Gestos essenciais As ações que possibilitam às empresas da Organização Odebrecht exercerem seu papel social

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1 # 164 ano XL JANEIRO/FEVEREIRO 2013 Gestos essenciais As ações que possibilitam às empresas da Organização Odebrecht exercerem seu papel social

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4 Edição online Acervo online > Grupo angolano reúne depoimentos para compor arquivo e realizar documentário sobre a independência do país. # 164 ano XL JANEIRO/FEVEREIRO 2013 > A partir de experimentos interativos, museu em Camaçari (BA) ensina ciências a crianças e adolescentes. > Concurso premia escolas autoras de projetos de sustentabilidade e promove educação ambiental. > Doação de sangue e capacitação profissional mobilizam integrantes das obras do Píer IV e seus familiares. GESTOS ESSENCIAIS As ações que possibilitam às empresas da Organização Odebrecht exercerem seu papel social > Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF > Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista. > Relatórios Anuais da Odebrecht desde > Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev). 2 informa

5 m.br > Edição de Odebrecht Informa na internet. > Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos. Videorreportagem Blog > Apoio a pequenos negócios e combate à malária fazem parte de ações que estão contribuindo para o desenvolvimento de comunidades na Guiné. > Princípios do cooperativismo aplicados à reciclagem de plástico resultam na qualificação de trabalhadores e na geração de renda. > No Valongo, região de comunidades carentes em Santos (SP), o futebol é instrumento de inclusão social para jovens. > Produção de própolis vermelha, produto brasileiro sem similar no mundo, dinamiza economia de municípios de Alagoas. > Palestrante do Fronteiras do Pensamento 2012, o escritor moçambicano Mia Couto fala sobre a importância da África para o Brasil. > Siga Odebrecht Informa pelo e saiba das novidades imediatamente. > Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação. > Reciclar é viver Apoiando projetos de reciclagem, a Braskem gera oportunidades de trabalho e renda nos estados de São Paulo, Alagoas, Bahia e Rio Grande do Sul. > Você também pode ler Odebrecht Informa no seu ipad. A revista está disponível para download gratuito na APP Store. informa 3

6 Capa: Lauren Pereira, da Odebrecht, com crianças e jovens da vila de Tamiandou, na região de Kissidougou, na Guiné. Foto de Guilherme Afonso. # Nascido nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, o Programa Acreditar consolida-se em âmbito internacional Nas concessionárias de rodovias, os caminhos também são feitos de investimento na educação básica, na formação de jovens profissionais e no suporte a pequenos empresários Panamá: a história de uma parceria pela saúde que vem dando frutos altamente positivos dentro e fora dos canteiros de obra Gente: Rafael Tamashiro, Minerva Gómez e Thamara Wanderley e sua ajuda para melhorar realidades coletivas no Peru, no Panamá e no Brasil Arena Fonte Nova proporciona oportunidade de reinserção social a egressos do sistema carcerário Na reforma do Maracanã, no Rio de Janeiro, algumas importantes vitórias estão sendo comemoradas, entre elas, a alfabetização de integrantes Em São Lourenço da Mata, em Pernambuco, o Programa Arena Educar oferece aulas de informática a jovens e adultos Programa desenvolvido em Santa Catarina, no Espírito Santo, na Bahia e em Tocantins evidencia a importância do papel social dos agentes de saúde Entrevista: Francisco Martins e as histórias, os aprendizados e os atuais desafios de uma pessoa cuja maior paixão é ajudar pessoas a crescer Teatro, dança, música, conferências: as diversas (e qualificadas) faces da contribuição da Braskem à cultura Apoio a pequenos negócios, inclusão digital e combate à malária levam novas expectativas de crescimento a comunidades da Guiné O futebol garante alegria, ocupação e, sobretudo, perspectivas para crianças e jovens do Valongo, em Santos (SP) Consórcio responsável pela construção da Refinaria Abreu e Lima, em Suape, ajuda a deixar ainda mais animado o Carnaval de Olinda Transnordestina abre seus canteiros para que a comunidade conheça, em detalhes, como a ferrovia está sendo construída 4 informa

