LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

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1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO / CAMPUS CUIABÁ OCTAYDE JORGE DA SILVA DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO ANGELA DEISE SANTOS GUIMARÃES LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Cuiabá - MT Setembro 2009

2 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO ESTADO DE MATO GROSSO / CAMPUS CUIABÁ OCTAYDE JORGE DA SILVA ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA INCLUSIVA ANGELA DEISE SANTOS GUIMARÃES LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Cuiabá - MT Setembro 2009

3 Ficha Catalográfica Guimarães, Angela Deise Santos Leitores surdos e acessibilidade Virtual mediada por Tecnologias de Informação e Comunicação Cuiabá -MT, p. Chaves, Carlos Henrique Freitas Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso Trabalho de Conclusão Curso de Especialização em Educação Profissional Tecnológica Inclusiva

4 ANGELA DEISE SANTOS GUIMARÃES LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso, como exigência para a obtenção do título de Especialista. Orientador: Prof. MSc. Carlos Henrique Freitas Chaves Cuiabá - MT Setembro 2009

5 ANGELA DEISE SANTOS GUIMARÃES LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso em ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA INCLUSIVA, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista. Aprovado em: Prof. MSc.Carlos Henrique Freitas Chaves (Orientador) Prof. Dra. Andréa Poletto Sonza (Membro da Banca) Prof. MSc. Vera Lúcia de Souza e Lima (Membro da Banca) Cuiabá - MT Setembro 2009

6 DEDICATÓRIA Aos filhos do Silêncio.

7 AGRADECIMENTOS Ao prof. Carlos Henrique Freitas Chaves, pela orientação e por permitir meus devaneios e idéias ao longo deste trabalho. A Sandra Alonso, do SINFE/INES. Aos primeiros amigos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RJ que me acompanharam seja estando ao meu lado nos dias após a minha perda do sentido da audição, seja quando me apoiaram nas minhas escolhas profissionais e pessoais. Seus nomes: Adriana Souza, Ednéia Leme, Fábio Batalha, Márcia Cabral e Mônica Romitelli. À Andréa Poletto Sonza, pela confiança, carinho, presença amiga e orientação constante. À Vera Lúcia de Souza e Lima pelo trabalho em prol da educação dos surdos. A todos do Pólo Sudeste da Especialização TECNEP e ao Gestor do programa, Franclin Nascimento, pelas oportunidades a mim concedidas. Às surdas queridas: Cintia Ingrid Macedo, Luciane Rangel, Melissa França, Monica Astuto, e a tradutora-intérprete de sinais Laura Jane Messias Belém, pela alegria, fé, exemplo e coragem que iluminaram o meu caminho À Vilmar Silva, amigo de Santa Catarina, que admiro pelo viver lúcido e dedicação á educação dos surdos. À equipe da FORL/FMUSP e ao meu implante coclear, engenho eletrônico que me permite ouvir o som e o silêncio. Aos meus familiares, sempre presentes.

8 Ver é a pura loucura do corpo. Clarice Lispector

9 RESUMO Esta monografia apresenta questões relativas às especificidades e singularidades das pessoas surdas predominantemente no campo da linguagem, e as questões da acessibilidade virtual mediada pelas Tecnologias de Informação e Comunicação. Utilizamos narrativas autorais de artistas e escritores surdos, a saber: Francisco de Goya, Emmanuelle Laborit e Michael Chorost. Além disso, são utilizados resultados de questionários aplicados com os alunos do pré-vestibular do Instituto Nacional de Educação de Surdos, Instituição Federal referência na escolarização de surdos no Rio de Janeiro, evidenciando os conhecimentos sobre a internet e a Educação à distância. Sugerimos o termo - leitores surdos - na tentativa de focar no universo da linguagem o entendimento mais ampliado sobre a surdez e as diferenças lingüísticas entre as pessoas surdas e ouvintes. As tecnologias de informação e comunicação, dentre elas a internet, são apresentadas como ferramentas de aprendizagem, comunicação e socialização. A interação mediada por computadores e internet possui níveis diferentes de acessibilidade entre os diferentes leitores surdos. As habilidades cognitivas colocadas em ação pelo leitor surdo sinalizado são distintas daquelas que são utilizadas por um leitor surdo oralizado. As artes visuais, a semiótica e a informática educativa oferecem elementos para o estudo da imagem e de ambientes virtuais mais acessíveis aos leitores surdos. Como resultado, apresentamos a proposição de um vídeo e discutimos sobre a acessibilidade virtual para leitores surdos com base nos resultados encontrados. Palavras-chaves: LEITORES SURDOS, ACESSIBILIDADE VIRTUAL, LINGUAGEM, TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO.

10 ABSTRACT This monograph presents issues concerning specifities and singularities of deaf people predominantly in the field of language, and virtual accessibility issues mediated by information and communication technologies. Authoral narratives of deaf artists and writers were used, namely: Francisco de Goya, Emmanuelle Laborit and Michael Chorost, as well as the results of questionnaires applied to senior year students of the National Institute of Education for Deaf Students, a notorious federal education Institution in Rio de Janeiro, spotlighting the knowledge on Internet and distance education. We suggest the word - deaf readers - in an attempt to focus in this universe of language a more broad understanding about deafness and the linguistic differences between deaf people and those who can hear. The information and communication technologies, including the Internet, are presented as learning, communication and socializing tools. Interaction mediated by computers and the Internet has different deaf readers with different levels of accessibility. Cognitive skills put into action by sign language deaf readers are distinct from those that are used by oral language deaf readers. The Visual Arts, the semiotics and educational informatics provide elements for the study of virtual environments and image more accessible to deaf readers. As a result, we propose a video and discussion on virtual accessibility for deaf readers based on results that were found. Keywords: deaf readers, virtual accessibility, language, information technologies and communication.

11 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Prancha 1 da Série Los Caprichos...25 Figura 2. Fotografia de Emmanuelle Laborit...30 Figura 3. Fotografia de Michael Chorost...35 Figura 4. Fotografia dos alunos do CAP/INES...37 Figura 5. Ilustração de Diários de viagem: Rio de Jano...42 Figura 6. René Magritte: A Traição das imagens...43 Figura 7. Iconografia de Sinais...45 Figura 8. CDs-ROM bilíngües...50 Figura 9. PDA com conteúdos em língua de sinais...50 Figura 10. Dicionário de LIBRAS...50 Figura 11. Vídeo em LIBRAS...51 Figura 12. Página do Fórum de Implante Coclear...53 Figura 13. Interface gráfica do Curso Letras LIBRAS...54 Figura 14. Perfil de usuário do Orkut...57 Figura 15. Vídeo Goya e Gama: Narrativas Gráficas e Língua de sinais...60

12 SUMÁRIO Capítulo I INTRODUÇÃO...13 Capítulo II JUSTIFICATIVA...17 Capítulo III METODOLOGIA Universo da pesquisa Realidade estudada Instrumentos de Coleta...21 Capítulo IV - OS LEITORES SURDOS Introduzindo os Leitores Francisco de Goya: Narrativas gráficas Emmanuelle Laborit Michael Chorost Leitores surdos do Instituto Nacional de Educação de Surdos/INES...37 Capítulo V - SEMIÓTICA, COGNIÇÃO E IMAGEM Imagem enquanto representação visual Algumas definições em Semiótica...44 Capítulo VI -LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) De que acessibilidade virtual e TIC estamos falando? Tecnologias de Informação e Comunicação e surdez Interação no contexto da internet Comunicação mediada por computador Interatividade no Fórum de Implante Coclear (FIC) Interatividade no Curso Letras-Libras/UFSC Interatividade no Orkut Alguns critérios de acessibilidade na internet para leitores surdos Proposta de Vídeo sobre leitores surdos Lista de itens relevantes para acessibilidade a espaços virtuais...61 Capítulo VII CONCLUSÃO...63 Capítulo VIII- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...65 Capítulo IX- ANEXOS...69

13 Capitulo I- INTRODUÇÃO Iniciar a redação desta monografia não foi tarefa fácil. Foi preciso sintetizar as prioridades relativas a um trabalho de pesquisa acadêmica, definir o objeto de estudo com base no aprofundamento de leituras e experiências novas para a autora e ter como matriz de trabalho a principal marca da realidade escolhida: as diferenças lingüísticas entre as pessoas surdas e ouvintes. O campo de observação, pesquisa e reflexão que me debrucei, trata-se do momento que agora vivo: o de estar surda e dependente do implante coclear para ouvir, da acessibilidade ao mundo sonoro nesta nova condição e da descoberta de que há leituras e leitores que se configuram a partir da surdez. Em termos de referenciais teóricos isso pode ser traduzido na seguinte forma: um campo de pesquisa que inclui a cognição, a semiótica e as diferentes linguagens. A relevância do tema escolhido ancora-se nos diferentes olhares sobre a surdez. São leituras que compreendem desde modelos centrados na audição, que consideram a surdez uma condição clínica cuja intervenção é pautada nos valores da comunidade médica, até os direitos lingüísticos das pessoas surdas que entendem que a surdez deve ser compreendida com base nos valores da cultura surda 1, no âmbito do bilingüismo 2 e nas necessidades do sujeito surdo. De qualquer forma, a surdez e a população de pessoas surdas não estão em um campo neutro, destituído de significados, onde tecnologias possam ser manipuladas promovendo a inclusão destas pessoas na sociedade. É neste sentido que a aproximação a este campo deve estar livre de preconceitos e julgamentos que pouco dizem respeito à Educação dos surdos. É também neste sentido que me permito falar sobre as pessoas surdas e narrar as suas experiências. Na minha terra natal, em Minas Gerais, fala-se com sotaque mineiro (ou de mineirim). São muitas memórias familiares e sonoras associadas a sentimentos e emoções que me permitem, mesmo com a minha surdez, escutar. Sei que há diferenças entre o sotaque de um parente de Minas Gerais e das pessoas que 1 Define-se cultura surda como a identidade cultural de um grupo de surdos que se define enquanto grupo diferente de outros grupos. Apresenta características que se traduz de forma visual. As formas de organizar o pensamento e a linguagem transcendem as formas ouvintes (QUADROS, 2007: p. 10) 2 Tem como pressuposto básico que o surdo deve ser bilíngüe, ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, que é considerada a língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país. (GOLDFELD, 2002: p. 42)

14 14 moram em Santa Catarina, no Sul do país, onde residem a minha irmã, meu cunhado e meu pequeno sobrinho. Sei que o som do mar quando quebra na praia, é bonito, é bonito. Sei, porque sei. Porque já ouvi antes e, tendo me emocionado antes com a bela composição de Dorival Caimmy, recordo-me daquelas emoções, e sinto saudades desta melodia que um dia escutei com os meus ouvidos biológicos. Este lugar não mais existe. O que a maioria das pessoas não sabe, porque desconhecem a natureza das pessoas que jamais ouviram som algum, ou daquelas que ouviram muito pouco desde o seu nascimento, e finalmente daquelas que perderam a audição ao longo da vida, é que não só a música, mas a língua oral e escrita, e as relações sociais que resultam de ser ou de estar surdo são completamente diferentes entre a população total de pessoas surdas. Estas pessoas estão mergulhadas em um mundo de natureza visual, espacial e de aromas, onde o som nem sempre é fonte de prazer ou informação segura. Para a parcela de pessoas com surdez que se beneficiam do implante coclear 3 (ouvido biônico) e cirurgias, as tecnologias atuais ainda não são capazes de prover acesso total a ampla gama de sons que devem ser transformados em sinais para serem ouvidos de forma semelhante ao som percebido pelos ouvintes (com ouvidos biológicos íntegros). Logo, a maior parte da população de pessoas surdas continua a usar os sinais visuais como forma primária de processamento sensorial do mundo. Ao longo de minha perda do sentido da audição, desde os seis anos de idade, ou ao menos este é o marco que tenho relatado pelos meus pais 4, pude aprender tudo o que os ouvintes aprendiam, e bem. Não foi tão incapacitante ser deficiente auditiva, até o dia em que o som foi embora por completo. Rugiu e sumiu. Os zumbidos foram os maus presságios. Pensei sobre a minha História que inclui uma vivência auditiva diferenciada e na atual experiência do implante coclear e em como ultrapassar o senso comum que se tem sobre as pessoas surdas e sobre a surdez. O som percebido pelo implante coclear é um som que muda continuamente, em outras palavras, é um som movente e fragmentado, que influencia na percepção da voz humana e dos sons exigindo que estes sejam reconstruídos a cada momento. Esse exercício de reconstrução 3 Implante coclear é uma tecnologia que permite que os sons decodificados por um receptor/estimulador que converte sinais em energia elétrica possam ser enviados para eletrodos localizados na cóclea que estimulam o nervo auditivo, e enviam o som para o cérebro que detecta os sinais, resultando no sentido da audição. 4 Quando comecei a aumentar o som da TV, receber recados da professora como aluna desatenta, e finalmente fazer uma cirurgia de colocação de carretel aos oito anos de idade

