Suspensão Condicional da Pena. Aula 5
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- Benedito Godoi Rios
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1 Suspensão Condicional da Pena Aula 5
2 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA Conceito Instituto importado do direito francês consistente na possibilidade de o juiz liberar o condenado do cumprimento da pena privativa de liberdade desde que preenchidos certos requisitos. O condenado não iniciará o cumprimento da pena, ficando em liberdade durante certo lapso de tempo: O período de prova. Após o transcurso desse período, se cumpridas as condições estabelecidas, a pena suspensa será extinta. Havendo a revogação do sursis (suspensão condicional da pena), o condenado iniciará o cumprimento da pena. Natureza Jurídica O sursis é uma medida penal de natureza restritiva da liberdade. Possui natureza repressiva e preventiva, mas tem a vantagem de evitar o cárcere e suas mazelas.
3 Momento de Aplicação o sursis é aplicado na sentença ou acórdão, ou seja, durante o processo de conhecimento (LEP, art. i57). Em algumas situações, o juiz da execução poderá conceder o sursis, quando, por exemplo, cessar o motivo que havia impedido a sua concessão na oportunidade da condenação. Obrigatoriedade ou Faculdade Há controvérsias, mas predomina o entendimento de que, uma vez preenchidos os requisitos, o juiz estará obrigado a conceder o sursis penal, pois este se consubstancia como direito subjetivo do réu. Consequência Terminado o período de prova sem que haja motivo para sua revogação, a pena privativa de liberdade é extinta. A extinção da pena se dá com o término do período de prova e não na data da sentença que declara a extinção da punibilidade. Observe-se que, se houver a prorrogação (art. 81, lº), não haverá a extinção.
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5 Requisitos Requisitos Objetivos: a) Espécie de Pena - privativa de liberdade (exclui-se a multa) b) Quantidade de Pena - pena privativa de liberdade não superior a 2 anos. Exceção: pena não superior a 4 anos, no caso de ser o condenado maior de setenta anos de idade, ou por razões de saúde que justifiquem a suspensão. c) Reparação do dano no sursis especial, salvo impossibilidade de fazê-lo (art. 78, 2 ). Obs: nos crimes contra o meio ambiente - pena não superior a 3 anos. Concurso de crimes: considera-se a soma das penas
6 Requisitos Subjetivos: a) não ser o réu reincidente em crime doloso, salvo se na condenação anterior foi aplicada somente a pena de multa. b) a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício Obs: se na fixação da pena-base o juiz considerou as circunstâncias judiciais favoráveis, não poderá, no momento da análise do sursis, alterar esse enfoque. Ex: circunstâncias favoráveis e não concessão do sursis pelas circunstâncias desfavoráveis c) não ser indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
7 Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; III a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime.
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9 Espécies a) Sursis Simples (art. 77 e 78, 1º CP): No primeiro ano, o condenado presta serviços à comunidade ou submete-se à limitação de fim de semana. Aplica-se aos casos em que o condenado não reparou o dano injustificadamente ou quando as circunstâncias do art. 59 do CP não são favoráveis. Condições: (se não cumpridas, ensejam a revogação do sursis) No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 78, 1 ).
10 b) Sursis Especial (art. 78, 2º CP): O condenado não precisa prestar serviços à comunidade e não se submete à limitação de fim de semana no primeiro ano do período de prova. Aplica-se aos casos em que o condenado reparou o dano, salvo justificativa, e desde que as circunstâncias do art. 59 do CP sejam favoráveis. Condições: (se não cumpridas, ensejam a revogação do sursis) proibição de frequentar determinados lugares; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; comparecimento pessoal e obrigatório ao juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades (art. 78, 2 ).
11 c) Sursis Etário (art 77, 2º): a execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade. Não é necessário a prestação de serviços comunitários ou limitação de final de semana. d) Sursis Humanitário (art. 77, 2º segunda parte): a execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que existam razões de saúde justifiquem a suspensão. É aplicada para doenças graves ou casos de saúde terminal.