7 ações sociais Das obras do Trensurb, na região metropolitana de Porto Alegre, um relato sobre a alegria e o orgulho de aprender a ler e a escrever Trabalho de reciclagem em quatro estados brasileiros, focado no pós-consumo do plástico, mostra uma forma de superar um grande desafio ambiental Comunidade: em Rondônia, uma iniciativa de qualificação profissional que se tornou, mais que um instrumento empresarial, um sólido elo social Angola: em Huambo e Cambambe, iniciativas contribuem para a promoção da cidadania, da saúde, da educação e da qualificação profissional Do Projeto Vias Estruturantes, em Luanda, vem a confirmação do quanto é positivo o envolvimento das famílias na realidade de uma obra Orquestra formada por jovens faz turnê que inclui o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Teles Pires Em Portugal, na região das obras do Aproveitamento Hidrelétrico do Baixo Sabor, um exemplo de valorização e preservação do patrimônio imaterial Perfil: Cláudio Castro e a atuação cotidiana com um tipo de trabalhador que ele conheceu e aprendeu a admirar ainda na infância A inspiradora transformação na vida de um grupo de mulheres que se tornou possível graças à persistência de uma pioneira Argumento: Ana Cristina Barros e a necessidade da participação da empresa no aprimoramento das condições de vida das comunidades nas quais está inserida Baixo Sul da Bahia: a colocação em prática do princípio de que todos podem contribuir para o equilíbrio do meio em que vivem No mapa, estão indicados, em bege, os países e os estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa e onde vivem e trabalham as pessoas que protagonizam as reportagens informa 5

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9 EDITORIAL Iniciativas que fazem diferença O espírito de servir, quando vivenciado da forma como deve ser, ou seja, aperfeiçoado e aprofundado de maneira contínua, leva ao desejo e à necessidade de fazer cada vez mais e melhor Na Guiné, Madeleine Kondiano sabe que o sonho de mandar seus seis meninos para a faculdade está mais próximo da realização. Orlando Quintero agora tem melhores condições de levar adiante sua luta contra a aids no Panamá. Geraldo Simme, Roberto Silveira e Gabriel Garcia experimentam um novo momento em sua vida por causa das perspectivas abertas por seu trabalho com reciclagam, no Rio Grande do Sul, mesmo estado onde Francisco Alves e Claudino Guareski descobrem o fascinante mundo da palavra escrita. Em Portugal, a arqueóloga Rita Gaspar celebra as circunstâncias que lhe possibilitam oferecer, com seu trabalho, resultados mais alentadores à comunidade, e, em Angola, Conceição Jamba pode, enfim, como ela mesma diz, ir aonde quiser, porque conseguiu tirar seu Bilhete de Identidade. Esses são alguns dos casos emocionantes, exemplares e inspiradores que você encontrará nas páginas desta edição de Odebrecht Informa, dedicada às ações sociais realizadas com a participação das empresas da Organização no contexto de sua atuação no Brasil e no mundo. São iniciativas voltadas ao aprimoramento das condições de saúde e educação, à qualificação profissional, à geração de trabalho e renda, ao resgate da cidadania e a outras frentes de decisiva importância para que as pessoas vivam melhor. Alicerçadas com firmeza e entusiasmo nos princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht, as equipes da Organização buscam oferecer contribuições que façam a diferença. O espírito de servir, quando vivenciado da forma como deve ser, ou seja, aperfeiçoado e aprofundado de maneira contínua, leva ao desejo e à necessidade de fazer cada vez mais e melhor. Um exercício que evidencia o quanto de relevância social uma empresa pode e deve ter. Boa leitura.

10 crer É ver para Experiências internacionais do Programa Acreditar confirmam sua capacidade de adaptação às mais diversas e desafiadoras realidades texto Fabiana Cabral (coordenação e Moçambique), Cláudio Lovato Filho (Panamá), Elea Almeida (Guiné), Júlio César Soares (Argentina) e Luciana Lana (Angola) ODepartamento de Malargüe, na Província de Mendoza, na Argentina, destoa da fama de produtora de vinhos da capital provincial. Batata, cebola e alho são os principais produtos da região. Outro ponto forte da economia é a mineração. No departamento, a Odebrecht e Techint constroem para a Vale a mina de potássio de Rio Colorado, com capacidade de produção de 2,9 milhões de t/ano. A chegada da mina e o aquecimento da economia geraram crescimento a Malargüe e a outros seis departamentos mendocinos. A consequência disso foi o aumento da demanda por trabalhadores capacitados. Nesse cenário, nasceu a primeira edição do Programa de Qualificação Profissional Continuada - Acreditar (Creer) em terras argentinas. Claudio Alejandro Flores, 36 anos, trabalhava como pedreiro. Sem especialização, inscreveu-se no Creer para o curso de eletricista. É bom ter um ofício e conhecer todas as etapas de uma obra, diz. Após a conclusão do curso, Claudio abriu uma pequena empresa de construção. A ex-costureira Orfilia Roca, 47 anos, formou-se técnica em eletricidade no programa para dar exemplo aos filhos. Nunca tive condições de terminar os estudos, e essa sempre foi uma pendência, conta. Dois filhos já concluíram o módulo básico do Creer. 8 8 informa