15 15 permanente da percepção e processamento do som é uma recordação diária sobre a impossibilidade humana de controle sobre a percepção da realidade. Isto é importante na medida em que contribui para o refinamento da sensibilidade das pessoas surdas implantadas, e não o contrário como se poderia pensar acerca de pessoas com artefatos biônicos. Entretanto, até o momento, o implante coclear não é uma cura. É uma prótese auditiva que exige grande esforço, treino e coragem daqueles que dela fazem uso. A outra parte deste trabalho remete à memória dos dias de surdez total, nos quais precisei interagir com as pessoas pela oralidade, pela escrita e pela leitura labial e visual. A avidez pela busca por legendas em todas as imagens e a recordação de sons conhecidos pela memória auditiva era constante. As leituras visuais, a internet (o bate papo virtual e o correio eletrônico), as mensagens curtas no celular foram os meios de comunicação social. Fiz a re-descoberta da tecnologia mais simples de comunicação sem som: o lápis e o papel. Na minha atuação profissional como docente e como coordenadora de um Núcleo de atendimento às pessoas com necessidades educacionais específicas em uma Instituição Pública de Ensino, pude me aproximar de professores surdos que se tornaram amigos valiosos. No aprendizado da língua de sinais, venho entendendo sobre o valor desta para os surdos e sobre o bilingüismo. O mesmo equipamento que utilizamos para explorar o ambiente é também aquele que se destina para digitação no teclado do computador e também para a comunicação entre surdos, ou seja, as mãos. Foi preciso a aproximação com diversas pessoas surdas para que eu pudesse entender um pouco mais sobre a surdez e sobre esta população cuja forma de conhecer e aprender são diferenciados dos ouvintes. A pessoa surda não possui o estigma visual que lhe confira uma visibilidade de sua condição enquanto não ouvinte. Isso pode levar a sérios equívocos sobre as competências cognitivas destas pessoas, que não raro são percebidas pela sociedade como deficientes intelectuais. As diferenças que se estabelecem devido à dificuldade na aquisição da língua falada e escrita são pouco compreendidas, e as metodologias de ensino e políticas públicas destinadas a educação e ao aprendizado da leitura e da língua escrita para essa população ainda é um desafio. Sabendo que o código hegemônico deste século não está nem na imagem, nem na palavra oral ou escrita, mas nas suas interfaces, sobreposições e

16 16 intercursos, como os surdos estão se apropriando das tecnologias e como a sociedade vem democratizando os seus serviços e espaços plurais? O objetivo deste trabalho é conhecer as narrativas autorais de pessoas surdas evidenciando alguns critérios para o desenvolvimento de uma linguagem a ser utilizada em espaços virtuais que possam favorecer a usabilidade destes ambientes por estes leitores. Após a delimitação inicial do assunto tratado e a descrição do objetivo deste trabalho apresento a configuração dos capítulos como se segue. A metodologia empregada neste trabalho está descrita no capítulo III, que também contempla o universo da pesquisa e a realidade estudada. No capítulo IV são apresentados os leitores surdos e suas especificidades, bem como, a justificativa do uso do termo leitores, e leitores surdos. Alguns aspectos da semiótica, da cognição e da Imagem que contribuem para a compreensão da leitura e da linguagem visual estão presentes no capítulo V. No capítulo VI são abordados os leitores surdos e a acessibilidade virtual mediada por Tecnologias de Informação e Comunicação. É um capítulo longo onde tecemos considerações sobre a interface entre tecnologia, interação, conhecimentos e informações compartilhados na internet pelos leitores surdos. Alguns critérios de acessibilidade a espaços virtuais são apresentados com base na informática educativa. Na conclusão temos a discussão dos resultados e as reflexões sobre o conteúdo da pesquisa.

17 17 Capitulo II- JUSTIFICATIVA A surdez insere o indivíduo em um mundo de experiências sensoriais diferente das experiências dos ouvintes. Uma das mais evidentes é a fala humana. Entretanto, existem outros tipos de aprendizado dos quais os surdos estão excluídos, tais como o burburinho de conversas que constitui o pano de fundo da vida cotidiana, as piadas faladas, a experiência musical, os sons da cidade, a televisão e a internet quando se sustentam em um paradigma voltado para ouvintes. A revolução da entrada dos computadores pessoais no cotidiano das pessoas, e a vulgarização da internet modificaram as formas de comunicação entre as pessoas, agora chamados de usuários. (Brand apud Harasim, 2005 p. 337). A internet oferece diversas ferramentas de informação, comunicação e conhecimento, em sua maioria, pouco acessíveis ao surdo, principalmente devido a uma interface que pouco contempla as diferenças lingüísticas destas pessoas. No que tange à Educação, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2000), e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP/2006) veja a tabela a seguir existe no Brasil surdos, sendo que destes estão em período de escolarização (0 a 24 anos), porém apenas estão matriculados no sistema de ensino brasileiro. Ou seja, 91,06% dos surdos brasileiros estão fora do sistema educacional. População Surda no População Surda em População Índice de País Fase de Escolarização Surda Exclusão Matriculada ,06% Quadro 1- Tabela com dados demográficos sobre alunos surdos no ensino INEP 2006 Citando Silva (1999) as principais causas para o alto índice de exclusão dos surdos do sistema educacional está relacionado principalmente pela formação de professores e pela produção de materiais didáticos que não reconhecem as diferenças inerentes à surdez no processo pedagógico. A acessibilidade aos ambientes virtuais da internet promove muito mais do que o acesso à informação, permite a aprendizagem em rede, fundamental no

18 18 processo de transformação das relações sociais. Estes ambientes se constituem em espaços de democratização e de construção coletiva de conhecimento. As estruturas de educação tradicionais estão sendo profundamente alteradas pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Segundo Brand apud Harasim (2005, p. 341) [ ] os meios de comunicação são tão fundamentais para uma sociedade que, quando suas estruturas mudam, tudo é afetado. Logo, as redes são espaços sociais com potencial para se tornar mais igualitárias do que outros meios de interação social. Sabemos por meio de autores como Skliar (2005, p. 8), que a discussão da educação de surdos deve ultrapassar o sentido comum que estabelece uma cadeia de significados obrigatórios como a seguinte: surdos - deficientes auditivos - outros deficientes - educação especial reeducação - normalização integração. Outros conjuntos de contrastes binários que devem ser evitados é a base onde a pedagogia para surdos se constrói, implícita pura explicitamente, a partir das oposições normalidade/anormalidade, saúde/patologia, ouvinte/surdo, maioria/minoria, oralidade/gestualidade, etc. Ainda segundo Skliar (2005, p.9), as significações lingüísticas, históricas, políticas e pedagógicas precisam ser identificados como territórios intermediários que permeiam as práticas de educação com surdos. Em Quadros (2006), temos a revisão e a contribuição de diversos autores sobre como a educação de surdos está sendo construída pela lógica dos próprios surdos. Nesta obra são discutidos temas como a escola que os surdos querem, a celebração da língua de sinais como fator de empoderamento da cultura surda, e as especificidades que estão relacionadas às questões visuais das pessoas surdas. Essa dimensão educacional também deve estar atrelada à construção de tecnologias no campo da acessibilidade virtual para pessoas surdas. São prerrogativas estabelecidas pela comunidade surda no Documento elaborado durante o V Congresso Latino Americano de Educação Bilingue para surdos em 1999: A educação deve assegurar ao surdo o direito de receber os mesmos conteúdos que os ouvintes, mas através de comunicação visual. [ ] e que as formas conhecidas em comunicação visual importantes para o ensino do surdo são: línguas de sinais, língua portuguesa, e outras línguas no que tange à escrita, leitura e gramática.

19 19 As narrativas de Laborit,1999, Blackburn, 2003 e Chorost, 2005, bem como a apresentação dos alunos do Instituto Nacional de Educação de Surdos se justificam neste trabalho como ilustração das diferenças entre a população de pessoas surdas. Muitas tecnologias que podem ser desenvolvidas para esta comunidade devem ser pesquisadas dentro das redes sociais que se estabelecem via internet, tais como sites de relacionamento tipo Orkut, MSN, OOVOO. De caráter mais formal e acadêmico, citamos os ambientes de suporte de Ensino a Distância como as plataformas de aprendizagem TELEDUC ( desenvolvido conjuntamente pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a plataforma Moodle ( que devem permitir acessibilidade para todos os tipos de usuários. O Moodle é um sistema de aprendizagem baseado no construtivismo social já utilizado com sucesso por instituições de ensino e pesquisa, entretanto, não possui, até o momento, acessibilidade para usuários surdos por meio de uma apresentação bilíngüe (bem como o TELEDUC). É fundamental que uma experiência visual seja pensada no desenvolvimento de ferramentas digitais e na produção de material didático acessível, ampliando as possibilidades de interação entre surdos e ouvintes, a partir da potencialidade visual do mundo contemporâneo. Silva (1999: p. 34), afirma que: Ao trazer a epistemologia visual para o campo pedagógico, os surdos, ao mesmo tempo, que evidenciam as limitações do processo pedagógico centrado no som também apresentam a sua experiência visual como uma das alternativas possíveis para sua inserção e permanência no sistema de ensino brasileiro. Este trabalho se justifica na medida em que existem poucas referências sobre narrativas de pessoas surdas, e que o trabalho no campo de acessibilidade virtual para esta população deve contemplar o entendimento e o olhar sobre a surdez pela linguagem das próprias pessoas surdas e a relação de acessibilidade dessas pessoas com o conteúdo oferecido pela internet.