12 Condições Judiciais Art. 79 A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. Exemplo: manter distância da vítima, não consumir bebidas alcoólicas, etc
13 Período de Prova É o tempo em que o condenado deverá observar as condições estabelecidas. Inicia-se com a audiência admonitória ou de advertência, realizada após o trânsito em julgado. Para crimes: 2 a 4 anos (art 77 CP) Para contravenções: 1 a 3 anos (art 11 LCP) No sursis etário e humanitário: 4 a 6 anos (art 77, 2º) Importante observar que o sursis etário aplica-se ao maior de 70 anos condenado a pena que seja superior a dois e não exceda a quatro anos de prisão. Se a sua condenação não for superior a dois anos, o prazo do período de prova será o comum
14 Revogação Revogação Obrigatória ou Facultativa Revogação Obrigatória art. 81, I a III O sursis penal será revogado se, no curso do período de prova, o beneficiário: a) é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso: Nesta hipótese, o crime pode ter sido cometido antes ou durante o período de prova. O que interessa é a condenação durante o período de prova. A sentença que concede o perdão judicial durante o período de prova não revoga o sursis. Entende-se que não se revoga o sursis se a pena aplicada for de multa. Isto porque, se a condenação anterior à pena de multa não impede o sursis, também não pode ser causa de revogação.
15 Revogação Obrigatória b) frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano: Existe posicionamento no sentido da impossibilidade da revogação do sursis pelo não pagamento da multa, sob o argumento de que se o não pagamento da multa não pode convertê-la em pena privativa de liberdade, da mesma forma não poderá revogar o sursis. c) descumpre a condição do 1º do artigo 78 deste Código Prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana
16 Revogação Facultativa Art 81, 1º O sursis penal pode ou não ser revogado se, no curso do período de prova, o beneficiário: a) descumprir qualquer outra condição imposta b) é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos Nessas hipóteses, o juiz pode, ao invés de decretar a revogação, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado (art. 81, 3º) ou exacerbar as condições (CPP, art. 707, parágrafo único). Por exacerbar as condições entende-se fixar outras mais gravosas ou aumentá-las.
17 Prorrogação do Período de Prova Art 81, 2º Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. O processo pode ser por infração penal praticada antes ou durante o período de prova. O termo inicial é o início da ação penal e não a prática da infração. Durante a prorrogação não perduram mais as condições fixadas na sentença. Essa prorrogação não está sujeita a decisão judicial, pois é automática. A segunda hipótese de prorrogação se dá nos casos de revogação facultativa, sendo que o juiz pode, ao invés de decretar a revogação, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado (art. 81, 3 ). Importante: indiciamento em inquérito policial ou registro de BO não enseja a prorrogação.
18 Cassação do Sursis Penal Considera-se cassado o sursis quando ocorre alguma hipótese que impede o início do período de prova. Logo, o réu nem dá início ao período de prova por uma das seguintes circunstâncias: a) o condenado não comparece sem justificativa à audiência admonitória; b) o condenado não aceita as condições do sursis; c) condenação à pena privativa de liberdade (não suspensa) antes do período de prova; d) a pena é aumentada pelo Tribunal em grau de recurso.
19 Proibições de Concessão do Sursis Penal Hediondos - permite-se a concessão. Lei de Drogas - proíbe a concessão aos crimes de drogas Inaplicabilidade do Sursis às penas restritivas de direitos e multa A suspensão condicional da pena não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa, nos termos do art 80.
20 OAB XIII Exame Unificado, 2015 A respeito do benefício da suspensão condicional da execução da pena, assinale a afirmativa incorreta. a) Não exige que o crime praticado tenha sido cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. b) Não pode ser concedido ao reincidente em crime doloso, exceto se a condenação anterior foi a pena de multa. c) Somente pode ser concedido se não for indicada ou se for incabível a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos d) Sobrevindo, durante o período de prova, condenação irrecorrível por crime doloso, o benefício será revogado, mas tal período será computado para efeitos de detração.
21 OAB VI Exame Unificado, 2012 Nise está em gozo de suspensão condicional da execução da pena. Durante o período de prova do referido benefício, Nise passou a figurar como indiciada em inquérito policial em que se apurava eventual prática de tráfico de entorpecentes. Ao saber de tal fato, o magistrado responsável decidiu por bem prorrogar o período de prova. Atento ao caso narrado e consoante legislação pátria, é correto afirmar que a) não está correta a decisão de prorrogação do período de prova. b) a hipótese é de revogação facultativa do benefício. c) a hipótese é de revogação obrigatória do benefício. d) Nise terá o benefício obrigatoriamente revogado se a denúncia pelo crime de tráfico de entorpecentes for recebida durante o período de prova.
22 OAB, 2010 Admite-se a suspensão condicional da pena (sursis) a) em casos de condenação a pena restritiva de direito ou privativa de liberdade, desde que não superior a quatro anos. b) a reincidente em crime doloso, desde que a condenação anterior tenha sido exclusivamente à pena de multa. c) para o condenado que, na data do fato, tenha idade acima de setenta anos, desde que a pena não seja superior a dois anos. d) para o condenado em estado de saúde grave ou portador de doença incurável, desde que ele tenha reparado o dano.
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