11 Segundo Jorge Alfredo De Angeli, coordenador do programa na obra do Rio Colorado desde o início do Creer em Mendoza, em dezembro de 2011, mais de pessoas inscreveram-se, 775 concluíram os módulos básico e técnico, e 85 ingressaram nas obras da mina de potássio. Marina Gonzalez Ugarte, responsável pelo programa na Odebrecht Argentina, afirma: É preciso pensar no desenvolvimento local com inclusão social. Do Brasil para o mundo Criado pela Odebrecht em 2008, em Porto Velho, o Acreditar foi concebido para capacitar trabalhadores locais para as obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio. Após quatro anos, a iniciativa é realizada em 10 estados brasileiros. Mais de 117 mil pessoas foram inscritas, qualificadas e contratadas. Atualmente, 10 países, além do Brasil, desenvolvem o programa (Angola, Argentina, Cuba, Colômbia, Guiné, Libéria, Moçambique, Peru, Panamá e Venezuela) e somam inscrições, pessoas capacitadas e admitidas. Em 2009, o programa chegou a Angola e adaptou-se à realidade de um país em crescimento acelerado. O passo inicial foi diagnosticar as demandas nos diversos contratos. O estudo revelou o que viria a constituir um dos grandes desafios: o baixo índice de escolaridade e a diferença no grau de instrução entre os trabalhadores. A partir da experiência brasileira, foi desenvolvida uma dinâmica educativa adaptada para e pelo povo angolano, explica Adriana Correia Bezerra, responsável pelo programa. No primeiro ano, mais de pessoas se inscreveram e foram certificadas (e, em algumas categorias, o aproveitamento dos formados pela Odebrecht foi de quase 100%). Hoje, são mais de formados e inscritos. Outras empresas passaram a contratar profissionais qualificados pelo programa, que também está possibilitando a crescente inserção de mulheres no mercado de trabalho. As mulheres também são destaque no programa em Moçambique, onde a Odebrecht desenvolve os projetos de construção do Aeroporto Internacional de Nacala e a expansão do Projeto Carvão Moatize: 20% dos participantes são do sexo feminino. Em um país no qual 48% dos adultos não sabem ler nem escrever, Nacala apresenta um índice ainda mais alarmante: 81% das mulheres são analfabetas. O Acreditar Alfabetização foi concebido em agosto de 2012 para proporcionar formação aos educadores da região, por meio de uma metodologia que valoriza a leitura e a escrita. Em três meses, 45 alfabetizadores foram certificados. Geraldo Pestalozzi Jennifer Bartley e Mauricio Castillo, na Cidade do Panamá: qualificação profissional, com benefícios para o indivíduo e para a coletividade informa 9

12 Já os jovens moçambicanos (de 13 a 18 anos) têm oportunidade de iniciar a carreira, por meio do Acreditar Aprendiz, iniciado em Nacala em abril de 2012 e destinado a familiares de integrantes. Consideramos os adolescentes como protagonistas da mudança social, salienta Adriana Brito, Responsável por Programas Sociais da Odebrecht em Moçambique. Em sete meses, dos 56 jovens formados, 65% apresentaram evolução no desempenho escolar, e mais de 90% revelaram mudanças positivas de comportamento. Com novos conhecimentos, os aprendizes criaram a Associação de Jovens Protagonistas (AJP), que realiza mutirões de limpeza e arrecadação de roupas e apoia a venda de quadros feitos com materiais reciclados. Sofia Saide, 17 anos, é coordenadora da AJP. Ser protagonista é ser o primeiro a desempenhar um papel e unir forças para buscar soluções. O Acreditar Qualificação Profissional, por sua vez, é realizado em Nacala desde janeiro de 2012 e já formou pessoas. Implantado também em Moatize, em julho de 2012, com parceria da Vale, o programa formou 578 pessoas nas funções de carpinteiro, pedreiro e operador de escavadeira. A exemplo de Angola e Moçambique, na Guiné o Acreditar também passou por adaptações. A primeira foi o nome, Programme Espoir, pois o país tem o francês como idioma oficial. Segundo Lauren Pereira, Coordenadora de Relações Institucionais e Comunitárias e de Programas Sociais, o Espoir é destinado aos moradores já contratados pela empresa, da região de Kissidougou, cidade sede do projeto rodoviário Simandou. No módulo básico, acompanhado pelo módulo técnico todos recebem informações sobre saúde, meio ambiente e comportamento, abordadas de maneira que os integrantes possam levá-las aos familiares e vizinhos. Ao influenciar os trabalhadores, transmitimos conhecimento a pessoas de fora da empresa, diz Lauren. Programa Creer na Argentina: o professor Miguel Arturo Conesa (à direita) com os alunos Ramón Chaile (ao centro) e Walter Javier Molina. Na página ao lado, formandos do Acreditar em Moçambique: desenvolvimento com inclusão social Holanda Cavalcanti 10 informa