20 20 CAPÍTULO III. METODOLOGIA No desenvolvimento desta monografia seguiram-se as seguintes etapas: determinação do tema-problema; levantamento da bibliografia referente ao tema; leitura e documentação da bibliografia; construção lógica do trabalho e redação do texto. O levantamento da bibliografia foi redefinido conforme o tema-problema tornou-se mais específico. A etapa da documentação das narrativas dos leitores surdos, apresentados no capítulo IV foi bastante demorada, por incluir a leitura completa de duas obras na língua Inglesa e uma na língua Portuguesa. Entretanto, foram leituras muito positivas, visto que são quase inexistentes narrativas autorais de pessoas surdas, de implantados cocleares, e referências sobre a surdez do artista espanhol Francisco de Goya tal como pode ser percebido nas fontes utilizadas. Essas leituras resultaram na proposição do termo leitores surdos para tentar abranger as diferentes linguagens que fazem parte do universo da pessoa surda. Lançamos mão da abordagem qualitativa, na medida em que houve uma aproximação de sujeitos reais, e em universos socialmente bem definidos, em um esforço da autora de se aproximar dos diferentes contextos nos quais as pessoas surdas estão inseridas. Por meio da investigação exploratória identificamos diferentes comunidades de pessoas surdas cujas especificidades inerentes à utilização de tecnologias de informação e comunicação, dentre elas, a internet, possuem grande variabilidade. Alguns espaços acadêmicos foram visitados presencialmente e virtualmente por se constituírem em locais de produção de conhecimento para pessoas surdas: laboratórios destinados à pesquisa e com a participação de pesquisadores surdos, fóruns virtuais de discussão, sites de relacionamento e cursos na modalidade à Distância A participação na Especialização a Distância em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva permitiu a aproximação ao Instituto Nacional de Educação de Surdos/INES e ao trabalho do meu atual orientador, prof. Carlos Henrique Freitas Chaves. Durante um ano observei os alunos surdos do Colégio de Aplicação do INES no Setor de Informática Educativa e a forma como utilizam e exploram a

21 21 internet. O período de observação das atividades de informática educativa no SINFE/INES compreendeu Setembro de 2008 à Setembro de Universo da pesquisa Instituto Nacional de Educação de Surdos: Serviço de Informática Educativa e Biblioteca. Ambientes virtuais: Orkut, Fórum de Implante coclear (FIC), Curso Letras- Libras/UFSC 3.2. Realidade estudada Como proposta de conhecimento das pessoas surdas, escolhi três perfis históricos: Goya, artista plástico espanhol, surdo dos 47 aos 81 anos; Emanuelle Laborit, artista e escritora surda francesa, e o professor e escritor americano Michael Chorost, implantado coclear. Em seguida será apresentado o resultado do questionário aplicado com os alunos do pré-vestibular do Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) Instrumentos de coleta Observação in loco: Acompanhamento dos alunos do SINFE (Serviço de Informática educacional do INES) durante aulas na informática educativa. Observação da acessibilidade à internet tais como: uso de chats, busca de páginas na internet, uso das interfaces digitais e hiperlinks, dificuldades com o conteúdo em língua portuguesa, uso de programas educativos, sites de relacionamento. Questionário semi-estruturado: Este instrumento buscou identificar, principalmente, o conhecimento que eles possuem sobre o uso da internet.

22 22 Descrição geral da aplicação do questionário Para uma abordagem do perfil dos alunos pré-vestibulandos do INES foi aplicado um questionário com perguntas estruturadas e semi-estruturadas. Trabalhamos com uma amostra de 14 alunos, correspondendo às 2 turmas de prévestibular do INES- período vespertino e noturno. O questionário aplicado encontrase no Anexo I. Fizemos um contato inicial com as professoras responsáveis pelo ensino do pré-vestibular e informamos sobre a nossa pesquisa e procedimentos necessários para aplicação do questionário com os alunos (necessidade de intérpretes, aplicação de termo de consentimento livre e esclarecido, tempo disponível para as respostas e dúvidas). Realizamos dois encontros, um com a turma da tarde e outro com a turma da noite, em ambos contamos com duas intérpretes de sinais que receberam informações prévias sobre o escopo da pesquisa. Os alunos que preencheram o questionário foram orientados sobre os protocolos da pesquisa, tais como a anuência do uso do conteúdo escrito para fins de publicação.

23 23 CAPÍTULO IV - Leitores surdos 4.1. Introduzindo os leitores Ao delinear alguns perfis do que convencionamos chamar de leitores surdos, buscamos evidenciar as singularidades desta população. A leitura que propomos, conforme será evidenciado neste capítulo, não se restringe a decifração letrada, mas às leituras de diferentes signos e processos de linguagem, presentes na comunicação, nas línguas orais, escritas e sinalizadas, e conseqüentemente, na leitura de sites e de ambientes virtuais, que possuem interfaces com linguagem própria, conforme descrito por Santaella (2004: p.16). Precisamos dilatar sobremaneira o nosso conceito de leitura, expandindo esse conceito de leitor do livro para o leitor da imagem e desta para o leitor das formas híbridas de signos e processos de linguagem, incluindo nessas formas até mesmo o leitor da cidade e o espectador de cinema, TV e vídeo, também considerados como um dos tipos de leitores, visto que as habilidades perceptivas e cognitivas que eles desenvolvem nos ajudam a compreender o perfil do leitor que navega pelas infovias do ciberespaço, povoadas de imagens, sinais, rotas, luzes, pistas, palavras, textos e sons. O olhar sobre estes leitores busca uma aproximação com o campo das especificidades e diferenças de ser ou de estar surdo. Sobre as marcas dos diferentes leitores surdos que podem contribuir com ferramentas para o universo da Tecnologia da Informação e Comunicação. Escrever sobre leitores surdos ao invés de modelos de surdez confere autoria e protagonismo às pessoas surdas e não as coloca em locais estanques, o que poderia contribuir para uma imagem muito restrita sobre o universo de ser ou de estar surdo. Cabe-nos distinguir que a surdez seja como condição (valores da comunidade médica) ou como atitude (valores da comunidade surda) ainda é bem pouco conhecida, bem como os aspectos educacionais, culturais, antropológicos e sociais que a permeiam. A compreensão das pessoas surdas enquanto leitores é fundamental para o êxito na compreensão da linguagem a ser utilizada na área de acessibilidade virtual. Finalmente, optamos por leitores surdos e por vezes, pessoas surdas, ao invés de Surdos, pessoa com surdez, deficiente auditivo e implantado coclear,

24 24 porque acreditamos que a leitura proposta (de textos, imagens, sons, signos, enfim) é uma linguagem capaz de cobrir as diferenças inerentes à surdez no escopo deste estudo. Por outro lado, por meio desta terminologia, afirmamos as diversas possibilidades de convivência e interação entre as pessoas. Afinal, somos todos leitores em algum nível. Mesmo os cegos são leitores, quando se utilizam de programas que permitem a leitura da tela do computador, ou quando desempenham a rebuscada tarefa de ler com a ponta dos dedos a literatura em Braille. Algumas questões que se colocaram durante esta etapa foram: Quais as especificidades na leitura e escrita entre as pessoas que se tornaram surdas na fase adulta, ou após o desenvolvimento da linguagem e as pessoas com surdez adquirida antes da aquisição da linguagem (prélinguística)? O que é ser um leitor de imagens? Existe uma literatura, arte e pedagogia visual para os leitores surdos? Podemos inferir que há diferentes leitores surdos? O primeiro leitor surdo apresentado é Francisco de Goya ( ), artista espanhol, acometido pela surdez no ano de 1792, aos 47 anos de idade. Suas gravuras realizadas após a perda da audição, que compõe a série Caprichos de Goya 5 que, juntamente com outras três séries Desastres da Guerra, Tauromaquia e Disparates são marcados por uma estética visual, própria dos leitores surdos, por serem narrativas que permitem leituras e abstrações visuais. Goya será o personagem que representa a surdez no adulto e a dor da perda do sentido da audição. A sua arte é a representação gráfica do seu testemunho visual O segundo leitor surdo é, na verdade, uma leitora. Trata-se de Emmanuelle Laborit, atriz francesa contemporânea, que registrou por meio da narrativa autobiográfica - O Vôo da Gaivota - a descoberta de sua identidade surda. Ela participa ativamente de movimentos de luta pelos direitos dos surdos. Em 1993 recebeu o Prêmio Molière de atriz revelação por seu papel na peça Os filhos do 5 Ver

25 25 silêncio. Laborit será a personagem que representa os valores da comunidade surda, o bilinguismo, a surdez enquanto atitude e as necessidades dos surdos. Michael Chorost (Mike) é um pesquisador e escritor americano, leitor voraz de literatura científica e com uma carreira acadêmica privilegiada. Ele será o nosso leitor implantado, aquele que pode ouvir por meio da tecnologia do implante coclear. Nos momentos ouvinte ele é intérprete de sons decodificados pelo seu implante que resultam no sentido da audição. Chorost representa os valores da comunidade biomédica e científica, o oralismo, e o modelo centrado na audição. Os alunos do Instituto Nacional de Educação de Surdos serão representados pelos pré-vestibulandos, ou seja, leitores que passaram por todas as etapas da educação destinada para surdos, e agora irão fazer as escolhas da vida profissional. Estes alunos possuem uma leitura do uso da internet diferenciada das pessoas ouvintes Francisco de Goya: Narrativas gráficas Figura 1 Francisco Goya y Lucientes, pintor, Caprichos x 153 mm. 509,95 g. Aguaforte e Aguatinta. Ele é celebrado por sua inquietude, sua hostilidade, suas paixões; ele é cheio de curiosidade; ele freqüenta feiras e festas populares, tendo um vívido interesse em animais de circo, acrobatas e monstros. Ele pinta, desenha, aprende litografia e inicia-se em todas as descobertas técnicas. Sua lucidez é absoluta. (Goya aos 79 anos) Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, Saragoça na Espanha, em 30 de Março de Sua obra, muito vasta, inclui pinturas, gravuras

26 26 e álbuns de desenhos. Viveu a maior parte de sua vida na Espanha, sob o Reinado de Carlos III, Carlos IV e Fernando VII. Parte do conteúdo informado e transcrito nesta monografia é uma tradução livre do livro Old Man Goya 6, de autoria da escritora inglesa, Julia Blackburn. Nesta obra literária ela reconstrói a história de Goya no período em que viveu surdo, dos 47 aos 82 anos. Blackburn percorreu os locais que Goya conheceu bem; a vila de sua infância, a fazenda onde esteve com a Duquesa de Alba, as cidades de Zaragoza, Madri, Cadiz e, finalmente, Bourdéus, onde Goya viveu os seus últimos anos de exílio. Uma das questões em que Blackburn se debruça, de interesse para a compreensão da riqueza da leitura visual das gravuras de Goya, se traduz na seguinte pergunta: O que aconteceu com Goya, após o período de sua doença, que o inseriu num mundo silencioso, forçando-o a depender de seus olhos para tudo? Blackburn acredita que a observação das matrizes (chapas em cobre) das gravuras utilizadas para as técnicas de água-tinta e água-forte criadas por Goya são contribuições poderosas para a compreensão de Goya surdo. Mais poderosas até do que as próprias gravuras. Por meio delas é possível ver o material original no qual Goya trabalhou e a imensa energia que desprendeu para raspar e arranhar estas chapas de metal, enquanto criava as imagens que seriam conhecidas como as séries de Gravuras maiores. Tudo parece indicar que as 80 lâminas que compõem Os Caprichos, gravadas em água-forte e água-tinta, técnica na qual logrou excelente destreza, foram realizados no período de tempo transcorrido entre a primavera de 1797 os últimos meses de Goya ficou doente por diversas vezes após a maturidade, e a gravidade das doenças que o acometeram quase o levaram à morte pelo menos por duas vezes. O artista tinha zumbidos e vertigens que provocavam desmaios freqüentes, sentindo, por vezes, como se a sua cabeça estivesse cheia d'água. Estas crises foram dolorosas para Goya. Até Junho de 1792, Goya exercia as suas atividades na Real Academia de Bellas Artes de San Fernando". Em seguida é relatado o seu desaparecimento temporário da Academia: 6 BLACKBURN. J. Editora Vintage. London, 2003

27 27 [...] em agosto de 1792 a luta [entre cofradias/companhias] recomeça mais ardente, desta vez o número dos mortos se eleva a sete. [...] O grande inquisidor começa por marcar com uma cruz o nome de cada um dos combatentes, e Goya, o mais comprometido deles, [...], foi advertido a tempo. (CalcografiaNacional, 2009) No outono de 1792, durante uma estadia no sul da Espanha, Goya adoece seriamente. Não se sabe exatamente as causas de uma grave enfermidade que o acomete em Andaluzia que são descritas de formas variadas de acordo as referências consultadas. Ninguém tinha certeza se a causa da doença estaria relacionada com a toxidade das tintas que Goya utilizava em suas pinturas ou se foi uma variação da Doença de Menière 7, ou qualquer outra coisa. O que se sabe é que a força dos ataques que Goya sofria podia durar várias semanas. (Blackburn, p. 25) surdo. Goya irá recuperar as suas forças, mas permanecerá pelo o resto de sua vida Surdo como uma casa, surdo como uma pedra, surdo como um homem surdo que não poderá acordar de seu sono gelado independente de quão alto você possa falar com ele (Blackburn, 2003, p. 25). A surdez que atingiu Goya manifestou-se no ouvido interno, sua cóclea foi irreparavelmente atingida, levando a uma perda conhecida por surdez neurosensorial. Não havia nada naquela época, que pudesse ter trazido a audição de Goya de volta. Uma surdez do tipo irreversível. Um lugar sem o canto dos pássaros ou música, sem o barulho dos passos se aproximando ou latidos de cães ouvidos à distância, as referências de som cotidianas tornam-se irreparavelmente perdidas para estas pessoas acometidas pela surdez é o que Blackburn descreve. (Blackburn, 2003, p. 25). Não haveria dias bons seguido de dias maus, nenhuma forma de remediar a sua situação, nenhuma maneira de torná-la menos extrema (Blackburn, 2003, p. 26). Sacks irá relatar em seu livro Vendo Vozes (1998) que a surdez pode ser a mais cruel de todas as privações sensoriais, por trancar a pessoa numa jaula e, estando incapacitada para ouvir, tem a sua capacidade para comunicar-se 7 A Doença de Menière caracteriza-se por ataques recorrentes de zumbido, perda auditiva e vertigem, acompanhados por uma sensação de pressão no ouvido, distorção de sons e sensibilidade ao ruído. As grandes crises de vertigem com náusea e vômito duram de alguns minutos a muitas horas e podem forçar a interrupção de todas as atividades habituais.

