PROJECTO DE RELATÓRIO

Transcrição

1 PARLAMENTO EUROPEU Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros /2273(INI) PROJECTO DE RELATÓRIO sobre o programa Daphne: balanço e perspectivas (2011/2273(INI)) Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros Relatora: Regina Bastos PR\ doc PE v01-00 Unida na diversidade

2 PR_INI Í N D I C E Página PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU...3 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS...6 PE v /7 PR\ doc

3 PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DO PARLAMENTO EUROPEU sobre o programa Daphne: balanço e perspectivas (2011/2273(INI)) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, Tendo em conta as conclusões do Conselho EPSCO de 8 de Março de 2010 sobre a violência, Tendo em conta a Estratégia da Comissão para a igualdade entre homens e mulheres , apresentada em 21 de Setembro de 2010 (COM (2010)0491), Tendo em conta o plano de acção para implementação das prioridades políticas fixadas no programa de Estocolmo em matéria de justiça, liberdade e segurança para o período de , apresentado em 20 de Abril de 2010 (COM (2010)0171), Tendo em conta a sua resolução, de 5 de Abril de 2011, sobre as prioridades e a definição de um novo quadro político da União em matéria de combate à violência contra as mulheres 1, Tendo em conta a Decisão n.º 779/2007/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Junho de 2007, que estabelece para o período de 2007 a 2013 um programa específico de prevenção e de combate à violência contra as crianças, os jovens e as mulheres e de protecção das vítimas e dos grupos de risco (programa Daphne III) no âmbito do programa geral "Direitos Fundamentais e Justiça" 2, Tendo em conta a Decisão n. 803/2004/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Abril de 2004, que adopta um programa de acção comunitário ( ) de prevenção e de combate à violência exercida contra as crianças, os adolescentes e as mulheres e de protecção das vítimas e dos grupos de risco (programa Daphne II) 3, Tendo em conta a Decisão nº 293/2000/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 24 de Janeiro de 2000, que adopta um programa de acção comunitário (programa Daphne) ( ) relativo a medidas preventivas de combate à violência exercida contra as crianças, os adolescentes e as mulheres 4, Tendo em conta o relatório da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho, de 11 de Maio de 2011, sobre a avaliação intercalar do programa Daphne III ( ) (COM(2011)0254), Tendo em conta as decisões da Comissão sobre a adopção dos programas anuais de trabalho para o programa Daphne III, 1 Textos adoptados, P7_TA(2011) JO L 173 de , p JO L 143 de , p JO L 34 de , p. 1. PR\ doc 3/7 PE v01-00

4 Tendo em conta as duas propostas de decisão da Comissão, previstas para meados de Novembro, sobre o financiamento de programas de nova geração, o programa "Justiça", por um lado, e o programa "Direitos e cidadania", por outro, Tendo em conta o artigo 48.º do seu Regimento, Tendo em conta o relatório da Comissão dos Direitos da Mulher e da Igualdade dos Géneros (A7-0000/2011), A. Considerando que o programa Daphne tem sido, desde o seu lançamento em 1997, um verdadeiro êxito, tanto em termos de popularidade junto das pessoas implicadas (beneficiários, autoridades públicas e universitárias, ONG), como em termos de eficácia dos projectos que foram financiados neste quadro; B. Considerando que o programa Daphne é o único programa deste género que visa combater a violência contra as mulheres, as crianças e os adolescentes à escala da União Europeia; C. Considerando que, nas condições actuais de crise económica e de rigor orçamental, é ainda mais importante evitar as consequências financeiras directas da violência contra as mulheres e as crianças no sistema judicial e nos serviços sociais e de saúde; considerando igualmente que existe o risco de o financiamento dos programas nacionais ser reduzido, D. Considerando que nenhuma intervenção por si só permitirá eliminar a violência baseada no género, mas que é possível reduzi-la consideravelmente, conjugando diversas acções nos domínios da educação, da tomada de consciência do fenómeno, da saúde, dos serviços de polícia e no sistema judicial; E. Considerando que não existe uma recolha regular de dados comparáveis sobre os diferentes tipos de violência contra as mulheres na União Europeia, o que torna difícil determinar a dimensão real do problema e a implementação de soluções adequadas; considerando que é extremamente difícil recolher dados fiáveis, já que mulheres e homens se mostram relutantes, por receio ou vergonha, em relatar as suas experiências às partes interessadas; F. Considerando que os custos para as nossas sociedades originados pela violência conjugal são extremamente elevados; só para a violência conjugal esses custos foram estimados, no quadro de um projecto Daphne, em 16 mil milhões de euros por ano para a União Europeia, incluindo os custos médicos directos (urgências, hospitalizações, cuidados ambulatórios, medicamentos), os custos das actividades judiciárias e policiais, os custos sociais (alojamento e ajudas diversas) e os custos económicos (perdas de produção) 1 ; G. Considerando que a base jurídica do programa Daphne é o artigo 168º do TFUE, relativo à saúde pública, mas que, com o Tratado de Lisboa, a União Europeia dispõe agora de competências alargadas; 1. Tomou conhecimento, com grande interesse, dos sucessos e de algumas dificuldades do 1 Projecto Daphne 2006 "IPV EU Cost" JLS/DAP/06-1/073/WY "Estimation du coût des violences conjugales en Europe" Maïté Albagly, Sandrine Baffert, Claude Mugnier, Marc Nectoux, Bertrand Thellot PE v /7 PR\ doc