13 Arquivo Odebrecht Um grupo de 16 integrantes participa do piloto do programa e outros 72 já foram capacitados para a manutenção de equipamentos no canteiro. O Espoir foi muito bem recebido pelo cliente, a Rio Tinto, que tem um plano de 50 anos no país, comenta Raimundo Filho, Coordenador de Treinamento de Equipamentos. O instrutor Souleymane Doumbouya foi identificado entre os mecânicos contratados. Fluente em francês, inglês e idiomas locais, sua fama de bom professor espalhou-se pela comunidade, e ele passou a oferecer aulas gratuitas em sua própria casa. Por saberem que a Odebrecht está aqui formando pessoas, os jovens estão se esforçando mais nos estudos para melhorar de vida e crescer, conta. Queremos capacitar guineenses para trabalhar em outras empresas ou até começarem o próprio negócio, reforça Daniel Fernandes, Gerente de Construção do projeto. Mais trabalho, menos violência De volta ao continente americano: no Panamá, Jennifer Bartley, 30 anos, e Mauricio Castillo Harding, 45 anos, aproveitaram as chances proporcionadas pelo Creer. Eles nasceram e vivem no Chorrillo, comunidade carente da Cidade do Panamá, onde a Odebrecht executa a terceira etapa do projeto Cinta Costera. Minha mãe dizia que obra é coisa para homem, diz Jennifer. Mas eu gosto de construir e transformar coisas. Após trabalhar em salão de beleza e com carpintaria, ela participou do módulo básico do Creer em outubro de Começou no projeto Cinta Costera III como ajudante geral, buscou novos desafios, tornou-se almoxarife e hoje é apontadora na equipe de Pessoas. Quero aprender a ler plantas de projeto. Na Odebrecht o aprendizado nunca para. Mauricio Castillo foi dono de barbearia, fez serviços eventuais de solda e vendeu lanches. Participou do módulo básico do programa, foi ajudante geral e depois passou a soldador, sua função atual. Quero estudar engenharia, revela. O Programa Creer começou nas obras da Cinta Costera III em outubro de Os dois primeiros grupos eram compostos de 500 trabalhadores, todos do Chorrillo, uma região que apresentava um longo e grave histórico de violência. Foram certificadas 440 pessoas, e mais da metade foi contratada para trabalhar na obra, informa Arturo Graell, Gerente Administrativo e Financeiro. Os participantes têm entre 18 e 60 anos, e 30% deles são mulheres. A Cinta Costera é o primeiro projeto da empresa no país a realizar o Creer. Os benefícios do programa para a comunidade vão além da geração de oportunidades de trabalho e renda. A violência caiu. O Creer está ajudando a comunidade do Chorrilo a elevar sua autoestima, assegura Arturo. informa 11