28 28 fluentemente pela língua oral muito reduzida. Assim, esta pessoa está sujeita, aos olhos do mundo, a ser vista como um idiota. Para uma pessoa tomada pela surdez desta forma, o mundo se transforma estranhamente num mundo bidimensional e vazio, porque nada existe entre a pessoa surda e o seu campo visual. É preciso aprender a usar os olhos como tochas no escuro e aprender a ler os lábios para saber o que as pessoas dizem. Pessoas na mesma condição de surdez de Goya, não podem ter certeza de nada do que seja falado, pois muito se perde numa comunicação deste tipo, e também jamais saberão o que dizem os outros, quando os falantes estão fora do seu campo visual. E quando o silêncio extremo vier, e as pessoas se assemelharem a fantasmas gesticulando, resta refugiar-se com o seu íntimo, ter paciência e coragem e esperar o nevoeiro passar. (Blackburn, 2003, p. 27) Com a perda de um dos sentidos os demais são aguçados a ponto de compensar a audição. As vibrações passam a ser percebidas pelos pés, mãos e finalmente por todo o corpo. O campo visual se amplia e os reflexos visuais estão em estado de prontidão. A ansiedade permanente resulta devido a uma atenção visual mantida e constante, que entra em substituição ao sentido da audição. Não raro, a pessoa com surdez se cansa de ouvir com os olhos, passando a valorizar os momentos de silêncio visual (momentos isentos de leitura labial). Blackburn narra sobre o valor que a lembrança dos sons trazidos pela memória possui para as pessoas que ficaram surdas. Estas memórias são capazes de iluminar as situações do cotidiano pelo brilho que a recordação destes sons evocam. Pelas palavras da Duquesa de Alba, com quem Goya conviveu estreitamente durante o período de 1796 a 1797, podemos entender sobre a base da comunicação com os surdos: Aqui está o famoso pintor Francisco Goya. Ele não pode ouvir nada! Nenhuma palavra! Você precisa falar com ele em sinais, ou escrever mensagens na areia com um bastão. Ou não falar com ele de jeito nenhum, Mas olhe para ele e deixe-o ler os seus lábios! (Blackburn, p. 67) A leitura labial é uma atividade complexa, na qual os signos visuais obtidos pela leitura das expressões faciais, do movimento da boca e da linguagem corporal

29 29 precisam ser decodificados pelo leitor, sem o acesso ao som. Não é coisa para iniciantes, é coisa para iniciados, que vão ficando surdos aos poucos e começam a ser leitores de lábios sem nem mesmo disto tomarem consciência. A severidade da surdez de Goya tornou impossível dar continuidade ao seu trabalho como professor na Academia. É possível evidenciar, a partir deste fato, que o mundo da audição e da fala não terão mais o mesmo espaço e significado que antes da surdez. Em 1796, Goya passou a registrar a vida da cidade em imagens, no que ficou conhecido como Diários visuais. Nestes cadernos, Goya desenhava os seus personagens prediletos, figuras femininas e personagens da cidade. A sua surdez será interpretada como conseqüência da ruína do mundo exterior e uma tendência a introspecção. Do ponto de vista da prática artística, a surdez impulsionou Goya ao exercício sistemático do desenho e da produção de gravuras, manifestações adequadas a sua necessidade de distanciamento (BARRENA, 2004, p.434) Em Fevereiro de 1799, o Diário de Madrid 8 anunciava a venda de uma Colección de estampas de asuntos caprichosos desenhada e gravada em águaforte por Francisco de Goya. Os historiadores interpretaram que as imagens das gravuras são cenas satíricas que denunciavam os vícios e excessos da sociedade espanhola do final do século XVIII tais como o matrimônio por interesse, o cortejo, a prostituição, os desvios da educação infantil, a inutilidade dos testamentos privilegiados, a decadência do clero e a Inquisição, concluindo com a série dominada pelo âmbito fantástico do sono e da noite, e de protagonistas que sugerem bruxas, duendes e demônios noturnos 9. O elemento textual dos Caprichos constitui de muitas anotações, legendas e comentários escritos sobre os muitos desenhos preparatórios para a criação das lâminas de cobre, que em si constituem-se em rico material de leitura. Quando termina a guerra durante o Reinado de Fernando VII, a Inquisição é retomada e Goya vive um período ainda maior de isolamento e dificuldades. Sua esposa morre, após 39 anos de casamento e Goya permanece sozinho e surdo, registrando os Desastres da Guerra : 8 Sobre Caprichos: Fonte Calcografia nacional arquivos-fichas 9 Algumas destas imagens foram editadas em vídeo pela autora e estão disponíveis no seguinte endereço:

30 30 Dizem que Goya é um homem desiludido, atormentado pelos fantasmas de sua imaginação. Mas, talvez não. Afinal, ele tem o poder de tornar cada pensamento, cada dor da realidade da vida diária em imagens que cantam, dançam e triunfam sobre as limitações da existência humana. (Blackburn, 2003, p 123) Em 1824, quatro anos antes de sua morte, Goya se exilou definitivamente em Bordéus, na França, com Leocádia, sua segunda companheira e Rosália, sua filha ilegítima. Penso que Goya nunca foi tão feliz como ele estava agora em Bordéus. Ele não precisava falar francês e não precisava explicar aos outros que não podia ouvir. (Blackburn, 2003, p. 176) A surdez, embora tão avassaladora para a interação do indivíduo com a sociedade não foi capaz de destruir o espírito e a Arte de Goya. O legado iconográfico que Goya deixou para a humanidade mostra a maestria e a superioridade alcançada pela sua arte, em grande parte definida pelo seu caminho marcado pela surdez 4.3. Emmanuelle Laborit Figura 2 - Emmanuelle Laborit Emmanuelle Laborit em seu livro autobiográfico O vôo da Gaivota, narra sobre a descoberta existencial de ser surda, sua trajetória familiar, afetiva, acadêmica e profissional. A afirmação da sua identidade Surda ocorre quando ela entra em contato com surdos adultos e com o aprendizado da língua de sinais francesa. O estranhamento da língua oral, no caso de Emmanuelle, a língua Francesa, e a contribuição da Língua de Sinais para os surdos é essencial em sua narrativa. É possível conferir as múltiplas dificuldades enfrentadas para a aquisição da língua oral na criança surda.

31 31 O aprendizado da Língua de Sinais Francesa e da língua escrita francesa irá contribuir para a sua formação acadêmica e produção escrita. Emmanuelle acredita na força da sua narrativa como um engajamento no combate relacionado com a Língua de Sinais, que separa ainda muitas pessoas [ ] Utilizo a língua dos ouvintes, minha segunda língua, para expressar minha certeza absoluta de que a língua de sinais é nossa primeira língua, a nossa, aquela que nos permite sermos seres humanos comunicadores. (Laborit, 1994, p. 9) O nome do título O vôo da gaivota será justificado ao longo da narrativa. Emmanuelle, apelidada de gaivota pelos pais, era uma criança que gritava muito. Seu apelido vem da tradição da família de marinheiros. Seu tio será o primeiro a dizer:- Emmanuelle grita porque ela não escuta (Laborit, 1994, p.12). Da incredulidade dos pais, das muitas consultas ao pediatra até o diagnóstico foi um caminho doloroso. A criança, agora diagnosticada com surdez profunda bilateral, inicia o seu tratamento. O desenvolvimento da linguagem oral será tentado com uso de próteses auditivas, reeducação ortofônica, e nenhum contato com adultos surdos. A busca pelas causas da surdez é relatada como motivo de grande sofrimento para os pais de Emmanuelle. Como os pais de uma criança surda comunicam que a amam? A comunicação era intuitiva entre Emmanuelle e sua mãe. Ambas inventavam signos para a comunicação diária e de seus afetos. O descobrimento da surdez pelos pais é algo muito difícil e significa a perda da criança ouvinte. A criança que um dia, irá chamar os pais pelo nome. Abaixo um dos trechos de grande poesia e que traduzem a necessidade de contato visual entre surdos e ouvintes, trata-se de um relato da mãe de Emmanuelle (Laborit, 1994, p. 17): Você me fazia rir até as lágrimas tentando se comunicar comigo por todos os meios! Eu virava sua cabeça em direção à minha para que você tentasse ler as palavras simples, e você me imitava no mesmo instante, era lindo e irresistível. No trecho a seguir temos a iniciação da pequena Emmanuelle no uso de próteses auditivas: Comecei a dizer algumas palavras. Como todas as crianças surdas, usava um aparelho auditivo que suportava mais ou menos bem. Ele colocava ruídos dentro de minha cabeça, todos iguais, era impossível diferenciá-los, era impossível me servir deles (LABORIT, 1994, p.18)

32 32 A criança surda começa a descoberta da sua diferença, mesmo sem contato com outros surdos. São marcas que irão acompanhar estas crianças: as próteses eletrônicas que precisam ser usadas permanentemente, sessões continuadas de terapia da fala, exames de função auditiva e pouco espaço para outros tipos de aprendizado. A simples observação do uso aparelho auditivo já demarca diferenças entre os que escutam e os que não escutam. É importante notar que todos estes aspectos do tratamento têm um impacto sobre as crianças surdas e sobre seus pais. A expectativa dos pais falantes é que a criança seja falante. As expectativas de pais de crianças surdas podem ser facilmente observadas no trecho abaixo, onde a mãe de Emmanuelle relata: O ortofonista 10 havia dito para não nos inquietarmos porquê você iria falar. Deu-nos uma esperança. Com a reeducação e os aparelhos auditivos, você se tornaria uma ouvinte. Atrasada, certamente, mas você chegaria lá. [ ] Era tão difícil aceitar que você havia nascido em um mundo diferente do nosso. (LABORIT, 1994, p.24) Goldfeld (2002, p.17) irá citar que, segundo Saussure, a língua é o aspecto social da linguagem, já que é compartilhada por todos os falantes de uma comunidade lingüística. Goldfeld destaca o uso do termo língua, no sentido utilizado por Bakthin, significando um sistema semiótico, criado e produzido no contexto social, dialógico, em contraposição a outros códigos que também podem ser considerados uma forma de linguagem, como a linguagem artística, musical e outras que não comportam a língua. Consideramos que outras linguagens como as visuais contribuem com experiências significativas para o aprendizado de crianças surdas. É impossível não se questionar sobre o pensamento abstrato dos leitores surdos sinalizados. Sacks ira perguntar, como os surdos conseguem proposicionar: Não falamos ou pensamos apenas com palavras ou sinais, mas com palavras e sinais que se referem uns aos outros, de uma determinada maneira. [...] Sem uma inter-relação adequada de suas partes, uma emissão verbal seria uma mera emissão de nomes, um amontoado de palavras que não encerra proposição alguma. A unidade da fala é uma proposição. [...] Falamos não apenas para dizer a outras pessoas o que pensamos, mas para dizer a nós mesmos o que pensamos. A fala é uma parte do pensamento (Hughlings-Jackson, apud SACKS, 1989, p. 32) 10 Denominação mais antiga para Fonoaudiólogo, com ênfase na correção da fala

