VISTOS, RELATADOS e DISCUTIDOS estes autos, em que são
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- Dalila Sabala Gomes
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1 XSTITle Fui PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR Luiz SILVIO RAMALHO JÚNIOR ACÓRDÃO AGRAVO EM EXECUÇÃO (PROCESSO N ). RELATOR: Dr. Marcos William de Oliveira, Juiz convocado para substituir o Desembargador Luiz Silvio Ramalho Júnior. AGRAVANTE: Ivan Suassuna Mendes. ADVOGADO: José Bartolomeu de Medeiros Linhares. APELADO: Justiça Pública PENAL. Agravo de execução. Pleito de concessão de livramento condicional. Condenação por homicídio qualificado. Conduta praticada antes da vigência da Lei de Crimes Hediondos. Inaplicabilidade da fração de 2/3 de cumprimento da pena para concessão do beneficio. Observância do critério objetivo. Decisão que considerou o crime como hediondo antes da vigência da Lei n /90. Fundamento inadequado. Reforma do decisum. Concessão do benefício do livramento condicional. Provimento. - Uma vez constatado que a conduta delitiva de homicídio qualificado fora praticada precedentemente à vigência da Lei n /90 (Lei de Crimes Hediondos), na qual se exige o cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena para obtenção do benefício do livramento condicional, deve-se aplicar a fração de 113 (um terço) de cumprimento da pena, nos moldes do art. 83, 1, do CP, desde que o condenado não seja reincidente em crime doloso e detenha bons antecedentes. o! Verificado que o juízo a quo amparou suas razões para não conceder o benefício do livramento condicional tão somente no critério objetivo afeto ao cumprimento de 2/3 (dois terços) da pena, quando ao tempo ainda era exigido apenas a fração de 1/3 (um terço) para tanto, o magistrado incidiu em erro de julgamento, devendo, portanto, mediante a interposição de agravo em execução, ser-lhe dado provimento a fim de conceder o benefício ao condenado/agravante. VISTOS, RELATADOS e DISCUTIDOS estes autos, em que são
2 partes as acima identificadas. ACORDA a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, em dar provimento ao agravo em execução, nos termos do voto do Relator e em desarmonia com o parecer da Procuradoria-Geral de Justiça. RELATÓRIO Trata-se de agravo em execução interposto por Ivan Suassuna Mendes, com o escopo de impugnar decisão proferida pela Juíza de Direito da Comarca de Brejo do Cruz que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de livramento condicional. Sustenta, em síntese, que iniciou o cumprimento de prisão cautelar a partir de 29 de maio de 2004 até o dia 29 de março de 2006, em razão de sua absolvição pelo Júri, todavia, com a anulação da decisão do Conselho de Sentença, mediante apelação criminal, foi conduzido a novo julgamento no qual foi condenado, em 28 de maio de 2008, sendo imediatamente posto em constrição de liberdade, totalizando-se, portanto, 410 no cômputo da pena mais de 05 (cinco) anos de reclusão. Afirma que como foi condenado a 15 (quinze) anos de reclusão, já cumpriu a fração de 1/3 da pena exigida para concessão do benefício do livramento condicional, tendo em vista não se aplicar o fragmento de 2/3 imposto pela Lei n /90 (Lei de Crimes Hediondos) que regulamentou o inciso V do art. 83 do CP, haja vista que o delito foi cometido em 20 de fevereiro de 2008, anteriormente à vigência da Lei que foi publicada com efeito imediatos em 25 de julho de Aduz ainda que deve ser observado o princípio da irretroatividade da lei mais maléfica ao condenado, o que não foi verificado no caso. condicional. Ao final, pede pela concessão do benefício do livramento Contrarrazões apresentadas (fs. 222/229). A Procuradoria-Geral de Justiça opina pelo desprovimento do agravo em execução (fs. 235/237). É o relatório. VOTO Dr. Marcos William de Oliveira (Relator). É bem verdade que o agravante foi condenado por crime de homicídio qualificado cometido em 20 de fevereiro de 1990, ou seja, em período precedente à vigência da Lei n /90 que instituiu o tratamento ao rol dos chamados crimes hediondos. Com efeito, não poderá a lei retroagir para prejudicar o ora agravante, tendo em vista que o benefício de concessão de livramento condicional ao condenado, sob a égide da lei n /90, só é autorizado após o cumprimento da fração de 2/3 (dois terços) da pena.
3 No entanto, como o delito foi praticado anteriormente, deve o benefício ser regido pela dicção do art do CP, com a aplicação da fração de 1/3 (um terço) de cumprimento de pena para concessão do livramento condicional, desde que o condenado não seja reincidente e detenha bons antecedentes. Na espécie, atenta-se que, segundo atestado de pena a cumprir (f. 205), extraído em 03 de outubro de 2011, o condenado/agravante já havia cumprido 05 (cinco) anos, 02 (dois) meses e 07 (sete) dias da reprimenda imposta. Noutras palavras, haveria, de fato, cumprido mais de 1/3 (um terço) da pena, na forma do art. 83, I, do Código Penal. Não obstante, vê-se que, por equívoco, a juíza da causa, acompanhando o teor do parecer da Procuradoria-Geral de Justiça (fs. 235/237), julgou improcedente o pedido de livramento condicional, com fundamento na falta de critério objetivo atinente ao cumprimento da fração de 2/3 (dois terços) da pena, considerando, pois, como se há época já vigesse a Lei de Crimes Hediondos (fs. 215 e 216). A par disso, como o condenado/agravante cumpriu mais de 1/3 (um terço) da reprimenda e os fundamentos assentados pela juíza da causa mostram-se insustentáveis, a decisão deve ser reformada para que aquele possa usufruir do benefício do livramento condicional. Ante o exposto, dou provimento ao agravo em execução para conceder o benefício do livramento condicional ao condenado/agravante, Ivan Suassuna Mendes. É o voto 2. Presidiu o julgamento o Excelentíssimo Senhor Desembargador Joás de Brito Pereira Filho, Presidente, em exercício, da Câmara Criminal. Participaram ainda do julgamento os Excelentíssimos Senhores Desembargadores Marcos William de Oliveira, Juiz de Direito convocado para substituir o Desembargador Luiz Silvio Ramalho Júnior (com jurisdição limitada), Carlos Martins Beltrão Filho e Joás de Brito Pereira Filho. 1Requisitos do livramento condicional Art O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: (Redação dada pela Lei n 7.209, de ) I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; (Redação dada pela Lei n 7.209, de ) II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei n 7.209, de ) III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; (Redação dada pela Lei n 7.209, de ) IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; (Redação dada pela Lei n 7.209, de ) V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei n 8.072, de ) Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. (Redação dada Oéla Lei n 7.209, de ) 2 AE _07
4 Presente à sessão o representante do Ministério Público, o Excelentíssimo Senhor Doutor Paulo Barbosa de Almeida, Procurador de Justiça. Sala de Sessõs da Câmara Criminal "Des. Manoel Taigy de Queiroz Mello Filho" do Tribunal de Justi ddo Estado da Paraíba, em João Pessoa, 26 de junho de Dr. M e Oliveira ocado Relator
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