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15 vamos avançar juntos! Concessionárias desenvolvem programas sociais em diversas frentes da saúde à inclusão digital, da capacitação de empresários à promoção da cidadania, em quatro estados brasileiros texto Eduardo Souza Lima fotos Élvio Luiz, Fernando Vivas e Rogério Reis Mariana Lopes: Aqui estou aprendendo a me soltar Concessão é via de mão dupla. O conceito, que norteia e deu nome ao programa de qualificação profissional adotado nas concessionárias Bahia Norte e Litoral Norte, também orienta iniciativas em outras concessionárias da Odebrecht TransPort, como o Via Escola, da Rota dos Coqueiros, em Pernambuco, o Rota da Educação, o Caia na Rede e o Ação Contra Dengue, da Rota das Bandeiras, em São Paulo, e o Aprendiz SuperVia, no Rio de Janeiro. O programa Mão Dupla está capacitando 400 micro e pequenos empresários baianos estabelecidos ao longo das rodovias BA-093 e BA-099, o Via Escola tem como meta beneficiar cerca de estudantes pernambucanos, e o Aprendiz SuperVia é a oportunidade da primeira experiência profissional para 160 jovens cariocas. Motivos de esperança de um futuro digno e realizador. Minha vizinha foi convidada, mas não quis participar. Hoje, eu acho que ela se arrepende, conta Marcos Santana, que herdou do pai o pequeno restaurante Mário do Mocotó, na Vila de Abrantes, Distrito de Camaçari. O estabelecimento comercial de propriedade de Marcos fica às margens da BA-099, mais conhecida como Estrada do Coco. Realização do Consórcio OAS-Odebrecht, das concessionárias Bahia Norte e Litoral Norte e do Sebrae, o Mão Dupla começou a ser implantado em janeiro de 2011 pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia Gerencial Aplicada (IPGA), com o apoio do Instituto Invepar. O programa abrange os municípios de Lauro de Freitas, Camaçari, Simões Filho, Dias D Ávila, Mata de São João, Ipojuca, Entre Rios, Esplanada, Conde e Jandaira. O primeiro desafio foi ganhar a confiança do empresário de beira de estrada. Percebemos que eles estavam ressabiados. É um trabalho novo, ninguém nunca tinha se interessado por eles, que temiam perder informa 13

16 os seus negócios, explica Wellington Ribeiro, gestor do projeto pelo IGPA. A gente atende desde a pessoa que vende milho na rua até o dono de borracharia. Não é um trabalho fácil atrair esses empreendedores para a sala de aula. Eles pensam que se fecharem o negócio para estudar, por menos tempo que seja, irão perder dinheiro. Mas quando passam a confiar, nos tornamos parte da família, diz a supervisora do IGPA, Arlete Cruz. Os pequenos empreendedores foram capacitados por agentes do Sebrae em cursos nos quais obtêm noções de manuseio de alimentos, gestão financeira, marketing pessoal, educação ambiental, entre outros temas. A ideia não é apenas qualificá-los profissionalmente, é também promover o resgate da cidadania e o aumento da autoestima, afirma Wellington Ribeiro. Além dos cursos, os empresários recebem visitas mensais de orientadores do Sebrae, são incentivados a legalizar seus negócios e têm direito a recorrer a um fundo de apoio para qualificar e expandir seu empreendimento. Percebemos que existia um entrave ao crescimento desses empreendimentos causado por limitação material. É difícil falar sobre como atender bem o cliente se, muitas vezes, faltam condições estruturais, como mesas, cadeiras, prateleiras e freezer, enfatiza Leana Mattei, coordenadora de Desenvolvimento Socioambiental da Concessionária Bahia Norte. Com recursos do Fundo de Apoio do Projeto, Marcos Santana não só comprou mais um freezer para o seu estabelecimento, como aprendeu direitinho a lição e tirou seu CNPJ. A iniciativa já rende dividendos: Às vezes perdia cliente porque não tinha nota fiscal, relata. Dona Aquelina Moreira, que tem um pequeno ateliê perto do restaurante, agora pode pegar encomenda grande, pois comprou uma máquina de costura industrial e tirou alvará: Estou fazendo o fardamento de uma empresa. Em Simões Filho, o faturamento da Livraria e Papelaria Livro da Vida, administrada por Maria Aparecida Ribas, quase duplicou, graças a medidas simples: Eu enfrentava dificuldade para vender, pois tinha bastante mercadoria, mas não havia uma vitrine para expor os produtos. Meus clientes eram só os vizinhos. Agora, às vezes, alguém passa de carro, vê os artigos na vitrine e entra para comprar. Outro aprendizado valioso: controlar custos e estipular uma retirada mensal. Aprendi também a comprar, vender, cuidar do estoque. Muitas vezes eu ia fazer compras e não tinha noção do que estava faltando na loja. Passei a botar custos no preço final. Eu não levava em conta o que gastava com gasolina, com almoço... E confundia o faturamento da loja com o orçamento doméstico. Antes, minha filha me pedia R$ 10 e eu não anotava. Hoje, tenho controle, detalha Maria Aparecida. Combate à dengue, educação no trânsito e inclusão digital A Concessionária Rota das Bandeiras, que administra rodovias do Corredor Dom Pedro, implantou três Marcos Santana: perda de clientes por não ter nota fiscal 14 informa