33 33 Sacks (1989, p. 48), acredita fortemente que a língua de sinais é uma língua fundamental do cérebro. A inteligência visual de surdos sem a aquisição da língua pode se desenvolver em contato com estímulos visuais, entretanto, o pensamento, embora possa existir sem a língua, sofre grande interferência pela falta desta. Um ser humano não é desprovido de mente ou mentalmente deficiente sem uma língua, porém está gravemente restrito no alcance de seus pensamentos, confinado, de fato, a um mundo imediato, pequeno. (SACKS, 1989, p. 52). Emmanuelle irá ter contato pela primeira vez com um surdo adulto aos sete anos. E foi por intermédio de seu pai que Emmanuelle irá conhecer um ator e diretor surdo chamado Alfredo Corrado. O contato com Corrado trouxe um novo universo a família de Emmanuelle. Um surdo que utilizava uma língua de sinais, que havia concluído seus estudos universitários em uma Universidade Americana e que havia criado o Teatro Visual Internacional, o Teatro dos surdos de Vincennes. A Universidade tratava-se da Gallaudet criada por Thomas Hopkins Gallaudet nos EUA. O termo fala refere-se a produção de linguagem pelo falante nos momentos de diálogo egocêntrico e interior, ou seja, fala egocêntrica e fala interior (Goldfeld, 2002, p 23). Fala é sinônimo de oralização. Sinalização é sinônimo de língua de sinais e Sinal é o elemento léxico da língua de sinais. Já Signo, é elemento de língua, marcado pela história e cultura de seus falantes O ensino da escrita da LP e de sinais varia grandemente conforme a faixa etária dos alunos: infantil, juvenil e adultos. O contato da criança/jovem surda/o com outros surdos, bem como o fato deste grupo ter pais ouvintes ou surdos poderá ser determinante para a formação da identidade que irá se configurar nesta criança. Há estudos sobre expressões literárias e artísticas próprias da cultura surda que só podem ser transmitidas por contato entre estes grupos. Strobel define as artes visuais como um dos artefatos culturais, no qual os povos surdos fazem muitas criações artísticas que sintetizam suas emoções, suas histórias, suas subjetividades e a sua cultura. (Strobel, 2008, p. 66). A produção literária em sinais também deve ser dirigida para surdos, tais como o uso de estórias visualizadas, conto, piadas, poesias. A exploração visual e espacial das diferentes

34 34 narrativas deve ser estimulada. Existem narrativas surdas próprias da criação literária surda. As identidades presentes na narrativa de Emmanuelle são muitas: a criança surda, a adolescente revoltada, a jovem determinada que irá lutar pela sua carreira profissional cujos esforços acadêmicos para chegar ao Bacharelado multiplicam-se por dez, e a identidade surda política e ideológica cuja bandeira de ser uma leitora visual do mundo pode ser bem entendida na seguinte passagem: Ter outra concepção de mundo que não seja aquela de meus olhos? Impossível. Perderia a minha identidade, minha estabilidade, minha imaginação, me perderia em um universo desconhecido. Recuso-me a mudar de planeta. (LABORIT, 1994, p. 182) É por meio dos preciosos relatos de Emmanuelle, nos quais ela nos conta sobre as suas relações com amigos surdos que ficamos a par do valor da língua de sinais para o aprendizado da língua escrita francesa: Aos sete anos eu falava, mas sem saber o que dizia. Com os sinais, comecei a falar muito melhor. O francês oral não era mais uma obrigação, logo, psicologicamente, era mais fácil de aceitá-lo. Depois, tive acesso a informações importantes: Os conceitos, a reflexão; a escrita tornou-se mais simples, a leitura também. (LABORIT, 1994, p.163) A autora consegue pormenorizar a importância do aprendizado da língua de sinais e das imagens para a leitura e para a escrita. Uma palavra é uma imagem, um símbolo. Quando me ensinaram ontem e amanhã na língua de sinais, quando consegui entender o seu significado, pude falar oralmente com mais facilidade, escrever essas palavras com mais facilidade! (LABORIT, 1994, p.163) A escrita do surdo é diferente. Para a grande maioria dos surdos a língua escrita é uma língua dos ouvintes e não tão próxima assim da imagem, do visual, que Emmanuelle relata. Talvez porque esta autora tenha tido uma forte formação literária pela influência de seus pais, realidade muito pouco freqüente entre a maioria dos surdos tanto estrangeiros quanto brasileiros. O mais corrente é o surdo iletrado. É possível agora entender porque a comunidade surda, usuária de uma língua de natureza visual-motora e ágrafa terá de empreender grandes esforços se quiser acompanhar o ensino formal com base na língua oral e escrita. Por outro lado, deve ser considerada a criação de vínculos entre o leitor surdo e o texto, sabendo que existe um hiato entre a língua de sinais e a língua falada e

35 35 escrita. Podemos ainda indagar se leitores surdos, como Emmanuelle pensam em imagens, sonham em imagens e, se seus cérebros e mentes possuem uma lógica sobre imagem diferente dos cérebros ouvintes e falantes Michael Chorost Figura 3. Michael Chorost Michael Chorost (Mike) é professor, pesquisador e escritor americano com PhD em Tecnologia Educacional na Universidade do Texas (Austin). Sua Tese teve como tema Como ambientes online estão transformando as salas de aula Mike nasceu quase totalmente sem o sentido da audição. Sua mãe contraiu Rubéola durante a sua gestação e a sua surdez foi diagnosticada aos três anos e meio, quando sua mãe insistiu junto aos médicos, que fizessem exames mais acurados em Mike, já que ele ainda não falava e não atendia aos chamados fora do seu campo visual. Mike ouvia sons altos, mas não vozes, até que seus pais optaram em iniciar o tratamento com próteses auditivas (aparelhos auditivos) e também o colocaram em uma escola de ouvintes. Com a sua restrita audição ele aprendeu a ler e a escrever em Inglês. Como ele mesmo diz: Sou uma pessoa surda que cresceu falando Inglês 11. Mike nos faz refletir sobre o implante coclear. Seu profundo interesse pela condição humana, bem como o seu relato e pesquisa sobre os desafios que a tecnologia digital impõe às pessoas implantadas foram narradas no seu Livro publicado em 2005: Rebuilt: My Journey Back to the Hearing World (Reconstruído: Minha Jornada de volta ao mundo ouvinte). Em Julho de 2001, Mike perdeu totalmente a sua audição remanescente. Realizou a sua cirurgia de implante coclear três meses depois da perda. Hoje, Mike é um leitor intérprete de sons digitalizados. Toda a sua experiência narrada é pautada em pormenores de descrições sobre as tecnologias do implante coclear dentro do contexto histórico, o desenrolar do seu tratamento clínico, terapias de fala 11 Conferência de Michael Chorost proferida na Universidade de Gallaudet em Março de Disponível em:

36 36 e o seu êxito como leitor de signos gráficos e digitais. Ele irá se apoiar nos estudos das Neurociências, neuroplasticidade cerebral, cibernética e tecnologias educacionais de ensino à distância para a sua formação humana e profissional. Atualmente, Mike contribui para os seguintes jornais e revistas: The Washington Post, Wired, The Futurist, The Scientist, Technology Review, Sky, the Stanford Medical Report. É colaborador, desde 2007, em um especial na TV americana sobre implantes cerebrais: The 22nd Century. Possui mais dois livros publicados em co-participação: Educating Learning Technology Designers: Guiding and Inspiring Creators of Innovative Educational Tools (2008) e World Wide Mind: The Coming Integration of Humans and Machines. É professor visitante na Universidade de Gallaudet em Washington D.C., no biênio de , e neste momento vem se interessando na contribuição da comunidade surda de Gallaudet, que possui um senso de comunidade muito forte, para a promoção da comunicação por meio de tecnologias. Esta descrição sucinta de sua produção acadêmica é necessária no sentido de revelar que é possível que pessoas surdas possam ter o domínio pleno da língua escrita quando a oralização e o uso de próteses auditivas são a alternativa de tratamento escolhida para estas crianças no período de aquisição da fala e linguagem. Mike acredita que nos próximos anos com a diminuição das causas da surdez, por meio de vacinação contra meningite, avanços na pesquisa genética e pela regeneração das células cocleares por nanotecnologia, só teremos surdos por opção ou por questões econômicas. As pessoas implantadas jamais terão uma audição semelhante à audição biológica, entretanto, por meio de programas especializados poderão ter uma audição altamente seletiva e programada, modificando a condição de surdez enquanto deficiência auditiva para uma condição de vantagem. Sobre a condição de implantado coclear, dependente de partes mecânicas e mapas computacionais freqüentemente modificados em seu cérebro, ele irá dizer: Minha audição biônica me torna mais onisciente e não mais desumanizado: ela me faz mais humano, porque eu tenho de estar constantemente consciente da minha percepção de quanto o Universo é provisório e quanto as decisões humanas precisam ser revistas constantemente (CHOROST, 2005, p. 157).

37 37 Como leitores digitais de sons, os implantados cocleares ainda estão com a sua identidade em formação. Muitas questões devem amadurecer ao longo das próximas décadas, principalmente no que diz respeito às crianças implantadas e posterior desenvolvimento lingüístico. Mike acredita que os implantados cocleares se aproximam do tipo de ser humano historicamente conhecido como homo faber, ou humano artístico e criativo: Homo Faber é fundamentalmente uma criatura da tecnologia, porque não pode haver arte sem lápis e papel, pincéis, guitarras, saxofones e processadores de voz. (se você pensa que lápis e papel não são tecnologias, tente fazê-los você mesmo). Homo Faber é uma pessoa que alcançou uma profunda conexão com o mundo da tecnologia da qual não podemos prescindir. (CHOROST, 2005, p. 181) Leitores surdos do Instituto Nacional de Educação de Surdos/INES Figura 4 Alunos no SINFE/INES O Instituto Nacional de Educação de Surdos-INES, é uma Instituição secular e referência nacional na Educação de surdos. O INES tem a missão de: Efetivar o dever do Estado de proporcionar educação e profissionalização que atenda a todos os seus cidadãos, surdos ou não, superando discriminações e favorecendo o convívio e a valorização da diversidade, apoiando as mudanças necessárias para que os sistemas de ensino e o mercado de trabalho brasileiro tornem-se inclusivos (INES, 2009) Em 1875, Flausino José da Gama, ex-aluno do INES que trabalhou como repetidor na Instituição de 1871 a 1879, propôs ao diretor da época, Tobias Leite a documentação dos sinais utilizados pelos surdos-mudos. Estes sinais poderiam, segundo Flausino, serem úteis para a comunicação entre surdos e falantes. (GAMA, 1875)

38 38 A publicação do livro Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos com desenhos de Flausino, segundo Tobias Leite, tinha os seguintes fins: [ ] vulgarizar a linguagem dos sinais, meio predileto dos surdos-mudos para a manifestação de seus pensamentos, permitindo aos pais, professores primários e todos os que se interessam por esses infelizes ficarem habilitados para os entender e se fazerem entender; e mostrar o quanto se deve apreciar um surdo-mudo educado (GAMA, 1875). Acreditamos que Flausino José da Gama, tenha tido um papel de autoria no que diz respeito a acessibilidade à Linguagem de sinais, atualmente, denominada Língua de Sinais 12, por pessoas ouvintes. Para uma aproximação do perfil de leitura e escrita e uso da internet pelos alunos pré-vestibulandos do INES foi aplicado um questionário cujos resultados são apresentados a seguir. O conteúdo e a descrição do questionário foram apresentados no capítulo III - Metodologia. Este grupo de alunos é marcado pelo uso da Língua de Sinais como primeira língua. A falta de domínio pleno da língua portuguesa escrita (segunda língua) pode ser verificado nas transcrições literais apresentadas na tabela da página 39. Resultados: A língua mais utilizada na comunicação diária é a LIBRAS (90%); Possui computador (95%); Usam o computador de 2 a 3 vezes por semana ( 60%); Orkut e o MSN são os sites de relacionamentos mais utilizados ; Possui (99%); Acessam jornais e o Google (30%); A leitura em língua portuguesa varia de razoável a boa (40%); A leitura de revistas, jornais e livros é muito pequena (20%); A maior dificuldade com a internet é a falta de legenda (escrita) (70%); A maioria concorda que a internet é boa e é muito utilizada por este grupo para informação e pesquisa (90%); Desconhecem o que é Educação à Distância (100%). 12 As línguas de sinais são utilizadas pelas comunidades surdas e apresentam as propriedades específicas das línguas naturais, sendo, portanto, reconhecidas enquanto línguas pela Lingüística. As línguas de sinais são visuais-espaciais captando as experiências visuais das pessoas surdas (Quadros, 2007).