5 programa, apresentados no relatório intercalar do programa Daphne III e nos estudos preliminares utilizados para a sua elaboração 1 ; 2. Deseja a manutenção dos objectivos do programa para o período , do seu financiamento a um nível comparável ao dos programas precedentes e da sua visibilidade no seio do programa de nova geração, tendo em conta os seus êxitos e a sua popularidade; 3. Convida a Comissão a apresentar soluções para os problemas destacados no relatório intercalar supracitado, nomeadamente no que respeita: - à não sobreposição com outros programas comunitários, - à melhoria da transparência dos programas e da difusão dos seus resultados, - ao equilíbrio na repartição dos programas entre os diferentes Estados-Membros e os países que aderiram à UE desde 2004; 4. Solicita igualmente aos Estados-Membros e às partes interessadas que contribuam para este objectivo de melhorar a repartição dos programas entre os Estados-Membros; 5. Deseja que, no futuro, as pequenas ONG possam continuar a participar amplamente em parceiras de associações, pois desempenham com frequência um papel fundamental na detecção de problemas mal conhecidos, por serem novos ou tabu, e na forma inovadora de os abordar; 6. Encarrega o seu Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho e à Comissão. 1 COM (2011)254 Relatório de avaliação intercalar do Programa "Daphne III" para PR\ doc 5/7 PE v01-00

6 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS Historial Criado em 1997, o Programa Daphne impôs-se como único programa europeu de combate à violência contra as mulheres, as crianças e os adolescentes. Na sequência de uma consulta organizada em 1997 a representantes de ONG, do Parlamento Europeu e da Comissão, especialistas em matéria de protecção da juventude e membros dos sistemas judiciais, foi criada a iniciativa Daphne, que visava promover a acção das ONG para permitir uma melhor cooperação a nível europeu. A iniciativa foi dotada de um crédito de três milhões de ecus por ano e destinava-se a apoiar projectos modestos, reunindo ONG de pelo menos dois Estados-Membros para cooperar em matéria de investigação, recolha e análise de dados, identificação e partilha de boas práticas, formação, intercâmbio e ligação em rede, campanhas de sensibilização e de informação, acções directas de apoio às vítimas da violência e criação de instrumentos políticos e práticos. Esta iniciativa estava aberta a todos os Estados-Membros. As ONG que propuseram projectos foram encorajadas a encontrar parceiros entre os institutos de investigação, as forças de segurança, as autoridades públicas, as escolas e os meios de comunicação, cuja cooperação poderia ser muito útil no combate à violência. As ONG responderam em massa à oferta da Comissão. Nos dois anos seguintes, o programa recebeu um financiamento de 5 milhões de ecus. A partir de 2000, a iniciativa Daphne transformou-se num programa plurianual para o período de , dotado de um financiamento de 20 milhões de euros, tendo despertado grande interesse tanto na União Europeia como em diversas instâncias internacionais de luta contra a exploração sexual das crianças para fins comerciais. Os programas Daphne II e Daphne III foram lançados, respectivamente em 2004 e 2007, com orçamentos anuais médios de 10 milhões de euros para o Daphne II e de 16,7 milhões de euros para o Daphne III. O programa Daphne III ( ) inscrevia-se no quadro do programa geral "Direitos fundamentais e justiça". O objectivo geral do programa Daphne III é contribuir para a protecção das crianças, dos adolescentes e das mulheres contra todas as formas de violência e atingir um nível elevado de protecção da saúde, do bem-estar e da coesão social, favorecendo o aprofundamento das políticas comunitárias, em particular nos domínios da saúde pública, dos direitos humanos e da igualdade de género e fomentando acções de protecção dos direitos da criança, bem como de combate ao tráfico de seres humanos e à exploração sexual. O programa está aberto a ONG, autoridades públicas e instituições (principalmente universidades e institutos de investigação dos 27 Estados-Membros da UE). PE v /7 PR\ doc

7 Um balanço muito positivo, com alguns ajustamentos necessários Desde 1997, foram iniciados mais de 500 projectos, cujos detalhes podem ser encontrados no sítio Web da comissão Daphne Toolkit 1. O programa suscitou grande interesse entre as ONG, que apresentaram à Comissão muito mais propostas do que as que era possível financiar com o orçamento atribuído. Os projectos incidiram sobre diversos âmbitos, como a violência sexual, psicológica e física em diversos cenários (instituições, escola, família). Alguns projectos particularmente bem sucedidos debruçaram-se sobre os riscos para as crianças da navegação na Internet, alguns problemas de comportamento pouco conhecidos que levam os jovens a automutilar-se, as necessidades em termos de cuidados de saúde das mulheres vítimas de tráfico, as mutilações genitais femininas, a prevenção da pornografia infantil e o fenómeno do assédio moral (bullying) nas escolas. O relatório de avaliação intercalar do programa Daphne de 11 de Maio de 2011 assinala alguns pontos, sobre os quais recomenda alguns reajustes para a aplicação do programa até O relatório em questão salienta, em particular, que os Estados-Membros não participam todos de forma igual no programa, encontrando-se muito mal representados os Estados que aderiram desde 2004 e alguns outros países. Considera também desejável uma melhor difusão dos resultados dos projectos e propõe algumas medidas para uma gestão mais eficaz do programa. Por último, pede que os programas se centrem novamente nas prioridades de acção da UE. Com este fim, defende, em particular, o financiamento de menos projectos, mas de maior envergadura. Futuro do programa A Comissão já está a prever medidas para resolver as dificuldades assinaladas neste relatório intercalar, de forma a implementar políticas coerentes e eficazes A Comissão irá precisar as suas intenções quanto aos programas de nova geração Justiça e Direitos e cidadania, nas duas propostas de decisão que deverá apresentar, em meados de Novembro de 2011, no âmbito do pacote sobre o quadro financeiro plurianual PR\ doc 7/7 PE v01-00