17 Aquelina Moreira: Antes eu só vendia para os vizinhos projetos sociais para atender a 17 municípios paulistas. O Ação Contra Dengue está levando a peça de teatro Os Meninos Perdidos contra o Capitão Dengue e seus Mosquitos a escolas de Campinas, Paulínia, Atibaia, Cosmópolis, Mogi Guaçu e Louveira. Mais de alunos já assistiram ao espetáculo. Constatamos que seis cidades do Corredor Dom Pedro estavam com epidemias de dengue. Então, produzimos a peça e a apresentamos nas escolas localizadas nos bairros com maior incidência da doença, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. A ideia é ensinar, de maneira lúdica, a prevenir e combater a dengue, explica Adherbal Vieira da Silva, gestor de Responsabilidade Social da Rota das Bandeiras. Estudantes do Ensino Fundamental da rede municipal também são o público-alvo do Rota da Educação, um programa de educação no trânsito que possibilita o aprendizado de conceitos de mobilidade, cidadania e meio ambiente. O programa é desenvolvido em 22 escolas de sete cidades: Conchal, Igaratá, Jarinu, Bom Jesus dos Perdões, Artur Nogueira, Mogi Guaçu e Itatiba. Oferecemos treinamento aos professores do 1º ao 5º ano. O objetivo é que as crianças transmitam os conhecimentos à família e aos amigos, explica Adherbal. O Caia na Rede, por sua vez, é dirigido a pessoas de todas as idades e será implantado em 17 municípios. A meta é criar, em cinco anos, 150 salas de aula ao longo do Corredor Dom Pedro. Trata-se de um projeto de inclusão digital que tem o objetivo de oferecer às comunidades acesso a informação, conhecimento e relacionamento. As prefeituras fornecem as instalações onde vão funcionar as salas, nós arcamos com os custos das reformas e com o equipamento, detalha Adherbal. O Caia na Rede é composto de cursos básicos de 20 horas, nos quais os alunos recebem noções de informática. Atualmente, as atividades ocorrem em 10 salas, em três cidades, beneficiando 280 alunos. Ajudando passageiros Já o Aprendiz SuperVia é um projeto voltado para a própria empresa: faz parte do programa de melhorias que a concessionária vem implantando no transporte sobre trilhos no Rio de Janeiro. O foco é o atendimento ao público, a meta é servir melhor nosso cliente, explica a Responsável por Pessoas e Organização Roberta Tanajura. Foram selecionados 160 jovens, de 18 a 22 anos, muitos deles filhos de integrantes da empresa. Sua tarefa é tirar dúvidas e ajudar passageiros com deficiências a se locomoverem. informa 15

18 A ideia nasceu de uma visita minha à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em São Paulo, que tem um projeto semelhante. Nossos jovens aprendizes recebem uma bolsa que vai além do que estipula a Lei do Aprendiz. Eles têm direito a previdência privada, assistência médica e a todos os direitos trabalhistas. E recebemos muitos elogios ao trabalho deles via SAC, diz, orgulhosa, a Responsável Comercial, Sonia Antunes, idealizadora do programa. Os trens da SuperVia transportam, em média, 540 mil passageiros por dia útil. São 270 km de trilhos que atravessam o Rio de Janeiro e mais 11 municípios da região metropolitana (Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João de Meriti, Belford Roxo, Japeri, Magé, Paracambi e Guapimirim). Mais de 2 mil currículos foram recebidos durante o processo de seleção de aprendizes. Os jovens, cuja maioria mora nas proximidades das estações da ferrovia, foram recrutados e treinados por duas semanas pela Fundação Mudes, onde tiveram aulas de cidadania, atendimento ao público, português e noções sobre sistemas ferroviários. Aquilo que aprenderam em sala de aula estão levando para a vida. Sou muito tímida. Vim para cá também com o intuito de me soltar, de perder a timidez. Outra coisa que aprendi foi a ter mais paciência e a controlar o estresse, conta Mariana Lopes, 19 anos, moradora do Morro da Providência, que pretende cursar Arquivologia ou Serviço Social. A oportunidade de trabalho na SuperVia, sua primeira experiência com carteira assinada, possibilitou ainda que Mariana pudesse continuar a fazer o curso pré-vestibular: Transferi o meu curso para o turno da manhã. É tranquilo, são seis horas de trabalho, diz. Morador do Engenho Novo, Lucas Silva Carvalho, 18 anos, tinha completado o Ensino Médio e procurava a primeira oportunidade de trabalho antes de fazer faculdade. Como quer cursar Publicidade, já vislumbra seu futuro dentro da própria empresa: Soube que a SuperVia pensa em aproveitar os aprendizes em outras funções depois do fim do nosso contrato. 16 informa