39 39 A seguir a transcrição das respostas do tipo aberto ao questionário mantendo a redação original dos alunos. Turma do Pré-vestibular- Noturno Você acha que a internet é boa? (8) sim () não Por quê? Ajuda de informação a internet sic 13. Bons mais ou menor sic. Porque para pesquisa o trabalho sic. Eu aprender muita coisa nova internet sic. Gosto muito de fazer uma busca para informar muita bem. É importante sic. Tem informação é aprenda sic. A gente precisa conhecer as informações na internet sic. Muito boa conversa legal otmio sic. Turma do Pré-vestibular- Vespertino Você acha que a internet é boa? (6) sim ( ) não Por quê? Porque eu gostei de pesquisa sic. Internet é bom porque eu aprendo muita coisa e desenvolver o crescimento da informação sic. Tem muita informação sic. A internet tem coisas muitas as informações sic. Porque a internet tem muita informação, muita coisa pra entender melhor sic. Quadro 2 - Tabelas com resultado parcial do questionário aplicado aos alunos do INES em 24 e 28/11/ SIC- Segundo Informações Colhidas- Utilizado este termo quando a transcrição é literal e o texto original não pode ser corrigido, neste caso por ferir normas ortográficas da Língua Portuguesa.

40 40 Pode-se concluir pela análise das respostas do universo dos alunos prévestibulandos do INES, que embora a maioria utilize a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) com maior freqüência, esta mesma porcentagem concorda que a internet é boa, mesmo com as especificidades destes alunos na compreensão e aquisição da Língua Portuguesa e apesar da própria limitação que a internet se constitui para este grupo. A questão da falta de legenda nos ambientes da internet, como sendo a maior dificuldade de acesso ao conteúdo, deve ser investigada mais profundamente, ou seja, que tipo de legenda e em quais tipos de conteúdos este grupo necessita deste recurso. Outro dado interessante é que este grupo utiliza a internet para informação e pesquisa, características essas inerentes à própria internet, mas por outro lado, desconhecem a modalidade de Educação à Distância (EAD). O desconhecimento sobre EAD pelo grupo de alunos pode ter relação com a falta de contato com esta modalidade de Ensino. As diferenças lingüísticas destes leitores em relação à Língua Portuguesa (falta de domínio da modalidade escrita) e a falta de um ambiente amigável na internet, bem como a oferta de apenas um curso na modalidade EAD dentro do INES (o Curso Letras-Libras da UFSC, pólo Sudeste cuja parte presencial ocorre nas dependências do INES), podem estar relacionadas ao desconhecimento desta modalidade de ensino pelos alunos do pré-vestibular. Existem demandas por parte destes leitores que devem ser levadas em consideração para a elaboração e desenvolvimento de plataformas sócio-linguisticas amigáveis e direcionadas, também, para as pessoas surdas.

41 41 5. Semiótica, Cognição e Imagem Somos seres de linguagem ou seres simbólicos como afirma Santaella: Nos comunicamos e nos orientamos através de imagens, sinais, setas, números, luzes...[ ] através de objetos, sons musicais, gestos, expressões, cheiro e tato, através do olhar, do sentir e do apalpar.(santaella, 2007) Veremos neste capítulo algumas definições de uma ciência chamada Semiótica para a compreensão das diferentes linguagens que dizem respeito aos leitores visuais. Pietroforte, em Semiótica visual (2004, p.11), esclarece que a semiótica estuda a significação, que é definida no conceito de texto. O texto, por sua vez, pode ser definido como uma relação entre um plano de expressão e um plano de conteúdo. O plano de conteúdo refere-se ao significado do texto, ou seja, ao que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz. O plano de expressão refere-se à manifestação desse conteúdo em um sistema de significação verbal, não verbal ou sincrético. Os sistemas verbais são as línguas naturais e os não verbais, os demais sistemas, como a música e as artes plásticas, por exemplo. Já os sistemas sincréticos, por sua vez, são aqueles que acionam várias linguagens de manifestação, como ocorre entre um sistema verbal e um não verbal nas canções e nas histórias em quadrinhos (ver tabela a seguir). Isso quer dizer que um mesmo conteúdo pode ser expresso por meio de planos de expressão de ordens diferentes. Pietroforte (2004) exemplifica que o conteúdo que se manifesta no sistema verbal em um romance, por exemplo, pode ser adaptado para o cinema em um plano de expressão sincrético, ou inspirar uma sinfonia ou uma pintura em planos de expressão não verbais. Conceito de texto na Semiótica Plano de expressão: Sistema verbal Línguas naturais Sistemas não verbais Música, artes plásticas, moda, culinária Sincréticos Acionam várias linguagens de manifestação Plano de conteúdo: Refere-se ao significado do texto Quadro 3 - Tabela com descrição do conceito de Texto segundo Pietroforte, 2004.

42 42 Embora existam tantas linguagens, o sistema verbal parece ser prevalente na comunicação social. Isso pode ser atestado nos meios educacionais, nos locais de trabalho, nos meios de comunicação em massa, nas interações sociais, etc. Quando buscamos pelos sistemas não verbais e sincréticos em nosso sistema educacional formal, percebemos como as linguagens não verbais encontram-se mais distantes de nosso cotidiano Imagem enquanto representação visual. No livro Imagem. Cognição, semiótica, mídia (2005), Lúcia Santaella discorre sobre a imagem no campo da Semiótica. São conteúdos importantes para o nosso trabalho: os domínios da imagem e os conceitos de representação. Os domínios da imagem são dois: imagens como representações visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, imagens cinematográficas, televisivas, holo e infográficas. E as imagens mentais, que configuram um domínio imaterial, que ocorre no teatro da mente: visões, fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações mentais. A autora destaca que: Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que as produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham origem no mundo concreto dos objetos visuais. (SANTAELLA, 2005, p.15) imagem. Figura 5 Jano. Diários de viagem: Rio de Jano. Disponível em: < acesso em Set/2009. Estes domínios equivalem, grosso modo ao lado perceptível e mental da

43 43 O conceito de representação assume um contexto mais complexo na atualidade, e assume para além de referências a signos, símbolos, imagens para o campo da ciência cognitiva que abrange temas como representação analógica, digital, proposicional, cognitiva ou mais genericamente, representação mental. Figura 6 - René Magritte. A Traição das imagens, Óleo sobre tela. Legenda: Isto não é um cachimbo. Conceitos de representação em Semiótica (Santaella, 2005): Representação como signo; Representação como relação sígnica; Representação como referência e função de apresentação; Representação como signo icônico. Destes conceitos são de nosso interesse a representação como signo, ou sinônimo de signo, e a representação como signo icônico. O signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele. O signo não é o objeto. Ele está apenas no lugar do objeto. Segundo Santaella, (2005, p.58): Um signo intenta representar, em parte, pelo menos, um objeto que é, portanto, num certo sentido, a causa ou determinante do signo, mesmo se o signo representar o seu objeto falsamente. Mas dizer que ele representa seu objeto implica que ele afete uma mente, de tal modo que, de certa maneira, determine naquela mente algo que é imediato devido ao objeto. Essa determinação da qual a causa imediata ou determinante é o signo, e da qual a causa mediata é o objeto, pode ser chamada de o Interpretante.

44 44 A representação como signo icônico pode ser entendida como determinações conceituais, onde uma representação é um signo baseado numa relação de semelhança. A base desse pensamento se encontra na epistemologia medieval, de acordo com a qual as species, as formas externas de manifestação das coisas, são semelhanças das coisas (Scheerer Apud Santaella, 2005). Segundo Silveira (1995; p.106), quanto mais icônica for a informação codificada pela cláusula, maior número de parâmetros da transitividade ela comportará. Identificando a transitividade como a propriedade cognitiva responsável pela efetividade como as situações ocorrem no real, pode-se, por analogia, verificar que no cotidiano a iconicidade de uma determinada imagem é identificada pelo sujeito com mais clareza pela quantidade de eventos nítidos apresentados por esta imagem. Desta forma, o grau de iconicidade de uma imagem está vinculado às ações representadas por ela, sujeitas a codificações semânticas específicas. Ainda nas palavras de Silveira (1995, p.111); Porém uma situação só se manifesta para um sujeito se, e somente se, ele for capaz de, naquele momento, representá-la mentalmente. Logo, as imagens devem estar carregadas de significado para que possam favorecer um aprendizado mais seguro de leitura e escrita por parte do leitor surdo. Os modelos da representação mental estão associados a parte da Semiótica que parte do pressuposto de que as representações cognitivas são signos, e operações mentais que ocorrem na forma de processos sígnicos. A imagem enquanto representação visual deve ser considerada como uma potencialidade no desenvolvimento de tecnologias de acessibilidade para os leitores surdos Algumas definições em Semiótica Ícone: É um signo que tem alguma semelhança com o objeto interpretado. Iconicidade: Na realidade, o código verbal não pode se desenvolver sem imagens. Nosso discurso verbal está permeado de imagens, ou como Peirce diria, de iconicidade.

45 45 Assim, a teoria das imagens sempre implica o uso de imagens. A palavra teoria, aliás, já contém na sua raiz uma imagem, pois teoria, na sua etimologia, significa vista, que vem do verbo grego theorein: ver, olhar, contemplar ou mirar (Santaella, 2005: p. 14). Iconografia: Arte de representar por meio da imagem. Conhecimento e descrição de imagens (gravuras, fotografias, etc). Documentação visual que constitui ou completa obra de referência e/ou de caráter biográfico, histórico, geográfico, etc. Figura 7- GAMA, F. Iconografia de Sinais, Sinal para imagem. Isomorfismo: Deve ser entendido para além da semelhança estrutural entre o plano fônico e plano semântico da língua, principalmente em relação à semelhança estrutural entre o plano visual e semântico da língua. Assim, as imagens serão entendidas como a relação estrutura-função mais óbvia, no que se refere ao uso das imagens como estratégia de ensino de leitura e escrita em língua portuguesa para o indivíduo surdo. Linguagem: Gama incrivelmente intricada de formas sociais de comunicação e de significação que inclui a linguagem verbal articulada, mas absorve também a língua de sinais (surdos), das artes visuais, o sistema codificado da moda, da culinária e tantos outros (adaptado de Santaella, 2007, p 11 e 12). Língua: Sistema de leis cujas palavras/signos possuem denotação e significação (Santaella, 2005, p. 101). Semiótica: É a ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis (Santaella, 2007, p). Símbolo: Não pode indicar uma coisa em particular; ele denota uma espécie (um tipo de coisa). E não apenas isso. Ele mesmo é a uma espécie e não uma coisa única. Você pode escrever a palavra estrela, mas isto não faz de você o criador da palavra- e mesmo que você a apague, ela não foi destruída. As palavras vivem nas mentes daqueles que as usam. Mesmo que eles estejam todos dormindo, elas vivem nas suas memórias. As palavras são tipos gerais e não individuais (Santaella, 2007).

