento; penas; recurso e revisão; cooperação internacional e auxílio judiciário; execução da pena; assembléia dos estados partes; financiamento e cláusulas finais.
13 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL O Tribunal tem caráter permanente e independente, no âmbito do sistema das Nações Unidas. Competência ratione materiae - possui jurisdição sobre os crimes de maior gravidade que afetam a comunidade internacional (genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e agressão). Competência ratione temporis - só tem competência relativamente aos crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto. Ẍ É complementar às jurisdições penais nacionais (princípio da complementaridade).
14 TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL Condições prévias - o crime imputado deve ter sido cometido no território de um dos Estados Partes ou por um de seus nacionais ou se um Estado não-parte consentir e o crime houver sido cometido em seu território ou por um de seus nacionais. Processo e julgamento ṷ Seção de Questões Preliminares, Seção de Julgamento e Seção de Apelações. Composição ṷ 18 juízes (10 com experiência em matéria penal e 8 em matéria internacional), com mandatos de 9 anos.
15 O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E O BRASIL Incorporação ao direito brasileiro: : Decreto nº 4.388/2002 e Emenda Constitucional nº 45/2004. Questões: a) Prisão perpétua; b) Entrega de nacionais; c) Imunidades e prerrogativas; d) Reserva legal e indeterminação das penas; e) Coisa julgada; f) Anistia
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