19 Antes, era ler por ler. Hoje, existe o prazer da leitura. O aluno já conhece nome de autor, tem mais cuidado com o livro Quem sabe não me encaixo no programa de marketing ou comunicação? Educação de qualidade Vilma Guedes Grande parte dos integrantes da concessionária mora nas comunidades vizinhas, e alguns têm filhos que estudam nas escolas participantes do Programa Via Escola, o que contribui para aproximá-los da educação dos filhos, diz Flávia Queiroz, coordenadora de Sustentabilidade da Concessionária Rota dos Coqueiros, em Pernambuco. Em parceria com o Grupo Cornélio Brennand, a empresa deu início em 2012 ao Via Escola, um programa de responsabilidade social que visa contribuir com o desenvolvimento da educação básica, por meio da formação continuada de educadores de escolas que se localizam no raio de influência da rodovia, nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Projeto-piloto com previsão de consolidação em 2014, o Via Escola já funciona em 19 escolas. Com metodologia do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), o programa tem como objetivo a formação de alunos leitores e produtores de texto ainda nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Para isso, o Via Escola oferece formação continuada para 397 educadores, entre professores, supervisores, diretores e membros das equipes técnicas das secretarias de Educação dos três municípios participantes. Nossas ações sociais, em geral, eram pontuais e atendiam a determinadas comunidades por um tempo específico. Estávamos justamente procurando um programa mais duradouro, que pudesse ser adotado por todas as concessionárias. O Via Escola marca o início dessa nova política. Elegemos a educação básica, pois o início da alfabetização é um momento crucial na educação de uma criança. A ideia é replicar o programa em todas as nossas concessionárias e disponibilizar a experiência para outras empresas, explica Renato Mello, diretor regional Norte/Nordeste/Centro-Oeste da Odebrecht TransPort. Estou na rede municipal há 17 anos e hoje vejo um programa que me deixou feliz e empolgada. Esse foco na formação era tudo de que precisávamos. Ainda estamos no começo, mas hoje a biblioteca não fica mais fechada, comemora Arleide Santana Vieira, supervisora pedagógica do Ensino Fundamental 1 da Escola Municipal José Rodovalho, de Jaboatão dos Guararapes. Antes, era ler por ler. Hoje, existe o prazer da leitura. O aluno já conhece nome de autor, tem mais cuidado com o livro, acrescenta Vilma Guedes, professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental I da Escola Municipal Maria Madalena Tabosa, de Cabo de São Agostinho. O projeto atinge as equipes técnicas e indiretamente alcança toda a rede, mas o sonho é atingir todas as escolas. Queremos que não seja um projeto assistencialista, e sim que o município possa dar continuidade com seus próprios formadores, explica Flávia Queiroz. Em Jaboatão dos Guararapes, isso já começa a acontecer: Escolhemos como escolas-piloto as que tinham os menores Idebs (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Resultado em educação demora a sair, mas já dá para notar melhorias. Estamos buscando elevar os indicadores educacionais e diminuir o índice de evasão e a distorção idade/ano. Supervisores das escolas-piloto fazem a formação de outros supervisores, que, por sua vez, formam os seus professores. Também temos trocado experiências com os outros municípios. O objetivo é que não seja uma política de governo, mas de Estado, afirma Edilene Soares, secretária Municipal de Educação daquele município. informa 17

20 confiança nos próprios passos No Panamá, parceria leva aos canteiros de obra informação sobre o combate ao HIV/aids 18 texto Claudio Lovato Filho fotos Geraldo Pestalozzi Trabalhadores no canteiro de obras da Linha 1 do Metrô da Cidade do Panamá: beneficiários e agentes da troca de informações 18 informa