46 46 Santaella (2007) cita a definição de Peirce sobre símbolo na qual é definido que, por si mesmo o símbolo, não é capaz de identificar as coisas às quais se refere ou é aplicável, mas supõe que somos capazes de imaginar as coisas, tendo elas associado a palavra. Desta forma, seria lícito perguntar se para leitores surdos sinalizados, sem sensibilização pela palavra falada (oralizada) existe uma distância semântica entre o que é simbolizado e a fala? Perguntamos se seria possível para o leitor surdo sinalizado, compreender de forma franca um símbolo léxico da língua oral, por exemplo, uma figura de linguagem do tipo: água mole em pedra dura tanto bate até que fura, cujo significado poderia ser algo como: a persistência no ideal permite mudanças, ou em casa de cego quem tem um olho é rei cujo significado seria: quando a necessidade é muita, o pouco é valorizado.

47 47 6. LEITORES SURDOS E ACESSIBILIDADE VIRTUAL MEDIADA POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) O usuário deve desenvolver habilidades, como ter autonomia, saber pensar, criar, aprender a aprender, de modo que possa continuar o aprimoramento de suas idéias e ações, sem estar vinculado a um sistema educacional. Ele deve ter claro que aprender é fundamental para sobreviver na sociedade do conhecimento. Valente. J. A. (1999) De que acessibilidade virtual e TIC estamos falando? Algumas questões essenciais que integram este capítulo são: Quais as linguagens que devem ser consideradas como forma de conhecimento e informação? O que é importante na acessibilidade virtual para os leitores surdos? Existe interatividade e afetividade no mundo virtual? É possível aperfeiçoar as Tecnologias de Informação e Comunicação de forma a praticar a igualdade e a democracia a que todos nós temos direito? Se considerarmos que a surdez e a comunicação estão intimamente relacionadas é possível compreender o valor dos sistemas verbais e não verbais no universo dos leitores surdos. Situações do cotidiano nas quais as pessoas ouvintes participam e interagem podem não ser percebidas da mesma forma por pessoas com surdez. São exemplos: apresentações musicais, filmes muito informativos como documentários e noticiários televisivos sem legendas, programação literária ou cultural do tipo verbal, palestras, apresentações científicas, programações em espaços de ciência sem acessibilidade ao conteúdo, internet com conteúdos basicamente no formato escrito. As línguas de sinais escapam ao registro gráfico. A natureza efêmera do gesto traz conseqüências para a sua transmissão no espaço e no tempo e para a sua apropriação. Logo, a língua de sinais ainda não possui uma forma escrita que seja plenamente funcional para a grande maioria dos surdos. Embora tenha se acreditado no Séc XVIII, quando Condorcet sonhou com uma língua universal, rigorosa como a geometria, que imaginou ser a linguagem

48 48 dos surdos-mudos, inventada pelo abade de l Epée e aperfeiçoada por Dom Sicard 14, hoje sabemos que não há como universalizar a língua de sinais, não há homogeneização possível na linguagem. É senso comum dizer que os surdos são párias da sociedade, porque utilizam a língua de sinais como primeira língua e porque convivem em comunidades de surdos. Entretanto, vimos no capítulo anterior (consultar capítulo IV) as especificidades dos surdos sinalizados. A pergunta que se coloca é se seria possível aperfeiçoar as Tecnologias de Informação e Comunicação de forma a praticar a igualdade e a democracia a que todos nós temos direito. Segundo Chorost (2005), o que faz circular as idéias, não são os meios de transporte, mas os escritores, artistas, a discussão política e a imprensa livre. As pessoas surdas participam plenamente destes espaços? A aquisição da língua portuguesa na sua forma escrita é tarefa nacional e deve ser discutida também entre a comunidade de surdos, como sua segunda língua e como um instrumento que permita às pessoas surdas a circulação de idéias globalmente. Muitas palavras da língua portuguesa não possuem representação em sinais, principalmente quando estas palavras não fazem parte do universo das pessoas surdas. Assim, novos sinais precisam ser criados continuamente para darem conta de aprendizados contextualizados tais como acontece na educação de surdos no meio acadêmico. A produção de novos sinais precisa ser incorporada em um glossário de língua de sinais. A criação de glossários de sinais permite melhorar o acesso à informação de maneira que os surdos disponibilizem de uma memória informativa de visualização dos temas (a serem estudados) nos veículos de comunicação. É nesse grande universo comunicacional que devemos entender a acessibilidade para pessoas surdas, que se constituem em leitores muito diferenciados de textos. Sendo que a base para a criação de ambientes virtuais acessíveis deve ancorar-se em grande parte nos textos 15 produzidos por esta 14 Para estudo aprofundado consultar MATTELART, A. A globalização da comunicação. Tradução Laureano Pelegrin. EDUSC, Bauru, SP, Texto enquanto plano de expressão e conteúdo conforme descrito no capítulo 5. Semiótica, cognição e Imagens.

49 49 população, que possuem linguagens diferenciadas, e finalmente, é preciso buscar a adoção de sentidos em comum entre as diferentes culturas Tecnologias de Informação e Comunicação e surdez Eis algumas Tecnologias de Informação e Comunicação que trouxeram qualidade de vida para as pessoas surdas: Telefone para surdos (TDD) 16 e telefone celular (por meio de envio de mensagens curtas escritas); Legendas tipo close caption offline, estenotipia, closed caption on line em programas televisivos e videos; Janela em língua de sinais: tecnologias de produção de vídeos com conteúdos em LIBRAS que podem ser disponibilizados em livros eletrônicos, cursos e em sítios eletrônicos na internet; Dicionário de LIBRAS; Dispositivos portáteis multimídias (PDAs) equipados para reproduzirem vídeos com conteúdos em língua de sinais e legendas disponíveis para informações sobre obras de acervos em Museus e centros culturais; Tradutores eletrônicos de LIBRAS; Livros eletrônicos e DVDs interativos com literatura, cursos, jogos, atividades pedagógicas, lúdicas e educativas bilíngues. (consultar Editoras Arara Azul, LSB vídeo, e a produção de material eletrônico do INES); Produção de Glossários de sinais digitais em diferentes áreas de conhecimento; A internet por meio de diversos programas, plataformas acessibilizadas e interfaces visuais gerando interatividade e produção de conhecimento. Segundo pesquisa realizada com pessoas surdas pelo Centro de Produção de Legendas (CPLC, 2007), os programas que as pessoas surdas mais gostariam que tivessem legenda oculta se distribuem na área da informação, 16 TDD (Telecommunications Device for the Deaf) é um sistema de comunicação telefônica digital onde os surdos podem se comunicar com outras pessoas escrevendo suas mensagens em um teclado e visualizando em uma tela as mensagens que lhe são enviadas.

50 50 cultura, entretenimento e esporte, nesta ordem. A emissora de TV Rede Globo e SBT já disponibilizam legendas em alguns programas, por isso lideram o ranking de programas (TV aberta) citados pelas pessoas surdas. A seguir temos alguns exemplos de Tecnologias de Informação e comunicação para pessoas surdas: Figura 8 CDs-ROM bilíngües Libras/Português para crianças surdas e ouvintes em fase pré-escolar e de alfabetização. Disponível em: acesso em Set/2009. Figura 9 - PDA com conteúdo em língua de sinais e legendas para acessibilidade de informações em Museus e Centros culturais. Disponível em: Acesso em Set/2009. Figura 10 - Dicionário de LIBRAS. Disponível em: Acesso em Set/2009

51 51 Figura 11 - Vídeo em LIBRAS e com legenda. Portal Nacional da EPT/RENAPI. Disponível em Acesso em Set/ Interação no contexto da internet Uma das características principais da tecnologia criada e distribuída em forma digital, potencializada pela configuração informacional em rede, é permitir que os meios de comunicação possam atingir os usuários e obter um retorno imediato. Neste ponto, a interatividade deve ser pensada no campo da acessibilidade para pessoas surdas. Santaella, (2004, p ) descreve pelo menos quatro tipos principais de interação interativa: a) A comunicação face-a-face: estabelecida pela conversação. O diálogo vivo entre pessoas sempre foi considerado como a forma de realização mais perfeita da interação comunicativa. Em uma conversa presencial, as pessoas modificam sua interação dependendo das trocas anteriores. Os aspectos semióticos envolvidos na interação conversacional são a postura do corpo, sua tensão ou distensão, o nível de proximidade ou distância que os falantes mantêm entre si, as paisagens do rosto e os infindáveis sentidos que transmitem, o ar de interesse ou de tédio, pressa ou calma, pausa, interrupções e intromissões, risos, as meias palavras, as interjeições, tudo isso compõe um conjunto complexo de sinais e signos, sem os quais a interatividade não seria possível.

52 52 b) A comunicação epistolar: modalidade na linguagem escrita. A temporalidade define esta forma de interação. Os participantes necessitam de dados contextuais para suprir a falta de componentes semióticos. c) A comunicação telefônica: Toda a comunicação fica reduzida à voz e ao sentido receptor da escuta. Com o advento dos modernos celulares, a interação se amplia para as imagens, textos escritos e arquivos de música, além da conectividade com a internet. O celular virou um computador de mão. d) A comunicação mediada por computador: Múltiplas interações mediadas pelo computador no ciberespaço Comunicação mediada por computador Veremos que há diferentes modalidades de comunicação mediadas pelo computador e internet para as diferentes comunidades de leitores surdos Interatividade no Fórum de Implante Coclear (FIC) O Fórum de Implante Coclear ou FIC consiste em um Fórum de discussões que tem como objetivo principal estabelecer a troca de idéias e informações entre os usuários de implante coclear no Brasil bem como ajudar futuros candidatos a esclarecer suas dúvidas (FIC, 2009). O fórum também visa divulgar avanços tecnológicos na área além de disponibilizar artigos e sites aos interessados no assunto do implante coclear. A grande contribuição do FIC é ser um espaço virtual democrático destinado ao relato de experiências, vivências, dúvidas e expectativas de futuros candidatos ao implante e de familiares de implantados. É comum a postagem de relatos de implantados de nível avançado/expertos, que já passaram pela experiência de um implante com êxito e que se propõem a dividir as suas experiências com os demais cibernautas do FIC. A comunicação é mediada por via escrita na modalidade virtual tipo lista de discussão.

53 53 Figura 12. Página de acesso ao Fórum de Implante Coclear Interatividade no Curso Letras-Libras/UFSC Graças à digitalização e a compressão dos dados, todo e qualquer tipo de signo pode ser recebido, estocado, tratado e difundido, via computador. (Santaella, 2004) O Curso de Licenciatura e Bacharelado em Letras-LIBRAS é uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e tem como objetivo formar profissionais na língua de sinais brasileira (professores e tradutores-intérpretes). Foi desenvolvido na modalidade à distância em rede nacional em dezoito instituições educacionais no Brasil 17. O funcionamento do curso prevê um sistema de aprendizagem organizada para três modos de informação/formatos: material didático impresso; material didático on-line através do ambiente de ensino virtual e; material didático em Libras gravado em DVD. Existe a possibilidade de interação em videoconferência entre professores das disciplinas, professores tutores e alunos, e encontro de estudos 17 INES/RJ - Instituto Nacional de Educação de Surdos; USP - Universidade de São Paulo; UNICAMP- Universidade Estadual de Campinas; CEFET MG. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais; UFES - Universidade Federal do Espírito Santo; UFC Universidade Federal do Ceará; UFBA- Universidade Federal da Bahia; UEPA - Universidade Estadual do Pará; IFRN - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte; UFPE- Universidade Federal do Pernambuco; UFGD - Universidade Federal de Grande Dourados; UNB - Universidade de Brasília; IFGO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás; UFAM- Universidade Federal do Amazonas. UFSC- Universidade Federal de Santa Catarina; UFSM - Universidade Federal de Santa Maria; UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul; UFPR - Universidade Federal do Paraná.

54 54 presenciais entre professores tutores e alunos para esclarecimentos de dúvidas e aprofundamento de questões. O ambiente virtual de educação à distância - AVEA - do Curso Letras- LIBRAS foi desenvolvido pela UFSC, e conta com as seguintes equipes de imagem: a) AVEA - composta por três núcleos: design, programação e webconferência; b) DVD - composta por editores, produtores, cinegrafistas e arte finalistas. O curso foi idealizado pela Prof a Dra Ronice Muller de Quadros (ouvinte, filha de pais surdos) e, atualmente, a coordenação geral está sob a responsabilidade da prof a MSc. Marianne Rossi Stumpf, surda sinalizada. Figura 13- Interface do AVEA Letras LIBRAS. FREITAS (2009) cuja pesquisa voltou o olhar para a relação do indivíduo surdo com a Internet com vistas a entender quando ela é prazerosa e eficiente do ponto de vista cognitivo e quando leva a uma mudança de comportamento desses usuários, destaca o pioneirismo da UFSC no campo da Educação de surdos, e ressalta que o curso Letras-LIBRAS: [ ] depende também - e muito - de práticas do Design para o contínuo aperfeiçoamento das interfaces utilizadas na educação a distância, adequando-as visualmente à experiência visual de vida, que é uma característica que diferencia e define os surdos. (FREITAS: 2009, p. 81)

55 55 Importante citar que, segundo o autor, a interface do curso Letras-LIBRAS é agradável para os seus usuários podendo gerar emoções e sentimentos positivos desejáveis, fator importante para vinculação do leitor ao conteúdo do texto. (Freitas: 2009, p. 84). Em contrapartida a referência às interfaces que contem textos escritos em português são invariavelmente negativas. [ ] os componentes legibilidade, usabilidade e agradabilidade me parecem ser de consideração quase obrigatória para os responsáveis pela implementação dos textos que servem de suporte ao conteúdo programático de cursos para surdos escritos em português (Freitas: 2009, p. 87). Destacamos na pesquisa de Freitas as estatísticas apresentadas quanto ao conteúdo disponibilizado no AVEA Letras-LIBRAS que apontaram para uma média de quatro por cento de conteúdo imagético para noventa e seis por cento de conteúdo em língua portuguesa cujo, segundo o autor, os surdos não dominam e em geral não gostam. (Freitas: 2009, p. 89) Em pesquisa anterior cujo tema é a internet como fator de exclusão do surdo, a acessibilidade à internet pelas pessoas surdas foi avaliada: [ ] a Internet não passava de um conceito vago de algo que acontece no mundo dos ouvintes. Para os surdos pesquisados, na época, a Internet seria algo importante e positivo para eles, mas as referências eram sempre vagas e dispersas, além do fato de que não conseguiam sequer definir a Internet e suas aplicações satisfatoriamente. [ ] a grande maioria desta população permanecia sem uma desejada familiaridade com a Internet e suas possibilidades de interação com o resto do mundo (Freitas 2007: p.11). Freitas esclarece que o motivo desta desvinculação com a internet é que a maioria do conteúdo da web está veiculada na forma escrita e a falta de uma educação adequada faz com que a maioria dos surdos não consiga ler e entender o conteúdo do que foi lido; então, neste sentido a Internet é um meio excludente para esta população, já que não serve para integrar os surdos à maioria ouvinte. (Freitas, 2009, p.92) Embora possamos inferir que a internet em si é inclusiva, o paradigma que a rege pode ser considerado excludente. Logo, do ponto de vista do paradigma da cultura surda, a internet é excludente, pois é feita de homens e mulheres ouvintes.

56 56 Esperamos que a experiência advinda de Cursos pioneiros como o Letras- LIBRAS possam ser dirigidas no sentido de ampliação de produção de tecnologias e metodologias que priorizem as diferenças dos leitores surdos Interatividade no Orkut Afinal, existe acessibilidade virtual para surdos na internet? As redes de relacionamento amplamente divulgadas na internet como o Orkut, são muito acessadas pelas pessoas surdas. Conforme vimos nos resultados do questionário aplicado com os alunos do INES, e na observação dos alunos no laboratório do SINFE é possível visualizar o impacto que a socialização on-line do Orkut provoca nos usuários surdos. O quê, nesta rede de relacionamentos, vem criando entre os leitores surdos, sentimentos de pertencimento a esta comunidade? Com base na consulta do site oficial do Orkut 18 temos as seguintes informações dirigidas ao usuário: Missão: Ajudá-lo a criar uma rede de amigos mais íntimos e chegados. Sobre o Orkut: O Orkut é uma comunidade on-line criada para tornar a sua vida social e a de seus amigos mais ativa e estimulante. A rede social do Orkut pode ajudá-lo a manter contato com seus amigos atuais por meio de fotos e mensagens (grifo meu), e a conhecer mais pessoas; Com o Orkut é fácil conhecer pessoas que tenham os mesmos hobbies e interesses que você, que estejam procurando um relacionamento afetivo ou contatos profissionais. Você também pode criar comunidades on-line ou participar de várias delas para discutir temas atuais, reencontrar antigos amigos da escola ou até mesmo trocar receitas favoritas. 18

57 57 Sobre o nome do Orkut: Orkut.com é um serviço de rede social que leva o nome do engenheiro do Google que o desenvolveu, Orkut Buyukkokten. (É mais fácil soletrar "Orkut" que "Buyukkokten".) A rede foi criada como um projeto independente para ajudar pessoas de todo mundo a se conectarem. Sobre o Estatuto da comunidade: O Estatuto da Comunidade é feito de regras a serem compartilhadas entre a comunidade do orkut.com. O orkut.com é um lugar onde usuários podem expressar suas próprias crenças e valores, e nosso Estatuto da Comunidade ajuda a manter um ambiente positivo que permita tal expressão. Vejamos agora a interface de uma página de entrada de um usuário do Orkut: Figura 14- Página do Orkut com interface de leitura visual. O cibernauta usuário do Orkut logo irá perceber que não existe nenhum critério específico de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, tais como pessoas cegas, com baixa visão ou surdez. Não existe no sítio do Orkut recursos de acessibilidade, nem respeito às regras para validação do conteúdo, nem mesmo o cumprimento da legislação que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Não há tradutores de conteúdos, nem

58 58 janelas em língua de sinais e muito menos uma abordagem bilíngüe, e ainda assim o site é amplamente acessado por leitores surdos Alguns critérios de acessibilidade na internet para leitores surdos Conforme descrito no capítulo IV, acreditamos que há diferenças entre a diferença (diferentes leitores surdos). Neste sentido buscamos apresentar neste trabalho alguns exemplos de TIC e de sites cujos serviços e metodologias buscam privilegiar a acessibilidade e a educação de pessoas surdas. Ao observar que um site como o Orkut, não diferencia entre pessoas com necessidades especiais ou não, e mesmo assim, atende a uma comunidade de pessoas com necessidades específicas, buscamos na literatura sobre ambientes informatizados de aprendizagem, alguns critérios que favoreçam a usabilidade 19 destes ambientes. O objetivo não pretende nem de longe tecer uma avaliação de interfaces ou estratégias de design gráfico para construção de ambientes virtuais acessíveis aos leitores surdos, mas articular alguns conceitos teóricos com o tema em tela. É possível que, posteriormente, com a contribuição inicial desta monografia, possamos aprofundar o estudo sobre acessibilidade à internet pelo grupo estudado em um Universo que favoreça a participação ativa de usuários surdos. Existe na literatura conjuntos de critérios para a identificação da qualidade do software educativo (SE). Com base em Oliveira, Costa e Moreira (2001; p ), disponibilizamos a seguir, alguns critérios específicos para avaliação de programas educativos que podem contribuir no entendimento da grande aceitação do Orkut pela comunidade de pessoas surdas: 1. Linguagem versus público-alvo: o vocabulário e as estruturas de frases da interface do SE com o usuário são adequadas ao público-alvo; 2. Universalidade da linguagem: utilização de uma linguagem de interface com o usuário que possibilite o uso do SE por um público alvo mais 19 Usabilidade é a questão relacionada a quão bem os usuários podem usar a funcionalidade definida, sendo este um conceito chave em Interface-humano-computador. Ressaltamos que a usabilidade é somente um dos muitos critérios utilizados para a avaliação da aceitabilidade de um sistema computacional (Rocha & Baranauskas, 2003: p.18).

59 59 amplo. A presença de regionalismos só se justifica quando se tratar de versões específicas para diferentes regiões; 3. Navegabilidade: possibilidade de acessar com facilidade todas as partes do SE; 4. Layout de tela: telas com visual esteticamente adequado: texto bem distribuído, imagens e animações pertinentes ao contexto, efeitos sonoros oportunos como sons, apitos e acompanhamentos musicais; falas adequadas ao conteúdo; 5. Carga cognitiva: Em cada tela, quantidade adequada de elementos capazes de captar a atenção do usuário (em vez de desviá-la): imagens, texto, sons e animações presentes numa quantidade que permita ao usuário uma aprendizagem sem sobrecarga ou deficiência de informações. Facilidade de uso: 1. Legibilidade: possibilidade de diferentes usuários entenderem o programa com relativa facilidade; 2. Clareza: funções codificadas de forma clara e de fácil entendimento; 3. Rastreabilidade: identificação pelo usuário dos caminhos por ele já percorridos. A adesão ao Orkut por leitores surdos traz à tona não somente critérios de aceitação e uso de um determinado ambiente virtual, mas, também se existe interatividade e afetividade no mundo virtual. Na observação destes usuários no Laboratório do SINFE/INES é visível o alto nível de motivação que este ambiente provoca nos usuários. A comunicação por meio de imagens e textos curtos permite uma interação com recursos que podem ser utilizados sem um amplo domínio da língua portuguesa. No rosto de cada usuário percebemos que há socialização entre a comunidade e que a afetividade é o ingrediente que mais realça o sabor da interação entre os usuários do Orkut. No que se refere ao texto do Orkut ele possui um plano de expressão sincrético, com várias linguagens de manifestação, rico em imagens fixas e em movimento (fotos e vídeos), recados e depoimentos no formato de sistema verbal e não verbal e nível alto de iconicidade e signos icônicos cujos significados parecem

60 60 favorecer um aprendizado com poucas abstrações e leitura de texto mais permeável ao leitor surdo. Nas imagens disponibilizadas no Orkut, grande parte da informação é de caráter visual, dispensando uma narrativa descritiva do evento, atendendo uma das especificidades da leitura dos surdos: a leitura visual de imagens Proposta de Vídeo. O vídeo elaborado pela autora foi disponibilizado no endereço eletrônico abaixo e tem por objetivo sugerir o uso prioritariamente de imagens, pequenos textos e legendas para a produção de material digital para leitores surdos. Figura 15 - Vídeo durante apresentação no site do You tube No vídeo apresentado foi realizado um exercício sobre a autoria dos leitores surdos. Ao invés de falar sobre ou falar de alguma coisa, os leitores passam a ter a autoria pelas próprias narrativas gráficas representadas pela imagem.

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